Kadavar - Rough Times
10 Faixas - Shinigami Records - 2017

    Com sua fundação ocorrida em 2010, o Kadavar teve seu nome inspirado na norte-americana Danava e o Power Trio alemão de Berlin conta com Christoph "Lupus" Lindermann ( vocais e guitarra ) e Christoph "Tiger" Bartelt ( bateria ), que se conheceram no Underground da cidade e estudaram engenharia de som. Completou a primeira formação da banda, o baixista Phillip "Mammut" Lippitz, que foi substituído em 2014 pelo parisiense Simon "Dragon" Bouteloup. Neste pouco tempo de atividades do Kadavar, eles já lançaram quatro álbuns de estúdio, sendo que este nomeado como Rough Times é o último, que saiu em 2017 e impulsionou a visita da banda no Brasil em março de 2018.

    O som do Kadavar é um Rock'n'Roll com Psicodelismo e Stoner que é difícil de rotular como define a própria banda: "É obvio que as pessoas gostam de colocar você em uma caixa específica e o nosso trabalho é criar a nossa própria caixa e rotulá-la Kadavar". Maduros, o guitarrista Christoph "Lupus" Lindermann  comenta da liberdade que sente na banda: "Nós costumávamos colocar-nos sob muita pressão. Nós não queríamos ser apenas outra banda de Rock, queríamos ser a melhor. Agora nós nos livramos da ideia de que precisamos estar nas paradas ou lotar os shows para ser felizes. Para chegar a esse ponto, todos os envolvidos precisaram de muita maturidade mental e isso me satisfaz mais do que qualquer arena lotada". O sucesso do terceiro álbum chamado Berlin nos E.U.A. abriu as portas para a banda e tornou o Kadavar mais conhecido e aumentou o nível do desafio para o trio se superar com Rough Times.

    As gravações do quarto registro de estúdio do Kadavar foi gravado no Blue Wall Studio em Berlin, que foi construído na região industrial de Neukons pela dupla de engenheiros da banda, onde também foi realizada a mixagem aos cuidados de Christoph "Tiger" Bartelt. A masterização é de Nene Baratto e de Christoph "Tiger Bartelt e foi realizada no Big Snuff Studio, que é localizado também na capital alemã. A abstrata capa que mostra uma caveira em uma pele rubra é de Drew Milling, que é bastante esquisita e faz entender porque não devemos julgar um álbum pela sua capa.

    O denso som do Power Trio começa com a intensa e largada canção título Rough Times de vocais interessantes e muito peso na diversificada linhagem instrumental de viagens eletrificadas na guitarra e fortes toques no baixo e bateria adotadas pelos alemães. Na segunda, isso aumenta de uma forma grandiosa e o Kadavar nos leva com Into The Wormhole a caminhos repletos de voltagem em uma pegada viajante em que os três instrumentos se evidenciam em flertes com o Stoner e com vocais dispersos deixando a música fluir para onde a sua eletricidade a levar. Sem tempo para pensar, é continuar chapando na audição deste trio, pois, a próxima é Skeleton Blues, que chega exibindo solos fortificados na guitarra, que é agredida com habilidade por Christoph "Lupus" Lindermann criando uma atmosfera onde sua energia guia os caminhos da música e assim, como seus vocais e isso, é deveras envolvente aos amantes do que se fazia nos anos 70, pois, sente-se que o Kadavar não tem limites e segue pesado elevando suas melodias até o corte final que encerra a música.

    Em Die Baby Die, cujo ritmo inicial mais Rock'n'Roll é bastante cativante, o baterista Christoph "Tiger" Bartelt atua com brilho para que os outros dois enviem uma canção inquieta, que possui um solo de guitarra simplesmente inflamável e viajante em que vamos gostar imediatamente. Vampires, a quinta de Rough Time começa mais lenta, porém, sente-se facilmente sua voltagem crescer e quando explode, o Kadavar nos coloca diante de outra de suas emblemáticas composições forjadas com o puro e pesado Rock'n'Roll sempre direto e para quem gosta de solos de guitarras longos, o realizado aqui é de altíssima adrenalina, que confere à música uma sonoridade única e que parece que não vai terminar nunca.

    De ares espaciais e sombrios, que em poucos instantes dão lugar a uma ardente faixa com linhas instrumentais de baixo e guitarra se elevando fortemente, Tribulation Nation mantém nossa 'chapada audição' de Rough Times através de um andamento um pouco mais rápido, que não para de aumentar sua potência por nada e exibe também vocais que me farão memorizar seu título, nesta que é uma das melhores do cd.

    Words Of Evil aparece com uma linhagem acelerada, que remete ao Black Sabbath de seus primeiros discos nos solos de guitarra feitos por Christoph "Lupus" Lindermann, que traçam o caminho que esta sonzeira deverá seguir nos cativando facilmente, pois, o Kadavar sabe como deixar a música dissipar livremente a cada trecho em que destaco também a rápida cozinha de Christoph "Tiger" Bartelt na bateria e Simon "Dragon" Bouteloup no baixo.

    Apresentando uma certa introspectividade The Lost Child é a oitava do cd e a forma que seus vocais interagem com seu andamento instrumental, que é mais viajante percebemos claramente o 'ácido sonoro' aplicado pelo trio aqui, que mais próximo do final alterna psicodelia com seu vigor de forma esbelta encerrando em suaves vocalizações, dedilhados e assovios transformando a música em uma doidera só.

    O ritmo relaxante e nonsense presente em You Found The Best In Me traz uma aura Rock'n'Roll animada, pacífica e repleta do ácido sonoro de Rough Times, que é saborosa de se ouvir, especialmente nos vocais cheios de emoção, que favoreceram para que ela se tornasse uma das minhas favoritas no cd.

    Ao fundo de um Blues viajante... à frente uma poesia declamada em francês: assim é A L'ombre Du Temps, a insana décima faixa do disco, que é para fechar os olhos sendo levados para uma reflexão imersiva em seu próprio universo de pensamentos. Na última, o Kadavar presta um tributo aos Beatles com sua eletrificada versão de Helter Skelter, canção que é de certa forma a mãe para todas as outras dez anteriores deste cd.

    Um Power Trio por si só já é afiado... um Power Trio versado no padrão Rock'n'Roll de Garagem setentista e lisérgico, que está disposto a ir além em seus álbuns... é garantia de um som selvagem, animado, único e sem firulas. Ouça e inclua Rough Times em sua coleção o quanto antes, pois, o futuro do Rock para as próximas décadas está associado a nomes como o Kadavar.
Nota: 9,5.

Site Oficial: http://www.kadavar.com/ 
Facebook: https://www.facebook.com/KadavarOfficial/
Instagram: https://www.instagram.com/kadavargram/?hl=en 

Por Fernando R. R. Júnior
Junho/2018

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