Warbringer - Woe To The Vanquished
8 Faixas - Shinigami Records - 2017

    Em seu quinto álbum de estúdio, a horda norte-americana conhecida como Warbringer ( que teve sua origem em 2008 na cidade de Los Angeles na Califórnia ) e que é praticante do Thrash Metal mais visceral disponibilizou oito impiedosas canções, que foram definidas pelo vocalista John Kevill desta maneira: "Após experimentar em 'Empire Collapse', decidimos fazer um álbum que fosse do começo ao fim mais implacável, brutal e cruel, mas também mantém algumas partes melódicas e progressivas. E no final, é um álbum com vários traços de Thrash Metal clássico, mas, também com várias passagens de Metal Extremo e uma mistura única. No geral, é mais rápido e mais vil do que qualquer outro trabalho que tenhamos lançado, mas, também tem a nossa maior e mais ambiciosa música, 'When The Guns Fell Silent' que fecha o disco".

   A curiosidade acerca da canção título Woe To The Vanquished também é comentada por ele, que informa o seguinte: "Vem da antiga história romana, antes do surgimento do Império. Em 390 a.C, um exército de Gaulês, liderado por um guerreiro chamado Breno atacou Roma e capturou toda a cidade exceto o Monte Capitólio. Desde ali, os romanos derrotados fizeram um acordo: eles pagariam mil libras de ouro para que o exército gaulês deixasse a cidade e acabasse a matança. Os romanos levaram o ouro para Breno, que utilizou a sua própria balança para pesa-lo".

    Ele prossegue: "Nessa balança, as mil libras de ouro dos romanos pesavam muito menos, o que ocasionou que estes se queixassem falando que a balança certamente tinha sido adulterada ( e provavelmente tinha sido ). Como resposta, Breno jogou sua espada no contrapeso pronunciando as palavras 'Vae Victis' [em inglês, Woe To The Vanquished e em português, Ai dos vencidos]. Como os romanos tinham perdido, e aumentando assim o estrago, deveriam pagar agora não só mil libras senão também o peso da espada em ouro. A ironia aqui é que este tipo de humilhação nunca mais aconteceria com Roma que se tornou uma máquina de guerra, conquistando e subjugando a maior parte do Velho Mundo. No álbum, a fala 'Woe To The Vanquished' é dita em tom irônico e zombando dos derrotados que são pisoteados durante a marcha e esquecidos no tempo".

    Por fim, conclui: "O legal do Heavy Metal é que você pode abordar assuntos mais pesados que ‘Eu conheci um/a garoto/a e fui feliz/triste’. Eu procurei pela maldade mais perversa que pudesse encontrar para compor esta música destrutiva e intensa... E não precisei ir muito longe da realidade. Esqueça Satanás, ele é uma história infantil. O mal real está nos corações dos homens".

    Para a produção foi escolhido Mike Plottnikoff ( In Flames e Fear Factory ), que cuidou também da mixagem, enquanto que a masterização é de Howie Weinberg ( Slayer e Pantera ) e o seu processo de gravação foi realizado no West Valley Studios em Woodland Hills na Califórnia nos Estados Unidos entre agosto e setembro de 2016.

    A capa é assinada por Andreas Marschall ( Sodom, Blind Guardian e Obituary ) e tem sua imagem definida pelo vocalista John Kevill assim: "Baseia-se numa fotografia do final da Primeira Guerra Mundial, um monumento sinistro, uma pirâmide de 12 mil capacetes alemães bem no meio da cidade de Nova York. A imagem é, em primeiro lugar, mórbida e parece comemorar a morte de 12 mil homens e chamar isso de vitória." Dito isto vamos aprofundar no que o já citado vocalista, Adam Carroll e Chase Becker nas guitarras, Jessie Sanchez no baixo e Carlos Cruz na bateria nos apresentaram com Woe To The Vanquished.

    E a guerra, digo...o cd, começa com a explosiva Silhouettes, que traz o feroz Thrash Metal do Warbringer na melhor linhagem do Slayer através de vocais raivosos e um descomunal peso em sua parte instrumental nos conduzindo em uma canção de variações cativantes, onde destaco as viradas feitas pelo baterista Carlos Cruz, que ligadas aos toques feitos pelo baixista Jessie Sanchez sustentam os ataques ferozes dos guitarristas em seus solos matadores.

    Depois, eles seguem metralhando com a faixa título Woe To The Vanquished, que chega rápida, devastadora e poderosa elevando a sua intensidade a cada momento nos convidando assim para abrir uma roda com seus fulgurosos solos de guitarras e também a socar o ar quando John Kevill grita seu título furiosamente nesta verdadeira avalanche sonora. A inflamável Remain Violent é mais cadenciada de uma forma deveras contagiante em que sentimos a cólera contida em seus versos adentrar nossas células e isso, é muito bem amparado nos eficazes solos de Adam Carroll e Chase Becker, que metem a mão sem dó nas suas seis cordas de suas guitarras produzindo aquela energia que esperamos em canções assim.

    Em seguida, o quinteto nos coloca diante da dinamite sonora chamada Shellfire, a mais violenta e dizimadora das canções de Woe To The Vanquished até o momento, que fica melhor em seus solos de guitarras, que são cada vez mais exterminadores e tenho que dizer também que o quinteto nos surpreende ao incluir dedilhados mais calmos em uma fusão perfeita aos seus vocais, que exalam sua ira soberbamente. Conduzida através dos riffs de guitarras em seu início em um formato marcante para depois seu rolo compressor aparecer velozmente esmagando nossos ouvidos, Descending Blade é a quinta do cd e recomendo uma atenção especial nas evoluções de seus solos de guitarras, além da inexpugnável raiva exprimida por seus vocais.

    Para Spectral Asylium, o Warbringer produz um andamento carregado, matador e até um tanto sinistro de modo a despejar muita repulsa a cada verso sempre agressivo parecendo um Doom Metal, que em seu decorrer vemos o lado Thrash florescer e disputar os holofotes em uma execução perfeita e melodiosa dos norte-americanos. Sem avisar, a aniquilação prossegue com a acelerada e consideravelmente violenta e opressiva Divinity Of Flesh em que o Warbringer se mostra disposto a arrebentar com os pescoços dos fãs, graças ao fortificado ritmo imposto aqui, onde é impossível ressaltar um dos cinco músicos como destaque pela ótima e devidamente sincronizada atuação deles.

    A última é a longa e épica When The Guns Fell Silence, canção sobre a Batalha de Verdun, a mais longa da 1ª Grande Guerra Mundial, que ceifou a vida de mais de 700 mil soldados. When The Guns Fell Silence é dividida em cinco partes em seus onze minutos, sendo a primeira I Prelude: The Troops que é falada por John Kevill em meio a dedilhados que nos exibem um andamento mais vil com vocais raivosos se ligando em II Atrittion, que ao entrar em cena e exalar seu clima de batalha - que é um tanto que Progressivo com o intuito de nos levar a pensar nos horrores da guerra - fica mais brutal assim que sentimos seus vocais até que III Voie Sacree ( The Sacred Way ) apareça e essa condição permaneça entre os solos fulminantes de IV The Voice Of Guns, cuja letra foi inspirada no poema The Voice Of Guns de Gilbert Frankau e encerra melancolicamente em vocalizações angustiadas em V All Quiet sob um fundo de dedilhados entristecidos.

    Capaz de criar um Thrash Metal implacável, por vezes rápido e com vocais depositando uma quantidade imensa e trituradora de ódio a cada letra, o Warbringer é um excelente nome do estilo no padrão dos mais conhecidos como Kreator, Sodom, Slayer e Exodus em que recomendo a você caro leitor(a) ficar de olhos e principalmente de ouvidos atentos aos seus dilacerantes lançamentos, prova disso é este Woe To The Vanquished, que aqui no Brasil saiu pela Shinigami Records.
Nota: 9,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Outubro/2018

 

 

 

 

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