Hatebreed - The Concrete Confessional
 13 Faixas - Shinigami Records - 2016

    Com mais de 20 anos de atividades e em franco crescimento, o quinteto de Hardcore/Heavy Metal de New Heaven, Connecticut nos Estados Unidos chamado Hatebreed lançou em 2016 o sucessor da pedrada The Divinity Of Purpose ( 2013 ) com o álbum The Concrete Confessional, o nono da carreira, que segundo o vocalista Jamey Jasta pode ser definido da seguinte forma: "É um espelho com ambos lados da história, o que você assiste na mídia e o que você realmente vê".

    Ele continua: "É sobre todos os sentimentos frustrados quando assisto às notícias. Muita da nossa atenção está focada nas áreas erradas. As pessoas querem competir umas com as outras através das melhores roupas, dos melhores carros e tudo isso é besteira. Ninguém é sepultado com essas coisas. Não passa de uma gratificação instantânea. O que existe no telefone e no computador, não existe na vida real. Ao final o que é o Sonho Americano?".

    Desta vez Frank Novinec e Wayne Lozinak nas guitarras, Chris Beattie no baixo, Matthew Byrne na bateria e o citado Jamey Jasta nos vocais foram ao Dexters Lab Studio em Milford/Connecticut ao lado do produtor Chris "Zeuss" Harris ( Rob Zombie e Soulfly ) e Josh Wilbur ( Megadeth e Lamb Of God ), sendo que este último fez a mixagem para habilitar ainda mais categoria ao impetuoso som do Hatebreed. A masterização é de Chris "Zeuss" Harris e foi realizada no Planet Z em Wilbraham/MA nos Estados Unidos. A capa é do brasileiro Marcelo Vasco, que foi responsável por ilustrar os últimos do Krisiun e do Slayer ( para ficar em apenas dois de seus muitos e qualitativos trabalhos... ) mostrando alguém ( ou seja... nós ) preso em sua própria sociedade... é para se pensar no choque de realidade proposto nestes tempos de consumismo sem se preocupar com nada.

    The Concrete Confessional começa com a faixa A.D., onde somos expostos a uma rapidez enorme e também a muito ódio nos vocais de Jamey Jasta, que logo de cara já capturam o ouvinte e faz este querer 'banguear' durante sua audição. Outro destaque nesta primeira música vai para os intensos e caóticos solos de guitarras de Wayne Lozinak e Frank Novinec nos trechos em que o ritmo está mais cadenciado. De ares modernos e muita fúria em seus versos, Looking Down The Barrel Of Today caminha de forma densa e um tanto que cadenciada até desabar com garra e muita cólera diretamente em nossos ouvidos.

    Mais crua e furiosa, Seven Enemies mostra o vocalista derramando sua raiva a cada verso enquanto que os demais chamam a atenção no ritmo destruidor imposto, que está totalmente cheio de indignação e pela forma que é executado passa isso diretamente no ouvinte com destaque para as eficazes evoluções conjuntas de baixo e bateria, na cortesia de Chris Beattie no baixo e Matthew Byrne na bateria.

    Inclusive, a dupla da 'cozinha' continua a chamar a atenção na seguinte, pois, auxiliam no caminho para que o Hatebreed dispare a matadora In The Walls, que tece dezenas de convites para sacudir seu pescoço durante sua execução por conta de seus constantes riffs de guitarras e vocalizações agressivas. Em seguida, com toda a técnica e a aspereza que lhes são característicos, o quinteto segue esmagando com a From Grace We´ve Fallen, que entrará na cabeça instantaneamente, seja pelas linhas mais extremas de sua parte instrumental ( que flertam com um Thrash visceral ) ou pelo vozeirão de Jamey Jasta ao cantar, onde destaco também seu encorpado refrão.

    Depois os americanos aceleram e lançam o caos com a frenética Us Against Us, que é repleta de solos de guitarras e uma atuação marcante do baterista Matthew Byrne, que não para quieto e recomendo também ficar de olho na sua letra. Após alguns pesados toques do baixista Chris Beattie, o Hatebreed ataca com a impiedosa Something´s Off, que é possuidora de linhas mais modernas e significativas doses de agressividade nos vocais em um andamento mais rude, que são excelentes para o 'headbanging' - mesmo quando se ouve em casa - ou para fomentar o desejo entrar em uma roda nos shows.

    Se estava achando que The Concrete Confessional era um álbum matador até aqui, então se ligue no poder de fogo contido em Remember When, que mescla velocidade e trechos arrastados com muito vigor nos vocais enraivecidos de Jamey Jasta e a colocam como uma das melhores do cd. Mas, a força do Hatebreed continua a te contagiar ainda mais com a 'fuzilante' Slaughtered In Their Dreams, que segue sempre com muita fúria nas vocalizações e conta com vários solos de guitarras que realmente te inflamam conduzindo a uma vontade de sacudir o pescoço e interagir com a banda ( imagino como ela deva funcionar ao vivo ). Na décima do cd, eles aceleram passando por cima de tudo sem piedade, sendo que The Apex With In soa na medida como um Hardcore violento e cheio de alterações cativantes, onde encontramos um Jamey Jasta destronando a mesmice estabelecida em muitos meios com sua voz.

   Em Walking The Knife, o ataque dilacerante dos norte americanos acontece em três frentes principais: um fascinante refrão, toda a cólera dos vocais e as incandescentes evoluções dos solos de guitarras de Wayne Lozinak e Frank Novinec, que estão muito bem aliados ao eficaz trabalho de Matthew Byrne na sua bateria.

    E para não deixar pedra sobre pedra e nem você pensar em respirar... Dissonance aparece veloz como um raio e com bordoadas para todos os lados, exceção feita ao seu trecho final, que é mais cadenciado para fã de Hardcore nenhum por defeito. Para terminar temos a cadenciada Serve Your Masters com um contestador andamento lotado de vocais expelindo irritação, que obviamente devemos prestar atenção em sua letra e que atravessa trechos mais aniquiladores de modo que os fãs de Thrash Metal também apreciarão esta composição.

    Creio que a melhor definição para a audição de The Concrete Confessional resida nas palavras de Jamey Jasta quanto ao título do cd: "O Heavy Metal é uma purificadora, terapêutica e catártica experiência para muitos. Você está lá sendo esmagado pelas guitarras e sentindo alguém gritando na sua cabeça, compartilhando a sua dor e diversos aspectos da sua vida através de palavras, poemas ou músicas. Não tem nada parecido com isto. Você poder confessar os seus pensamentos negativos e eliminá-los. Enquanto você está no show, não existem contas para pagar ou problemas para lidar. Você pode ser livre". E o vocalista conseguiu não só explicar o sentimento muito bem, pois, é isso mesmo... liberdade é o que sentimos, após expurgar a raiva que a nossa vida cotidiana nos impõe. E que bom que temos como trilha sonora para este processo um álbum como este do Hatebreed, que executou cada uma de suas faixas com a devida técnica, acidez, potência e destruição. Não é por acaso que eles foram indicados ao Grammy e são presença constante nos mais renomados festivais mundiais.
Nota: 9,5. 

Sites: www.hatebreed.com e www.facebook.com/hatebreed.

Por Fernando R. R. Júnior
Setembro/2016

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