Pathology - The Everlasting Plague
12 Faixas - Shinigami Records/Nuclear Blast - 2021

    Este insano momento que o mundo atravessa desde os primeiros meses de 2020 e que infelizmente prossegue em 2022 por conta da pandemia causada pelo SARS-CoV-2 serviu de inspiração para banda norte-americana Pathology ( originada em San Diego em 2006 ) que é praticamente do Brutal Death Metal apresentar uma virada mais ao Gore ao escrever as músicas de seu último álbum de estúdio, que recebeu o nome de The Everlasting Plague ( título de uma canção do álbum anterior, o The Time Of Great Purefication de 2012), sendo que o baterista e fundador Dave Astor explicou porque eles optaram tema ao dizer: "[a banda] achou que era apropriado, pois [eles] escreveram o álbum durante uma pandemia que parecia nunca ter fim. Ele também se refere aos males gerais da condição humana; e é disso que tratam as músicas. Os temas deste álbum variam desde rituais de morte a assassinato premeditado, tortura e vício".

    A capa de The Everlasting Plague, que é o décimo primeiro álbum da carreira do Pathology traz o ensandecido médico de outrora como um zumbi dilacerando a carne de seus asseclas ante a uma cidade totalmente destruída pela praga dos zumbis e foi desenhada pelo artista Par Olofsson, que é amigo de longa data da banda e que teve sua arte comentada por Dave Astor: "Nos divertimos muito com o médico em nossas capas. Ele se tornou parte de nossa imagem e muda de capa a capa. Ele simplesmente faz o que quer e nós nos divertimos com isso."

    As doze composições do álbum foram criadas em harmonia pela banda com cada um dos seus membros realizando um papel único para sua conclusão e com todos na sala de ensaio escrevendo e executando suas partes até que os esqueletos eram disponibilizados para que o vocalista Obie Flett encaixasse as letras e os vocais, conforme salienta Dave Astor: "No que diz respeito às gravações, reservamos uma semana ou mais, ele fica a algumas centenas de quilômetros de casa, então ficamos em um hotel. Essa semana foi um momento decisivo. Na minha experiência, quanto mais preparado você estiver para entrar em estúdio, melhor será o processo. Gostamos de conhecer a fundo o álbum e então nós podemos lapidá-lo. É sempre um bom momento."

    A gravação, a mixagem e a masterização aconteceram no Sharkbite Studios entre 25 a 31 de janeiro de 2021 aos cuidados de Zach Ohren da Castle Ultimate e Dave Astor em enfatiza o trabalho do produtor ao dizer: "Este é o segundo álbum consecutivo que ele faz conosco e gostamos de seu estilo e profissionalismo. Desta vez, nós confiamos em Zach para dar conta de tudo. Ele tem um jeito de capturar a ferocidade que queremos em nossas músicas".

    Além dos dois citados, a banda é completada por Ricky Jackson no baixo e Daniel Richardson na guitarra, sendo que o vocalista Obie Flett evidência o que a banda preparou para nós em The Everlasting Plague: "Eu acho que todas as faixas deste álbum se destacam. Nós fizemos tudo o que estava ao nosso alcance neste álbum. Adicionamos alguns novos elementos à nossa música dando uma sensação diferente e renovada para algumas faixas. Este álbum é definitivamente uma incrível jornada do início ao fim". E a partir de agora vamos ouvir atentamente o cd e ver concordamos com a afirmação acima.

    A abertura de The Everlasting Plague ocorre com a A Pound Of Flesh em um tom cinematográfico - e até dramático e aterrorizante - para que em poucos instantes a podridão de seu intenso e velocíssimo ( salvo em parcos momentos ) Death/Gore tome conta da música com os seus vocais praticamente vomitados. A brutalidade praticamente sem fim presente no som do Pathology prossegue com a Perpetual Torment alternando trechos esmagadores e rápidos com outros que estão cadenciados, sendo que ambos e são aliados a ótimos solos feitos pelo guitarrista Daniel Richardson, onde podemos reparar em toda a crueza que é extraída dos vocais de Obie Flett.

    A violência contida em Engaging In Homicide é o reflexo da aniquilação extrema promovida pelo quarteto norte-americano, que aqui narra o planejamento de um assassinato graças à sua sonoridade extremamente violenta. Esta devastação tem sequência com Procession Of Mangled Humans, onde você caro leitor(a) do Rock On Stage se questiona como o Pathology foi capaz de obter tanta fúria em suas músicas, pois, o peso é totalmente rude e descomunal, muitos 'triggers' na bateria, 'blast beats' e além disso, os seus vocais beiram o 'pig squeal'.    

    A quinta do cd é a Viciously Defiled e Obie Flett literalmente 'escarra' os seus versos à plena cólera que lhe são fornecidos pelos seus pulmões ante a um ritmo áspero e que tem a clara intenção de ser devastador ao máximo... e detalhe... eles conseguem. De ares cadenciados e acomodando uma tonelada de urros fortíssimos, que estão praticamente incompreensíveis, temos Diseased Morality que acrescenta a The Everlasting Plague solos consideravelmente mais caóticos e - porque não dizer - abomináveis.

    Em Submerged In Eviscerated Carnage podemos sentir que o Pathology desejou nos mostrar uma das mais extremas e absurdas faixas do cd, pois, o extermínio Gore ao qual somos submetidos é de um tamanho incalculável e que fica até difícil descrever o que acontece nesta música. Não pense que o riff de guitarra, que inicia a oitava do cd trará uma de direcionamento ao som do quarteto, pois, os norte-americanos querem saber mesmo de nos enviar mas uma canção mais excruciante que a outra e isto meu caro leitor(a) ficou explícito em Corrosive Cranial Affliction, ou seja, mais urros infernais, ritmo destroçador e toda a bestialidade que foram capazes de alcançar. A próxima apresenta dedilhados leves e sombrios em seu princípio, que tal qual a primeira no exibem toda a cólera contida em seu Death Gore tornando As The Entrails Winter uma pedrada mortífera e que está repleta de urros produzindo aquele clima carrancudo, que simplesmente desaba em seus ouvidos.   

    Para Dirge For The Infected, o Pathology até começa de uma forma um pouco mais lenta, mas não se engane, o terremoto de seu Death Gore chega antes mesmo que você imagine e está mais poderoso do que nunca com os urros expelidos com uma grosseria inumerável por Obie Flett, que não dá trégua em hora nenhuma como é o caso da seguinte de The Everlasting Plague, a Death Ritual Deciphered, que é mais cadenciada, porém, engloba solos de guitarras bastante interessantes para uma banda deste padrão.

    Depois dessa hecatombe sonora que ouvimos nas duas anteriores e com sorte sobrevivemos até então, eles fecham o cd com a ótima instrumental Decomposition Of Millions, que sem os vocais urrados se aproximou mais a um Heavy Metal/Thrash Metal, que termina com uma percussão obscura feita por Dave Astor.

    Devo dizer que o Pathology criou neste The Everlasting Plague ( que saiu no Brasil graças à parceria da Shinigami Records com a Nuclear Blast ) um álbum feroz, visceral e totalmente cruel como os iniciados em Death/Gore e os fãs de Cannibal Corpse e Suffocation costumam apreciar e também posso assegurar que todos os instrumentos são ouvidos com perfeição, apesar do nível insano de sua agressividade em cada música.

    Se for o seu caso caro leitor(a) do Rock On Stage coloque essa bordada para rodar e não se arrependa depois que sua quantidade de violência incomensurável seja liberada durante os seus quarenta e um minutos irritando os 'não praticantes'.
Nota: 8,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Abril/2022

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