Magic Slim
Sábado, dia 27 de fevereiro de 2010 no Espaço Cultural da Urca em Poços de Caldas/MGO show de pré-lançamento do 3º Poços de Caldas Jazz & Blues Festival trouxe para a cidade de Poços de Caldas/MG, Magic Slim um dos maiores e mais importantes bluesmen da história. Fiquei extremamente feliz quando recebi essa notícia pois sabia que assistiria um show de blues de um dos legítimos criadores do estilo, mas uma coisa é certa, eu não imaginava antecipadamente quão perfeito e emocionante foi este show que estarei contando ao longo desta matéria. O gigante do Mississipi, como Magic Slim ficou mais conhecido, nasceu em Torrence, no estado do Mississippi nos EUA, em sete de agosto de 1937 e trabalhou em plantações de algodão em um regime quase escravo e repleto de preconceitos. Desde criança Magic Slim ( ou se preferir Morris Holt que é o seu nome de batismo ) já interessou pela música e quando conheceu Magic Sam em Granada Holt foi que ele começou a tocar violão. Daí para a guitarra foi praticamente um pulo, tanto que, ao longo de mais de cinco décadas dedicadas ao mais puro blues, Magic Slim influenciou muitas gerações guitarristas da história e registrou elas em 28 álbuns.
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Quando era 21:00 em ponto as portas que dão acesso ao local da apresentação foram abertas e o público, que compareceu em grande número, se acomodou confortavelmente nas dependências do Espaço Cultural da Urca. Poucos instantes depois Luciano Boca fez a introdução anunciando o show especial e histórico que estava para acontecer e agradeceu à todos que possibilitaram a vinda de um ícone como Magic Slim em uma cidade do sul de Minas Gerais, aliás, este show foi um dos mais importantes já acontecidos na cidade de Poços de Caldas. Assim, a Blues Special Band ( formada por Adrian Flores na bateria, Silvio Ferreira no baixo, Juan Codazzi na guitarra e com a adição de Luciano Boca nos vocais e gaita ) deu inicio à celebração de blues deste último sábado de fevereiro. A primeira música executada por eles foi o bluesão agitado Baby What You Want Me To Do - cantada na voz de Luciano Boca, que a executou muito bem seja nos vocais ou na gaita. Em seguida o Juan Codazzi cantou You're The One e o argentino Adrian Flores pegou o microfone e com sua voz rouca apresentou a banda para então cantar a empolgante Driving Wheel, um blues mais lento que nos fez sentir a essência musical do estilo, e não é que o hermano brinca com a galera e sabe mesmo como empolgá-la?
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Depois deste pequeno, mas excelente aquecimento fora chegada a hora da história acontecer diante de nossos olhos: Adrian fala sobre a importância do gênio Magic Slim, e então o convida para entrar no palco, e o Gigante do Mississipi ( aliás grande mesmo, pois Magic Slim é muito alto e corpulento ) adentra o palco com um pouco de dificuldade ( em tempo, ele é um senhor de quase 73 anos ) vestido com uma roupa preta e seu tradicional chapéu circular. Magic Slim está em turnê promocional de seu álbum Midnight Blues lançado em 2008 e tocou em alguns festivais pelo nordeste brasileiro antes de chegar à esta memorável apresentação.
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E como cada show de Magic Slim é uma grata surpresa, pois ele não tem um set list padrão como a maioria das bandas e cantores, tanto que ele mesmo afirma: “Eu vejo qual é o tipo de público, toco algumas músicas e vejo como as pessoas reagem, como elas dançam e vou por aí.” . Não tenho como comentar esta resenha com a riqueza de detalhes que você já acostumou ler aqui no Rock On Stage vou optar pelos momentos mais marcantes do show.
Magic Slim alternou blues eletrificados apresentando uma técnicas de vibrato e bends únicas que entravam alto em nossas almas e para nós, parecia que o músico estava conversando com sua guitarra de forma só alcançada por mestres como ele. Quando Magic Slim tocou Help Me um blues mais lento, nos multiplicamos nossa felicidade pelo absoluto feeling que a música nos provocou. As variações e improvisos feitos durante o show são uma obra de arte à parte, tanto que muitas vezes ele conversava com o guitarrista Juan Codazzi lhe pedindo para tocar em G ( Sol ) para dar o tom da música, realmente, puro improviso. Magic nos fez cantar com ele a fabulosa Goin To Mississipi para aumentar ainda mais a vibração do show, seja dele ou a nossa. Em seguida conversou com os fãs e perguntou-nos se estamos felizes ( felizes era pouco, Magic, na verdade sentíamos um estado de alegria plena mesmo ), então, brinca com a voz na sua formidável e única forma de cantar. Com Talk To Me Baby com seus riffs pesados e envolventes participamos ainda mais da apresentação cantando o refrão com Magic e notava-se que o músico estava feliz com a interação que era conseguida por ele.
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Então Adrian Flores fala que é chegada a hora da última e então os quatro tocam o clássico The Blues Is All Right, um clássico que sacudiu as dependências do Espaço Cultural da Urca, afinal uma canção que nem essa não tinha como não cantar e muitos se direcionaram para logo abaixo do palco para dançarem ao som deste inigualável e empolgante blues.
Luciano volta ao palco e realiza alguns agradecimentos e diz que nossa felicidade seria ainda maior, pois, Magic Slim iria voltar para um bis, e instantes após ser muito ovacionado pela platéia ele volta, senta na sua cadeira de madeira e começa a cantar Mama Talk To Your Daughter com Luciano Boca na gaita dando ainda mais força à esse blues sensacional. Antes de deixar o palco em definitivo, Magic Slim, visivelmente emocionado e feliz com os fãs, chegou mais à frente e apertou as mãos de muitos fãs, inclusive a minha e do André ( Rock On Stage ), asseguro leitor(a), tanto eu como os outros presentes, nos sentimos abençoados por um Deus - um Deus do Blues.
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Galeria de Fotos do Magic Slim
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