Killers - Murder One
15 Faixas - Classic Metal Records/Voice Music - 1992
Relançamento - 2022

    Depois que foi demitido do Iron Maiden em 1982 e já com o seu nome cravado com destaque na história do Heavy Metal Mundial com os dois álbuns que gravou com a banda, o vocalista inglês Paul Di'Anno esteve ainda nos anos 80 nas bandas Gogmagog, Di Anno e Battlezone. Com o fim do Battlezone após três discos de estúdio, ele montou em 1991 com o baterista Steve Hopgood o Killers, que em 1992 lançou o seu primeiro disco de estúdio, justamente este excelente Murder One.

    Tudo começou com Steve Hopgood ligando para o guitarrista Cliff Evans do Tank dizendo os seus planos para uma nova banda. E antes de registrar este álbum Paul Di'Anno, Cliff Evans, Steve Hopgood e John Gallagher do Raven se aventuraram por uma turnê sul-americana no verão de 1991 tocando músicas do Iron Maiden e do Battlezone, além de covers para We Will Rock You do Queen e Smoke On The Water do Deep Purple, turnê essa que foi promovida por Luiz Carlos Genésio, que foi promotor do Rock in Rio e os registros ao vivo destes shows foram posteriormente lançados no álbum South American Assault Live 1994.

    Mesmo com o fracasso da turnê segundo John Gallaher, Paul Di'Anno insistiu no Killers e tocou com a banda dois dias no estúdio de Arnie Goodman em Nova Iorque para executivos da Virgin, Sony, EMI e BMG. As músicas escolhidas foram Phantom Of The Opera e Wratchild e um representante da BMG ficou muito impressionado e ofereceu um contrato de 250.000 dólares para a banda ( o "gênio" não sabia que estas músicas já haviam sido gravadas, lançadas e feito muito sucesso mais de 10 anos antes ).

    De contrato assinado, eles começaram a escrever este Murder One em quase duas semanas e além dos já citados, o line up do Killers para este álbum contou com Nick Burr na guitarra e Gavin Cooper no baixo. Murder One foi gravado no The Power Station em Nova Iorque, no White Crow Studios em Burlington em Vermont ( ambos locais nos Estados Unidos ) com produção de Rob Fabroni ( The Rolling Stones e Eric Clapton ) e a mixagem é de John Hanlon, sendo que a remasterização deste relançamento é assinada por Phil Kinman e foi realizada no MTR Studios, enquanto que o novo layout do cd e a sua capa é de Júlio César "Che" Valente. Vale dizer também que no seu encarte temos fotos letras e uma biografia da banda, ou seja, fatores que enriquecem a sua aquisição física da obra.

     Com grito de horror de uma mulher e um solo forte feito por Steve Hopgood na sua bateria, Murder One é aberto com o potente e rápido Heavy Metal ( a la Judas Priest ) presente em Impaled, canção vibrante que Paul Di'Anno canta com muita garra e uma certa agressividade. Outro ponto que merece ser observado são os solos galopantes de Cliff Evans e Nick Burr nas guitarras. Depois, de andamento cadenciado temos a contagiante The Beasts Arises tem inspirando a socar o ar, onde eu recomendo uma atenção aos solos de guitarras bastante melódicos e também para a notável voz de Paul Di'Anno, que em certo momento da canção tece um flerte com o AC/DC, especificamente a Dirty Deeds Done Dirt Cheap.

    Em seguida temos Children Of The Revolution, que é cover do T-Rex e que ficou muito boa na sua versão Heavy Metal nos vocais de Paul Di'Anno demonstrando bastante empolgação ao cantar dos seus versos em meio uma base repleta de solos de guitarras do jeito que adoramos ouvir. Após fazer uma ligação ( nos efeitos antes da música ) recebemos os dedilhados do baixista Gavin Cooper e o ritmo pulsante de guitarras contidos em S&M para que então, os vocais de Paul Di'Anno entrem em cena na mais diversificada composição até aqui, que é bastante envolvente e que novamente conta com os caprichados solos de guitarras da dupla Cliff Evans e Nick Burr, porém, a percussão feita por Steve Hopgood é o diferencia esta música.

    A quinta de Murder One é a Take No Prisonners e o Killers surpreende por aplicar uma marcante linhagem Hard'n'Heavy em seu ritmo deixando Paul Di'Anno à vontade para cantar seus versos exibindo outra face da sua gama vocálica resultando em uma memorável composição, para certificar da minha afirmação, confirme sentido os toques feitos pelo baterista Steve Hopgood combinados com os solos de guitarras, sendo que tudo isso fazem que eu classifique esta faixa como a minha favorita do álbum.

    Em meio a gritos em um bar chegamos ao Heavy Metal acelerado e encorpado presente em Marshall Lockjaw, que é daquelas que pode, deve e provavelmente foi canção de abertura dos shows na época, pois, o seu incansável crescente instrumental te captura antes mesmo que você perceba e me fez rever o conceito de qual é a melhor música do cd, pois, esta é espetacular. A terceira criação acima do nível e enviada na sequência é a Protector e esta ocuparia um destaque estivesse em algum álbum da "Donzela de Ferro", afinal, a forma que suas linhas instrumentais são exibidas e a que Paul Di'Anno canta os seus versos são magníficos excelentes.

    Com outro elaborado princípio, que trazem dedilhados e vocais leves, temos a balada Heavy Dreamkeeper, a oitava de Murder One, que é muito bacana ouvir Paul Di'Anno cantar nessa forma emocionante provocando a vontade de pegar o encarte do cd e sair cantando com ele, inclusive, os solos de guitarras merecem uma atenção especial por conta da sua beleza. A seguinte é Awakening, que nos propicia outro impactante momento Hard'n'Heavy nesta canção cadenciada e de vocais inflamados, onde vemos o Killers soar perfeitamente. Relembrando de seus tempos no Iron Maiden, Paul Di'Anno incluiu neste Murder One uma versão de Remember Tomorrow, que ficou mais robusta e melódica que a original, porém, tão relevante quanto, sendo que nesta, a bateria e os vocais estão notadamente mais pesados.

    Ouvindo este álbum até esta última faixa de sua versão original posso dizer que o Killers fez uma estreia brilhante em 1992, entretanto, neste relançamento a Classic Metal Records foi além e incluiu cinco canções bônus. A primeira é a versão vivo para Impaled, que lembra ainda mais do Judas Priest pelos seus gritos agudos e seu ritmo frenético de muitos solos poderosos nas guitarras.

    A versão ao vivo de The Beast Arises foi outra que figura como bônus para que possamos sentir a pegada do Killers no palco despertando a vontade de pular durante a sua execução, particularmente, nos toques de baixo e de bateria. A emblemática Marshall Lockjaw tem também uma versão ao vivo neste Murder One e podemos constatar claramente cada ponto de sua adrenalina gigante atingindo em cheio a nossa mente, sendo que o Killers a deixou bem mais acelerada.

    A penúltima do cd é Children Of The Revolution e como é uma canção de fácil assimilação e gostosa de se ouvir, além de contar com todos aqueles formosos solos de guitarras, entende-se porque o cover do T-Rex também reaparece como outro bônus ao vivo neste cd. Encerrando Murder One, o Killers exibe a exuberante versão acústica da balada Dreamkeeper, que ficou consideravelmente intimista com vocais cheios de feeling e devidamente deliciosa de se ouvir.

    Todos nós conhecemos Paul Di'Anno por conta dos seus discos com o Iron Maiden, muitos de nós já tivemos o prazer de ver uma de suas apresentações nas suas várias visitas no Brasil, todavia, não são muitos de nós que conhecem este formidável Murder One do Killers e graças a Classic Metal Records... todos nós, sem exceções, aqui no Brasil podemos e devemos conhecer esse disco, além é claro, de incluí-lo em nossas coleções, pois, é muito melhor do que se imagina e mostrou naquela época um Paul Di'Anno com uma banda afiada em uma das melhores fases da sua carreira. Aliás, posso até dizer que algumas de suas músicas "brigam" de igual para igual e podem até superar algumas do Fear Of The Dark, álbum que o Iron Maiden lançou em 1992, mas isso é discussão para outro forúm.
Nota 10,0.

 Por Fernando R. R. Júnior
Fevereiro/2023


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