Therion - Theli
13 Faixas - Shinigami Records - 1996
Relançamento 2019

    Foi em 1987 na cidade de Uppkabds Väsby, que Christofer Johnsson começou uma banda com influências de Thrash Metal chamada Blietzkrieg, que modificou seu nome para Megatherion tocando Death Metal e depois abreviando para Therion em 1988. As letras inicialmente eram de problemas ambientais e sociais, porém, a partir de 1995 mergulharam por temas que variam por mitologia, ocultismo, magia, antigas tradições, muitos deles baseados na ordem mágica Dragon Rouge, que o guitarrista, líder e principal compositor é membro e são escritas pelo fundador da ordem Thomas Karlsson, aliás, esta linha persiste até os dias atuais.

    Em 1995 no mês de outubro, os suecos do Therion - então formado por Christofer Johnsson ( guitarra, vocais e teclados ) Piotr Wawrzenuk ( bateria e vocais ), Lars Rosenberg ( baixo ) e Jonas Mellberg ( guitarra, violão e teclados ) - decidiram ir ao Impuls Studio em Hamburgo na Alemanha para as primeiras sessões de gravação do seu então quinto álbum de estúdio, que foi efetivamente registrado entre janeiro a março de 1996 por Gottfried Koch ( Dreams Of Sanity, EverEve e Darkseed ) e Jan Peter Genkel ( Cradle Of Filth, Nightfall e Seven Witches ).

    Os processos de mixagem e masterização são assinados também Jan Peter Genkel e foram realizados no Central Sound Studios também em Hamburgo. Mesmo já contando com uma certa fama na época, eles sabiam que tinham um ótimo material nas mãos, porém, jamais imaginaram que Theli seria um clássico da banda e um definidor do que consideramos como Metal Sinfônico. As críticas obtidas na imprensa especializada e a excelente recepção dos fãs com o dobro de vendas se comparados com o álbum anterior - Lepaca Kliffoth - renderam ao Therion uma tour com o Amorphis e a sua entrada ao 'mainstream', além de ótimas posições dos charts.

    Theli conta com uma capa simples com a presença de Set ( o deus egípcio do caos, seca, guerra e o senhor da terra vermelha ( deserto ) e fazia o equilíbrio com Hórus, o senhor da terra negra ( solo ) ) atrás de um muro em um desenho feito por Peter Grøn ( Dimmu Borgir, Hypocrisy e Pain ). Dentre os convidados escalados para participarem de Theli, o Therion escalou Dan Swanö ( Edge Of Sanity, Nightingale e Witherscape ), a soprano Anjs Krenz e o baixo-barítono Axel Patz, os já citados Jan Peter Genkel ( Lacrimosa ) e Gottfried Koch ( ex-Lacrimosa ), além dos corais do The North German Radio Choir da rádio alemã Norddeutscher Rundfunk ( NDR ) e Siren Choir.

    A instrumental Preludium abre Theli com linhas sombrias e até Progressivas através de seus toques de piano e teclados que conduzem ao megahit To Megatherion, música que não sai do set do Therion desde então, onde percebemos uma efetiva participação do The North German Radio Choir junto ao ritmo pesado feito pelos demais da banda, que conta com os vocais de Christofer Johnsson um pouco mais fortes. A roupagem sinfônica executada em seus minutos conferem à canção um aroma exclusivo, inovador ( na época ) e gostoso de se ouvir, assim como suas várias partes viajantes, que são tocadas com primor por eles e seus convidados. Cults Of The Shadow entra firme apresentando um flerte com o Gothic Metal e conta com os vocais de Dan Swanö, além do The North German Radio Choir, que fazem deste clássico ser assimilado com facilidade pelos fãs com suas orquestrações misturadas ao seu Heavy Metal, cujas evoluções e atuações dos membros do citado coro a deixam simplesmente sensacional.

    Bastante pesada In The Desert Of Set possui ares cadenciados por conta dos solos estabelecidos por Christofer Johnsson e Jonas Mellberg, que trazem em seus vocais uma nova participação de Dan Swanö, além de muitas orquestrações, que lhe garantem um aumento de seu exuberante contexto musical pronto para nos envolver. A robusta instrumental Interludium exibe bons repiques de bateria tocados por Piotr Wawrzenuk e um clima de batalha em seus riffs de guitarras, que são enaltecidos pelo Siren Choir até que tragam Nightside Of Eden, a sexta canção de Theli, que é dotada de um cativante ritmo de baixo, guitarra e principalmente bateria, que ao eclodir de seus vocais notamos novas passagens de Gothic Metal, graças ao seu estilo sombrio vocalizado por Christofer Johnsson e Dan Swanö. Entretanto, o Therion te surpreende com suas partes viajantes e em seus marcantes solos melódicos de guitarras, que dividem as atenções com o The North German Radio Choir.

    Opus Eclipse é a instrumental e sinfônica faixa seguinte, que é guiada em suas linhas tensas e cativantes de teclados, estes aliados às guitarras se tornando fascinante graças ao The North German Radio Choir nos convidando para sentir suas melodias com os olhos fechados, para mergulhar mais em sua tensão. Possuidora de um andamento acelerado e vocais coléricos duelando com os membros do The North German Radio Choir, Invocation Of Naamah funde com precisão suas duas metades: a Heavy Metal com a Sinfônica agradando o ouvinte de ambas as correntes, pois, o Therion soube aplicar cada variação instrumental no momento certo.

    Para a longa e quase instrumental The Siren Of The Woods temos os encantadores toques de violão tocados por Jonas Mellberg, que seguem por uma obscura viagem com os vocais Christofer Johnsson e de vozes femininas atravessando camadas Góticas, Progressivas, pesadas e crescentes nos seus caprichosos e longos solos de guitarras. Terminando este clássico e impactante Theli temos Grand Finale/Postludium com seu Heavy Metal Sinfônico estourando com potência entre os toques de baixo ao comando de Lars Rosenberg e os teclados tocados também por Christofer Johnsson levando a melodias instrumentais, que capturam sua atenção pelo ritmo nervoso que são detentoras, inclusive com um estilo de trilha sonora de filme.

    Existe neste relançamento da Shinigami Records no Brasil em parceria com a Nuclear Blast algumas canções não listadas tracklist do cd como bônus, a primeira é In Remembrance e percebe-se outro mergulho no Gothic Metal, seja em seu andamento cadenciado ou - principalmente - em seus vocais. O segundo bônus é a Black Fairy, que é orientada pela eletricidade dos solos de guitarras Christofer Johnsson e Jonas Mellberg, que fazem desta composição um ótimo Heavy Metal com dosagens sombrias na hora certa, onde saliento a consistência do Therion neste álbum. O terceiro bônus para fechar esta reedição limitada de Theli é a Fly To The Rainbow, cover do Scorpions, que pela roupagem aplicada direcionando-a para um Heavy Metal Melódico e mesmo conhecendo sua explosiva versão original e Hard Rock tenho que salientar que incluir linhagens progressivas, flertes com o Gothic Rock e muitos toques de teclados, lhe garantiram um final ótimo ao álbum.

    Após audições apuradas em que se absorve mesmo todas as vibrantes criações inclusas em Theli compreende-se facilmente porque o disco se tornou um clássico deveras importante do Symphonic Metal e foi um dos pilares que garantiu ao Therion ocupar o seu significativo posto no Heavy Metal Mundial. Quem não teve oportunidade de ouvir e ter este álbum na coleção quando ele saiu, agora neste relançamento da Shinigami Records chegou o momento de possuir esta verdadeira pérola do Symphonic Metal em suas mãos.
Nota: 9,5.

Por Fernando R. R. Júnior
Maio/2020

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