Mystic Circle - Erzdämon
9 Faixas - Shinigami Records/Fireflash Records - 2023

    Depois de 16 anos de um silêncio sepulcral, a banda alemã Mystic Circle da cidade de Ludwighafen retomou suas atividades em 2020 com os membros originais Beelzebub ( vocais, guitarra, baixo e teclados ) e A. Blackwar ( vocais, guitarra, bateria e teclados ) que deixaram a banda em 1999, poucos anos após sua criação, ocorrida em 1992. Durante este princípio de carreira, o Mystic Circle se tornou a maior banda de Black Metal da Alemanha, graças ao álbum conceitual Drachenblut de 1998.

    Antes desse retorno, o Mystic Circle realizou muitas turnês junto de importantes nomes como Gorgoroth, Marduk e Dimmu Borgir e seus fãs celebram sua volta com o álbum autointitulado de 2022 e com este disco Erzdämon, o nono da carreira, que é o mais raivoso e encorpado de todos, porém, sem esquecer de suas raízes profanas.

    Sobre Erzdämon, a banda refletiu: "Este novo álbum é uma continuação lógica e um desenvolvimento adicional do álbum anterior, mais detalhado e mais inclinado para o mundo do terror. Os temas satânicos e demoníacos foram combinados com lendas místicas de histórias antigas que farão seu sangue gelar. Musicalmente, isso é obtido com sons e samples novos e mais sombrios, bem como partes clássicas de Heavy Metal". E prosseguem seu pensamento ao comentarem: "Demos ao álbum um título em alemão porque queremos fechar o círculo e voltar aos nossos primeiros dias. 'Erzdämon' soa poderoso e sublime e representa o álbum 100%".

    A parte brasileira ficou na horripilante capa de Rafael Tavares ( que mostra um demônio de três cabeças devorando alguns pecadores ) e a pré-produção de Erzdämon aconteceu entre abril a dezembro de 2021 no Whiteshark Studio. Já os processos completos de gravação, mixagem e masterização foram realizados na Vaultroom Productions por Nils Lesser em 2022, que já havia produzido o álbum anterior. Erzdämon foi lançado por aqui pela parceria entre a gravadora brasileira Shinigami Records com a alemã Fireflash Records ( subsidiária da Atomic Fire Records ) e o disco é definido por eles da seguinte forma: "O novo álbum contém as músicas mais rápidas, mas também as mais obscuras da história da banda". Sendo assim, vamos conhecer mais detalhes das nove devastadoras composições nas linhas seguintes.

    Após algumas percussões e toques sombrios, o disco começa com a Erzdämon ( Part I ) destacando o seu Black Metal Melódico de vocais agressivos, rasgados e blasfêmicos em um ritmo instrumental ferozmente rápido e muito bem trabalhado pela banda. Depois temos From Hell, que mantém aura obscura do cd e é ainda mais acelerada que a anterior enfatizando a sua parte Melódica e o caos imposto por seus vocais rasgados através de evoluções instrumentais simplesmente impiedosas.

     O Black Metal Melódico sempre violento do Mystic Circle prossegue com a esmagadora e macabra Unholy Trinity, que avança sem dó para cima de nós com as vocalizações demasiadamente furiosas em um andamento só quebrado pelas intervenções melodiosas, que certamente cairão no gosto dos fãs do estilo. A quarta de Erzdämon é a fantasmagórica ( confirme reparando no seu início ) The Scarecrow, que é mais cadenciada, cheia de vocais rasgados e agonizantes, além de possuir linhas instrumentais encorpadas bastante criativas e envolventes, que terminam de forma melancólica.

    Para Asmodeus And The Temple Of God, os alemães enviaram sua mais dilacerante composição até este ponto do cd com um ar épico e lúgubre, muito peso, blast beats insanos, onde seus vocais expressam uma cólera imensa e lotada de blasfêmias, que não para por nenhum dos minutos de sua execução. Em Welcome To The Midnight Mass somos levados à uma faixa cadenciada de vocais novamente rasgados e agressivos como manda um Black Metal em que o lado Melódico fica em evidência dos sons que emulam um órgão de igreja, que capturam o ouvinte através de sua linhagem instrumental de muitas alternações em seu decorrer.

    The Mothman é a sétima de Erzdämon e aqui os alemães até começaram com uma canção relativamente lenta para em poucos instantes imporem todo o seu ódio contido em seus vocais embasados por uma construção melodiosa, que passa por trechos calmos e outros aniquiladores tornando-a sua audição deveras interessante. De um princípio elaborado que antecede um verdadeiro desabamento de brutalidade seja em seus vocais ou em sua parte instrumental, Skinwalker marca a penúltima de Erzdämon colocando-a como a mais alucinada, irada e mortal do disco com direito ainda à algumas modificações inesperadas ao passar de seus bárbaros minutos. Finalizando o disco foi escolhida a The Princess Of The Deadly Sins ( Erzdämon Part II ), que é assustadoramente entristecida, pois, começa acústica e vai adquirindo mais peso em sua viagem altamente profana.

    Aos admiradores de nomes importantes do Black Metal Melódico como Dimmu Borgir e Cradle Of Filth, este segundo álbum de retorno do Mystic Circle deve ser celebrado mesmo, pois, mostrou a banda fiel às suas tradições e procurando entregar canções feitas com todo o fel que lhes foi possível produzir em suas entranhas.
Nota: 8,5.

Por Fernando R. R. Júnior
Fevereiro/2024

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