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Enslaved - E
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A letra E da capa do álbum não é uma simples letra e sim a runa ehwaz do alfabeto nórdico utilizado pelos povos escandinavos antes da chegada dos colonizadores cristãos e seu significado está relacionado com um conceito de simbiose, cooperação entre a humanidade, tal qual reflete a temática do cd.
Esta conexão com a natureza se estabelece logo nos primeiros instantes do cd com sons de um barco em um rio, pássaros cantando e uma voz praticamente tribal criando um ambiente pacífico e harmônico à maneira que os instrumentos aparecem caminhando para seu Black Metal Progressivo de vocais normais, rasgados e urrados para chegarmos definitivamente na primeira que é a Storm Son, onde a condução feita pelo Enslaved é instigante, pois, não tem como prever o que vai acontecer em suas formosas e pesadas viagens em que o quinteto funciona como uma perfeita engrenagem, que é precisa a cada trecho dos quase onze minutos da canção, que ouvindo com atenção vamos notar também alguns mergulhos mais voltados ao Doom Metal. Em suma, uma viagem insanamente pesada até aterrorizante em algumas partes repleta de quebras de ritmo.
Na segunda sentimos uma lembrança do Black Metal mais tradicional em um andamento mais acelerado com destaque aos robustos toques feitos pelo baixista Grutle Kjellson e também nas intervenções mais viajantes, cujas vocalizações alternam pontos rasgados com outros que estão mais calmos. Os belos dedilhados de Ivar Bjørnson no princípio de Sacred Horse trazem a mais agressiva composição desta trinca inicial, pois, seus vocais exalam uma fúria a cada evolução da música, onde ressalto os solos de teclados feitos por Håkon Vinje, que possuem um pé fincado no estilo que Jon Lord fazia no Deep Purple ( repare e me fale... ) e o trecho em que a percussão tocada por Cato Bekkevold se faz presente em linhas épicas devido aos coros inclusos. Lógico, que tudo isso está entremeado com os vocais furiosos de Grutle Kjellson.
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A versão brasileira de E disponibilizada pela Shinigami Records conta com dois bônus, sendo o primeiro a introspectiva Djupet, que cresce até conseguir assustar e torna-se um mortífero Black Metal de vocais urrados em um andamento executado com habilidade pela banda em partes arrastadas e trazendo uma atmosfera direcionada ao Doom Metal. O segundo bônus e última do cd é o cover para What Else Is Here do Röyksopp, que apresenta linhas direcionadas ao Gothic Metal e ficou um ótimo complemento ao álbum.
Realmente, E trata-se de um disco desafiador, extemporâneo, enigmático, imponderável ao unir - teoricamente - mundos tão díspares com tamanho primor como são os casos do Black Metal e do Rock Progressivo comprovando que o Enslaved vai nos capturar por muito tempo sempre em suas criativas músicas, goste ou não de sonoridades mais extremas. Fãs de nomes como Opeth, ... e quem acompanha o Enslaved vão apreciar bastante este álbum.
Nota: 9,0.Por Fernando R. R. Júnior
Novembro/2018
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