Marillion - F.E.A.R. ( F*ck Everyone And Run )
 6 Faixas - Shinigami Records - 2016

   A lenda inglesa conhecida como Marillion, que desde que surgiu em 1979 tem contribuído com excelentes álbuns como o Misplaced Childhood, o Script For a Jester´s de 1983 e o Afraid Of Sunlight de 1995 entre tantos outros, disponibilizou o seu décimo-oitavo álbum de estúdio e é um dos mais representativos nomes do Rock Progressivo como foram rotulados nos anos 80 em atividade até hoje. E em 2016, com todos os acontecimentos no mundo, tais como a constante ameaça de terrorismo, a imigração, a saída da Inglaterra da Zona do Euro ( União Europeia ) conhecido como Brexit e tantos outros levaram os ingleses a registrarem este álbum nomeado como F.E.A.R. ( F*ck Everyone And Run ), que é definido por Steve ( "H" ) Hogarth da seguinte forma: "Nós usamos 'F.E.A.R.' como título como um tipo de condimento, mas só apenas para mostrar que nós não fugimos, dito isto de forma triste. Há dois impulsos básico por trás do comportamento humano: Amor e Medo, e todas as coisas boas vem do amor".

    Com apenas seis faixas, sendo que algumas são divididas em várias partes, F.E.A.R. ( F*ck Everyone And Run ) traz mais uma vez o excelente line up do Marillion a saber Steve ( "H" ) Hogarth nos vocais, Mark Kelly nos teclados, Ian Mosley na bateria, Steve Rothery na guitarra e Pete Trewavas no baixo, que está junto desde o álbum Seasons End de 1989.

    Os processos de produção, gravação e mixagem são assinados por Michael Hunter e foram realizados no The Racket Club Bucks And Real World ( onde já foram gravados álbuns de nomes como New Order, Tom Jones, Muse, Placebo, Brian Eno, Joss Stone e do dono Peter Gabriel ). A capa e encartes tiveram os cuidados de Simon Ward e a julgar pelo dourado que está incrustado pela capa, já podemos imaginar que a cobiça humana também é um de seus temas, afinal, estamos em um mundo capitalista, onde se vale mais o dinheiro e não as pessoas e suas ligações de amor.

    A primeira de F.E.A.R. ( F*ck Everyone And Run ) é dividida em cinco partes intitulada como El Dorado, sendo sua primeira parte a I - Long Shadowed Sun, que abre o cd em uma atmosfera tranquila, quase introspectiva nos dedilhados de Steve Rothery e nos vocais cheios de 'feeling' de Steve ( "H" ) Hogarth, que se ligam na viagem profunda presente em II - The Gold, que traz um arrepiante ritmo melancólico nos teclados de Mark Kelly de forma a impressionar aos fãs de Pink Floyd e assim, suas melodias são intensificadas ficando cada vez mais deliciosas de se ouvir, especialmente nos solos de guitarra, que seguem até unirem-se em III - Demolished Lives, composição que nos propõe uma reflexão pelo estilo que é conduzida pelo Marillion e isso, se torna maior assim que IV - F E A R entra em cena, pois, a sensação questionadora se amplifica assim como suas críticas, que recomendo verificar seu encarte ao acompanhar a atuação marcante de Steve ( "H" ) Hogarth ao cantá-la. A última parte de El Dorado é a V - The Grandchildren Of Apes, que é muito emblemática e viajante, enfim, é para ouvir, pensar e soltar sua mente em uma relaxante harmonia, que termina mais animada.

    Depois temos Living In Fear, que começa lindamente com Mark Kelly tocando seu piano depositando um nível grande emoção que somado aos vocais de Steve ( "H" ) Hogarth e ter sua vibração elevada... te conquista instantaneamente, senão fosse suficiente, suas introspecções são para nos levar a outro mundo e recomendo novamente ficar de olhos atentos para sua letra.

    Também dividida em cinco partes, a excelente The Leavers inicia-se com a simpática harmonia de I - Wake Up In Music, que confere viagens e crescentes fabulosos em uma letra que nos fará pensar ao observá-la com atenção. A ligação para II - The Remainers é realizada em uma viagem sintomática e muito pacífica apenas na voz, no piano e alguns discretos violinos.

    No momento que sentimos sua vibração aumentar já estamos em III - Vapour Trails In The Sky, que entre seus incríveis toques de teclados e um solo deveras intimista e esbelto, eles prosseguem calmamente até que chegam seus versos finais em outra suave modificação, e assim, estamos em IV - The Jumble Of Days e Steve ( "H" ) Hogarth cantando de forma tranquila sua primeira estrofe e logo depois temos um longo e soberbo riff de Steve Rothery para mais outra sequencia fascinante de voz e teclados, que em seus instantes finais fica mais robusta, viajante e esplendorosa. Terminando esta segunda suíte de F.E.A.R. ( F*ck Everyone And Run ) temos apenas nos vocais e piano a V - One Tonight  concluindo esta The Leavers, que se formos analisar seria sobre despedida e saudade.

    Em White Paper, o Marillion nos exibe mais uma música melancólica, que nos proporciona reflexões, linhas instrumentais viajantes e intimistas, que sofrem uma modificação para um ritmo mais positivo que acontece em um crescente executado com brilho pelo quinteto. Na terceira longa suíte de F.E.A.R. ( F*ck Everyone And Run ), cujo título principal é The New Kings, o Marillion optou por começar disparando na lata e sem dó o significado da abreviação do título do cd, ou seja, I - Fuck Everyone And Run, que é uma viagem imensa vocalizada com levez e muito carisma por Steve ( "H" ) Hogarth, que nem parece uma crítica e conta com um marcante solo de guitarra aliado à uma base sensacional de baixo, bateria e teclados, que se direcionam para II - Russia´s Locked Doors e te surpreendem tanto em sua letra sobre a ganância humana, quanto em sua exuberante parte instrumental, que percorre camadas repletas de formosura. Isso se relaciona com III - A Scary Sky em uma imersão profunda em um estilo melancólico, cuja letra é sensibilizante. Fechando The New Kings, os ingleses nos mostram IV - Why Is Nothing Ever True?, uma elaborada criação com a intenção de nos fazer questionar o que tem acontecendo no mundo. A última deste grandioso álbum F.E.A.R. ( F*ck Everyone And Run ) é a curta Tomorrow's New Country, que basicamente narra através da voz e piano a conclusão do Marillion para este atual momento, que deixo para você interpretar ao ouví-la.

    Após cautelosas audições de F.E.A.R. ( F*ck Everyone And Run ) do Marillion só posso dizer que estamos diante de um dos melhores álbuns já lançados pela banda em sua história e de um dos melhores de 2016, enfim, estamos diante de uma verdadeira obra-prima do Rock Progressivo, que será referenciado no futuro e que brilhantemente faz parte dos álbuns que a Shinigami Records coloca no mercado brasileiro. Ahh um detalhe final, são quase 70 minutos que são tão magníficos, que você nem percebe o tempo passar, que acrescento o que Steve ( "H" ) Hogarth disse: "Nós aproveitamos o incrível privilégio de ter uma plataforma e uma audiência para incentivar às pessoas a se olhar no espelho e perguntar-se sobre as grandes questões - assim como nós fazemos" e complementa: "Nós não sabemos quantos álbuns mais vamos fazer ou quanto tempo mais vamos viver. Tudo tem que ser o melhor possível" e eu aqui concluo.. que seja muito... muito tempo meus caros amigos do Marillion.  
Nota: 10,0.

Sites: http://www.marillion.com/, https://www.facebook.com/MarillionOfficial/
 e http://www.youtube.com/marilliononline.

Por Fernando R. R. Júnior
Março/2017

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