The Doomsday Kingdom
8 Faixas - Shinigami Records - 2017

    Enquanto esteve afastado nas catacumbas de Paris, o mentor do Candlemass, o baixista Leif Edling, que por vários anos enfrentou a síndrome de fadiga crônica, se inspirou novamente e deu vida a um novo projeto que foi nomeado como The Doomsday Kingdom. A doença que acometeu Leif Edling deixou ele a maior parte do tempo no sofá e assim foram criadas no violão as primeiras e sepulcrais melodias desta nova banda. Quando melhorou Leif Edling convocou o vocalista do Wolf, Niklas Stålvind, o baterista Andreas "Habo" Johansson ( que já tocou no Narnia, Royal Hunt e Bob Rock ), o guitarrista do Avatarium e colega de Leif Edling, Marcus Jidell ( ex-Evergrey e ex-Royal Hunt ), sendo assim formado o line up do The Doomsday Kingdom, que lançou em 2016 o seu primeiro EP em novembro de 2016, que foi nomeado como Never Machine.

    Firmes no projeto, não tardou para que o primeiro cd autointitulado viesse à tona, cuja produção foi do guitarrista Marcus Jidell, conforme admite Leif Edling: "Ter Marcus na guitarra é como ter na banda a Leslie West, Tony Iommi e Randy Rhoads ao mesmo tempo! O cara também é um produtor muito talentoso. Eu estava em condições muito ruins durante a maior parte do processo de produção do álbum do The Doomsday Kingdom e Marcus manteve o navio flutuando, por assim dizer. Enquanto eu estava repousando em casa, ele trabalhou nas guitarras e nos instrumentos e esteve em contato com Niklas e Habo, que fizeram um trabalho inestimável com o disco!", admite Leif Edling e complementa explicando a escolha do vocalista: "Eu fiquei muito impressionado com as habilidades vocais do Niklas do Wolf, então arrisquei e entrei em contato com ele através do e-mail. Descobri que o Niklas não só estava preparado para a tarefa, senão que também ele recentemente tinha se recuperado de uma fadiga severa, então tínhamos muitas coisas em comum! Eu acho que o Niklas trouxe uma abordagem mais fresca para as músicas do álbum. Como se ele estivesse destinado a cantá-las!"

    A mixagem é de David Castillo no Ghost War e a masterização é de Jens Bogren ( que já trabalhou com o Kreator, Soilwork e Opeth, entre outros ) e foi realizada no seu Fascination Street Studios na Dinamarca. A única exceção é feita apenas para a bateria de Andreas "Habo" Johansson gravada por ele no Gruvan Studios. A capa que mostra o Capitolium Death Monument é de Erik Rovanperä, que fez as últimas artes do Candlemass e do Avatarium sendo sua importância atestada pelo líder Leif Edling: "Erik Rovanperä é um velho amigo meu que começou tatuando e pintando skates para se tornar um dos mais talentosos e proeminentes artistas da Suécia. Desde o início do processo do álbum The Doomsday Kingdom, eu sabia que queria trabalhar com ele para criar alguma arte legal. Nós rejeitamos várias ideias até que alguns meses depois, ele veio com a capa de "Capitolium Death Monument"! Foi amor à primeira vista! Erik certamente sabe muito sobre capas de álbuns - especialmente se são as minhas, haha!

    E claro que com todos estes importantes pontos citados, o som do quarteto sueco não poderia ser outro senão um Doom Metal do mais obscuro possível e com algumas influências do nosso conhecido e deveras admirado Heavy Metal em suas fase da New Wave Of British Heavy Metal - vamos às faixas.

    Os riffs iniciais de Silent Kingdom dão a aura mais Heavy Metal ao The Doomsday Kingdom, muito por conta dos vocais de Niklas Stålvind, que canta em um estilo simplesmente fantasmagórico na linha de King Diamond e isso é proposto em um ritmo cativante e óbvio... macabro como um som mais próximo de um Doom Metal solicita e como está muito bem feito tanto o ritmo quanto a melodia vão ficar na cabeça.

    Depois recebemos linhas mais agressivas nos vocais e uma base forte na guitarra para The Never Machine, que surge em um andamento mais cadenciado que pareceu-me inspirado no Judas Priest, porém, de  uma forma mais sombria, que contém solos empolgados do guitarrista Marcus Jidell ( comprovando o que Leif Edling falou dele acima ) e que tornam esta canção altamente indicada para os fãs do Doom Metal.

    Aliás, isso fica mais evidente no começo mais soturno de A Spoonful Of Darkness, especialmente, nas vocalizações de Niklas Stålvind e na linhagem atormentada, que está repleta de ótimas melodias, sendo que isso será apreciado logo na primeira audição do cd, ainda mais quando sua intervenção densa e arrastada eclode e em tempo, os solos de guitarras feitos por Marcus Jidell são de uma beleza única.

    Com dedilhados entristecidos chegamos na belíssima e melancólica See You Tomorrow, a quarta do cd que é instrumental e reflexiva destacando o pianista convidado Carl Westholm, que ajuda a evidenciar seu estilo mais viajante, praticamente Progressivo. Para The Sceptre temos solos melodiosos feitos por Marcus Jidell, que nos fornecem uma formato pesado e que ao ser vocalizado por Niklas Stålvind ficam mais envolventes, pois, ele alterna vocais agudos com agressivos com primor no percurso tétrico da composição, que recebe novamente Carl Westholm nos teclados e também longos solos de guitarra convidado Kevin Hieybourne, além dos solos de Moog executados por Joakin Svalberg, que tornaram esta música um verdadeiro mergulho na profunda escuridão da criativa mente de Leif Edling, sendo que para mim esta é a melhor do cd.

    Mais rápida e com uma pegada Heavy Metal Hand Of Hell é outra pronta para conquistar o fã imediatamente, seja na forma que Niklas Stålvind cantou seus versos ou em sua ótima sequencia instrumental de linhagem oitentista, aliás, o The Doomsday Kingdom executa a faixa com sua dose sombria do jeito que costumamos adorar desde sempre, com riffs marcantes e um refrão nos inspirar a participar com a banda, além de um final épico.

   Na seguinte, o quinteto nos expõe à uma magnífica continuidade de baixo, bateria e guitarra, que juntos trazem os vocais agudos de Niklas Stålvind em um Heavy Doom Metal com ares de hino no princípio e mais arrastado no seu decorrer, porém, sempre com muita melodia a cada trecho, que sofre impactantes variações em seu ritmo, cortesia do formidável guitarrista Marcus Jidell, que eleva a categoria da canção até prender sua atenção de vez, pois, suas alterações são fabulosas.

    A última do cd é a God Particle e aqui, Leif Edling assume os vocais logo após seu andamento denso e introspectivo inicial nos convidar ao seu estilo sombrio no padrão do Black Sabbath e o cérebro da banda canta de forma assustadora e bastante calma junto ao Mellotron ao comando de Carl Westholm, que mais uma vez enriquece o álbum com sua presença. Este verdadeiro Doom Metal das antigas conta também com o mestre Leif Edling nos solos de guitarra em seu lento, viajante e sinistro ritmo em um encerramento digno deste grandioso álbum.

    Novamente, Leif Edling se superou e ao lado destes talentosos músicos que formam o The Doomsday Kingdom nos brindou de um esplendoroso disco, que alterna seu Doom Metal com o Heavy Tradicional corretamente e de forma bastante criativa, que nos enfeitiça a cada instante e aí entendemos porque este projeto se tornou uma banda mesmo, conforme é explanado por Leif Edling: "The Doomsday Kingdom, no começo, supostamente seria um álbum solo, mas acabou sendo muito mais, maior e melhor do que ‘apenas um álbum solo’. As músicas tomaram vida própria durante o processo e as performances individuais me surpreenderam totalmente!". E o melhor temos este lançamento em edição nacional pela Shinigami Records e é altamente recomendado você incluí-lo na sua coleção, pois, o The Doomfather Leif Edling provou que está inspirado e sua nova banda é mais uma dentre as que já alcançaram seu lugar na história do Doom Metal.
Nota: 9,5.

Site Oficial: http://www.doomsdaykingdom.se/
Facebook: https://www.facebook.com/thedoomsdaykingdom/
Youtube: https://www.youtube.com/channel/UC2U9RdK1meIEkqPJAoDZXKA
Bandcamp: https://thedoomsdaykingdom.bandcamp.com/

Por Fernando R. R. Júnior
Fevereiro/2018

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