Gamma Ray - To The Metal World Tour
Abertura: Chimerah
Domingo, dia 09 de maio de 2010
no Santana Hall - São Paulo/SP

    Este era um show que prometia muito embora eu tenha conversado com alguns fãs de Helloween e estes não gostavam do Gamma Ray, que se originou de uma rixa artística entre Kai Hansen e Michael Weikath - guitarrista do maior expoente do Metal Melódico alemão e mundial, o Helloween. Claro que não era apenas Kai Hansen a cabeça do Helloween, mas o guitarrista Michael Weikath e todos os outros instrumentistas faziam a banda andar. Se Kai era bom no Helloween, o Gamma Ray deveria ser bom também não é? É!

    E de fato a banda é boa e já teve Ralf Scheepers nos vocais no debut da banda intitulado Searching For Tomorrow, que aliás eu tenho na versão japonesa, coisa que lamento até hoje, pois com a grana que economizaria comprando a versão norte-americana ou européia no dia que comprei na Galeria do Rock em Sampa, daria para comprar a versão nacional de Somewhere In Time do Iron Maiden, mas não vou seguir com esse papo, pois o Forrest Gump vai se ater ao show dos germânicos do Gamma Ray.

    As luzes se apagam e nos PAs não tem mais som ambiente de AC/DC ou qualquer outra coisa e sim ouve-se Welcome a intro do primeiro cd, bem ao estilo Helloween dos anos 80 e o primeiro a entrar no palco é o baterista Dan Zimmerman, bem animado para tocar. Logo a seguir os primeiros acordes da famigerada Gardens Of The Sinner tomam de assalto o local e então o vocalista e guitarrista Kai Hansen, o baixista Dirk Schlächter e o guitarrista Henjo Richter começam a alegrar a platéia que os recepciona com muita alegria e entre eles, este resenhador que nunca viu um show da banda ao vivo ou em DVD ou em VHS e apenas os conhece de cd´s e vídeo-clipes. Supus que o show não seria 100% pois tocariam músicas novas e até que desconheço, mas que tocariam pelo menos uma do Helloween eu sabia. Eu disse:  “Pelo menos uma música do Helloween”, mas como você lerá logo abaixo, foram mais músicas.

    Como perdi a banda de abertura ( Chimerah, de Guarulhos/SP ), então não posso comentar sobre a performance da mesma baseado em opiniões de algumas pessoas presentes no local, mas alguns comentaram sobre o cover que eles tiraram do Yngwie Malmsteen, Alone In Paradise. Mas, voltemos ao show do Hellow... ops... Gamma Ray. A banda toca a homônima ao álbum New World Order e Kai se dirige a platéia pela primeira vez na noite dizendo sorrindo e irradiante de felicidade o quão bom era regressar ao Brasil e tocar para uma das melhores platéias do mundo. O público responde com gritos, assovios e aplausos e como a platéia ganha, ele manda a primeira música do mais novo cd, To The Metal intitulada Empathy, que é a música que abre o álbum. Antes de começar a tocar a música, Kai pergunta se a platéia sabia o nome do novo álbum do Gamma Ray e todos respondem: “To The Metal!!!” e Kai parece não ouvir direito perguntando: “What?” e o povo grita mais alto: “toooo the meeetaaal!”. Logo a seguir a música Deadline também do último trabalho foi tocada e cantada pela platéia, que mostrou a Kai que o último trabalho está bem aceito pelos fãs daqui e provavelmente do mundo inteiro.

    A música Fight, do álbum, Majestic segue no set list da banda para então Kai Hansen falar com certa emoção a platéia sobre aquele dia especial, já que o show era no dia das mães. Ele fala gesticulando com os braços algo como: “Hoje é um dia especial e eu gostaria de mandar um forte abraço, um alô, para todas grandes mulheres, as que estiverem aqui presentes, ao redor do mundo ou as que estejam no céu”. A platéia ouviu atenta e só então quando ele terminou de falar algumas pessoas da platéia comentaram que ele tocaria Mother Angel e eis que a tal começa a ser tocada.

    Logo a seguir Kai canta de forma lenta, como se fosse uma balada, a música No Need To Cry sendo acompanhada pelo público com palmas! A música terminou sendo cantada pelo baixista, que trocou o baixo por um violão elétrico e sentado em um banquinho teve o foco da platéia voltado para si. No fundo do palco, do lado esquerdo que era saída para o camarim, via-se o guitarrista Henjo acendendo um cigarro as escondidas, mas pelo jeito, ou não explicaram sobre a lei anti-fumo para ele, ou os músicos a ignoraram, tanto é que Kai Hansen volta fumando para o palco, coisa que ainda se repetiria mais duas vezes no show. Até ouvi alguém da platéia comentar algo como: “O Kai fuma bastante, hein?!”, mas cada vocalista um sabe o que faz com sua voz.

    Um dos grandes momentos da noite vem logo depois, com a música Abyss Of The Void” do clássico Land Of The Free, com a platéia agitando tanto quanto quem estava tocando no palco. Parecia que cada um estava ali para ouvir a música e cantar junto com a banda ou para a banda. Kai Hansen olhava para a platéia surpreso e feliz sorrindo o tempo todo e deve ter imaginado: “esses brasileiros são sempre bons, gosto disso!”. Como não sou telepata e não consigo avaliar expressões corporais o tempo todo, fica o uso da imaginação pelo que conheço do músico e da previsibilidade das bandas e artistas.

    A música não acaba e entra o solo de bateria que empolgou alguns e deixou outros indiferentes, pois nessas horas, seja em show do Gamma Ray, Helloween, Manowar, Van Halen ou qualquer outra banda grande ou pequena, o solo poderia ser substituído por uma música, um clássico da banda de preferência, mas misturar solo de bateria, com trecho de música clássica para uma versão mais heavy metal é até previsível e chato, ainda mais se a pegada da bateria for aquele “tu-rum tum-tum” a lá metal melódico. Teve quem gostou, teve quem gritou de felicidade e teve aqueles que gritaram por gritar para não deixar o batera “mal na fita”, enfim. Reações previsíveis.

    Na música seguinte Armageddon Kai fez um solo de guitarra mais focado na parte da base, das notas graves e não agudas como o Eddie Van Halen ou Malmsteen fazem a torto a direito, e no começo se empolgou, mas as vezes, olhava para a platéia e via que o público não estava muito animado ( ou será que a luz em sua cara não permitia ver a reação da platéia? ).

    Deixando solos de lado e empolgação com isso logo a seguir vem To The Metal contada pela platéia e os clássicos Rebellion In Dreamland e Man On A Mission, ambas do já citado clássico Land Of The Free”, foram mais dois pontos altos da noite onde a platéia cantava e se empolgava tanto quanto Gardens Of The Sinner ou Abyss Of The Void, afinal, a melodia sugere algo épico e emocional e Kai sabe entoar cantos com muito feeling, emoção e paixão.

    E apesar dessa animação, toda a emoção não parava por aí, pois a banda saia do palco para voltar logo depois para o bis. Nesse momento de espera fui para um canto do Santana Hall me apoiar e vi que Kai falava com a platéia, mas não entendi muito o que ele dizia prestando mais atenção na movimentação da casa, com seguranças indo e vindo e pessoas indo e vindo do banheiro ou sentadas no chão apenas ouvindo o som, cansadas, mas sem sono. Ah, sim, estava quase esquecendo. Um pouco antes, Kai perguntou se a platéia estava com sono e se queriam ir para casa. Até pareceu uma ofensa esse tipo de pergunta, pois ele ouviu um sonoro “Não” , que o deixou meio sem jeito e o animou ainda mais, já que era essa a resposta que ele esperava da platéia, mas não com a força que veio.

    A platéia pedia Ride The Sky, clássico do Helloween e uma das melhores músicas já feitas por Kai e para mim uma das melhores feitas dentro do heavy metal. E não é que Ride The Sky veio com tudo e este aqui foi o mais perto possível do palco e das caixas de som tentando ouvir a música em estéreo e cantando junto? Pois é.

    Dentro das minhas limitações vocais e de uma gripe que pegou quase todos mundo em São Paulo, a música foi bem cantada. Eu não era o único a tossir no Santana Hall tanto na entrada do show, durante o show ou após o show, mas essa pequena enfermidade não desmotivou ninguém ali presente. Desconhecedor do que o Gamma Ray costuma fazer em seus shows, alguém da platéia me disse que nos shows sempre tocam uma ou duas músicas do Helloween, intercalando entre "Ride The Sky”, “I Want Out” e “Future World” e eu pensava que era apenas “I Want Out” que tocavam.

    Pois bem, logo depois de Ride The Sky, eis que surge I Want Out,  também cantada por muitos e especialmente apreciada pelos mais velhos, ou não tão velhos, com mais de 30 anos, vá. O gozado é que a banda canta I Want Out ( eu quero sair ) e logo depois saem do palco. Como o Mister Been aqui queria fazer uma gracinha, saí falando isso para várias pessoas ali presente, conhecidas ou não e ver se sorriam ou faziam algum comentário. Até que foram educados e sorriram. Mal deu tempo de continuar com o pequeno humor inocente e a banda volta ao palco para encerrar o show com Future World e Send Me A Sign. Em Future World Kai pede para a platéia cantar bem alto e olha que ele foi bem atendido.

    O show termina com Kai jogando sua guitarra três vezes ao alto enquanto os últimos acordes são dados e senta-se a frente da bateria esperando pelos demais. Todos ali sentam, olham para o público que aplaude efusivamente e os músicos então respondem aplaudindo e fazendo sinais de gratidão batendo a mão sobre o peito onde está o coração. Os músicos se levantam, vão até a beira do palco, se abraçam e abaixam a cabeça em direção ao solo erguendo-se novamente, num gesto tradicional costumeiro em shows de Rock.

    Mas, daí vem uma surpresa legal, pois todos os músicos jogam palhetas para a platéia e o baterias jogou duas baquetas, sendo que uma foi parar no andar de cima de quem ficou no camarote. Foram mais de 50 palhetas com certeza, praticamente uma liquidação, afinal era o último show deles da turnê antes de retornarem para a Alemanha e desfrutar de férias antes de uma nova turnê.

    O saldo foi de um show de ótimo para o excelente, com mais de duas horas de duração e antes das 21:30 o pessoal começou a sair e lá pelas 22:00h a casa de show estava sendo arrumada. Nenhum ocorrido desagradável foi narrado e a alegria tomou conta do lugar! Parabéns a todos ( público, banda e produção) pelo show. Mandem mais um show aí! Mandem!!!

Texto: Hamilton Tadeu
Fotos: Carol Pereira e Letícia Okabayashi ( www.pontozeroblog.zip.net )
Junho/2010

Setlist:
1. Welcome
2. Gardens Of The Sinner
3. New World Order
4. Empathy
5. Deadlands
6. Fight
7. Mother Angel
8. No Need To Cry
9. Abyss Of The Void
10. Solo de Bateria de Dan Zimmerman
11. Armageddon (com solo de guitarra de Kai Hansen)
12. To The Metal
13. Rebellion In Dreamland
14. Man On A Mission

Bis 1:
15. Ride The Sky
16. I Want Out

Bis 2:
17. Future World
18. Send Me A Sign

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