Kataklysm - Of Ghosts And Gods
14 Faixas - Shinigami Records - 2016

        Os canadenses da gélida cidade de Montreal na região do Quebec e conhecidos mundialmente como Kataklysm iniciaram as suas atividades de seu Death Metal no já longínquo ano de 1991 e nestes mais de 20 anos de banda conquistaram vários seguidores que apreciam os caminhos mais extremos do Heavy Metal.

    Para este novo trabalho, cujo título é Of Ghosts And Gods, que é o décimo-segundo álbum da carreira, o quarteto Maurizio Iacomo nos vocais, J-F Degenais na guitarra, Stéphane Barbe no baixo e Oli Beaudoim na bateria dividiu seu processo de gravação em três cidades: em Dallas no Texas no JPD Studio, em Sanford na Flórida no Audiohammer Studios ( vocais ) com Mark Lewis, ambos nos Estados Unidos e em Montreal/Ontário no Canadá no Pirate Studio ( bateria ).

    Os resultados obtidos nesta primeira parte de gravações foram levados ao mestre Andy Sneap, que cuidou da mixagem e da masterização sendo realizada no Backstage Studio em Derbyshire na Inglaterra. Comprovando a qualidade da pedrada, Of Ghosts And Gods ganhou o prêmio Juno ( o Grammy canadense ) de 2015 como melhor álbum de Metal do ano e está envolto pela capa obscura toda preta e com detalhes acinzentados retratando a brevidade da vida humana na arte de Surtsey. Nesta resenha vamos saber porque temos em mãos um vencedor de Juno em sua categoria.

    Com diálogos rápidos, que trazem o andamento pesado e inicialmente cadenciado, Of Ghosts And Gods é aberto com a destruidora Breaching The Asylium, que alterna vocais urrados com momentos acelerados tocados com primor pelo Kataklysm e convocando o ouvinte para agitar em cada um deles. Com o baterista Oli Beaudoim realizando uma sequencia nervosa no primeiro instante de The Black Sheep recebemos uma revoltada composição, que é ótima para um 'headbanging' e com uma fortificada linhagem instrumental com alterações de considerável técnica a cada trecho onde ouvi-se com clareza cada instrumento, apesar deles massacrarem tudo. Devidamente sombria e assustadora, Marching Through Graveyards te conquista por sua impactante fusão de baixo, bateria e guitarra, que antes mesmo de Maurizio Iacomo soltar seus poderosos e raivosos guturais em um ambiente denso e feroz com elevações de velocidade nos momentos corretos, que deixam claro que o Kataklysm está disposto a nos esmagar.

    Com um solo mais distorcido na guitarra de J-F Degenais, a quarta 'martelada' do cd começa mais cadenciada com marcantes evoluções, que estão significativamente pesadas no baixo e na bateria, que liberam os urros na medida desejada com vocalista detonando os versos de The Serpent´s Tongue, onde você deverá prestar atenção nos empolgantes riffs de guitarras.

    De uma matadora sequencia inicial, que lhe garante um destaque, Vindication se torna ainda melhor depois que os guturais de Maurizio Iacomo surgem, pois, salvo em breves alternações ( levemente ) mais calmas, o que temos é um clima de aniquilação total. Mais rápida e violenta, Soul Destroyer deixa claro que a intenção do quarteto canadense é de devastar com muita fúria em cada verso pronunciado por seu vocalista e para ajudar os demais realizam uma artilharia sonora formidável e incansável, pronta para envolver o ouvinte facilmente.

    Para Carrying Crosses, o Kataklysm mantém o nível de sua agressividade intacto e nos exibe uma faixa que é mais arrastada, salvo em alguns poucos trechos velozes, porém, sua condução de vocais sempre irados e a habilidade de cada músico em seus instrumentos nos deixam ligados a cada toque de baixo e bateria ou ainda em cada solo de guitarra. Shattered apresenta uma avassaladora sequencia de bateria, baixo e guitarra, sendo que e notável o peso aplicado nas quatro cordas por Stéphane Barbe, que conduzem ao ritmo feroz e cadenciado da canção de versos vociferados com cólera em cada estrofe por Maurizio Iacomo.

    Em Hate Spirit recebemos uma veloz porrada em seus primeiros momentos, que se torna mais cadenciada e com muitos urros, que são ideais para se 'banguear', onde também tenho que destacar o solo do baixista Stéphane Barbe. A última antes do bônus exclusivo é a faixa The World Is A Dying Insect, que mostra uma linhagem instrumental obscura e cheia de efeitos até receber todo o seu peso, que está repleto de uma complexidade única do Kataklysm e obviamente também... dos berros violentos de seus vocais, que fazem uma crítica para a humanidade enquanto notamos modificações no seu andamento, que sempre acabam por nos surpreender por conta da habilidade aplicada.

    O bônus especial deste Of Ghosts And Gods são quatro faixas ao vivo no show registrado na África do Sul ( Live In South Africa é o seu título ) no dia 18 de julho de 2014 em Capettown ( ou Cidade do Cabo ), que servem para enaltecer o fato que eles foram a primeira banda canadense a pisar por lá. A primeira é a Fire, que deixa claro que a capacidade da banda ao vivo é ainda mais intensa e matadora, onde eles exalam muito mais fúria em seu Death Metal.  

    Mais ensandecida, Push The Venom provavelmente deve ter arrebentado com muitos pescoços nesta noite, pois, notadamente o quarteto está muito mais vigoroso nesta canção mais cadenciada de crescentes implacáveis.

    Outra vez a parte instrumental chama a atenção por suas linhas melódicas, como é o caso de Elevate, mas assim que os vocais de Maurizio Iacomo entram em cena, a sua raiva consome a nossa atenção, quase nos forçando a 'banguear' em sua audição. Fechando os bônus e o cd temos a explosiva Blood In Heaven com um andamento arrastado, encorpado e vocalizado com urros extremos, que chamam os exuberantes solos de J-F Degenais na guitarra e que certamente conquistou ( além de destruir os pescoços ) dos fãs sul-africanos.

    Of Ghosts And Gods é indicado aos fãs de um Death Metal técnico, onde cada faixa demonstra uma competência única e uma dedicação dos músicos muito grande, sendo que realmente concordo com o prêmio obtido, pois, o Kataklysm fez sim um dos melhores discos do ano.
Nota: 9,5.

Sites: www.facebook.com/kataklysm e http://kataklysm.ca/.

Por Fernando R. R. Júnior
Janeiro/2017

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