No Terror In The Bang - Eclosion
13 Faixas - M&O Music - Importado - 2021

    Com origem na cidade francesa de Rouen em março de 2019, o No Terror In The Bang foi criado por Alexis Damien ( ex-Pin Up Went Down na bateria e orquestrações ) e Sofia Bortoluzzi ( vocais ) juntos a Etienne Conchin ( guitarra ), Brice Bouchard ( baixo ), Clément Bernard ( guitarra ) e Romain Geffe ( teclados ).

    O seu diferente nome é baseado em uma citação de Alfred Hitchock ressaltando a calma antes da tempestade e a tensão de seus filmes: "Não há terror no estrondo, apenas na antecipação dele". E assim pode ser definido o que vamos encontrar nas suas músicas... sonhos e pesadelos, turbulência e frenesi. Em suma, emoções e sonoridades díspares, que estão presentes neste lançamento do selo M&O Music ( que saiu a 5 de março de 2021 e que será distribuído pela Season Of Mist ) intitulado como Eclosion, possuidor de uma capa abstrata e treze composições de seu autoproclamado Cinematic Metal. Eclosion, cuja capa é de Louise Dumont teve seus processos de mixagem e de masterização realizados por Sébastien Langle e Pierrick Noël no Atelier Mastering.

    A primeira de Eclosion é Saule Pleureur e o seu ritmo no piano é dramático, enigmático e entristecido destacando os belos vocais de Sofia Bortoluzzi, que produzem mais ares voltados para a sétima arte, que na segunda canção do cd exibem o seu lado Heavy Metal, porém, sem abandonar esta linha iniciada na anterior e desta forma envolvem o ouvinte com seus timbres, que agora estão mais robustos e com passagens 'a la' Prog Metal, que fazem de Another Kind Of Violence ser uma complexa e interessante composição em que sentimos seus vocais mais raivosos, entretanto, os franceses alternam irregulares climatizações na mesma música, um fato deixa a composição deveras intrigante. Em seguida temos No More Helpful Peace Part I em que o No Terror In The Bang explora trilhas mais violentas que se aproximam a um Djent Metal Moderno, onde saliento os vocais de Sofie Bortoluzzi e suas variadas linhas instrumentais.

    Já em No More Helpful Part II podemos reparar nas sorumbáticas e intimistas linhas de piano de volta ao som do No Terror In The Bang na cortesia da excelente atuação de Romain Geffe e também graças aos emocionados vocais de Sofie Bortoluzzi. Este sentimento fica evidenciado em Micromegas, cujo andamento e vocais flertam com o Hip Hop em um fundo viajante que estoura em uma melodia de estilo grandioso e mais pesada, porém, sem perder as características iniciais, todavia, agora percebemos uma fúria incontrolável sendo liberada pela vocalista e que é acompanhada pelos demais em seus instrumentos.

    Retornando ao seus aromas mais amargurados e cinematográficos, o No Terror In The Bang exibe a curta instrumental 21 Grams no piano, que antecede a introspectiva Poison, onde o quinteto nos convida para uma sombria viagem com trechos experimentais entremeados a instigantes melodias tais como um Jazz em um cabaré esfumaçado, que escondem um certo caos. A oitava do cd chama Insight e a vocalista Sofie Bortoluzzi canta com muito carisma seus versos diante de uma linhagem instrumental suave com ênfase nos toques de piano, que até se modificarem significativamente a canção, mas, o No Terror In The Bang deixa sua face Heavy Metal transparecer em um marcante crescente até voltar ao seu princípio suave e alternar novamente seus trechos coléricos, onde também saliento os toques feitos pelo baixista Brice Bouchard.  

    Falando nisso, a encorpada Uncanny é outra faixa bastante desafiadora, pois, apresenta um clima tenso e breves momentos relaxantes, onde seus vocais parecem perturbados, agonizantes e possuem novos flertes com o Metalcore e o Hip Hop, além de serem expostos através de um ritmo por vezes lento em sua parte instrumental nos dando a impressão de se tratar de um Doom Metal. Para Preacher Of Steel, o quinteto francês investe novamente em uma criação de muitas variações, onde o que se destaca mais são as suas partes pesadas e caóticas direcionadas ao Metalcore em oposição aos momentos lentos e intimistas.

    Na reta final de Eclosion somos conduzidos à Memory Of a Waif Part I em um mergulho melancólico e distante quase instrumental, que está repleto de orquestrações cinematográficas, toques de piano e um ambiente viajante, que te conecta à Memory Of Waif Part II, esta devidamente agressiva em seus vocais e detentora de diversas camadas musicais modernas e diferentes do esperado. Encerrando Eclosion temos a faixa Broken Mind, que é consideravelmente viajante em suas orquestrações, que nos exibem também partes faladas contrastando com o clima proposto pelo piano até trazer lamúrias e uma respiração ofegante em um ambiente bizarro finalizando esta última canção e que obviamente deixam as portas abertas para uma continuação da obra dos franceses.

    O Cinematic Metal do No Terror In The Bang presente neste álbum Eclosion flertou por várias vezes com o Metalcore, com o Hip Hop e apresentou nuances de Doom Metal; em outras se mostrou passível de uma reflexão pelo drama envolvido, além de partes que seus vocais se aproximam de um Black Metal. Em suma, um disco bastante diverso composto em um período bastante obscuro de nossa história e com um fio condutor sempre soturno em que sua absorção não será feita imediatamente ou facilmente. É bom? Sim ... porém, é diferenciado do que você já ouviu anteriormente, e aí, reside um ponto muito forte deste quinteto que representa os caminhos que o Underground europeu percorre, e especialmente, o francês pode nos apresentar. Confira...
Nota: 7,5.

Por Fernando R. R. Júnior
Julho/2021

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