In Flames - Battles
14 Faixas - Shinigami Records - 2016

    Sempre lembrado como um dos mais importantes nomes e um dos pioneiros do Death Metal Melódico da cena de Gotemburgo, os suecos do In Flames chegam com Battles ao seu décimo segundo álbum de estúdio, onde a maioria de suas faixas foi composta pelo vocalista Anders Fridén e pelo guitarrista Bjorn Gelotte, que foram para Los Angeles, no calor da Califórnia ao lado do produtor indicado ao Grammy Howard Benson ( Sepultura, Halestorm, Skillet, Papa Roach, Seether ) para os devidos trabalhos de gravação e mixagem do cd. Enquanto estiveram no West Valley Studios em Woodland Hills, os dois músicos suecos criaram e deram forma rapidamente para as músicas, sendo que posteriormente as mostraram ao guitarrista Niclas Engellin e ao baixista Peter Iwers.

    A masterização de Battles é de Tom Coyne e Randy Merrill no conceituado Sterling Sound em Nova Iorque nos Estados Unidos. Curiosamente, a bateria foi programada e tocada por Joe Rickard, que em novembro de 2016 foi anunciado como baterista oficial da banda em substituição a Daniel Svensson, que saiu em 2015 para cuidar da família. A capa e o layout de Battles é de Blake Armstrong e mostra duas mãos com seus dedos se fundindo dentro de uma caveira, sendo uma azul e a outra vermelha, seria aquela analogia do equilíbrio entre o lado bom e o lado mau?

   Com ares sombrios, que são obtidos através dos teclados tocados por Deörjan Orkloo, Drained abre Battles com uma mescla de Death Metal raivoso dos vocais de Anders Fridén com as linhas melódicas dos demais em um estilo bastante interessante, que costumamos chamar de Metalcore. Em The End, o quinteto exibe uma faixa de menos velocidade, uma face atual, dotada de um refrão em coro e de vocais limpos, te inspirando a cantar com eles pela linhagem acessível que a música passa, onde destaco também os solos de guitarras de Björn Gelotte e Niclas Engellin. Aos dedilhados Like Sand surge e nos mostra Anders Fridén cantando mais distante e de forma emocionante, sendo que depois um andamento encorpado apareça e traga a agressividade, porém, sempre alternando com os trechos melodiosos e mais atuais ( ou de Metalcore se preferir ), que lhe conferem uma sonoridade relativamente Pop, Industrial e com programações eletrônicas a este som do In Flames para desespero dos fãs mais antigos, que apreciam o jeito mais destruidor da banda.

    Para The Truth notamos flertes um tanto que mais Pop/Metalcore, aliados ao peso mais discreto em uma canção construída com habilidade pela banda e com um apelo mais comercial, que se a intenção é conquistar o mercado americano, eles vão conseguir, pois, neste quesito misturaram o peso com melodias que pegam na memória e também até um ar festivo... quem diria!!! Em In My Room, o In Flames caminha por momentos calmos com dedilhados e outros mais intensos com um pouco de agressividade em vocalizações limpas, que apesar possuírem um tanto da cólera do passado, são cativantes, além de contarem com ótimos riffs nas guitarras, porém, mais suaves.

    Com toques eletrônicos e um ritmo mais lento, Before I Fall marca a sexta de Battles e segue neste formato com algumas pequenas incursões mais fortes, que de certa forma levará os fãs antigos se lembrarem do nobre passado do In Flames.

    Ainda bem que em Through My Eyes, eles mostraram um pouco do seu Death Metal Melódico mais rápido, raivoso de vocais guturais entremeados com outros limpos, porém, sente-se que falta algo... seria aquela fúria original? Esteja certo que sim, pois, aqui a roupagem mais comercial é evidente, mesmo com suas partes para bater a cabeça, onde um destaque está nos solos dos guitarristas Bjorn Gelotte e Niclas Engellin.

    A oitava é a faixa título Battles, que aparece em um aspecto moderno entre muitos teclados e boas alternações instrumentais, que são gostosas de se ouvir junto com as vocalizações limpas, mas falta aquele elemento... aquela ira nos vocais. Here Until Forever difere totalmente do que poderíamos esperar, pois, está 'mansa' demais, com Anders Fridén cantando limpo o tempo todo em um andamento mais calmo, além de possuir um refrão que é mais grudento e coros mais melódicos.

    Os solos mais robustos de Underneath My Skin dão a impressão que esta décima canção de Battles será mais no estilo das antigas, porém, o In Flames mudou mesmo para valer o seu direcionamento de suas músicas, que estão mais brandas, embora tenhamos aqui um ótimo trabalho dos guitarristas Björn Gelotte e Niclas Engellin e também uma atuação animada do vocalista Anders Fridén, que mostra uma enorme versatilidade.

    Novamente portando dedilhados mais tranquilos em seu início, que trazem um estilo cadenciado mais encorpado, Wallflower se modifica, recebe influências mais góticas e até empolga um pouco em seus momentos pesados, porém, surpreende ao incluir trechos viajantes em vocalizações distantes, que estão consideravelmente introspectivas. Um tanto mais encorpada, Save Me marca a última do tracklist normal de Battles e o In Flames realmente mergulhou nas novidades, experimentalismos e melodias, entretanto, temos vocais um pouco mais raivosos, mas, distante daquele Death Metal intenso de outrora.

    Nos dois bônus exclusivos desta versão da Shinigami Records temos Greatest Greed, que tenta ser mais revoltada em seus vocais e andamento, flerta com o New Metal e é mais melódica também, porém, parece que algo está a bloqueando de ir além. Fechando temos Us Against The World, onde destaco seus solos de guitarras e seus vocais furiosos, que alternam momentos melódicos na melhor faixa do cd.

    Lógico, que uma banda sempre deve inovar conforme Anders Frídén explica: "Quando as pessoas ouvem este álbum, eu acho que vão saber instantaneamente que é o novo In Flames, sem que tenhamos que repetir a mesma música uma e outra vez, e isso é algo do que eu estou incrivelmente orgulhoso [...] Não é que seja algo completamente diferente, mas mesmo assim é algo novo. Se eles já gostam de In Flames, eles vão gostar ainda mais... e se eles não gostam de In Flames, ainda podem gostar". E Björn Gelotte complementa esta ideia: "Precisamos que a música seja interessante tanto para nós como para os nossos fãs, porque isto nunca foi para nós apenas um trabalho e sim um modo de vida", porém, ainda assim, é preciso ter um certo limite para não fugir totalmente do que esperamos ao ouvir um álbum de um nome importante no cenário do Death Metal Melódico como é o caso do In Flames.

    Mesmo com Joe Rickard assumindo o posto de baterista, na minha opinião os suecos precisam que ele pegue mais pesado, para dar mais potência as suas canções e menos programações eletrônicas de formato Pop. Entretanto, apesar de todas estas considerações minhas, o álbum não é ruim, muito pelo contrário, ele te envolverá, mas, é diferente dos antigos, segue a postura que o In Flames adotou nos últimos anos, tanto que sua música título, a Battles chegou ao Billboard 200 na 60ª posição e manteve-se assim por uma semana.
Nota: 8,0.

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Por Fernando R. R. Júnior
Janeiro/2018

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