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Assim posso dizer como nasceu Rashmon, o disco fortemente motivado pela mitologia e pelo folclore japonês, que serviu para que o músico catalisasse as recentes tragédias nos Estados Unidos, além do aumento da violência e o fanatismo anti-asiáticos, conforme ele salientou ao dizer: "A violência nos Estados Unidos contra os asiáticos, os assassinatos de asiáticos por causa da mesquinhez das pessoas, podemos ver o que está acontecendo. É como se eu nunca me sentisse asiático o suficiente porque sou metade e nunca me senti branco o suficiente porque sou metade, mas sinto que é importante falar sobre isso agora. Tudo tem uma cultura rica, incrível e linda por trás: cada civilização, cada cultura, cada estilo de vida. Então eu espero que isso possa fazer com que os headbangers asiáticos ou os fãs asiáticos da música em geral se sintam um pouco mais representados. É ótimo poder dizer: 'isto é de onde eu sou' e 'este é quem eu sou'".
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Em seguida temos os introspectivos toques no violão presentes em Jigoku Dayu com Matt "Kiichi" Heafy cantando com emoção esta música, entretanto, quando esta parte termina temos a mais colérica faixa do cd até aqui, que relata a história da filha de um Samurai que foi vendida para a prostituição através de vocais rasgados e totalmente agressivos, que somadas às linhas instrumentais melódicas e robustas nos colocam diante de uma marcante composição, que termina em um clima entristecido.
Para a avalanche chamada Tamashii No Houkai, cuja composição é dividida entre Matt "Kiichi" Heafy e Ihsahn, temos outra implacável criação de vocais rasgados e gritados em um clima de Black Metal intenso e também os solos do líder do Emperor na guitarra, aliás, como é de praxe neste Rashomon, a música possui trechos limpos nos vocais muito bem construídos através de formosas melodias em meio à toda a sua inabalável ira que ouvimos na sua maior parte. Mais outra co-escrita com Ihsahn é a paulada Akumu, que traz o vocalista Nergal do Behemoth para cantar alguns de seus dilacerantes versos conclamando para si o posto de mais brutal e bárbara faixa do álbum, mesmo com suas partes melódicas teoricamente suavizando um pouco.
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Assim sendo, recomendo uma audição deste Rashonom, não somente aos fãs de Trivium e do Emperor ou ainda para os fãs de Black Metal, mas também para quem é fã de ouvir um álbum repleto de variações, que te surpreenderão não apenas comparando uma de suas canções com a outra, mas, também no decorrer de cada uma delas, ainda mais se você realizar imersões - através de suas letras - na mitologia e no folclore japonês ( sim, Matt "Kiichi" Heafy nasceu Iwakuni no Japão ). Em suma, com o Ibaraki, posso dizer que ele se superou neste seu primeiro trabalho como artista solo.
Nota: 9,0.Por Fernando R. R. Júnior
Janeiro/2024
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