|
Meshuggah -
The Violent Sleep Of Reason
|
Aliás, sobre esta demora, o tecladista Thomas Haake explica: "Ouça as faixas como 'Nostrum' e 'By The Ton' e facilmente entenderá o porquê tem passado quatro anos desde um álbum de Meshuggah. Porém, a complexidade do material não foi a única razão. Nós somos muito ruins em multitarefas. Nunca escrevemos um único riff durante as turnês e após lançar um álbum, você quer dar tudo o suporte possível e fazemos turnês por dois anos e meio. E após compor um novo álbum, revisamos o novo material uma vez e outra e outra e outra e mudamos coisas. Há muitas músicas que só tem um riff da composição original. Portanto, compor nos leva um bom tempo, sem dúvida. Eu diria que a média é de dois meses para compor uma faixa ".
E é com um peso descomunal que Clockworks abre The Violent Sleep Of Reason através de linhas cadenciadas e vocais urrados, que recebem algumas variações mais complexas, que até parecem que estamos em uma plena revolução das máquinas contra os humanos e atenção na técnica do baixista Dick Lövgren ao se sobressair em tanto caos sonoro na atuação dos demais integrantes. A usina esmagadora do Meshuggah continua a sua destruição sonora com Born In Dissonance, que é mais aniquiladora que a anterior através de uma tonelada de urros de Jens Kidman ante a um andamento voraz, complexo e sombrio na parte instrumental. Seria possível soar ainda mais pesado? Para o Meshuggah sim. E para confirmar repare no que é gerado com os urros da dilacerante Monstrocity, também em sua bateria e especialmente nos toques opacos do baixo, que ao mesmo tempo são absurdamente técnicos na mesma proporção que os solos de guitarras.
|
|
Isso se conecta em Nostrum, que percebe-se como sua fúria foi elevada dimensionando o tamanho da explosão que eles desejaram colocar, seja nos vocais guturais de Jen Kindman ou na fortíssima e insana linhagem instrumental. Com um ritmo encorpado Our Rage Won't Die, o Meshuggah envia outra dose imensa de urros e uma aniquiladora combinação de guitarras, baixo e bateria. A última de The Violent Sleep Of Reason é a Into Decay, que chega com um estilo mais viajante nas opacas notas do baixista Dick Lövgren e nos solos distorcidos dos guitarristas Marten Hagström e Fredrik Thordental, mas, novamente a raiva é tamanha que, de certa forma, esconde a complexidade que temos na música.
The Violent Sleep Of Reason é um álbum que fatalmente serão necessárias muitas audições para que se possa absorver sua inesgotável fonte de violência sonora, pois, o Meshuggah demorou, mas quando resolveu disponibilizar seu novo registro, quis mostrar toda a sua insatisfação com o mundo que vivemos. Acredito que este lançamento da Shinigami Records no Brasil é uma ótima trilha sonora para o final dos tempos, pois, estamos diante de um caos imponderável executado com uma precisão técnica de altíssima destreza, que dentre todos rótulos que citei no início deste texto é difícil dizer qual seria o mais adequado ao que ouvimos aqui e detalhe, tudo em um trabalho de masterização em que conseguimos ouvir os instrumentos e os vocais claramente de forma homogênea.
Nota: 8,0.Site: https://www.meshuggah.net/,
Facebook: http://www.facebook.com/meshuggah,
Twitter: https://twitter.com/meshuggah,
Youtube: https://www.youtube.com/user/Meshuggah
e Instagram: http://instagram.com/meshuggahband.Por Fernando R. R. Júnior
Dezembro/2017