Light The Torch - You Will Be The Death Of Me
12 Faixas - Shinigami Records/Nuclear Blast - 2021

    Entre 2002 a 2012 Howard Jones foi o vocalista da imponente banda de Metalcore/Deathcore Killswitch Engage gravando com eles os álbuns The End Of Heartache de 2004, As Daylight Dies de 2006 e o Killswitch Engage de 2009. Depois que saiu, ele foi vocalista do Devil You Know, banda com membros do All Shall Perish, Fear Factory e Divine Heresy gravando com eles os álbuns The Beauty Of Destruction em 2014 e o They Bleed Red em 2015.

    No ano de 2018, o Devil You Know teve seu nome alterado para Light The Torch e a banda de Los Angeles na Califórnia ( Estados Unidos ) conta com Howard Jones ( vocais ), Francesco Artusato ( guitarra ) e Ryan Wombacher ( baixo e backing vocals ), que está recentemente completada com Alex Rudinger da banda de Deathcore Whitechapel na bateria. O então trio, que foi se solidificando cada vez mais à maneira que eles ficaram mais amigos estreou para valer com o álbum Revival ( de 2018 ) e o seu Metalcore é sustentado na virtuose obtida com uma guitarra de sete cordas e em suas melodias criadas pelos demais.

    Assim em 2021, o Light The Torch lançou este disco You Will Be The Death Of Me, o segundo da carreira, que foi produzido por Josh Gilbert ( e os músicos da banda ), a sua mixagem é assinada por Joseph McQueen, sendo que estes dois foram responsáveis pelos discos de nomes como Bullet For My Valentine, As I Lay Dying e Suicide Silence em um trabalho realizado na Sparrow Sound em Burbank na Califórnia. A exceção é feita apenas para a bateria, que foi gravada pelo recém chegado Alex Rudinger no Signature Studio em San Diego ( Califórnia ).

    O aspecto de união enfatizado por Howard Jones está explícito nesta fala do músico: "Apesar de eu ser meio solitário, esta banda tornou-se uma família de verdade. Minhas experiências com Ryan e Fran - dentro e fora da banda - realmente nos uniram. Acho que este álbum realmente mostra e representa quem somos como grupo". Informação que é completada por Francesto Artusato: "Cada segundo neste álbum foi devidamente planejado. O desempenho de Howard me dá arrepios, porque parece tão vivo. Há muita emoção nele. Eu conheço o cara muito bem, neste ponto, e nossa amizade é uma grande parte do Light The Torch".

     Esta ideia fica evidenciada também na capa de You Will Be The Death Of Me, que é bonita e sombria ao mesmo tempo com sua cruz e suas caveiras, cujo desenho é de Francesco Artusato e este lembra sobre como foi a gravação do cd nas seguintes palavras: "Durante todo o processo de gravação, Howard ficou na minha casa comigo e minha esposa. Eu gosto de cozinhar e uma noite, durante a primeira semana de pré-produção, eu fiz a janta para todos. Uma compilação com 'Sign Your Name' começou a tocar e eu pensei: Eu posso fazer uma versão que soaria incrível! Howard também conhecia e amava a música. Por mais louco que parecesse, funcionou muito bem".

    Sendo que o vínculo entre eles está devidamente forte como o som, conforme Howard Jones enfatiza: "Nós queríamos fazer um álbum de fácil audição, totalmente divertido e que não afrouxasse. Ao mesmo tempo, mostramos um pouco de coração, paixão e conexão. É o que sempre pretendemos fazer com esta banda". Em tempo, a masterização deste álbum é do renomado Ted Jensen e feita no Sterling Sound em Nashville no Tenensse nos Estados Unidos. Conhecendo estas considerações dos músicos do Light The Torch vou a partir de agora comentar mais detalhes de You Will Be The Death Of Me.

    Na abertura o Light The Torch escolheu a pedrada More Than Dreaming, que já nos expõe a todo caos inicialmente cru ( e, posteriormente, com as adições Melódicas ) ao seu Metalcore produzindo evoluções interessantes, que agradarão aos fãs do estilo. Em seguida temos Let Me Fall Apart, que tem um princípio nos sintetizadores tocados por Francesco Artusato dividindo a intensidade do peso aplicado pelos demais, porém, deixando espaço para a canção ser nos padrões esperados, ou seja, raivosos. Depois eles nos mostram sua música mais encorpada até aqui com a End Of The World, que traz em suas linhas melódicas vários momentos de vocais rasgados e bastante agressivos como versa a 'lei' que um Metalcore deve ser.

    A quarta é Wilting In The Light e as programações nos sintetizadores feitas por Francesco Artusato levam a música à uma outra fronteira, bem como as linhas feitas pelo baixista Ryan Wombacher e também pelos eficazes toques do baterista Alex Rudinger, que fazem a base necessária para isso tudo ocorrer. Death Of Me foi criada no final de 2019 e serviu de 'ponta de lança' para o resto do álbum e ao ouví-la reparamos em seu clima intenso e em seu estilo moderno com muitas melodias durante as emocionadas vocalizações de Howard Jones, que crescem até atingirem suas partes rasgadas e pouco depois retornam para as suas consistentes e cativantes linhas melódicas.

    Para Living With a Ghost, o Light Of Torch apresenta uma composição muito feroz em seu início e quebra essa cólera com instantes melódicos muito bem postados, porém, a ordem foi de expressar sua fúria e agonia nos vocais de Howard Jones e também através de seu formato instrumental, que convoca o fã para bater a cabeça.

    De princípio sombrio e até viajante, Become The Martyr marca a sétima de You Will Be The Death Of Me e percebemos elementos que a deixam mais acessível para execuções em rádios com Howard Jones interpretando seus versos com muita habilidade, mesmo quando ele rasga a voz e em tese adiciona uma sequencia mais pesada na canção, mas, o que marca são as movimentações eletrônicas. O álbum segue com Something Deep Inside, que até detém um ritmo envolvente, mas que é aniquilado quando Howard Jones solta toda a ira que é capaz de colocar na música. Outra que é teoricamente leve é I Hate Myself, digo teoricamente porque seu estilo melódico mascara os seus trechos de irritação, embora, com as incursões dos sintetizadores, o Light The Torch não colocou tanto peso na canção, mas por outro lado aplicou excelentes variações em seu andamento deixando-a bastante criativa.

    Entretanto, para recompensar, o ódio pleno é resgatado em Denying The Sin e em sua maior parte são urros e vocais rasgados em uma base instrumental cheia de habilidade e técnica como podemos perceber nos solos de Francesco Artusato em sua guitarra, mas claro, quem aprecia a versatilidade de Howard Jones poderá conferir seus vocais normais em trechos pontuais. A penúltima é Comeback To The Quicksand, que acalma um pouco depois do esmagamento anterior com o vocalista expressando por uma linhagem melodiosa e atraente, mas que após seus solos de baixo e de guitarra possui também algumas breves partes vigorosas. No final de You Will Be The Death Of Me, uma surpresa: a versão do Light The Torch para Sign Your Name do cantor de Rhythm and Blues Terence Trent D'arby, que ficou muito bem tocada por todos na banda e até detentora de um andamento viajante.

    A impressão que o Light The Torch causa após a audição de You Will Be The Death Of Me é que temos em mãos um disco de transição, pois, o Metalcore está sim intrínseco em sua maior parte, porém, ele sentiu a inclusão dos sintetizadores levando a sonoridade de suas doze canções à um ponto não aguardado pelos fãs de forma que a banda está seguindo um outro caminho, o que é bom, porque provavelmente trará novos fãs e possivelmente perderá alguns que sejam mais radicais em suas linhas de pensamento.

    Este tipo de mudança, se está ocorrendo mesmo, abre novos horizontes para o Light The Torch e garante a longevidade da banda, que nos colocou diante de um disco muito bem produzido a cada instante, que certamente será melhor apreciado a cada nova audição.
Nota: 7,5.

 

Por Fernando R. R. Júnior
Dezembro/2021

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