Suzi Quatro - The Devil In Me
12 Faixas - Shinigami Records/SoundCityRecords/SPV Steamhammer - 2021

    A sempre simpática cantora e baixista norte-americana da cidade de Detroit ( estado do Michegan ) Suzi Quatro lançou em 2021 o disco The Devil In Me, que é o décimo quinto de estúdio da carreira, que foi iniciada em 1971. Apontado por como o melhor já gravado por ela, Suzi Quatro justifica isso ao fato desta maldita pandemia impossibilitar seus shows ao vivo e também ao fato da reedição de sua parceria criativa com o filho Richard Tuckey, que foi o responsável também pelo anterior No Control ( de 2019 ).

    A cantora comentou mais sobre isso: "A partir da primavera [setentrional] de 2020, quase cem dos meus shows foram cancelados e Richard também estaria em turnê com sua banda se os seus shows não tivessem sido cancelados ou adiados. Então eu disse a ele: 'Devemos aproveitar ao máximo nosso tempo livre, escrever novo material e nos deixar inspirar pelo que está acontecendo atualmente no mundo'. Eu já sabia que Richard e eu formamos um time brilhante, afinal, No Control foi um grande sucesso e algo muito especial para nós. Embora eu nunca tivesse pensando que seríamos capazes de superá-lo. Mas todos que ouviram The Devil In Me e todas as pessoas que trabalharam no álbum anterior nos disseram: 'Este álbum é ainda mais poderoso!'".

    Mesmo com o sucesso obtido na carreira e muitos hits como "Can The Can", "48 Crash", "Devil Gate Drive", "If You Can't Give Me Love", "She's In Love With You" e "Stumblin In", a cantora prova com The Devil In Me que não se pretende se aposentar e enfatiza esta ideia: "Devo confessar que, após o lançamento de No Control, mal podia esperar para trabalhar em um novo material novamente ao lado de Richard. Cada álbum tem sua própria história criativa e sei que é impossível planejar o sucesso. Mas, Richard e eu tínhamos certeza de uma coisa: sabíamos que seríamos um bom time novamente."

    The Devil In Me foi gravado no Studio 84 Rooks Yard por Tim Aves e Pete Crisp e no Rak Studios com Wes Maebe, sendo que a produção é de Noah Booth, de Suzi Quatro e de seu filho Richard Tuckey. A mixagem é de Tom Pullen assistido por Mike Curtis e a masterização é assinada por Christian Wright e realizada no Abbey Road. Na capa do cd temos a marca da musicista em chamas em uma criação de Nikolas Fritz.

    Além de Suzi Quatro ( vocais, baixo e percussão ), a sua banda conta com Richard Tuckey ( guitarra ), Tim Reyland ( bateria ), Jez Davies ( teclados ), Ray Beavis ( saxofone tenor, horn e arranjos ), Toby Gücklhorn ( trombone ), Dick Hanson ( trompete ), Richard Beesley ( saxofone barítono ), Tim Alves ( gaita e backing vocals ) e por fim, os backing vocals Dionne Collins, Louise Hartley, Luke Friend e Marc Halls. A partir deste ponto, comentarei o que este time de músicos comandados pela carismática Suzi Quatro fez nestas suas doze composições novas.

    Com ares sujos e bastante contagiantes em um forte ritmo setentista a canção título The Devil In Me abre o cd deixando claro que Suzi Quatro realmente não brincou quando disse que gravou o seu melhor disco, pois, esta impactante música te conquistará imediatamente seja nos riffs de guitarra, nos vocais ou em seu estilo Blues Rock de altíssima qualidade e tenha certeza... você cantará o refrão com ela e baterá palmas. Depois desta abertura simplesmente impressionante temos Hey Queenie, que é empolgada a cada trecho com Suzi Quatro cantando com seu incrível feeling capturando o ouvinte rapidamente. Aliás, o seu estilo Bluesy provoca aquela vontade de dançar, ainda mais nos seus momentos em que ela deixa a música fluir livremente, onde saliento os toques de piano feitos por Jez Davies e os solos de guitarra feitos por Richard Tuckey e os de baixo feitos por ela, coisa de gente grande.

    Para Betty Who? ela exibiu um Blues Rock de primeira e convidou a vocalista Cherry Currie da Runanways para cantar seus versos com ela atingindo uma pegada deveras vibrante nesta criação, que só posso classificar com outra sonzeira deste disco. A eletrificada You Can't Dream It começa com solos transbordando garra e com vocais repletos de adrenalina em uma base Rock'n'Roll que a cada segundo fica mais envolvente.

 E a emocionante balada natalina My Heart And Soul ouvimos Suzi Quatro cantar de coração aberto com a presença da convidada Naomi Poole no solo de violoncelo e Andy Smith no arranjo de cordas de violino e violas conferindo uma atmosfera Soul no estilo das cantoras da  Motown à canção. Aliás, sobre esta My Heart And Soul, Suzi Quatro esclarece sua composição: "Eu tenho um pequeno estúdio na minha casa. Richard estava no estúdio trabalhando algumas ideias, eu estava sentada no pátio, relaxando e ouvi uma música absolutamente linda saindo pela porta aberta do estúdio. Era uma linha de baixo, com uns poucos acordes de guitarra e a bateria. Tudo isso teve um efeito imediato em mim. Corri para o estúdio, com a máscara, é claro, era como um imã. Eu perguntei para ele: 'O que é isso?' e disse para colocar um microfone rápido. E sem pensar, sem escrever nada, cantei os primeiros versos da música exatamente como ela está. Assim é quando você sabe que tem uma ótima música... e nós de fato temos!"

    Invocando os cânticos Gospel, hora do Rock'n'Roll lotado de voltagem presente em Get Outta Jail, que contém uma rebeldia marcante em seu ritmo e uma atuação perfeita de cada um dos membros de sua banda e claro, da estrela deste The Devil In Me. A sétima do cd é a Do Ya Dance, que possui um padrão que faz um convite para se dançar graças ao seu formato Funk/Soul em que os metais lhe concedem uma roupagem única contrastando com a voz de Suzi Quatro em tons mais graves. Em Isolation Blues somos expostos para um formoso Blues em que Suzi Quatro deposita sua alma na canção sendo amparada no piano, nos seus toques de baixo e nas backing vocals dando a sensação que está ela ao vivo em um bar esfumaçado, onde os solos de guitarras e de saxofone nos encantam de vez e podemos fechar os olhos e ver ela cantando.

    I Sold My Soul Today é um Rock acelerado em que ela exibe um andamento pulsante, que desperta o interesse principalmente pelos toques de baixo tocados por Suzi Quatro, pelo órgão Hammond ao fundo tocado por Jez Davies e os riffs de guitarras de Richard Tuckey. A décima é a Love's Gone Bad e esta calma balada de Blues e Soul é cantada de uma forma intimista e sensibilizada por Suzi Quatro, onde destaco também as backing vocals, os metais ( especialmente o saxofone ) e os toques no piano, que juntos nos trazem à mente os The Rolling Stones em seus ótimos momentos dos anos 70.

    A entristecida In The Dark é a penúltima de The Devil In Me e aqui, Suzi Quatro liberou sua voz em facetas mais graves, que somadas aos toques de piano e aos solos de saxofone nos levam para uma reflexão, pois, transmite uma aura entristecida. Porém, para encerrar o disco, ela sabiamente optou por uma canção alegre e inflamável com o Rock'n'Roll chamado Motor City Riders, que é daquelas músicas que serão pedidas no show produzindo um sabor de quero mais, sendo que certamente vamos interagir com a vocalista quando esta for executada.

  Conforme Suzi Quatro nos atestou: "Richard queria que este álbum tivesse uma linha direta, que você pudesse colocar qualquer faixa e ela se encaixasse... ele também disse que queria que este álbum fosse tão importante e inovador quanto o meu primeiro álbum. Então é assim que nós abordamos este projeto e foi assim que fizemos."

    E posso dizer seguramente que The Devil In Me é sim um de seus melhores discos e que indubitavelmente surpreenderá os seus fãs ao ouvirem suas doze canções que trazem uma Suzi Quatro animada como nunca e criativa como sempre  exibindo muito Rock'n'Roll, Soul e Blues devidamente harmonizados com seu talento e encanto setentista que a mantém no posto de rainha do Rock'n'Roll há cinco décadas.
Nota: 10,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Novembro/2021

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