Torture Squad, Predador e Chaosfear
Sábado, dia 27 de junho de 2009 no Blackmore Rock Bar em São Paulo/SP

    Aconteceu no último dia 27 de junho, no Blackmore Rock Bar, uma noite thrash que reuniu três bandas de peso para encerrar as comemorações de sexto aniversário da casa.

    A princípio estava programado as apresentações das bandas Predator ( de Caxias do Sul/RS ), Infector ( de São Vicente/SP ) e a grande atração Torture Squad ( São Paulo ). Soubemos, porém, que a banda Infector não viria e havia cancelado sua apresentação de última hora, em função de problemas pessoais. Para substituí-los foi convidada a banda Chaosfear ( São Paulo/SP ) que completou soberbamente essa, que podemos chamar sem medo de errar, uma noite perfeita para os apreciadores do estilo. Mas vamos contar como tudo aconteceu!   

Predator

    Já era meia noite e meia quando a banda Predator se dirigiu ao palco para começar essa noite especial. A banda que iniciou sua jornada em 1996, lançou em 2007 seu primeiro cd Homo Infimus e já participou de diversos festivais de metal extremo como o conhecido Setembro Negro. Formada por Roberto Ceccato na bateria, Jener Milani na guitarra e Luciano Hoffmann no baixo, o trio faz um death metal criativo, elaborado e com precisão técnica. Durante 40 minutos de apresentação a banda tocou com muita garra, sete músicas de sua autoria e conquistou a platéia presente. Pudemos conferir as músicas In The Name Of False Ideology, Hate In Your Heart, Homo Infimus que intitula o cd e El Dia Del Toro.  Concluíram seu set com:You Are What We Were, You Will Be What We Are, Samurai Spirit e um cover inesperado The Philosopher do Death. A galera foi bem receptiva ao som da banda e agitou muito durante todo o show. A música Samurai Spirit teve até direito a roda no salão.

Chaosfear

    Por volta da uma e meia chega a vez da banda paulistana Chaosfear. Formada por Fernando Boccomino no vocal e guitarra base, Eduardo Boccomino na guitarra solo, Danilo de Freitas na bateria e Anderson de França no baixo, a banda Chaosfear tem dois álbuns lançados: One Step Behind Anger ( de 2006, leia resenha ) e Image Of Disorder ( de 2009 ) esse último lançado pela norte-americana Old School Metal Records. Tendo seu primeiro álbum considerado pela revista canadense BW&BK como o terceiro melhor álbum independente de 2006, a banda Chaosfear fez um show arrasador: foram 40 minutos de Thrash/Death Metal de primeiríssima qualidade. Fizeram parte do set da banda para essa noite especial, as faixas do novo álbum Image Of Desorder, na seguinte ordem: Inner Revolution, Vergiften, Truthless B.C, a título do cd Image Of Disorder e depois seguiram com Paradox of Pain, Destinated to Your Own Hell e Don’t Mask Your Weakness; para então encerrarem com Bitter Dominance e Poison Head.

    O Chaosfear arrancou gritos da platéia, roda no salão e muito agito durante todo o show, provando que som próprio de qualidade também conquista a galera e transforma a noite em uma grande festa. Para os apreciadores de metal extremo um conselho: "Comprem o álbum Image Of Disorder rapidinho!".

Torture Squad

    Chega a vez da estrela da noite, Torture Squad. A banda que tem mais de 15 anos de estrada, é formada por Vitor Rodrigues ( vocal ), Amílcar Cristófaro ( bateria ), Castor ( baixo ) e Augusto Lopes ( guitarra ) e tem uma história memorável de sucessos e conquistas. Com cinco álbuns de estúdio e um ao vivo ( fora DVDs e EPs ), a banda que viaja todo ano para fazer uma turnê pela Europa e América do Sul já tocou ao lado de nomes como Anthrax, Dimmu Borgir, Kreator, Tristania e muitas outras bandas de respeito no cenário Thasher mundial.

    Já participaram também de festivais renomados como o Musikmesse ( na Alemanha ), Wacken Open Air ( também na Alemanha ) no qual, inclusive, sagraram-se campeões em 2007. Esse é o quilate dessa banda brasileiríssima que esteve se apresentando no último dia 27 de junho em São Paulo, após um longo período distante de seus fãs paulistanos.

    E tudo começou por volta das 10 horas da manhã quando  o Torture Squad ao local do show para montar o palco, passar o som e preparar-se para as filmagens do que virá a ser seu novo vídeo-clipe. Carregados até o pescoço, o pessoal do Torture chegou e já começou a descarregar a van com todo o equipamento que a banda usaria naquela noite. Cases, caixas, banners, enfim, uma parafernália de coisas que ocupou em pouco tempo, quase todo o salão da casa.

    Com um enorme sorriso no rosto os meninos do Torture e seus ajudantes, pareciam formiguinhas trazendo o equipamento da banda e determinando onde cada coisa ficaria. A primeira tarefa era montar a incrível bateria de Amílcar Cristófaro que estava na maior alegria por poder estrear uma novinha em folha. E que bateria...!!!. Enquanto eu fotografava a bateria nova de Amílcar, o Vitinho ( como o chamamos carinhosamente ), comentou que as baterias do Amílcar parecem bufês. Cheia de pratos!!! E foi nesse astral que a manhã continuou.

    Enquanto Amílcar cuidava com carinho de sua bateria, Castor ( baixista ), estava às voltas com o material de merchandising da banda, organizando um pequeno stand para expor as novas camisetas, seus cd's, adesivos e postais. Técnicos de som, equipe de filmagem e roadies, subiam e desciam as escadas da casa para assegurar-se de que tudo estaria perfeitamente arrumado para a grande noite. Durante algum tempo fiquei conversando com o Castor e dividindo nossas preferências musicais, quando descobrimos, entre tantas outras, uma banda em comum: KISS e falamos um tempão sobre Ace Frehley.

    Foi incrível descobrir também, que Vitor adora escrever e que já tentou registrar os acontecimentos que cercaram a banda durante uma de suas turnês pela Europa. Comentou que se tivesse mais tempo, certamente registraria cada detalhe da história da banda. E seria maravilhoso se isso realmente acontecesse. A banda saiu para almoçar e voltaria à tarde para algumas gravações. Tornamos a nos encontrar à noite, pouco antes dos shows começarem.

    O show do Torture Squad foi um acontecimento á parte. Acredito que as quase 300 pessoas presentes na casa devam compartilhar minha opinião sobre essa apresentação. Só uma palavra poderia descrever o trabalho da banda em palco: Perfeito. Nada menos do que isso!!.

    Já eram duas e cinqüenta da manhã quando todas as luzes se apagaram e a introdução fantasmagórica MMXII tomou conta do ambiente. A galera presente começou a gritar “Torture Squad”, “Torture Squad!!!” e por diversas vezes tive a sensação de estar num grande ginásio esperando a apresentação de uma super banda gringa. Indescritível a emoção que se apoderou de todos os presentes. Abrem-se as cortina e começa Living For The Kill” do álbum Hellbound ( leia resenha ) marcando a entrada avassaladora da banda. Essa primeira música já destaca cada um dos integrantes da banda, tendo passagens marcantes para o baixo, para a voz, para a bateria e o solo de guitarra que não é apenas rápido, mas melodioso. Na voz de Vitor, a intensidade da letra que acusa a humanidade de viver para matar nos dias de hoje.

    Segue-se The Beast Within do mesmo álbum e a destruição continua. O fantástico é notar que o Torture Squad não é apenas “pesado”, mas suas músicas são trabalhadas, meticulosamente criadas e a execução é fruto de um trabalho primoroso de ensaios e respeito para com a platéia. Aqui a primeira parada para podermos respirar e Vitor menciona que gostaria de memorizar o rosto de cada pessoa presente na casa para nunca mais esquecer aqueles momentos. A galera estava mesmo hipnotizada pela presença desses quatro cavaleiros do apocalipse.

    Towers On Fire é a próxima música, do álbum Pandemonium de 2006 e a banda entra rasgando novamente. Nota-se de cara o maravilhoso trabalho de baixo executado por Castor e claro, a bateria ensandecida de Amílcar, numa música cheia de breques e mudanças de ritmo, enriquecendo mais ainda esse trabalho. A voz de Vitor se enche de fúria falando da ignorância e dos tolos que estão no poder desse mundo. De arrepiar!

    In The Cyberwar, também do novo álbum Hellbound, com tema super atual, versa sobre o mundo virtual e seus percalços e dá seqüência à destruição criada no palco pela banda. A platéia sempre agitando muito, grita o tempo todo o nome da banda fazendo o característico sinal do metal. Chega a vez de The Unholy Spell e a entrada gutural de Vitor já anuncia o que está por vir: mais uma dose de puro thrash metal na veia de todos os presentes. Amílcar detona a bateria enquanto Castor e Augusto acompanham o refrão ‘Reality’s the unholy spell’ e o destino de todos é morrer de tanto agitar. Uma pequena parada na sucessão de petardos e Vitor pergunta quem da platéia já tem o álbum novo da banda. A maioria dos presentes grita que sim e levanta a mão e em seguida o palco fica totalmente escuro.

    Esse é o sinal para a entrada da faixa título do novo álbum Hellbound, uma música com introdução de guitarras com influência meio indiana, muito bonita e bem elaborada. A galera, já bem familiarizada com o novo álbum vai ao delírio mais uma vez. Vitor domina o palco com tamanha tranquilidade e segurança que facilmente faz com que todos na platéia sigam suas ordens e em uníssono, a galera repete “Hey, hey, hey” incansavelmente. Agora sabemos também porque Amílcar tem tantos pratos na bateria!!! - Ele e Castor criam a ‘cozinha’ perfeita para o solo viajante de Augusto preencher o ar. A música termina com o mesmo solo de influências indianas enquanto que Vitor permanece imóvel, cabeça baixa, braços cruzados na frente do corpo com as mãos fazendo o sinal do metal enquanto Augusto desfere os últimos acordes da música.

    Segue-se The Curse Of Sleepy Hollow do álbum Pandemonium e a cada intervalo ouve-se a galera repetir o nome da banda. É visível a emoção e alegria dos quatro com a calorosa recepção. Vitor apresenta a próxima música e refere-se a ela como ‘mais uma velharia’. Trata-se de Convulsion do álbum Asylum Of Shadows” de 1999. A seguir a banda emenda a Murder Of A God”, uma crítica às religiões instituídas e sua sede de fiéis, As luzes apagam-se mais uma vez e Vitor começa a agradecer a todos que fizeram aquela noite um acontecimento tão especial. Agradece a participação da banda Predator, e ao Chaosfear, pede uma salva de palmas para o bar que os acolheu para essa apresentação, agradece às famílias dos músicos, às mães, a galera da banda King Bird que se fez presente na noite para prestigiar os amigos e a cada um dos headbangers presentes e ainda comenta: "A fidelidade de vocês não tem preço que pague!".

    Um grito de "Horror e Tortura para todos vocês" anuncia a chegada da próxima música Horror and Torture também do álbum Pandemonium. Vitor então grita: "Vamos lá headbangers, só vocês!" e a platéia que canta a o refrão ‘horror e torture’ para Vitor emendar o resto da letra. Mais uma vez a casa vem abaixo! Ao término da mesma, Vitor apresenta a banda e cada um dos músicos faz um pequeno solinho que é mega ovacionado pela platéia presente.

    Chega a vez de Pandemonium, e para encerrar a festa com chave de ouro, Vitor pergunta se a galera está preparada para Chaos Corporation e a sensacional introdução, a debulhante bateria, o marcante baixo, a voz retumbante e a guitarra alucinada levam a galera a delirar e acompanhar a banda no refrão ‘Chaos Corporation’ mais uma vez. A banda despede-se da platéia e brincando, Castor e Augusto puxam um pedacinho da “Sympton Of The Universe do Black Sabbath.

    Como não poderia deixar de ser, todos eles recebem com muito carinho, os fãs que pedem fotos e autógrafos e permanecem na casa sempre atenciosos até o final da noite. Certamente podemos ter muito orgulho dessa banda que tem representado nosso país lá fora de maneira tão brilhante e mais, desejar que os bons ventos da fama continuem soprando em suas vidas. Parabéns meninos, vocês são o máximo!.


Texto e fotos: M. Lourdes M. Azevedo (Lu Wolff)
Julho/2009

Set List
- Living for the Kill
- The Beast Within
- Towers on Fire
- In the Cyberwar
- The Unholy Spell
- Hellbound
- The Curse of Sleepy Hollow
- Convulsion
- Murder of a God
- Horror and Torture
- Pandemonium
- Chaos Corporation

 

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