Blaze Bayley - Promise And Terror Tour
Quinta feira, dia 08 de abril de 2010
no Manifesto Rock Bar São Paulo/SP

    O que esperar de um cara que por alguns anos esteve a frente de uma das maiores bandas de heavy metal de todos os tempos substituindo alguém com carisma sem igual que era o Bruce Dickinson? Hum? O que esperar? Os fãs do Iron Maiden e do heavy metal em geral sabem das limitações de Blaze Bayley e até de suas capacidades, mas bem que poderia haver mais pessoas no local do show e não um punhado de pessoas praticamente na cara do palco para vê-lo no bar que recebeu dezenas de músicos internacionais tanto se apresentando quanto simplesmente curtindo a casa. Cerca de 150 pessoas ali estavam e Blaze não ia fazer feio para um pequeno público que pagou ingresso para vê-lo dar o melhor de si, afinal ele sabe o que é ser lesado, como você lerá adiante.

    Antes do show começar, dei uma passada rápida no andar de cima da casa de show e vi a porta aberta do camarim e Blaze olhava para alguém na porta e assim que ele se despediu da pessoa acenei para ele com o tradicional 'chifrinho' feito com os dedos - sinal imortalizado por outro vocalista, Ronnie James Dio - e ele respondeu com o mesmo sinal acenando com a cabeça e forçando os lábios. Percebi que ele iria entrar, pois olhava para a porta que dá acesso ao palco e logo desci não antes de ouvir um “Você não pode ficar aqui!”. Vi as costeletas famosas de Blaze já ficando grisalhas e achei que ele fosse mais alto, mas o que importa é a voz e avaliar a situação. O show começou por volta das 23:40 horas, sem banda de abertura e logo de cara ele manda duas músicas que fizeram quase todos se mexeram levando as mãos ao alto. Blaze arriscou frases clichês em português para agitar o público e gritou “Cantem comigo!” e logo depois “Mais alto!” e foi ganhando a atenção do público, que aguardava ansiosamente as músicas que ele gravou com o Iron Maiden.

    Blaze saudou o público antes da terceira música City Of Bones e começou a apontar pra platéia em determinada parte da música “...you fight, you stand and fight, fight for your life...” indicando que temos que superar nossos problemas e adversidades. A já conhecida Blackmailer vem a seguir com ele agitando cada vez mais. Blaze sabe cantar e sabe como transmitir o que sente, fechando os olhos, inclinando a cabeça para baixo, ou arregalando os olhos e erguendo o punho ao alto. Praticamente Blaze ficou no meio da platéia, pois ele chegava bem na beirada do palco subindo num dos P.A. e todos estavam atento nele. A sonoridade estava boa e a banda afiada e tinha momentos em suas novas músicas que parecia ser uma banda thrash de tanto peso, o que impressionou a muitos ali. Os gritos de “Blaze, Blaze...” logo seriam seguidos por gritos de alegria quando começaram os primeiros acordes de Lord Of The Flies, música do Iron Maiden da época em que ele fez parte da banda e logo a seguir veio Futureal também do Iron Maiden. Blaze surpreendeu e alegrou o público ali presente dizendo que ao final do show iria atender todos, seja autografando ou tirando fotos, nem que fosse para fazer isso na rua. E de fato fez!

Alguns momentos antes de executar de forma sensacional os sons de sua antiga e maior banda, Blaze falou em claro e bom tom que estavam de volta ao Brasil devido ao público: “Não há selos de companhias! Não há EMI. Não há Sony. Somos somente nós... vocês e eu” pois Blaze tem seu próprio selo agora já que as outras gravadoras sempre enrolaram ( roubaram ) ele e agora ele queria fazer tudo por conta própria.

    Blaze é um bom frontman e tem presença de palco, sem dúvidas e conversou muito com a platéia, até demais e dedicou a música The Brave, as pessoas ali presentes que ouviam o que gostavam e não o que quisessem que eles ouvissem como Shania Twain ou Britney Spears, e ele disse isso ironizando e fazendo caretas como se esse tipo de música fossem as melhores do mundo. A platéia vibrou muito é claro.

 

    Depois de The Brave a paulada seguiu e num dos momentos mais inesperados da noite foi ver o inglês dedicar quase dois minutos a falar de um caso ocorrido no Monsters of Rock de 1996 em São Paulo, quando ele estava no Iron Maiden e narrou o fato ocorrido com o ex-vocalista do Skid Row. Blaze disse que Sebastian Bach veio a ele depois do show e disse “Os fãs do Maiden são realmente fanáticos e durante todo o show do Skid Row ficaram nos xingando e vaiando. Foi um dos piores momentos de minha vida e eu quero voltar para casa”;  soando como: “Eu quero a minha mãe!!!” e Blaze começou a rir de forma bem britânica e a platéia mais sorriu pelo modo da narração que ele fez do que o fato em si.

    Logo veio a música The Clansman emendada com Man On The Edge, mas Blaze corta os músicos para dar mais um recado a platéia e depois a festa continuou com The Man Who Would Not Die música homônima do penúltimo disco dele seguida por Robot e Kill And Destroy. Depois de mais de 90 minutos cantando, gritando e conversando com a platéia durante o show, Blaze segurou todas as notas vocais sem vacilar. Visualmente cansado, mas ao mesmo tempo satisfeito por estar ali, embora a platéia fosse minúscula, Blaze fez voltou a deixar sua marca mais uma vez e comentou depois do show que poderia voltar em breve ao Brasil. Agora é só esperar pois o show promete. Parabéns a todos os envolvidos por um dos shows que deixou mais intenso o brilho dos olhos de várias pessoas ali presentes.

Por Hamilton Tadeu
Fotos: Gil Joker
Maio/2010

 Galeria de Fotos do Blaze Bayley

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