Gotthard - #13
15 Faixas - Shinigami Records/Nuclear Blast - 2020

     A tradicional - sim, posso convictamente dizer isso - banda de Hard Rock Suíça Gotthard do alto de seus 28 anos de carreira já alcançou a expressiva marca de 3 milhões de álbuns vendidos no planeta, vários prêmios internacionais e 16 álbuns na primeira posição dos rankings.

    E depois da incursão acústica registrada em Defroste 2, o quinteto - com fôlego de garotos - disponibilizou o seu décimo terceiro álbum de estúdio nomeado simplesmente com #13, que nos trouxe treze novas músicas.

    Curioso não? e dizem que 13 dá azar... porém, neste caso para Nic Maeder ( vocais - substituto do saudoso Steve Lee, que nos deixou após um caminhão desgovernado atingir as motocicletas estacionadas em um posto de gasolina nos Estados Unidos e uma delas acertar ele, que faleceu na hora ), Leo Leoni e Freddy Scherer ( guitarras ), Marc Lynn ( baixo ) e Alex Mota ( baterista convidado ) é sinônimo de sorte, muita sorte, que é compartilhada com todos nós, que somos amantes do mais puro e vibrante Hard Rock feito por nomes como Whitesnake, Europe, AC/DC, Bon Jovi, Scorpions e claro, o próprio Gotthard.

    #13 foi produzido no Yellow House Studio com Paul Lani, que já havia trabalhado com os Hard Rockers da cidade de Lugano ( região de Ticino ) no cd Homerun de 2001 e teve Leo Leoni como co-produtor. A mixagem é de Paul Lani e foi realizada em Los Angeles ( Califórnia/EUA ), enquanto que a masterização é do renomado Darcy Proper e feita no Valhalla Studios e no Magic Circle Entertainment em Auburn - Nova Iorque.

    A capa é de Thomas Ewerhard ( Avantasia ) e mostra o 'Combats des Reines', que é o Combate das Rainhas - evento tradicional que acontece no Cantão Suíço de Valais em que uma vaca luta com a outra diante de 50 mil espectadores e a campeã é a La Reine des Reines ( ou Rainha das Rainhas ). Vale dizer que estes combates são praticamente inofensivos para as vacas por não ter envolvimento humano ( ainda bem ). E a partir de agora vamos às músicas do cd.

    Com um grito impactante do seu título, Nic Maeder anuncia o contagiante Hard Rock presente em Bad News composta junto a Eric Brazilian do The Hooters e a adrenalina que a música possui tanto nos vocais quanto no seu ritmo explosivo é para colocá-la no topo das minhas favoritas do cd logo de cara. Depois, eles seguem inflamados com Every Time I Die, um Hard Rock com Blues, riffs rápidos de guitarras e vocais empolgados, que te acertam em cheio e provam a sonzeira que é, ouça e confirme. Depois de duas pedradas certeiras, que podem e deve serem canções de abertura dos shows da turnê de divulgação de #13 ( isso quando for possível por conta desta pandemia ), hora de uma faixa com misturas interessantes ao seu fervoroso Hard Rock, pois, Missteria ( composta em parceria com Francis Rossi do Status Quo ) conta com Paul Lani no órgão Hammond e na percussão unindo o Rock com influências árabes aos vocais de Nic Maeder tornando esta composição deveras marcante e a escolhida como o primeiro videoclipe do disco.

    Aliás, faixa a faixa, você percebe que o Gotthard manda um Rockão atrás do outro e em 10.000 Faces esta chama incandescente segue poderosa e fascinante, confirme sentindo o primor dos riffs de guitarras de Leo Leoni e Freddy Scherer. Para acalmar um pouco, a linda versão de S.O.S. do ABBA em um estilo de balada Hard com os dedilhados e os teclados de Matthias Ulmer, e além do peso incluso com precisão pelo Gotthard, Nic Maeder canta com muita emoção seus versos te capturando instantaneamente. Em Another Last Time temos uma música de riffs  e cheios de voltagem,  e bastante significativos, ou seja, sua orientação é dada pelas guitarras, além de uma interpretação onde Nic Maeder esbanja um feeling imenso em que não será surpresa se você cantarolar seu refrão após uma audição, porém, o solo de Leo Leoni é para se abrir um sorriso de satisfação pela primazia que é.

    O convidado Ernesto Ghezzi toca seu órgão Hammond no princípio de Better Than Love de forma envolvente para que os demais nos tragam um Hard Rock sensacional, cujo ritmo, vocais, e solos causarão um prazer extra ao ouvinte, pois, o Gotthard realmente se superou mesmo. Deixando as guitarras fluírem livremente numa pegada a la Scorpions, os suíços disparam outra composição ardente com Save The Date, que além daquele refrão emblemático, ela conta com os mais belos solos de guitarras do cd. 

    A formosa balada Marry You conta com Eric Brazilian no violão e aqui Nic Maeder canta de coração aberto e conquistará o fã imediatamente com a sua atuação brilhante nesta composição encantadora que é uma delícia ouví-la. A décima chama-se Man On a Mission e entre seus flertes com o Blues encontramos mais um valoroso Hard Rock dos suíços, onde mais uma vez eles ganham o ouvinte seja na dedicação de Nic Maeder nos vocais ou na habilidade existente nos solos de Leo Leoni e Fredy Scherer.

    A penúltima do tracklist normal é a admirável No Time To Cry, que começa lenta, porém, instantes depois recebe sua eletricidade e se torna uma intensa criação do Gotthard com os teclados de Matthias Ulmer garantindo belíssimas melodias antes dos solos de Leo Leoni e isso sem mencionar todo o sentimento depositado por Nic Maeder em seus vocais e também o formidável refrão desta faixa. Seja em canções eletrizantes como a anterior ou em baladas como esta I Can Say I'm Sorry, o Gotthard nos colocou diante de um dos seus melhores discos com este #13, sendo que esta é para se cantar com o vocalista após decorar sua letra e estar de olhos fechados para sentir com mais sabor suas harmonias. Por fim, há ainda Rescue Me, que apresenta nos violões no início, percussão muito interressante, muita entrega nos vocais - como sempre - e um toque de Psicodelia inesperado concedendo a esta composição uma aura viajante e terminando-a desafiadora, ainda mais em seu final com a guitarra pesadaça e espacial no estilo da fase atual do Europe.

    Se fosse só isso ( ou melhor... tudo isso ), já estaria plenamente saciada a minha sede de Hard Rock de qualidade, mas, a Shinigami Records em parceria com a Nuclear Blast incluiu nesta versão brasileira de #13 dois bônus, sendo o primeiro No Time To Cry ( Demo ), que entende-se porque é uma das melhores do cd, mesmo não sendo a sua versão final, aliás, não difere tanto dela.

    E o segundo bônus, que encerra o álbum é uma versão com o convidado Nicolo Fragile no piano conferindo mais romantismo para a performance de Nic Maeder em I Can Say I'm Sorry, que pode e deve ser executada nas FM's ( ou podcasts, que é mais da moda ).

    Neste confuso, problemático e incerto ano de 2020 em que os shows estão cancelados por conta da famigerada pandemia, que tantos perderam suas vidas e outros seus empregos, em que temos tantas incertezas quanto ao futuro, que bom que o Gotthard disponibiliza um magnífico álbum com o título de  #13 para nos trazer sorte e alegria em sua audição, que certamente será repetida por inúmeras vezes. Talvez, não seja exagero dizer que é o melhor álbum do Gotthard com Nic Maeder nos vocais e um dos melhores do ano.
Nota: 10,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Novembro/2020

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