Quartz - On The Edge Of No Tomorrow
14 faixas - Classic Metal Records - 2022
   

    Quando ouvimos o nome Geoff Nichols ( infelizmente falecido em 2017 ), a primeira lembrança que vem a mente é de sua importante - e porque não dizer fundamental - participação no Black Sabbath entre os anos de 1980 a 2004 período que foram registrados alguns discs como Heaven And Hell ( 1980 ), The Mob Rules ( 1981 ), Live Evil ( 1982 ), Born Again ( 1983 ), Seventh Star ( 1986 ), The Eternal Idol ( 1987 ), Headless Cross ( 1989 ), Tyr ( 1990 ), Dehumanizer ( 1992 ), Cross Purposes ( 1994 ), Cross Purposes Live ( 1995 ), Forbidden ( 1995 ) e o Reunion ( 1998 ) atravessando várias formações desta verdadeira lenda do Heavy Metal.

    Entretanto, antes disso, Geoff Nichols esteve envolvido com outra banda de Birmingham, o Quartz, cuja origem remonta a 1974, inicialmente como Bandy Legs e em 1977 já como Quartz com o lançamento do álbum autointitulado, que foi produzido pelo mestre Tony Iommi rendendo ao Quartz uma turnê ao lado do Black Sabbath.

    Neste princípio de banda foram três discos voltados a New Wave Of British Heavy Metal e um ao vivo, inclusive, com apresentações no aclamado Reading Festival dos anos de 1977, 1978 e 1980 como banda de apoio a nomes como Iron Maiden, U.F.O., Saxon, Rush e Ian Gillan. O line up do Quartz neste On The Edge Of No Tomorrow contou com membros de sua formação clássica, a saber: Mick Hopkins ( guitarra ), Malcolm Cope ( bateria ) e Derek Arnold ( baixo ).

    Nos vocais, o Quartz utilizou nas catorze faixas do álbum os seguintes nomes: Geoff Nichols, Geoff Bate ( que esteve na banda entre 1983 a 1984 ), David Garner ( de 1982 a 1983 e de 2011 até agora ) e o convidado e ex-Black Sabbath Tony Martin. As gravações raras e algumas inéditas deste On The Edge Of No Tomorrow ficaram por conta do engenheiro Miguel Seco em processos realizados no Robannas Studios em Birmingham na Inglaterra, assim como sua masterização.

    Este lançamento faz parte das muitas raridades e clássicos que a Classic Metal Records disponibiliza no mercado brasileiro, nos concedendo a oportunidade de conhecermos e ter em nossas coleções outra joia rara do Heavy Metal. Vale dizer que este disco surgiu de ideias e de canções que Geoff Nichols tinha e também partes de canções não finalizadas, que os demais membros completaram realizando o último desejo do tecladista e vocalista. Além de Geoff Nichols, o Quartz perdeu também o vocalista Mike "Taffy" Taylor em 2016 e Rob Cleveley em 2011 ( que ajudou muito no início ) e este álbum On The Edge Of No Tomorrow é uma homenagem ao legado destes nomes à banda e ao Heavy Metal. Na capa temos um desolado cenário futurista e um casal de heróis prontos para confrontar o gigante inimigo que se aproxima, já no encarte encontramos as letras e fotos dos envolvidos.

    A primeira do cd é a Freak Of Nature com os vocais de Geoff Nicholls diante de um Heavy Metal robusto com muitos solos de guitarras ( executados por ele também ) e um ritmo bem denso, cadenciado e sinistro como o Black Sabbath. Depois, David Garner canta a Death Or Glory e o seu timbre de voz se assemelha ao de Geoff Nicholls, sendo que o andamento pesado e carregado da canção é dotado de pontos para cantar com ele e deixar sua voltagem atingir nossos ouvidos, onde recomendo também uma atenção especial aos belíssimos solos melódicos de Mick Hopkins em sua guitarra. Para They Do Magic ( Masters Of The World ) temos um Heavy Metal puro, bastante rápido e com os vocais de Geoff Bate resultando na mais envolvente desta trinca inicial.

    Em Master Of The Rainbow, o Quartz exibe um Heavy Metal relativamente cru, arrastado e sombrio, especialmente, por conta da forma que Mick Hopkins toca sua guitarra e também pelo estilo que David Garner canta seus versos no final da música. A quinta é a contagiante e encorpada Night Of The Living Dead, um Heavy Metal padrão anos 80 com Geoff Bate nos vocais para se ouvir socando o ar e apreciando não somente seus solos de guitarra, mas também o baixo tocado por Derek Arnold e o fundo da música embelezado pelos seus teclados, que são capitaneados aqui por Bob Darffurn.

    A minha favorita até este momento é a Evil Lies, que começa nos dedilhados e possui uma percussão excelente feita por Malcom Cope e conta com os vocais do ex-Black Sabbath Tony Martin, aliás, quando a música acelera e os solos de guitarra ficam em total evidência junto aos teclados temos um autêntico e formidável Heavy Metal altamente infectante.

    A caprichada Angels At The Crossroads é a mais veloz e traz Geoff Nicholls nos vocais, que apresenta um estilo cativante de riffs galopantes em que nos tornamos fãs instantaneamente e já desejamos 'banguear' em sua execução. Novamente começando nos dedilhados e que rapidamente são cobertos pelas linhas de guitarra, Keep Up The Fight é cantada pelo baixista Derek Arnold e não que a voz dele é boa para um Heavy Metal mais rude como este? A nona do cd é a Brainwashed, que te pega pelo vibrantes toques de baixo e de bateria, se ligam postura da guitarra e nos vocais de Geoff Bate devidamente inflamados em um Heavy Metal de aura obscura e que somam-se aos seus destaques o seu ótimo refrão.

    Com um ritmo fortificado, guitarra 'a la' Black Sabbath, Babylon Is Burning é cantada por David Garner e os seus vocais agudos encaixam-se perfeitamente na sonoridade do Quartz, entretanto, atente-se caro leitor(a) do Rock On Stage para a virada de andamento que fornece mais velocidade na parte final da música. Geoff Bate volta em What Love Is, a décima primeira de On The Edge Of No Tomorrow, que pende mais para o Hard'n'Heavy com riffs de guitarras insípidos e possui um refrão de fácil memorização. Bastante pesada e com Geoff Bate prosseguindo nos vocais Dirty Disease é embasada pelos seus solos de guitarra e pelo seu ritmo carregado, porém, o que chama a atenção são os seus vocais 'robotizados'.

    Na terceira na sequencia de Geoff Bate nos vocais estamos diante de uma das melhores do álbum e certamente, a melhor de suas participações no cd, pois, World Of Illusion é detentora de um clima soturno pavimentando nos toques de baixo de Derek Arnold e na bateria de Malcolm Cope liberando Mick Hopkins para solar sua guitarra em um padrão formatado há mais de 50 anos por Tony Iommi na guitarra e Ozzy Osbourne nos vocais... sim lembra Black Sabbath perfeitamente... e isso é excelente. E para dar números finais a On The Edge Of No Tomorrow, o lendário Geoff Nicholls canta e faz os teclados do empolgante Heavy Metal Highway To Madness, a mais bacana das suas três no cd, pois, seus riffs de guitarras, seus vocais e o seu ritmo estão devidamente fervorosos como uma sonzeira assim deve ser.

    Mais que a oportunidade de conhecer uma banda que está entre as precursoras da New Wave Of British Heavy Metal e que revelou Geoff Nicholls, este álbum On The Edge Of No Tomorrow é a chance de:
Primeiro: ouvir as últimas criações do lendário tecladista com sua banda.
Segundo: ouvir o que os veteranos músicos estão fazendo atualmente com seu Heavy Metal Tradicional.
Terceiro: se expor à ótimas composições cantadas pelos seus ilustres amigos e convidados em um belo álbum.
Nota: 9,5.

 Por Fernando R. R. Júnior
Março/2023


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