Obscura - A Valediction
11 Faixas - Shinigami Records/Nuclear Blast - 2021

    Os alemães Steffen Kummerer ( guitarra e vocais ), Christian Münzner ( guitarra ), Jeoren Paul Thesseling ( baixo ) e David Diepold ( bateria ), que formam o Obscura e são radicados em Landshut levam o seu Death Metal ao mundo durante os seus 20 anos de atividades, que se iniciaram em 2002 e foram interrompidas pela famigerada pandemia, que fez com que a banda se concentrasse em seu sexto álbum de estúdio, este A Valediction, que pode ser traduzido como discurso de despedida, que no caso tem relação de um adeus para a série de álbuns em quatro partes feitas pela banda.

    E embora não seja uma banda tão conhecida no Brasil, o Obscura soma 600 shows em quatro continentes e 4,5 milhões de visualizações para os clipes de "The Anticosmic Overload", "Akroasis" e "Diluvium".

    Os processos de composição e de gravação de A Valediction foram realizados em estúdios dos "Países Baixos", Áustria e Alemanha ( especificamente, o baixo e a guitarra ) enquanto que a mixagem e a masterização ficaram por conta do aclamado Fredrik Nordström do Studio Fredman e feitas em Gotemburgo na Suécia, local que Steffen Kummerer e Christian Münzner incluíram seus vocais e as partes acústicas.

    A capa é do genial Eliran Kantor, artista que desenhou para nomes como Testament, Helloween, Krisiun, Soulfly, Sodom ( entre outros ) e mostra um ser humano em posição quase fetal encolhido em uma redoma de um planeta perdido no universo refletindo os temas das letras, que contém todo o tormento de Steffen Kummerer e alguma positividade enfatizando a luz na escuridão, que está expresso nas onze faixas de A Valediction, que começarei a comentar a partir de agora.

    E é de forma acústica com dedilhados nos violões que A Valediction é aberto pelo Obscura com Forsaken, que brilhantemente recebe peso e muita melodia até que sua linhagem Technical Death Metal entre em cena e domine a música com seus vocais raivosos, onde percebe-se que a banda flerta com trechos viajantes, especialmente em alguns solos de guitarras, porém, a ordem foi de exibir uma música 'porradaça' na cara, que encerra nos formosos dedilhados.

    Mais violenta e extrema, Solaris chega dilacerando com seus vocais consideravelmente furiosos e seu ritmo incontrolável executado com precisão pela banda criando uma faixa totalmente insana. A terceira é a canção título do cd e A Valediction mantém o nível de cólera intacto graças aos muitos vocais guturais extraídos por Steffen Kummerer, que mesmo em uma canção tão violenta, ainda existe espaço para solos de guitarras que se demonstraram rápidos, consistentes e bem feitos.

    Em seguida, o Obscura ataca com um verdadeiro e veloz rolo compressor sonoro com a claríssima intenção de não deixar nada no lugar, pois, com a intensa When Stars Collide, Steffen Kummerer recebe Bjorn Strid do Soilwork e do The Night Flight Orchestra para os surpreendentes vocais limpos que foram inclusos na composição alternando com a impactante destruição que fizeram competentemente na música garantindo assim uma nova parte para sacudirmos os pescoços.

    Elevando suas linhas melódicas apenas para estruturar a avalanche contida em In Unity, o quarteto nos colocou diante de uma das mais violentas composições de A Valediction, onde só concedem um segundo de descanso durante os excelentes solos de guitarras feitos por Steffen Kummerer e Christian Münzner com orientações melódicas... porque no geral é paulada em cima de paulada; e todas certeiras.

A sinistra Devoured Usurper é a sexta do disco e é cadenciada, arrastada e vocalizada com toda a força que os pulmões de Steffen Kummerer conseguiram produzir para que ele liberasse guturais tão aniquiladores, que exceção feita ao momento dos solos ( novamente chamando a atenção assim como a demolição feita pelo baterista David Diepold em seu kit ), notamos uma atmosfera Black Metal no que o Obscura produziu até aqui.

    Para The Beyond temos uma música deveras acelerada e com vocalizações repletas de cólera a cada instante expondo um índice de violência fora do comum e um convite para se entrar na roda imediatamente ou ainda sacudir o pescoço e socar o ar com raiva. Entretanto, recomendo uma atenção aos solos de guitarra feitos por Steffen Kummerer e Christian Münzner.

    Depois eles disparam a marcante instrumental Orbital Elements II, que flerta com o Thrash Metal em alguns solos de guitarras me lembrou do Megadeth e em outros revelou muita habilidade dos músicos envolvidos. Após este cativante momento instrumental, o Obscura atira forte com a devastadora The Neuromancer, cujos vocais parecem que não param de jorrar urros cada vez mais transbordando muita ira a cada um de seus versos e também um padrão de baixo, bateria e principalmente guitarras, altamente matadores e incansáveis tornando a música uma verdadeira pedrada.

    A penúltima de A Valediction é a In Adversity, que é um Death Metal voraz e impiedoso, que é executado pela banda com toda a cólera obtida à cada riff, baquetada e palhetada unidas aos seus transtornados urros. Encerrando este feroz e insano álbum temos os breves dedilhados que nos conduzem para Heritage, canção que o Obscura novamente mirou seu olhar ao Rock Progressivo, sem deixar é claro, a raiva, a acidez e a fúria de seu Death Metal se fazer presente em que saliento seus longos solos de guitarras e que após tantos urros voltam aos toques calmos feitos por eles nos violões para finalizarem a música e o cd.

    Por conta do título ter o significado de "ato de despedida" fica a questão no ar se o Obscura com este A Valediction está nos dizendo adeus com a destreza que construiu ao logo da carreira e saindo de cena durante os aplausos ou apenas preparando seus seguidores para uma mudança mais direta em seus caminhos no futuro. O que posso dizer é que temos aqui um ótimo álbum de Technical Death Metal e que graças à parceria da Shinigami Records com a Nuclear Blast podemos conferir mais detalhadamente tanto suas faixas quanto suas letras, que recomendo você conhecer caro leitor(a) do Rock On Stage.
Nota: 8,5.

Por Fernando R. R. Júnior
Julho/2022

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