Pristine - Road Back To Ruin
12 Faixas - Shinigami Records - 2019

    Embora ainda não sejam muitos conhecidos no Brasil, o quarteto norueguês Pristine da gélida cidade de Tromsø ( em pleno Circulo Polar Ártico ), já está na ativa com o seu Rock Psicodélico e Blues com temperos de Funk e Soul desde 2006. E este novo álbum Road Back To Ruin é o quinto da carreira e o primeiro disponibilizado no Brasil pela Shinigami Records pronto para que conheçamos urgentemente a banda, que está formada atualmente por Heidi Solheim nos vocais, Espen Elverum Jacobsen na guitarra, Gustav Eidsvik no baixo e Ottar Tøllefsen na bateria.

    As gravações de Road Back To Ruin aconteceram no Paradise Studio em Oslo, na Noruega com Øyvind Gundersen Rosrud e Christian Engfelt, sendo o que o primeiro assina também a mixagem. A masterização é de George Tanderø no Tanderø Mastering. A vocalista e compositora Heidi Solheim conta que o título Road Back To Ruin é por conta de sua frustração ao observar que nossas condições socais estão sendo levadas para caminhos alarmantes com certos valores e atitudes por algumas pessoas que usam o medo dos "outros" para atingirem mais poder. As sementes da desconfiança estão plantadas e novos muros são construídos - cada vez mais altos - e em sua visão estamos caindo nesta armadilha. Ela acredita que a falta de generosidade e empatias se transforma em ódio e atesta isso no encarte do álbum ao dizer: "cuidem um do outro, seja generoso, inclusivo e gentil". Detalhe, ela está completamente correta.

    A capa de Road Back To Ruin é simples com apenas o logo da banda e o título do cd, porém, expressa a ideia de não pintar um mundo colorido de um conto de fadas e sim a realidade destes tempos, assim sendo vamos mergulhar mais a fundo a partir de agora no Pristine.

    E é com um Rock'n'Roll eletrificado através de seus marcantes solos de guitarra feitos por Espen Elverum Jacobsen e a forte presença dos toques de baixo feitos por Gustav Eidsvik que Road Back To Ruin é aberto com a empolgante Sinnerman, que destaca a ótima voz de Heidi Solheim em uma atmosfera que agradará os fãs de Deep Purple, especialmente nos solos de teclados. De andamento mais lento e carregado, a faixa título Road Back To Ruin chega com a vocalista soltando alguns agudos e depositando muita emoção a cada verso nesta canção com ares de hino e uma linhagem Stoner, que também é detentora de um solo contagiante de guitarra feito por Espen Elverum Jacobsen na criativa virada de andamento antes do retorno ao estilo denso do início, que quem aprecia Black Sabbath vai reconhecer a influência instantaneamente.

    Em Bluebird, o Pristine nos leva aos anos 60 com este Blues Rock altamente inspirado nas viagens ácidas de Janis Joplin, tanto que recomendo ouvir e sentir os timbres alcançados por Heidi Solheim em cada um deles em que ela está sempre muito bem amparada por uma combinação magnífica de baixo, teclado, guitarra e bateria em claros e empolgantes flertes com o Soul, que fazem sua melodia entrar na cabeça e também desperta o desejo de cantar com ela.

    Já em Landslide, os noruegueses nos exibem um Rock'n'Roll Psicódelico saboroso e provocante a la Rolling Stones em que sente-se o desejo de cantar com Heidi Solheim e deixar os cabelos esvoaçantes ao vento ( ou seja, é para ouvir na moto ou em um conversível ), além de admirar o eficaz solo de guitarra tocado pelo competente Espen Elverum Jacobsen.

     Para Aurora Skies, o Pristine nos coloca diante de uma canção mais lenta que é vocalizada com muito feeling por Heidi Solheim e conduzida com muita categoria pelos demais membros da banda de forma que apreciaremos facilmente e isso, sem contar a imersão em seus sentimentos a que somos convidados, ainda mais se estivermos ouvindo-a de olhos fechados. Depois, com sons de um motor de avião, falas de um jornal de TV, o quarteto exibe Pioneer, um Rock'n'Roll impactante repleto de ótimos solos de guitarra e vocais animados dividindo as atenções e transformando esta música em uma sonzeira direta.

    Blind Spot, a sétima de Road Back To Ruin conta com a participação da cantora síria Racha Rizk no começo ante a uma base instrumental simplesmente emblemática e notadamente voltada ao Stoner em que devemos absorver suas viagens de olhos fechados. Inclusive Heidi Solheim solta a voz com firmeza nesta música praticamente nos enfeitiçando ao cantar seus versos. Logo em seguida temos o Rock'n'Roll encorpado graças a mais uma sequencia de brilhantes solos executados pelo guitarrista Espen Elverum Jacobsen em The Sober, que tem sua letra cantada com muita dedicação pela vocalista Heidi Solheim capturando facilmente o ouvinte. Entretanto, o mais bacana é como o Pristine suaviza e eleva o ritmo da canção para que a vocalista brilhe mais em sua atuação.

 

    O Blues lento Cause and Effect vocalizado com generosas doses de sentimento conta com a presença do quarteto de cordas da The Arctic Phillarmonic tornando um dos mais belos momentos do disco, que também recebe um reluzente solo de guitarra, que somado aos seus vocais conferem uma aura cinematográfica à composição com passagens mais Soul que lembram da Amy Winehouse em que posso cravar: a vocalista canta colocando sua alma na música.   

    A distante e de ares Folk Your Song é inspirada no mestre Neil Young e a leveza que temos nos vocais de Heidi Solheim garantem uma grande satisfação em sua audição, que também tenho que enaltecer a presença do Hammond tocado por Anders Oskal. A explosiva e infectante bônus Dead End é a vibrante canção que tem uma pegada excelente, flerta com o Punk e possui solos efervescentes na guitarra e vocais divertidos.

    O segundo bônus de Road Back To Ruin é Ghost Chase do álbum Ninja e foi gravado ao vivo em Hannover na Alemanha no dia 12 de abril de 2018 e se trata de um Blues lento em que percebe-se a entrega de Heidi Solheim ao cantar seus versos e toda a vitalidade dos solos do guitarrista Espen Elverum Jacobsen que conquistam nossa atenção, assim como a produtiva cozinha de Ottar Tøllefsen na bateria e de Gustav Eidsvik no baixo, que fazem juntos uma significativa base não deixando a música terminar, pelo menos, até que a vocalista chamar o comando para si e finalizar perfeitamente e nos impressionando mais.

     Este Road Back To Ruin é mais um disco que os fãs do verdadeiro Rock'n'Roll e Blues de linhagem dos tempos que o estilo fez história e influenciou gerações vão adorar, pois, estas onze composições satisfarão seus corações, assim que eles perceberem que novas bandas estão aparecendo no cenário mundial e tem por objetivo manterem a cada vez mais flamejante a chama do nosso estilo favorito, sendo que isso te fará pensar: "como que não descobri essa banda antes?", enfim, olhos e - principalmente - ouvidos atentos ao Pristine que nos brindou simplesmente com um dos melhores discos do ano.
Nota: 10,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Dezembro/2019

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