The Halo Effect - Days Of The Lost
10 Faixas - Shinigami Records/Nuclear Blast Records - 2022

    Por conta da parada forçada nas atividades ( leia-se shows ) causada pela pandemia, cinco amigos que são considerados como os mestres da cena Death Metal Melódico de Gotemburgo na Suécia resolveram realizar uma velha ideia que só existia em suas conversas entre uma tour e outra: a banda The Halo Effect, que é composta por Niclas Engelin ( ex-In Flames ) e Jesper Strömblad ( ex-In Flames ) nas guitarras, Mikael Stanne ( Dark Tranquility ) nos vocais e letras, Peter Iwers ( ex-In Flames ) no baixo e Daniel Svensson ( ex-In Flames ) na bateria.

    A amizade entre eles data desde o final dos anos 80 e já tocaram juntos em bandas ( de menor expressão é verdade ) nos anos 90 antes de formarem o In Flames e o Dark Tranquility, bandas responsáveis pela criação do The Gotemburg Sound, ou o som de Gotemburgo - o apelido do Death Metal Melódico.

    No The Halo Effect a ideia é de voltar às raízes do estilo, conforme explica Niclas Engelin: "Não houve nenhum plano excepcional ou pensamento mirabolante quando se tratou de criar música, exceto por sermos nós mesmos e tocarmos como sempre tocamos, deixar tudo acontecer naturalmente e se divertir ao fazê-lo. E acho que tivemos exatamente isso: diversão!! Todos nós realmente amamos tocar juntos e depois de quase 3 décadas de Riffage & Thunder em nome do Gothenburg Sound/Death Metal, ainda sentimos isso!".

    Days Of The Lost, nome escolhido para o álbum começou a tomar forma na casa de Peter Iwers, depois teve as partes dos demais e foi gravado no Crehate Studios em Gotemburgo na Suécia por Oscar Nilsson. Sua mixagem foi realizada por Jens Bogren no Fascination Street Studios em Örebro na Suécia e a masterização aconteceu no mesmo local aos cuidados de Tony Lindgren. Já a elaborada e sombria capa de Days Of The Lost é de Adrian Baxter e o álbum lançado no Brasil conta com um encarte de mais de 20 páginas e dez composições, que contarei seus detalhes a partir de agora.

    A excelente Shadowminds, a primeira música revelada pelo The Halo Effect ( ainda em 2021 no dia 1º de novembro ) abre o disco de forma cadenciada e bastante envolvente com os vocais de Mikael Stanne se destacando seja no refrão ou nas outras partes, bem como a melodia da música, que faz o contraste aos seus vocais urrados. Em seguida, a faixa título Days Of The Lost, que até começa Melódica, porém, ganha um pouco de velocidade e a veia Death Metal fica evidente nos vocais agressivos e no andamento da música, que pela forma que é conduzida pela banda mostraram serem bastante cativantes empolgando o ouvinte instantaneamente.

    Depois em The Needeless End temos uma canção deveras melodiosa e não tão acelerada quanto a anterior, mas, com dosagens corretas de urros e variações em seu ritmo, como é observado nos caprichados solos de guitarras de Niclas Engelin e Jesper Strömblad que ficam na mente e te fazem querer repetir a audição desta música.

    De início melancólico em seus dedilhados, Conditional é a quarta do cd, entretanto, quando as guitarras aumentam o poderio de sua força temos uma porrada bem feita que nos prova que está na hora de abrir uma roda e também perceber os ótimos vocais raivosos de Mikael Stanne, que coroam brilhantemente a composição.

    Para In Broken Trust, os suecos do The Halo Effect nos colocam diante à uma agressiva, cadenciada, carregada e um tanto que viajante composição, que surpreende com a inclusão de seus vocais limpos na presença do convidado Jonas Slättung ( Drömriket, Gordon e Lasse Franck & Hans Muskler ) se 'opondo' aos urros ferozes de Mikael Stanne resultando na minha favorita até este ponto do álbum.

    De ótimos repiques na bateria executados por Daniel Svensson, toques de baixo atraentes feitos por Peter Iwers e elaboradas linhas melodiosas, que exibem um crescimento e um andamento consideravelmente de seu peso, Gateways é verdadeiramente marcante e vai te capturar com facilidade, mesmo com todos os seus vocais enraivecidos garantidos pelo ensandecido Mikael Stanne.

    A dupla de guitarristas Niclas Engelin e Jesper Strömblad chama a atenção na sétima de Days Of The Lost, que é a Truth Worth Lying For com seus fascinantes solos, onde eles apresentam ótimas evoluções e modificações em suas linhas instrumentais e também de vocais em que devo salientar a atuação de Mikael Stanne tanto nos vocais coléricos quanto nos limpos ( especialmente no brilhante refrão ). A vibrante, rápida, robusta e mais Death Metal do disco, a Feel What I Believe vem para cima como um rolo compressor e sua divisão harmonica é merecedora de um destaque, pois, de um lado temos os seus vocais agressivos e do outro suas linhas melodiosas tornando esta música outro grande momento do álbum.

    O cello e o violino que ouvimos no início de Last Of Our Kind são tocados por Johannes Bergion do Diablo Swing Orchestra e Erika Risinger, respectivamente, e conferem uma harmonia belíssima à música, porém, depois os suecos trazem um Death Metal Melódico notavelmente encorpado e executado com primor, que contou com mais uma participação de Matt Heafy ( Trivium e Ibaraki ) nos vocais em algumas partes.

    E antes de comentar da última faixa do cd vale enfatizar o baterista Daniel Svensson, que fez um trabalho memorável na condução de seu kit música após música. Pois bem... dito isso, o quinteto fecha o álbum com a cadenciada e devidamente violenta The Most Alone, onde Mikael Stanne dá a impressão que canta seus versos com mais ódio do que nunca em sua voz fazendo desta composição outro excelente Death Metal Melódico e até um pouco melancólico.

    Por fim, vale mencionar que Days Of The Lost exibe em suas dez faixas em certeiros quarenta minutos o que o quinteto The Halo Effect se propôs a fazer: um resgate de uma apurada qualidade do Death Metal Melódico original de Gotemburgo e feita por quem entende como poucos do assunto. Para quem não concorda com os caminhos seguidos pelo In Flames atualmente vale conferir este álbum imediatamente. Em tempo, este lançamento da Shinigami Records em parceria com a Nuclear Blast Records no Brasil é  só a estreia destes veteranos e competentes músicos suecos, então, logo... logo... teremos mais outro álbum deste gabarito e já estamos ansiosamente esperando.
Nota: 9,5.
 

Por Fernando R. R. Júnior
Agosto/2023

 

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