Thy Art Is Murder - Dear Desolation
10 Faixas - Shinigami Records - 2017

    Quando pensamos em uma banda australiana, naturalmente, o primeiro nome que vem à cabeça é o AC/DC, porém, a terra dos cangurus e dos coalas também possui um nome que está alcançando uma grande ascensão no cenário Death Metal/Deathcore mundial: o quinteto Thy Art Is Murder, que em 2017 lançou o álbum Dear Desolation.  Formado na cidade de Sydney no ano de 2006, o Thy Art Is Murder alia a fúria de nomes como Morbid Angel, Cannibal Corpse, Decapited com a técnica de Meshuggah e Black Dahila Murder.

    Dear Desolation é o quarto da carreira de CJ McMahon ( vocais ), Andy Marsh e Sean DeLander ( guitarras ), Kevin Butler ( baixo ) e Lee Stanton ( bateria ), sendo que Sean DeLander e Andy Marsh ficaram em Nova Jersei nos Estados Unidos e compuseram 25 músicas junto do produtor Will Putney ( Every Time I Die, The Amity Affliction e For To Day ) e as doze mais destruidoras foram as escolhidas para o cd, que foi gravado, mixado e masterizado pelo citado produtor no Graphic Nature Audio em Belleville/Nova Jersei e sua temática é centrada na cultura, meio ambiente, pânico à solta pelo mundo com todos os problemas que temos atualmente e nos laços que unem as pessoas. A capa de Eliran Kantor mostra um cordeiro mamando em um sombrio lobo demonstrando as inversões de valores do nosso mundo, pois, a presa não deveria ser adotada pelo seu predador.

    Já no começo mais cru da primeira música, a Beyond Death, sentiremos a tônica do que teremos a seguir: um Deathcore avassalador com vocalizações furiosas, ritmo veloz, caótico e intenso, que até sofre algumas modificações de andamento, porém, a ordem é quebrar tudo e eles fizeram com primor. Tão brutal quanto a anterior, The Son Of Misery é uma verdadeira dilaceração sonora com vocais guturais, um ritmo na maior parte de média velocidade e pontos acelerados para uma aniquilação poderosa, sendo impossível destacar um fato isolado nesta canção... ouça e tente ficar sem 'banguear' em sua execução. A pancadaria prossegue com Puppet Master, a terceira insana criação contida em Dear Desolation, cuja ideia é de não deixar ninguém de pé, pois, seus níveis de violência são absurdos e prontos para arrebentar com os pescoços.

    Para a faixa título, a Dear Desolation até sentimos uma pegada mais cadenciada, porém, são tantos urros com tamanha agressividade e uma cólera instrumental imensa, que até se torna difícil perceber quem está mais esmagador em um som ótimo para um dia de fúria. Com dedilhados mais suaves e uma aura sinistra ao fundo Death Dealer chega mais cadenciada até que recebam as evoluções do baterista Lee Stanton, que exibem o andamento espancador da música, que está repleta de urros revoltados de CJ McMahon em um flerte com o Doom Metal.

   Em Man Is The Enemy, o Thy Art Is Murder continua o seu massacre de seu Deathcore com uma linhagem em que posso qualificar como sanguinária, pois, é muita raiva expelida a cada nota pela banda em uma canção que fornece bordoada para todos os lados sem exceção. Este quinteto australiano é daqueles que não concedem um descanso por um instante sequer, pois em The Skin Of The Serpent, a onde de choque de seu feroz Deathcore não para e nos atinge com seus inúmeros vocais guturais e seus solos distorcidos nas guitarras, que após um curto e aterrorizante dedilhado retorna ainda mais colérica.

     Fire In The Sky é dotada de um princípio mais lento, porém, mesmo com seu andamento mais arrastado, o Thy Art Is Murder adiciona uma descomunal violência em seu decorrer, que te levam a pensar: de onde esses caras encontraram tamanha agressividade?

    A penúltima é a Into Chaos We Climb, que entre os sempre amaldiçoados urros de CJ McMahon contamos com o implacável ritmo instrumental dos demais que só pode ser comparável a um terremoto na mais herege música de Dear Desolation. Depois temos The Final Curtain, que até parece que será mais cadenciada, mas torna-se tão cortante e violenta quanto as demais fechando o disco com a esperada insanidade, porém, sempre com muita técnica nas sequencias instrumentais.

    Acredito que Dear Desolation seja um dos mais matadores álbuns lançados no Metal Extremo em 2017 e que realmente é brutal, denso, furioso e possuidor de uma precisão instrumental em cada um de seus minutos. Quem aprecia um som devastador o tempo todo precisa conhecer o Thy Art Is Murder o quanto antes, pois estes australianos não deixarão pedra sobre pedra diante de nós. Enfim, são dez cataclismos torrenciais um mais encorpado que o outro, onde tudo foi registrado com habilidade pela banda.
Nota: 9,0.

Site Oficial: https://www.thyartismurder.net/
Facebook: www.facebook.com/thyartismurder.

Por Fernando R. R. Júnior
Março/2018

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