Memoriam - For The Fallen
8 Faixas - Shinigami Records - 2017

    O Memoriam é um projeto de Death Metal, que surgiu em Birmingham na Inglaterra em janeiro de 2016, alguns meses depois do falecimento do baterista Martin "Kiddie" Kearns do Bolt Thrower, ocorrido no dia 14 de setembro de 2015 deixando seus companheiros de banda desolados e a curiosamente mórbida é que, três semanas depois, o baixista Frank Healy do Benediction perdia seu pai. Estes fatos levaram o Bolt Thrower a um hiato por tempo indeterminado e ao Benediction, que já estava há sete anos sem gravar, a um silêncio em suas atividades também. E os músicos de ambas as bandas necessitavam de  realizarem alguma coisa para lidarem com suas perdas e desta forma, Karl Willetts ( vocais ), Frank Healy, o ex-baterista do Bolt Thrower, Andy Whale e o guitarrista Scott Fairfax criaram o novo projeto nomeado como Memoriam, que foi a forma escolhida para homenagearem os que se foram.

    Porém, não foi somente a dor que uniu os músicos, pois, havia também uma vontade de Frank Healy e Karl Willetts criarem uma banda juntos, mas, faltava um baterista e o escolhido Andy Whale havia se aposentado. O problema foi sanado com muita conversa até que Andy Whale foi dissuadido por Karl Willets, após algumas cervejas em um bar em Birmingham, conforme Frank Healy explica: "Originalmente, nós começamos a banda só pela alegria de fazer música juntos. Todos nós somos amigos há décadas. Ia ser uma banda só de covers de músicas antigas que nós gostamos e pensei que talvez nós faríamos alguns shows. Então, Scott Fairfax arruinou essa ideia quando entrou dizendo: 'Eu tenho este riff. Podemos fazer uma música a partir dele?'"

    E Scott Fairfax chegou com uma tonelada de riffs e Frank Healy conta sobre as diferenças do Memoriam com as outras bandas: "Acho que a principal coisa que nos separa [ do Benediction e Bolt Thrower ] é o estilo e som da guitarra [...] Nós três viemos do começo do gênero [ Death Metal ], mas, Scott Fairfax é de uma época posterior da cena Death Metal e o seu trabalho é um pouco mais técnico. Então, isto foi o que criou o nosso som...".

    Finalmente com tudo pronto em março de 2016, o projeto foi anunciado ao público e seis menos depois The Hell Fire Demos com duas músicas era lançado angariando ótimas críticas da imprensa e uma ótima recepção dos fãs, que levou a banda assinar com a Nuclear Blast alemã e a este primeiro registro, o For The Fallen, que foi gravado, mixado e masterizado por Ajeet Gill no Hellfire Studios em Dublin na Irlanda, sendo que na mixagem Scott Fairfax também participou. Na capa, que é um tanto que fúnebre tivemos temos um misto de soldados caveiras carregando um caixão em um devastador ambiente beligerante e nefasto, que foi criado pelo brasileiro Marcelo Vasco ( Slayer, Borknagar, Brujeria, Belphegor, Dark Funeral, Kreator, Krisiun, Testament e outros ) e Dan Seagrave ( Benediction, Dismember, Entombed, Edge Of Sanity, Hypocrisy, Morbid Angel, Malevolent Creation, entre outros ).

    E o clima desolador que a capa nos traz na primeira olhada no cd ocorre também logo na primeira faixa, a Memoriam, que empresta seu título à banda e apresenta um estilo Melódico para pouco depois deixar nascer um ritmo mais cadenciado de vocais mais agressivos, que se elevam, mas, só se tornam mais vigorosos após falas quase desconexas, que contam com um trecho do discurso de guerra do ex-primeiro ministro Inglês Neville Chamberlain em 1939, após a invasão na Polônia pela Alemanha dando início a Segunda Guerra Mundial em que pacto feito com Hitler foi simplesmente rasgado. Isto antecede a War Rages On, onde sentimos o Death Metal mais Old School do quarteto inglês eclodir em vocalizações urradas, evoluções matadoras na bateria e solos robustos na guitarra de Scott Fairfax.

    Em seguida somos expostos a um andamento que novamente está cadenciado, quase arrastado e Doom eu diria e dotado de variações de solos de guitarras que te conectam facilmente à densa Reduced To Zero, que faz uma reflexão do estado infeliz do nosso mundo atual através dos vocais raivosos Karl Willets. Durante o andamento da música, o Memoriam provou  que sabe como manter a nossa atenção sem mexer no grau da ferocidade da composição.

    Somente na quarta canção, a Corrupted System é que temos um Death Metal rápido, quase um Thrash mais cru e visceral ( com pitadas de Punk Rock ), que é altamente convidativo para se bater a cabeça e me pergunto: será que sua letra teve inspiração em um certo país sul-americano que começa com a letra B? Confira a letra e veja se estou certo. Os efeitos que encerram a quarta música são bastante intrigantes e abrem o caminho para que Flatline exiba sua potência na guitarras, baixo e bateria resultando assim, em um Death Metal urrado e de média velocidade, entretanto, deveras destruidor e colérico em um ritmo que em muitas partes é cadenciado e cativante, que termina em um pulsar como se fosse um coração.

   Depois Surronded ( By Death ) marca a sexta de For The Fallen e o Memoriam nos trouxe uma linhagem carregada e intensa, que após um trecho cadenciado, tudo desmorona em uma violência esmagadora em seus vocais e em seu ritmo, que vira e mexe se torna mais rápido e avassalador. Resistence prossegue com a fúria do cd novamente com fortificadas linhas cadenciadas que são conduzidas com habilidade pelo quarteto, como por exemplo, as viradas do baterista Andy Whale

    A última é longa, beligerante e vibrante Last Words, cuja letra é sobre um soldado da Primeira Guerra Mundial pouco antes de encarar uma batalha nas cruéis trincheiras. Para contar esta história, o Memoriam percorre um estilo arrastado, alguns pontos viajantes, que trazem mais velocidade, cólera a canção e a deixam mais empolgante. Assim como seu "tiroteio", que pouco depois destaca as falas de Lynda "Tam" Hughes do Sacrilege no final apoteótico de For The Fallen.

    Ao contrário de 99% dos álbuns de Death Metal, este For The Fallen não possui seus temas relacionados com inferno, demônios ou coisas assim, aqui temos seus temas centrados nos efeitos que acontecem nas pessoas ao perder seus amigos e familiares, de como enfrentar a dor e a tristeza, procurando seguir em frente, mas esta dor "...é uma verdadeira celebração da vida através do Death Metal!", segundo Karl Willets não é mais suave por causa disso e ataca de forma mais cadenciada com o seu Death Metal Old School, que graças as suas passagens mais Doom tem tudo para cair no gosto dos fãs de Metal Extremo.
Nota: 9,0.

Site: http://www.memoriam.uk.com/ 
Facebook: https://www.facebook.com/Memoriam2016/ 
Bandcamp: https://willettsio.bandcamp.com/

Por Fernando R. R. Júnior
Junho/2018

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