Møl - Diorama
11 Faixas - Shinigami Records/Nuclear Blast - 2021

    Da terra do baterista Lars Ulrich do Metallica, Dinamarca, a banda de Post-Black Metal/Shoegaze formada na cidade de Aarhus e que é conhecida como Møl iniciou suas atividades em 2013 inspirada por nomes como My Bloody Valentine, Slowdive, Drop Nineteens, Lantlôs e Alcest.

    Em 2014, eles disponibilizaram o seu primeiro EP autointitulado, sendo que o segundo EP teve o sugestivo título de II, foi produzido por Jacob Bredahl e saiu em 2015, que além de ajudar ao Møl ir para a estrada resultou também em uma boa aceitação da crítica e isso pavimentou seu contrato com a Holy Roar Records, que lançou debut Jord em 2018, que também foi muito bem aceito.

    Aliás, em 2019 uma versão instrumental de Jord veio à tona, além dos dois citados EP´s e assim em 5 de novembro de 2021, o Møl disponibilizou através da Nuclear Blast o segundo cd, que foi nomeado como Diorama e que no Brasil saiu pela Shinigami Records, cujo line up responsável é o seguinte: Kim Son Sternkopf ( vocais ), Nicolai Busse Bladt e Frederik Lippert ( guitarras ), Holger Rumph-Frost ( baixo ) e  Ken Lund Klejs ( bateria ).

    Diorama foi gravado, mixado e masterizado por Tue Madsen ( Gojira, Meshuggah, Heaven Shall Burn e outros ) no seu Antfarmn Studios em novembro de 2020 e a sua capa é preta com um círculo sobre uma paisagem de fundo rosa é até bem simples por sinal, mas, o som da banda não é minimalista, conforme descrevo nas linhas seguintes.

    E é de forma introspectiva com dedilhados serenos que somos expostos ao Post-Black Metal/Shoegaze do Møl com a faixa Franktur, que herdou os vocais extremos e agressivos do Black Metal em uma base relativamente tranquila, que é conduzida com habilidade pelos demais. E a forma teoricamente intimista notada na primeira composição reaparece por alguns instantes na segunda até que o Møl dispare a estranha e destrutiva Photophobic, que está repleta de vocais furiosos e um ritmo que - por algumas vezes - é cadenciado. Porém, no momento que o convidado Mirza Radonjirca do Siamese com seus vocais líricos entram na música é que o Møl nos apresenta uma inesperada variação nos deixando devidamente intrigados.

    Em Serf percebe-se outra vez que o quinteto optou por linhas calmas em seu início antes de aplicar seu não tão elevado peso e seus vocais rasgados percorrendo sonoridades interessantes e ao executarem isso, eles acabam por capturarem o ouvinte e feito este processo, aí temos uma imensa explosão sonora na sua parte puramente Black Metal até que o padrão de outrora seja posteriormente retomado. Para a quarta de Diorama temos a robusta Vestige, que provou ser a mais violenta das faixas do disco e que é exibida em uma linhagem consideravelmente macia em comparação à brutalidade contida em seus vocais culminando em um ambiente de uma dualidade incomum de se ouvir ( furioso e relaxante ), que contém alguns vocais limpos em seu decorrer.

    Tem horas que o Møl se assemelha à outras bandas pelo jeito alternativo de suas músicas, mas, aí entram os vocais rasgados, fortes e variados de Kim Song Sternkopf para mudar tudo como acontece em Redacted e então, você entende que está diante de uma galera diferente de tudo o que imaginaria inicialmente ao colocar o cd para rolar. E vale dizer que seja na aura viajante de Redacted ou nas demais variações instrumentais, Nicolai Busse Bladt, Frederik Lippert, Holger Humph-Frost e Ken Lurd Klejs nos enviaram excelentes atuações individuais. Prosseguindo chega a vez da encorpada Itinerari, que deixa transparecer entre seus urros uma linha moderna, entretanto, bastante diferente do que se esperaria, pois, durante nas partes onde os seus vocais estão limpos, não sei dizer porque, mas lembrou-me do Paradise Lost.

    Não pense que o lado devastador do Møl é esquecido, porque em Tvesind ele está em evidência e a veia Black Metal dos dinamarqueses está estourando com os nossos tímpanos e nem mesmo quando decidem acalmar a melodia da composição, eles diminuem a intensidade dos vocais rasgados e nós ficamos pensando em seu princípio Black Metal mesmo com o andamento relaxante que colocaram, que serve apenas para te preparar para outra fulminante rajada de ferocidade repleta de Black Metal.

    A canção que encerra o cd é a Diorama - justamente a sua faixa título, que depois da avalanche anterior, o Møl contou com os belos vocais de mais uma convidada, agora com Kathrine Shepard do Sylvaine na mais leve criação do disco, onde Kim Song Sternkopf canta de uma forma limpa e bastante empolgada, que é amparada por uma excelente melodia, que não é destruída nem mesmo quando o lado 'sujo' dos vocais rasgados recebem os holofotes nesta terceira música cantada em dinamarquês ( as outras duas são Vestige e Tvesind ).

    Para quem acompanha a carreira de bandas que trilham o Post-Black Metal/Shoegaze ou que forem curiosos(as) com as novidades de todas as vertentes do Heavy Metal, este álbum Diorama do Møl ( que significa mariposa ) será uma boa pedida. Se for o seu caso caro leitor(a) do Rock On Stage coloque-o para tocar e logo, do contrário mais audições serão necessárias para absorver esta banda e sua proposta e aí, certamente você será conquistado por seus timbres ímpares.
Nota: 7,5.

Por Fernando R. R. Júnior
Julho/2022

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