Lancer - Mastery
11 Faixas - Shinigami Records - 2017

    Como já aconteceu anteriormente com outros grupos da história do Rock e do Heavy Metal, o Lancer formou-se da união de cinco estudantes da Academia de Música de Ingesund em Arkiva na Suécia em 2009. O primeiro EP do quinteto de Power Metal, que atualmente é formado por Isak Stenvall nos vocais, Ewo Solvelius e Frederik Kelemen nas guitarras, Emil Oberg no baixo e Sebastian Pedernnera na bateria recebeu o nome de Purple Sky e foi lançado em 2013 sendo muito bem aceito pelas gravadoras e pelos fãs em todo o mundo.

    No ano seguinte, o debut autointitulado produzido por Tommy Reinxeed e Ronny Milianowicz foi disponibilizado pelo quinteto e rendeu boas críticas ao redor do planeta levando a banda ser considerada pela Sweeden Rock Magazine como "nova esperança para o Power Metal europeu". Em 2015, saiu Second Storm, que mostrou influências de Sabaton e Hammerfall misturadas a Helloween, Iron Maiden e Gamma Ray. Depois em 2016 começaram a preparar o álbum Mastery, o terceiro do Lancer e o assunto desta resenha, cuja capa mostra a cabeça da górgona Medusa mais assustadora do que a conhecemos e destacando neste desenho de Dimittar Nikolova, a temática que encontraremos nas onze canções do álbum, que são voltadas para contos antigos, mitos e religiões, sejam sobre o Egito antigo, a bíblia hebraica e cristã, ou mesmo as mitologias gregas e do norte, além de ficção científica e história.

    Para compilar essas ideias e as músicas, o Lancer escolheu o Leon Music Studios em Karlstad na Suécia, sendo a produção de Gustav Denius, que cuidou também da mixagem. Na masterização, o quinteto convidou o mestre Miro Rodenberg ( Rhapsody, Epica, Kamelot, Angra, entre outros ) e fez o trabalho no Gate Studio em Wolfsburg na Alemanha e o resultado vou comentar a partir de agora.

    E como manda os fundamentos do Power Metal, o Lancer começa Mastery com Dead Raising Towers pesado, além de toda velocidade das guitarras incrustada e também com vocais empolgantes em um ritmo animado com o refrão pronto para clamar nossa participação. Em seguida, temos Future Millennia, que exibe seu andamento rápido de solos melodiosos e com uma base Heavy Metal, onde de vocais Isak Stenvall aparecem me lembrando bastante do nosso Angra. Para a canção título, a Mastery, o Lancer apresenta um início elaborado, que posteriormente aumenta seu peso e exibe um refrão em coro altamente inspirador para cantar com eles neste verdadeiro tributo ao Helloween, que teve direito aos vocais do inigualável Michael Kiske junto a Isak Stenvall, que juntos inflamam a música. A liga que os suecos aplicaram nesta faixa certamente conquistará o fã facilmente, confirme reparando por exemplo nos toques feitos pelo baixista Emil Oberg e pelo baterista Sebastian Pedernnera.

    De ares mais épicos em seus dedilhados e nos seus vocais em sua parte inicial, Victims Of The Nile ganha mais força em seu decorrer e aqui... Isak Stenvall coloca a prova sua potente voz caprichando nos agudos e nos inspirando a socar o ar, fato que se amplifica quando eles aceleram o ritmo da música, onde concedo o destaque aos solos de guitarras feitos por Ewo Solvelius e Frederik Kelemen em perfeita sincronia com o baixo e a bateria, que pouco depois retornam com o estilo do princípio e a finalizam de forma grandiosa se tornando a minha favorita deste quarteto de canções. Em Iscariot, o quinteto aborda aquele que seduzido pelo dinheiro fez o que fez com Jesus Cristo através de um Power Metal acelerado e flamejante no padrão do Gamma Ray, cujas vocalizações e condução instrumental cheia de variações são instantaneamente impactantes e agradáveis para os fãs do estilo. Mais cadenciada, Follow The Azrael versa sobre o anjo da vingança da fictícia e secreta Ordem de São Dumas em um formato deveras cativante com os sempre polivalentes vocais de Isak Stenvall, porém, quando eles aceleram a música é quando sentimos o tamanho de sua energia. Atenção ao trecho mais lento e nos repiques feitos pelo baterista Sebastian Pedernnera, que abrem espaço para os solos de guitarras e outra incursão mais rápida.

    Freedom Eaters é a sétima de Mastery e o Lancer envia um ritmo rápido e totalmente melódico com vocais contagiantes e variações instrumentais transbordando técnica, que sempre apreciamos. World Unknow exibe dedilhados que trazem Isak Stenvall colocando muito feeling em sua formidável voz nos cativando consideravelmente com esta singela balada, que ao passar de seus minutos cresce e conta com solos de guitarras exuberantes. Após o momento mais calmo... hora de eletrizar novamente com Widowmaker, que chega rápida e com vocais em coro, além de riffs melódicos puramente Power Metal e também flertes com o Heavy Metal quando os guitarristas Ewo Solvelius e Frederik Kelemen desferem seus fortificados e longos solos.

    Os dedilhados e os vocais mais lentos conferem um clima mais heroico, a Envy Of The Gods, que repete a sempre maravilhosa fórmula já utilizada por tantos nomes do Power Metal, pois, a música se enriquece com a velocidade colocada pela banda em suas melodias, que em determinados momentos ficam deveras mais robustas produzindo uma inesperada surpresa, assim como a modificação em seu ritmo mais próximo de seu final, que tem o seu refrão e andamento repetidos para capturar o fã de vez.

    Terminando Mastery, o Lancer nos coloca diante do Heavy Metal Melódico de The Wolf And The Kraken, que é bastante infectante e detentora de ótimos solos de guitarras, além de contar também com um refrão de fácil assimilação e que fica na memória. Escondida do tracklist do álbum, os suecos incluíram uma outra versão de Follow The Azrael em uma pegada cheia de voltagem em que os vocais e os solos de guitarras são explorados ao máximo e envoltos em uma base marcante de baixo e bateria ( aliás, em todo o disco ) em que necessito ressaltar o trabalho de Emil Oberg e Sebastian Pedernnera, respectivamente.

    Mesmo sem revolucionar o Power Metal, até porque se fizessem isso, o álbum Mastery não seria tão bom quanto é, os suecos do Lancer provaram que são fieis e capazes de nos mostrar músicas de acordo com os mandamentos do estilo e com um detalhe importante: sem utilizar teclados em nenhuma canção, garantindo a vibração com baixo, guitarra, vocais e bateria desta forma, como explica Isak Stenvall: "Nós queríamos que este álbum soasse tão semelhante quanto possível de como nós somos ao vivo, e com isso eu quero dizer sem overdubs, sem teclados e, claro, sem edição corrigindo cada nota que tocamos, colocando-a na ordem 'correta'. Você pode escrever músicas de Metal variadas e bombásticas com só quatro instrumentos, está tudo nos arranjos. É por isso que o nosso álbum soa tão orgânico!". Em suma, ouça e divirta-se com o som deste lançamento da Shinigami Records no Brasil.
Nota: 9,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Outubro/2018

 

 

 

 

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