Iggy Pop - Post Pop Depression
 9 Faixas - Caroline International/Universal Music - 2016

    O veterano e incansável ícone do Rock, o americano James Newell Osterberg de Muskegon no estado do Michigan, que é conhecido mundialmente como Iggy Pop está na ativa desde a década de 60, que mais ao seu final, viu o nascimento do The Stooges, que o levou ao sucesso, se tornou referência ao movimento Punk Rock década de 70 e o fez ser considerado o "Pai do Punk". Em suas frenéticas apresentações, Iggy Pop cortou-se, desmaiou, simulou sexo com os fãs e músicos, enfim, podemos dizer que ele era ( e ainda é ) insano.

    Em 1977 lançou sua carreira solo com ajuda do grande amigo David Bowie e para o seu 17º álbum de estúdio, Iggy Pop ( vocais ) firmou uma parceria com Joshua Homme ( baixo ) do Queens Of The Stone Age, que começaram juntos a trabalhar em algumas canções sem se preocupar com o direcionamento que elas teriam. 

   Para isso recrutaram Dean Fertita ( guitarrista do Queens Of The Stone Age e The Dead Weather ) e Matt Helders ( baterista do Arctic Monkeys ) e após as sessões juntos no Rancho de La Luna em Joshua Tree na Califórnia nos Estados Unidos, entre 12 a 30 de janeiro de 2015 e também no Pink Duck Studios em Burbank no Canadá entre 3 a 9 de março de 2015, o resultado foi este Post Pop Depression. A produção é assinada por Johsua Homme, a mixagem é de Mark Rankin e foi realizada no United Recording Studios em Los Angeles na Califórnia entre 13 e 21 de maio de 2015. Já a masterização é de Gavin Lurssen e Reuben Cohen e ocorreu no Lurssen Mastering. E a capa é simples e exibe os quatro músicos de forma descompromissada fazendo uma pose típica.

    Com ares de Western e Folk, Break Into Your Heart abre Post Pop Depression com o "vozeirão" rouco de Iggy Pop ecoando em uma base bem mais calma e um tanto que viajante, com riffs de guitarras mais 'sujos' feitos por Dean Fertita. No final temos versos falados mais reflexivos, que marcam ainda mais este princípio de cd.

     A lamentação de Gardenia é a segunda e após o seu começo totalmente melancólico, algumas linhas um pouco mais animadas aparecem produzindo uma faceta mais Rock´n´Roll, porém, daqueles bastante 'largados' e significativamente elétricos, isso por conta dos ótimos solos de Dean Fertita na sua guitarra. Para a próxima, a America Valhaha, após uma melodia suave de teclados, Joshua Homme aplica toques mais cadenciados em seu baixo e somos expostos a uma experimentação diferente do que esperamos com alguns crescentes e todo o estilo depressivo escolhido por Iggy Pop neste disco ao cantar seus versos nesta letra sobre a sua busca de um paraíso para "descansar em paz".

    A quarta de Post Pop Depression caminha por linhas alternativas que flertam com o Psicodelismo e Iggy Pop simplesmente se mostra um vanguardista com In The Lobby, faixa que te convida a reparar no trabalho de sua percussão e de sua bateria, ambos feitos por Matt Helders para sentir suas vibrações 'transloucadas'. Imergindo em um Pop/Rock, Sunday conta com bons solos de guitarra ao fundo em meio à uma atmosfera um tanto que dançante, para Iggy Pop cantar com sua voz áspera e com seu estilo 'relaxado', onde divide os holofotes com os backing vocals de Sharlotte Gibson e Lynne Fiddmont em uma percussão bastante envolvente. Entretanto, o que mais chama a atenção nesta canção é o seu final mais clássico e orquestrado, que é bastante inesperado e viajante.

     Em Vulture noto que Iggy Pop nos exibe uma música com a característica mais intimista, ou seja, apenas voz e violão, além de estar um tanto que revoltada pelo jeito que Iggy Pop interpreta sua letra em um ritmo atormentado e surreal, na cortesia de seus 'comparsas' de banda, que a deixam mais fortificada em seus instantes finais. Depois, Iggy Pop decide aumentar o peso deste Post Pop Depression bem como o tamanho de suas introspectivas viagens com German Days, que recomendo estar de mente aberta para captar sua sintonia, que apresenta variações bastante atípicas, além de momentos quase fantasmagóricos.

     De andamento mais Pop, boas linhas de piano e vocalizações entristecidas, Chocolate Drops é a oitava do cd e é uma balada indicada para ouvir em um ambiente de pouca luz por conta de seu estilo mais intimista. No encerramento do cd temos os quatro músicos cantando os primeiros versos à capela na canção Paraguay, que mantém a linhagem sorumbática observada na maior parte deste álbum, onde o maior diferencial estão nos vocais de Iggy Pop sempre fortes, cheios de lamentações e roucos.

    Acredito que você também deva prestar uma atenção especial nas melodias, que eclodem na metade da música com a bateria de Matt Helders sendo tocada com mais vigor e também nos solos mais robustos de guitarra feitos por Dean Fertita. Porém, não ouse esquecer de observar também sua letra, onde Iggy Pop destila seu veneno com as pessoas do mundo atual em tom de despedida.

    Post Pop Depression mostra um Iggy Pop bastante descontente com a sociedade que vivemos, aparentando um desejo de se aposentar ( ele já tem 68 anos ), bem 'resmungão' em um estilo ao mesmo tempo intimista e depressivo que será bem ao gosto dos fãs de David Bowie, Lou Reed e de Johnny Cash. A morte de seu grande amigo David Bowie e o atentado terrorista no Bataclan em Paris durante o show do The Eagles Of Death Metal em novembro 2015 impactaram em Iggy Pop ( assim como em nós todos ) e o conduziram nesta direção. Entretanto, Iggy Pop sempre foi um dos vários 'nervos expostos' da sua era, então, se ele estiver próximo a terminar sua carreira, se está desejando partir... teria que ser com um trabalho como este, onde crava seus lamentos com todo o seu inconformismo junto a nove ótimas canções.
Nota: 9,0.

Sites: http://iggypop.com/ e http://www.facebook.com/iggypop

Por Fernando R. R. Júnior
Outubro/2016

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