Triptykon - Eparistera Daimones
9 Faixas - Shinigami Records - 2010

    Quando o vocalista e guitarrista Thomas Gabriel Fischer ( Tom Gabriel Warrior ) decidiu sair do Celtic Frost por conta de diferenças humanas e não musicais ( conforme ele mesmo afirmou ); ele formou com os músicos V. Santura na guitarra e backing vocals, Vanja Slajh no baixo e Norman Lonhard na bateria e percussão o Triptykon que teve seu primeiro cd, Eparistera Daimones lançado no Brasil pela Shinigami Records em 2010.

    O estilo escolhido não difere do Celtic Frost e a mistura de Black Metal, Gothic e Doom Metal dá a este trabalho ares totalmente fantasmagóricos ao Triptykon. As gravações feitas pelos próprios membros da banda aconteceram nos estúdios Woodshed Studio ( em Landshut na Alemanha ), no The Inners Sanctum ( em Zurich na Suíça ), Transmutation ( em Zurich na Suíça ), Studio Zollhaus ( Oensingen na Suíça ) no ano de 2009. A mixagem é um ótimo trabalho de Walter Schimd no Oakland Recording ( em Winterhur na Suíça ) e foi realizada entre novembro e dezembro de 2009. A capa " Vlad Tepes" que é meia de ficção cientifica meia demoniáca é um macabro trabalho de HR Giger. E o que você irá encontrar nas nove faixas são músicas longas que são um convite para uma viagem para os caminhos mais obscuros da mente de Tom Gabriel Warrior.

    A longa Goeta começa com toques de guitarra que vão evoluindo com mais distorção para linhas extremas com o peso do Triptykon sendo aplicado assustadoramente com os poderosos urros de Tom Gabriel Warrior, além disso, destaco a atuação cheia de repiques do baterista Norman Lonhard e guitarra mais cadenciada de V. Satura conferindo uma proposta de Death/Black Metal sinistra. A segunda é Abyss Within Soul, que exibe também linhas cadenciadas com um toque de gótico dados pelos vocais falados de Tom Gabriel Warrior. Em poucos instantes, seus vocais tornam-se urrados e deixam no ar toda a violência sonora que a banda desejou passar nesta segunda faixa  - que está bastante sombria pela forma que os instrumentos foram tocados.

    In Shrouds Decayed tem seu inicio mais lento trazendo dedilhados muito obscuros que vão pouco a pouco envolvendo o ouvinte e conduzindo ao andamento cadenciado proposto pelo Triptykon nesta terceira faixa de Eparistera Daimones,  que ganha em peso e agressividade no seu decorrer, seja nas linhas de guitarras ou nos vocais urrados de Tom Gabriel Warrior que trazem também a participação de Simone Vollenweider com seus suaves vocais. Shrine causa uma sensação que a porta que não deveria estar aberta ... mas está, e de lá as mais horrendas e maléficas criaturas estão todas vindo para o mundo real e essa pequena introdução traz a rápida A Thousand Lies, que é uma incursão lotada de guturais, gritos excruciantes, solos pesados e pancadas do mais visceral Death/Doom Metal, é para bater a cabeça mesmo.

    Na seguinte, Descendant temos climatizações lúgubres nas guitarras de V. Santura e Tom Gabriel Warrior que caminham para um ritmo mais cadenciado, distorcido e com urros brutais que expressam uma grande fúria que não pode ser contida. Os maiores destaques desta sexta faixa vão para os toques conjuntos e muito pesados da guitarra de V. Santura e da bateria de Norman Lonhard, que aumentam ainda mais o ambiente caótico que sente-se ao ouvi-la, e o mais interessante, o Triptykon realiza uma virada para um ritmo acelerado bem Thrash que é cheio de ótimos riffs e surpreende o fã.

    Myopic Empire mantém a dose de peso, cadência e distorção que foram idealizados em Eparistera Daimones. Esta sétima faixa contou com as participações de Simone Vollenweider nos vocais e Fred Schnyder no piano que se contrapõem à linha pesada, mas isso até serem absorvidos pelas guitarras e pelos guturais de Tom Gabriel Warrior conferindo um caminho ainda mais apocalíptico ao som do Triptykon. My Pain exibe melodias mais tristes na programação de piano e percussão, que se repetem em um clima melancólico por vários minutos até que a voz suave de Simone Vollenweider e a mais agressiva de Tom Gabriel Warrior contracenem nesta faixa que pode ser considerada com uma balada mais gótica do álbum.

    A suíte The Prolonging, com mais de 19 minutos, encerra Eparistera Daimones com a guitarra bem pesada e cadenciada aliada à um peso marcante e constante na bateria enquanto os vocais extremos exibem versos de muita hostilidade, fato que é uma característica de todo o álbum. Por volta dos cinco minutos de The Prolonging, o Triptykon realiza uma virada de muitos 'triggers' na bateria, distorções na guitarra que ora estão mais velozes ora estão mais arrepiantes e viajantes. Ressalto as competentes atuações do baterista Norman Lonhard e também do vocalista Tom Gabriel Warrior que transformam esta última faixa em um épico do som extremo. Confesso que não tinha ouvido nada tão sinistro quanto este primeiro álbum do Triptykon. Se o peso, longas distorções obscuras, vocais urrados e bateria esmagadora presentes em Eparistera Daimones for a sua pedida, não perca tempo e compre este cd.
Nota: 7,5.

Site: www.triptykon.net e www.myspace.com/triptykonofficial

Por Fernando R. R. Júnior
Abril/2011

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