My Dying Bride - Feel The Misery
 8 Faixas - Shinigami Records - 2016

   Os veteranos músicos ingleses, que formaram o My Dying Bride no anos dos 90, precisamente em 1990 em Bradford tem sido deste o lançamento de seu álbum de estreia ( o As The Flowers Winthers em 1992 ) considerado como um dos maiores nomes do Doom Metal, que por sua vez receberam influências de Candlemass e Celtic Frost.

    Para o seu décimo segundo álbum de estúdio, cujo título é Feel The Misery e assunto desta resenha, o My Dying Bride contou com o retorno de seu guitarrista original Calvin Robertshaw ao lado de Andrew Craighan ( guitarra ), Aaron Stainthorpe ( vocal ), Lena Abé ( baixo ) e Shaun Macgowan ( teclados e violino ), sendo que juntos eles registraram as oito faixas deste novo cd, que mergulha em uma jornada épica, cheia de miséria e muito desespero em seu conceito lírico no Academy Studios em Dewsbury West, região de Yorkshire na Inglaterra entre os meses de outubro de 2014 a março de 2015 com o engenheiro Dan "Storm" Mullins, que comandou também a bateria como convidado.

    A mixagem foi realizada em junho de 2015 no Future Works Studios em Manchester junto a Magc ( produtor de vários álbuns do My Dying Bride e também do Primordial e Cradle Of Filthy ) e a capa do álbum que comemora os 25 anos do quinteto é no estilo de um vitral de igreja e foi desenhada pelo guitarrista Andrew Craighan com design de Matt Vickerstaff.

    Feel The Misery começa bastante pesado e denso com o vocalista Aaron Stainthorpe cantando com muita emoção até que os toques no violino de Shaun Macgowan coloquem mais melancolia no ar e And My Father Left Forever atravessa várias camadas musicais, que tornam esta primeira faixa uma verdadeira diversidade sonora, onde naturalmente necessitamos de uma audição cautelosa para se perceber tudo, como por exemplo, em seu final, que está notadamente mais pesado. De início bastante agressivo, andamento carregado e vocais guturais, que conferem uma aura significativamente sombria, To Shiver In Empty Halls é a segunda do cd e cairá no gosto dos fãs por seu ambiente tétrico, onde podemos reparar no versátil vocalista Aaron Stainthorpe variar dos vocais urrados aos limpos com precisão e outro ponto que chamou bastante a atenção é o mergulho introspectivo curto, que antecede a eclosão dos solos melodiosos de guitarras de Calvin Robertshaw e Andrew Craighan, que chegam a uma imersão profunda e entristecida de versos falados até que seja retomado o clima inicial da composição para encerrá-la grandiosamente.   

    Em A Cold New Curse, o My Dying Bride segue o seu robusto misto de peso e melancolia de tonalidades sinistras em um andamento lento, muitos urros e um estilo de funeral repleto de lamúrias, que se sobrepõem no decorrer da canção, que é dotada de eficazes solos de guitarras e muita obscuridade terminando mais revoltada e com ótimas pancadas na bateria de Dan "Storm" Mullins. Para a faixa título, a Feel The Misery percebemos um encorpado estilo épico vocalizado com muito 'feeling' em meio a solos de guitarras longos e melodiosos, que se conectam nas linhas de violino tocadas por Shaun Macgowan e depois aos repiques feitos pelo bateria ( tocada por Dan "Storm" Mullins ), que ganham mais energia, porém, sempre continuando com a aura lúgubre da música, que incrivelmente termina de uma forma mais animada e dramática.

    Depois com os toques mais tristes ouvidos no piano conduzido por Shaun Macgowan, a depressiva A Thorn Of Wisdow traz o baixo e a bateria ganhando mais evidência em seu decorrer até o instante em que o My Dying Bride proponha uma aura mais espiritual para esta quinta canção, cujas vocalizações estão consideravelmente mais calmas.

    Ao som de sinos, que trazem um ritmo mais vagaroso com fortificados solos de guitarras feitos pela entrosada dupla Calvin Robertshaw e Andrew Craighan, I Celebrate Your Skin percorre trilhas mais urradas conferindo uma sonoridade mórbida à canção. Ainda assim, observamos Aaron Stainthorpe mostrar também seus vocais limpos para contrastarem com o clima em seu trecho final, onde contamos com um gigante depósito de melancolia em seus versos em uma atmosfera carregada, lenta e turva com cânticos como se fossem religiosos junto a sinos.

    O piano tocado por Shaun Macgovan prepara o espaço para que a viajante I Almost Loved You apresente suas linhas serenas e profundamente entristecidas, porém, belas e interessantes de se ouvir os seus versos, que te conclamam à uma reflexão ou as lágrimas. Para o encerramento de Feel The Misery, o My Dying Bride escolheu a longa Within A Sleeping Forest, que recebe os vocais guturais e limpos de Aaron Stainthorpe em um pesado ambiente, que passa aquela sensação de dualidade de qual caminho deve ser escolhido entre a luz e a escuridão em linhas instrumentais envolventes, como estão cravados nos solos de guitarras dotados de muita distorção e robustez, que trazem os momentos mais pesados do cd, porém, sempre com inversões típicas que revigoram a audição desta última canção.

    Feel The Misery garante com todas as suas variações atmosféricas de vocais e de andamento sempre voltadas em um Doom Metal destruidor e ao mesmo tempo sempre melancólico, que olham para o passado do My Dying Bride ao agradar os antigos fãs e para o futuro ao - certamente - conquistar os novos em canções que foram definidas pela banda da seguinte forma pela banda: "Oito novas composições que detalha o caminho da vida através de portas escuras e os fardos que todos nós, simplesmente, devemos suportar até o fim [da vida]. O My Dying Bride retornou com um profético novo álbum que poderá iluminar, encantar e consumir a alma numa sessão épica". Enfim, mais um álbum digno do padrão dos mestres ingleses do Doom Metal e dos lançamentos da Shinigami Records no Brasil.
Nota: 9,5.

Sites: http://www.mydyingbride.net/ e https://www.facebook.com/MyDyingBrideOfficial.

Por Fernando R. R. Júnior
Maio/2017

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