Wintersun - The Forest Seasons
5 Faixas - Shinigami Records - 2017

    Da sempre gélida Finlândia, precisamente na capital de Helsinki, o Wintersun teve sua formação em 2004 pelo vocalista Jari Mäenpää ( que esteve com Ensiferium entre 1996 e 2004 ), sendo que pouco antes em 2003 ele mencionou ao produtor da Nuclear Blast alemã Andy Siry que tinha músicas para um projeto solo e dizer que pretendia lançar um álbum solo.

    Pouco depois dessa conversa, ele enviou as demos ao produtor e com aprovação da gravadora no primeiro ano da banda ( 2004 ) já foi lançado o seu primeiro cd autointitulado, que foi muito bem recebido na Europa. O segundo disco saiu em 2012, oito anos depois da estreia sob o título de Time I e mesmo não causando tanto furor quanto o primeiro... levou muitos fãs aos shows, que foram realizados ao lado do Korpiklaani, Eluveitie e Fleshgod Apocalypse. Para o terceiro registro e assunto específico desta resenha, o cd The Forest Seasons, o Wintersun nos leva para um sombrio passeio pelas estações do ano, que começa com a primavera e termina no inverno através de vários estilos de Metal, que abordarei detalhadamente mais abaixo.

    Além do citado vocalista e guitarrista Jari Mäenpää ( Inverno ), o Wintersun é formado atualmente por Kai Hahto na bateria ( Verão ), Jukka Koskinen no baixo ( Outono ) e Teemu Mäntysaari ( Primavera ) e Asim Searah nas guitarras ( sendo que este último está estreando na banda neste disco ). E o mentor da banda, Jari Mäenpää, além de compor as músicas, as letras e os arranjos... também é responsável pela produção, gravação, mixagem e masterização de The Forest Seasons e atesto aqui que ele fez um excelente trabalho. Para a capa vemos uma linda paisagem desenhada pela artista Gyula Havancsâk em parceria com o faz tudo do Wintersun... isso mesmo... Jari Mäenpää e vale ressaltar também que os desenhos do encarte também estão muito caprichados e de acordo com a temática do álbum, que é inspirada em As Quatro Estações de Vivaldi, sendo que na Europa, o ano começa no inverno e a primeira estação completa é só a Primavera e para nós aqui no Hemisfério Sul, o Verão.

    E a abertura do cd acontece com a longa Awaken From The Dark Slumber ( Spring ), que após um princípio que desenvolve um ambiente mais calmo, a canção recebe um ritmo mais pesado e os vocais alternam pontos agressivos com outros rasgados destacando Jari Mäenpää nesta primeira faixa dividida em duas partes, sendo a primeira Part I The Dark Slumber dotada de um estilo tenso, atormentado e possuidora de trechos viajantes, onde a atuação das guitarras, baixo e bateria coexistem harmonicamente em um Death Metal Melódico nos padrões das bandas de Finlândia. Em uma breve pausa, mais sensações são trazidas através de um flerte mais Melódico, que continua na Part II The Awakening em que o lado raivoso se evidencia por uma ótima melodia instrumental em versos revoltos, que chegam ao final em um coro épico e lembra um Viking Metal neste despertar da floresta.

    Depois em The Forest That Weeps ( Summer ) temos breves dedilhados calmos, que dão lugar a um andamento robusto nas guitarras e nos vocais, que te cativa e te manterá ligado no decorrer da música, cujo destaque via para o The Forest Expendables Choir, que conta com 16 músicos, sendo eles: Heri Joensen, Markus Toivonen, Jukka-Pekka Miettinen, Mathias Nygård, Olli Vänskä, Perttu Vänskä, Jussi Wickström, Kasper Mårtenson, Jesper Anastasiadis, Aleksi Sihvonen, Daniel Freyberg, Micko Hell, Mikko Salovaara, Teemu Mäntysaari, Jukka Koskinen e Mitja Harvilahti... ufa!!! é gente hein... mas, para produzir o efeito que temos no cd só assim mesmo.

    Quando o ritmo inicial de The Forest That Weeps ( Summer ) retorna, o Wintersun nos leva para saborosas viagens com suas linhas acústicas e seus toques percussivos, mas claro, isso também ganha uma elevação em seu peso e as guitarras sobem caminhando por trechos épicos marcantes e novamente o coro chama a atenção, antes dos vocais coléricos de Jari Mäenpää finalizar a música nos dedilhados mais entristecidos no violão.

    A sombria Eternal Darkness ( Autumn ) é a terceira de The Forest Seasons e assim como a estação que a representa é possuidora de ares sombrios, pois, sabemos que antecede um rigoroso inverno e é dividida em quatro partes, sendo a primeira nomeada como Part I Haunting Darkness, onde percebemos linhas obscuras, ritmo devastador e uma fúria incontrolável, bastante assustadora até e que traz à tona vocais inflados tais quais um Black Metal Melódico/Progressivo e devidamente denso.

    Em seguida, na Part II The Call Of The Dark Scream, essa aniquilação continua com vocais ainda mais insanos e só diminui na tétrica Part III Beyond The Infinite Universe, porém, pouca coisa modifica-se em suas linhas instrumentais, exceção talvez dos solos de guitarras de Teemu Mäntysaari e Asim Searah e podemos notar alguns vocais arrastados em meio aos guturais. Por fim, a Part IV Death exibe curtos dedilhados antes de apresentar sua destruição total, que é ainda mais violenta que nas partes anteriores resultando assim em um caos vocálico e instrumental simplesmente descomunais. Eternal Darkness ( Autumn ) é a música que mais impressiona neste The Forest Seasons por ser a que contém as mais mortíferas variações e que são executadas com precisão pela banda. Ou seja, aqui é para abrir roda e bater a cabeça.

    A última do cd é a Loneliness ( Winter ), onde o Wintersun nos convida para um mergulho em linhas mais calmas, orquestradas e bonitas, porém, mesmo quando o peso surge, a sensação é como se a tempestade e a beligerância percebida na anterior tivessem passado, pois, suas linhas são melancólicas e seus vocais estão limpos e emotivos, sendo que Jari Mäenpää é um vocalista bastante versátil ( até momentos mais operísticos ele nos mostra ), mas claro que mesmo teoricamente mais calmos, os finlandeses reservaram alguns momentos mais ásperos ( que exalam agonia e desespero ) e outros mais viajantes na música ( que trazem até uma certa paz e serenidade ), ambos são exibidos por sucessivas e formosas melodias nos chamando para aceitar e aproveitar do severo inverno em um estilo mais Folk Metal.

    Como bônus temos uma versão acústica para Loneliness ( Winter ), que é mais menor e consideravelmente mais esbelta que a original te convidando a cantar junto com o Wintersun, pois, podemos apreciar Jari Mäenpää colocar muita emoção a cada verso e podemos também viajar em seus toques de violão.

    Enfim, a sensação que tive ao ouvir este álbum é que a criatura despertada na primeira música percorreu as quatro estações do ano enfrentando muitas turbulências a cada faixa e só encontrou a paz no rigoroso inverno daqueles lados do planeta, onde pode - finalmente - descansar em paz. The Forest Seasons mostra uma banda coesa, que soube transitar por vários estilos extremos e climáticos com muita melodia e harmonia a cada etapa de cada uma de suas canções, sempre com um pé em suas partes mais coléricas, porém, disposta a nos enviar um disco quase inclassificável do ponto de vista de estilo de seu Heavy Metal, já que o principal é o Death Metal. Olhos e principalmente ouvidos no Wintersun.
Nota: 9,0.

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Por Fernando R. R. Júnior
Maio/2018

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