Lamb Of God - Lamb Of God
10 Faixas - Shinigami Records/Nuclear Blast - 2020

    O Lamb Of God surgiu na cidade de Richmont no Estado da Vírginia nos Estados Unidos no ano de 1994 ( embora até 1999 chamavam-se Burn The Priest ) e rapidamente se tornou um importante representante do chamado New Wave Of American Heavy Metal ao lado de Killswitch Engage, Shadows Fall, Hatebreed, As I Lay Dying, entre outros.

    O sucesso e aceitação de seu Metal Extremo com bases de Thrash, Groove e Shred presente em seus discos levou o quinteto a participar de vários OzzyFest nos Estados Unidos, a importantes festivais europeus e a ser por muitas vezes  uma das bandas escolhidas para se apresentar ao lado do Megadeth. Depois de cinco anos de seu último álbum de estúdio, cujo nome é VII: Sturm Und Drang, o Lamb Of God exibiu ao mundo o seu oitavo registro de estúdio autointitulado.

    Nesta nova empreitada, D. Randall Blythe nos vocais, Mark Norton e Willie Adler nas guitarras, John Campbell no baixo a Art Cruz do Prong na bateria ( no lugar de Chris Adler que foi para o Megadeth e atualmente está no seu projeto Firstborne ) focaram sua incontestável e inabalável fúria no estado deplorável do mundo e a procura a causa de nossos problemas.

     Isso, de certa forma, se tornou fácil para D. Randall Blythe encontrar, afinal, nossa sociedade está cada vez mais caótica, conforme atesta o vocalista ao dizer: "Tudo está mudando tão rapidamente que é impossível apontar o dedo em uma direção específica pois isso amanhã mudará. Então eu escolhi compor esse álbum sobre o ambiente mental global que permitiu que essa situação fodida ocorresse. Anotei uma lista de tópicos que gostaria de abordar: onde toda essa loucura começou?, a doença social de onde tudo decorre. Acredito que todos os nossos problemas decorrem da criação da cultura de consumo, começando com a Revolução Industrial. E foi isso que inspirou a música 'Gears'".

    Mas, não pense que esta raiva é para ser absorvida de forma aleatória, para Willie Adler, o correto é ouvir o álbum Lamb Of God na sequencia correta, segundo as suas palavras: "Os álbuns devem ser ouvidos do começo para o fim. Temos o privilégio de poder lançar um álbum no mundo. [Mas] você pode ter várias músicas ótimas, mas, se elas não estiverem na ordem certa, um álbum simplesmente deixa de ser o que deveria ser". E John Campbell conclui o raciocínio ao dizer: "Toda vez que lançamos um disco, temos muitas discussões acaloradas sobre [a ordem das músicas]. Nós o encaramos como um álbum mais do que apenas uma coleção de músicas. O que nos leva de volta à decisão de chamar o álbum simplesmente de Lamb Of God".

    Já sobre a escolha do título John Campbell pontua: "Nós estamos muito convictos sobre este álbum e sobre quem e o que somos". E D. Randall Blythe finaliza: "Colocar nosso nome é uma declaração, Este é o Lamb Of God. Aqui e agora." Lamb Of God foi gravado no Studio 606 em Northridge na Califórnia com gravações adicionais realizadas no The Halo Studio em Westbrook/ME, no Flagship Studio em Virginia Beach/VA e no In Your Ear Studios em Richmond/VA.

    A produção e a mixagem é de Josh Wilbur e a masterização de Ted Jensen no conceituado Sterling Sound; no Studio 606 ao lado de Oliver Romana, Jerred Pollaci e Evan Myas Kovsky; no Flagship Studios com Kyle Hynes e Mathew Bruskiat. Na capa que mostra um relógio de bolso quebrado e outros ao fundo bem ao estilo sinistro do Lamb Of God é da K3n Adams.     

    Após dedilhados mais sombrios com vocais tristemente falados, Mermento Mori abre violentamente o cd com D. Randall Blythe destilando sua cólera ante as ótimas evoluções instrumentais feitas pelos demais capturando o fã através de um ritmo cadenciado com ênfase no versátil estreante Art Cruz na bateria. De um princípio intrigante que logo ganha muito peso e vocais coléricos, Checkmate é consideravelmente agressiva a cada trecho e não é tão rápida, pelo contrário, o Lamb Of God segura seu andamento através de linhas cheias de Groove e versos altamente críticos. Em seguida, o quinteto continua firme e raivoso com Gears nos convocando para 'banguear' com seu ritmo matador e sempre cru com direito à algumas viradas que considero serem ótimas surpresas.

    Na quarta temos toques opacos de baixo de John Campbell ao fundo e uma verdadeira destruição pouco depois, que deixam claro a criatividade da banda, mesmo em uma faixa mais áspera como Reality Bath cheia de vocalizações ferozes e envolventes. Em New Colossal Hate, D. Randall Blythe solta cada pedacinho de sua ira e nos acerta com sua letra deveras atual a ponto de despertar a vontade se  manifestar contra esta porcaria toda que temos no mundo ( que acho que não preciso entrar em detalhes ), sendo que isso é feito diante de um ritmo cativante e deveras robusto em que saliento novamente os toques do baixista John Campbell, que se aproxima de um Thrash/Death Metal.

    Não pense que pelo início suave de Ressurection Man, o Lamb Of God vai aliviar... pelo contrário, o quinteto envia outra faixa totalmente dilaceradora e repleta de urros totalmente grosseiros como eles ( e nós ) gostamos para culminarem em um ponto onde devemos pular bastante a abrir aquela roda nesta composição cadenciada, onde o Groove praticado por eles se faz presente e contagiante, porém, o melhor é para o final em que elevam a violência ao máximo acelerando o andamento. Na sétima do cd, a ríspida Poison Dream, D. Randall Blythe recebe Jamey Jasta do Hatebreed para juntos manterem o nível de brutalidade ouvido aqui intacto em meio aos sempre cativantes solos de guitarras feitos por Mark Morton e Willie Adler revelando as linhas rudes impostas aqui.

    A avalanche desaba mesmo em Routes em que temos a canção mais acelerada do cd flertando com o Thrash Metal, e isso, provavelmente deve ter acontecido para receber o convidado Chuck Billy do Testament para que ao lado do Lamb Of God possa colocar fogo na música, sendo que recomendo também reparar no incansável e técnico Art Cruz com suas viradas simplesmente absurdas e marcantes em sua bateria. Vale mencionar que sua letra é sobre um gasoduto que foi colocado em uma reserva de nativos norte-americanos e Chuck Billy é descendente deles.

    A penúltima é Bloodshot Eyes e o seu fortíssimo estilo moderno está aliado à atmosfera repleta de ira a cada verso urrado por D. Randall Blythe tornando esta faixa outro momento ideal para uma sessão de 'headbanging' e de socos no ar, mesmo em suas partes mais melódicas ( aos padrões do Lamb Of God, é claro ). Finalizando eles disparam a pedrada aniquiladora chamada On The Hook que é praticamente um Thrash Metal e que é dotado de um andamento impiedoso e várias alterações ( umas com dedilhados melodiosos ) que servem para aumentarem a quantidade de sua agressividade através de seus vocais apropriadamente opressores.

    Este novo e autointitulado álbum do Lamb Of God, que foi lançado no Brasil graças à parceria da Shinigami Records com a Nuclear Blast mantém a tradição dos americanos de nos entregar um disco firme, feroz, coeso, técnico, atordoante e que será do agrado dos exigentes fãs da banda em que Art Cruz substituiu muito bem Chris Adler tocando como um relógio as habilidosas linhas instrumentais criadas pelos demais.

    Embora não tenha sido criado para refletir toda a ignorância, burrice e incapacidade de muitos dos governantes estão demonstrando diante da atual pandemia e todos os problemas que são gerados por conta disso, Lamb Of God é uma adequada trilha sonora para chegarmos em casa e liberarmos toda a maldade que recebemos por esta completa inaptidão destas ditas autoridades preocupadas com o povo. Em suma... se é um caos extremo que você quer caro leitor(a) do Rock On Stage é o que você terá nos 44 implacáveis minutos deste cd.
Nota: 9,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Abril/2021

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