Napalm Death - Utilitarian
18 Faixas - Shinigami Records - 2012

    O Napalm Death - atualmente constituído por Mark "Barney" Greenway ( vocal ), Mitch Harris ( guitarra ), Shane Embury ( baixo ) e Danny Herrera ( bateria ) - é  sem dúvidas, um dos criadores e um dos melhores representantes do Death Metal/Grindcore e isso, desde 1982, quando surgiram no vilarejo Meriden ( próximo a Birmingham na Inglaterra ). De lá para cá tiveram várias formações, lançaram 14 álbuns oficiais e um grande número de singles, EP´s e DVD´s nos mais de 30 anos que eles fazem muita gente bater a cabeça pelo mundo.

    No final da turnê do cd Time Waits For No Slave eles retornaram ao Parlour Studios em Kettering, Northamptonshire na Inglaterra e compuseram o seu mais recente lançamento, Utilitarian - o décimo quinto de estúdio que foi gravado, produzido e mixado entre maio e novembro de 2011 por Russ Russel. Outro ponto a se destacar é o invólucro do álbum que está em um digipack cheio de luxo que abre-se em duas partes ( como nos antigos álbuns de vinil ), contém um livreto com desenhos e as letras das músicas. É a Shinigami Records não dispensa investimento em qualidade para fazer seus lançamentos um presente exclusivo aos fãs.

     Com um pouco de dedilhados que vão ganhando muito peso, Utilitarian é iniciado com Circumspect e neste momento já se sente que o Napalm Death se prepara para quebrar tudo, fato que acontece na extrema Errors In The Signals com os vocais guturais de Mark "Barney" Greenway, que aparecem em uma rápida e fortíssima base de baixo, guitarra e bateria, o que deixa claro que a formação está muito bem coesa. Sem pestanejar o quarteto dispara Everyday Pox, que é ainda mais extrema, posso dizer que é um Grindcore visceral, porém, com alguns trechos cadenciados, que fundem-se perfeitamente à proposta da música, mas, o que chama a atenção mesmo é o sax do convidado John Zorn. Em Protection Racket as linhas extremas são mantidas tanto nos vocais quanto na parte instrumental e o baterista Danny Herrera fez questão de massacrar sua bateria com uma fúria impiedosa.

    Com a força direta de um Punk Rock e um ímpeto de um Death Metal The Wolf I Feed é a seguinte, e nesta o baixista Shane Embury se sobressai em meio a tanta pancadaria e não posso esquecer de mencionar também os urros infernais comprovando que a produção de Utilitarian foi mesmo muito bem feita. Quarantined é uma sequencia de 'socos na cara' com seu andamento destruidor, que sofre alterações e por alguns trechos torna-se cadenciado, me fez imaginar uma coisa: de quanto será a energia disparada e qual a reação será causada em suas execuções nos shows do Napalm Death? Depois mantendo o ambiente caótico em alta, Fall On Their Swords nos mostra uma linha cadenciada muito forte com um refrão um tanto épico, que é de certa forma cantado em coro e exibe um set instrumental muito interessante para caminhar para um final que passa pelos ouvidos como um rolo compressor.

    Collision Curse é a oitava bordoada de Utilitarian e o que chama a atenção é que o Napalm Death faz um Grindcore cadenciado extremo e violento, mas não enjoativo, aliás, muito pelo contrário é muito bom e percebe-se a técnica de cada um dos quatro músicos da banda. Em Orders Of Magnitude os vocais são do guitarrista Mitch Harris e ficaram ainda mais extremos no seu andamento apocalíptico, que passa toda a imensa raiva da banda. Think Tank Trials é outra acelerada porrada desde cd e nesta percebe-se claramente a influência de um Punk Rock rápido, que é amplificado com toda ódio contido no som dos ingleses. E a música seguinte que é Blank Look About Face posso dizer que passa uma vibração que é digna para os fãs se matarem nas rodas, pois é cadenciada, urrada furiosamente e tem um ritmo de marcha militar.

    No início de Leper Colony, Mitch Harris extrai palhetadas de sua guitarra que fazem o caos imperar nos seus três brutais e urrados minutos. Nom de Guerre encontramos uma revolta que é vocalizada com toda a potência que os guturais de Mark "Barney" Greenway e que a parte instrumental foram capazes de fornecer em um andamento cadenciado totalmente extremo. Com o baixo sendo tocado com muita velocidade para depois aplicar trechos cadenciados e muitos urros, Analysis Paralysis marca a décima terceira faixa de Utilitarian.

    Após um curto e raivoso discurso somos levados a um dos mais insanos e pesados momentos do cd com Opposite Repellent, que depois sofre uma diminuição da intensidade em A Gag Reflex, mas, a violência continua latente pela contundente linha instrumental e vocal. Quer mais pancadaria? Então tome!!! É isso que a furiosa Aim Without An Aim  nos passa. Fechando Utilitarian temos Everything In Mono exibindo o atormentado e caótico Death/Grindcore do Napalm Death pela última vez neste cd.

    Utilitarian não é um álbum indicado para todos os fãs de Heavy Metal. Para que possa apreciar uma avassaladora sessão de pancadarias extremamente violentas como as 18 encontradas neste cd você precisa no mínimo ser um discípulo de bandas como Mayhem, Morbid AngelPossessed e tantos outros , estar com "sangue no zoio", gostar de bater a cabeça sem dó e curtir um Death/Grindcore bem gravado, porque apesar de todo o caos que o Napalm Death aplicou no cd ouve-se tudo com clareza. Em suma, temos mais um ótimo lançamento de Metal extremo.
Nota: 8,5.

Sites: http://www.napalmdeath.org.

Por Fernando R. R. Júnior
Junho/2012

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