The Charm The Fury - The Sick, Dumb & Happy
11 Faixas - Shinigami Records - 2017

    Do país que já revelou o Focus, o Picture, o Epica e tantos outros, a Holanda, surgiu em 2010 na cidade de Amsterdã o quinteto The Charm The Fury com a ambição de estar entre a nova elite do Metal. Para isso, eles disponibilizaram o EP The Social Meltdown em 2012, o seu debut A Shade Of My Former Self em 2013, que despertou a atenção da Nuclear Blast, que assinou com eles, sendo que em 2017, o segundo trabalho intitulado como The Sick, Dumb & Happy, que procura ser pesado, furioso e inovador.

    A inspiração para isso, ao menos nas letras, veio através de alguns dos graves problemas mundiais, tais como: os horrores da guerra civil na Síria, a corrupção política e financeira ( será que o Brasil e nossos líderes políticos também foram lembrados e eles estão acompanhando a Operação Lava Jato? ), a auto destruição, o vício em smartphones, enfim, conforme a definição feita pela própria banda: "o mundo está fodido, mas está ótimo para compor". E devo concordar com eles, pois, o mundo não está nem um pouco bom mesmo.

    A vocalista Caroline Westendorp esclarece este fato: "Se trata também sobre a mídia e como eles nos alimentam com glamour e celebridades e nos deixam felizes para que não percebamos o que acontece fora, a corrupção nos bancos ou a guerra na Síria ou o que esteja acontecendo. Estamos apenas interessados em nós mesmo e nos tornamos pessoas realmente burras. É a autodestruição da mente e do corpo e do mundo em que vivemos". E o baterista Mathijs Tieken complementa: "A mídia tradicional mostra só a metade do quadro, na melhor das hipóteses, e a mídia social faz exatamente a mesma coisa. Não há como escapar."

    Além dos dois citados, o The Charm The Fury é composto por Rolf Perdok e Martijn Slegtenhorst nas guitarras e Lucas Arnoldussen no baixo. A produção de The Sick, Dumb & Happy foi realizada por Mathijs Tieken no Backbone Audio em Amsterdã na Holanda, no ICP Studios em Bruxelas na Bélgica, no Sandlane Studios em Rijen e no Sub-Bass Studios em Zwijndrecthr. A mixagem é de Josh Wilbur ( Lamb Of God, Gojira, Megadeth, Trivium, Crowbar ), enquanto que a masterização é assinada por Ted Jensen ( que entre outros, já trabalhou com Metallica, Megadeth, Iron Maiden, Pantera ) no famoso Sterling Sound em Nova Iorque nos Estados Unidos. Já a capa ( em uma insana e ensanguentada caveira ) é de Robert Sammelin.     

    Eles não estavam brincando quando comentaram de sua forma de tocar Metal, pois, logo ao colocar o cd para rodar e ouvir a bordoada inicial, a Down On The Ropes, são enviados trechos velozes de muito Groove e outros cadenciados, sempre com vocais realmente agressivos e riffs simplesmente alucinantes em alterações múltiplas em seu decorrer.

    Na segunda, que é a Echoes, eles seguem por uma linha mais cadenciada, onde Caroline Westendorp alterna vocais limpos com os agressivos, e causa assim, uma inesperada surpresa por conta do ritmo matador aplicado na música. Aliás, estes vocais limpos da versátil cantora flertam com o Pop mais Melódico de uma forma muito interessante e que fica na cabeça. Em Weaponized, o ataque é centrado através de coléricos vocais e nuances de Metalcore, que são amparados pelos fervorosos toques feitos pelo baixista Lucas Arnoldussen e no caos gerado dos solos mais crus dos guitarristas Rolf Perdok e Martijn Slegtenhorst.

    Após um breve momento mais calmo no início da quarta composição, a dilaceração prossegue com No End In Sight, onde o The Charm The Fury faz sua alternância de vários andamentos ( pode-se notar Thrash, Groove, Death ) com os vocais sempre raivosos tornando esta música muito intrigante. Para Blood And Salt somos conduzidos para um estilo mais arrastado quase Doom e deveras robusto em que os vocais estão mais limpos, emocionantes e até um pouco melódicos, que pela forma que foram cantados por Caroline Westendorp te conquistam facilmente. Mas calma, pouco depois ela alterna uma aspereza enorme exalando sua insatisfação e revolta para retornar aos trechos melódicos no decorrer da música.   

    De princípio bizarro ( ouça e me fale ) e até um pouco industrial, a instrumental Corner Office Maniacs é a sexta de The Sick, Dumb & Happy e se liga na destrutiva The Future Need Us Not, onde a fúria é expressa de uma forma imensa a cada verso mantendo a linha Industrial notada instantes antes de um estilo esmagador que fará alegria dos seguidores do Nu Metal. Impressionante que depois de tudo que é colocado na anterior, o quinteto holandês incluiu uma balada em que a versátil Caroline Westendorp canta com muita emoção e cativa com sua habilidade em cada trecho de Silent War, a melhor faixa deste The Sick, Dumb & Happy com esmeros solos de guitarras feitos pela dupla Rolf Perdok e Martijn Slegtenhorst.

        Porém, suavidade é uma exclusividade desta oitava canção do cd, porque, na seguinte você perceberá o caos retornar logo em suas primeiras notas e tem a certeza assim que os versos de The Hell In Me são cantados, o The Charm The Fury conduzirá o ouvinte para um New Metal por conta de seu ritmo mais cru e sem polidez nenhuma na parte instrumental. Um pouco acelerada, com partes exalando bastante melodia e menos agressividade nos vocais, Songs Of Obscenity também exibe toda a versatilidade do quinteto que modifica a cada momento a linhagem da canção sendo até difícil colocar em palavras o que acontece... então ouça!!!

    Finalizando The Sick, Dumb & Happy temos os guitarristas disparando solos fulminantes, que aliados aos guturais feitos por Caroline Westendorp até passam a impressão que seguirão o caminho de um Thrash ou Death Metal, mas, Break And Dominate possui tantas variações que se torna um desafio dizer qual seria o estilo seguido pelo The Charm The Fury.

    A juventude hoje é de uma dinâmica, de uma velocidade em suas atitudes, de uma mutação quase que constante no que faz e estes fatores me levam a pensar... será que o The Charm The Fury traduziu este inquieto jeito de ser em seu formato de tocar Heavy Metal? Ou eles fundiram vários estilos com sobriedade refletindo os tempos que vivemos? Enfim... em The Sick, Dumb & Happy temos partes que são New Metal, Metalcore, Doom Metal, Pop e outras. Será esse o caminho do futuro? A resposta - caros leitores(as) - virá em alguns anos. Ouça se tiver a mente aberta para novidades.
Nota: 8,0.

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Por Fernando R. R. Júnior
Abril/2018

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