Rhapsody Of Fire
Domingo, dia 05 de dezembro de 2010 no Santana Hall em São Paulo/SP

    E lá vem a banda para o Brasil depois de quase nove anos de espera. E lá vem a chuva para São Paulo de novo para um outro show. E o público que ficou lá fora querendo entrar, tomou água na cabeça, afinal havia gente que não queria deixar de perder a parte da frente da fila para garantir um bom lugar no show. Eu soube disso lendo por aí e conversando com pessoas sobre o show, pois eu mesmo cheguei faltando menos de 5 minutos para começar o show. Só foi o tempo de pegar a credencial, cumprimentar alguns ajudantes da produção e correr para o banheiro, onde ao entrar ouvia a intro de Dar-Kunor, que seria seguida pela poderosa Triumph Or Agony, ambas por sinal do disco Triumph Or Agony.

    Mas ao ouvir a intro e esperar que desocupassem um lugar no banheiro para que eu pudesse usar, notei uma cena bem típica de se esperar em qualquer tipo de show para qualquer tipo de público, afinal reclamam que pagodeiros e funkeiros não tem muita educação e que não sei o que mais, mas boa parte do público que curte Metal, inclusive alguns músicos, não são lá muito educados e dignos de exemplo. A cena em particular era de um fã que não queria esperar desocuparem os vasos sanitários para urinar e começou a urinar no lixo do banheiro dizendo: “Ai, tá começando o show”. Parece que morreria se perdesse um minuto do começo do show para urinar. Pior é que outro ali reclamava de si mesmo que não parava de urinar e culpava a cerveja, mas enfim, cada um deveria conhecer seu corpo não é!? Um funcionário da casa que entrou no banheiro e chamou a atenção do outro que urinava no lixo, mas deixa esse papo de mau comportamento para lá, pois se a chuva atrapalha fora e dentro do show - afinal havia uma goteira que não foi eliminada - era hora de tentar curtir um Metal Melódico incendiário.

    Sim, de fato havia uma goteira que ninguém se habilitou a dar um fim nela e apenas limpavam o chão aonde caia a água, coisa que a banda notou durante o show, mas deixou isso pra lá. O show começou logo depois das 19:00 horas, hora marcada para começar de fato e o atraso nem foi dos maiores, mas sim o atraso para abrir a casa, afinal deixem os roqueiros tomando chuva, daqui a pouco eles vão suar mesmo. E de fato suaram pois a casa estava quente de tanta agitação e cheia ainda por cima. Cerca de mil pessoas ou um pouco mais ficaram ali circulando pelo local, aonde é que podiam andar e chegar e a banda sentia a energia de todos e euforia, pois foi um show agitadíssimo com gente cantando, urrando, vibrando e até levando ao alto, espadas de plástico. Se criticam eles pelos temas “medievais” sem assuntos mais relacionados que Heavy Metal, os que estavam ali discordavam.

    Depois da primeira música a banda vem com a rápida Knightrider Of Doom e a interessante The Village Of Dwarves e o calor da plateia era sentido pelos músicos que respondiam a altura. Alguns dizem que a banda coloca playbacks durante os shows, mas não notei isso e pelo jeito o povo não notou também. Se fosse playback até que dublam bem, suam muito e estão afinadíssimos com o timing do playback. É para rir mesmo! Bom, se tivesse playback penso que o volume dele deveria estar audível, afinal as guitarras estavam baixas em certos momentos e no final do show.

    O frontman Fabio Lione agita muito, corresponde com o esperado pelo público e é simpático e cativante e ao lado dele em seu posto, o criador da banda Luca Turilli rege a banda como um maestro. Em seguida a banda apresenta Unholy Warcry com sua letra fantasiosa e em seguida a balada Guardiani Del Destino ( ambas do álbum Symphony Of Enchanted Lands II ). Sempre é assim, depois de uma balada pode esperar urros, aplausos, sorriso da banda e do público para daí surgir um petardo mais pesado que no caso foi On The Way To Ainor música do último álbum lançado intitulado The Frozen Tears Of Angels. Foi a primeira música desse álbum a ser tocada. Daí vem a famigerada Starship Troopers com solo de bateria que logo é emendada com Dawn Of Victory e lá estavam todos cantando “gloria, gloria perpetua” com os punhos cerrados no ar, machadinhos e espadas levantadas também.

    O show ainda estava no meio e daí surge uma surpresa, pelo menos para mim, que é ouvir uma música em italiano. Aliás, Fabio Lione se comunica um pouco em espanhol com a plateia, bem mais fácil do que o inglês e o italiano e então Lamento Eroico dá um descanso na agitação dos fãs, mas mantendo apenas a emoção. O fã pode vibrar e ficar cantarolando algo lento sentindo a mesma intensidade nas duas canções, afinal não é a agitação física que determina o poderio da música, não é? Pois é, alguns estavam realmente emocionados, atentos e gravando a música em seus celulares. Tanto músicas rápidas quanto lentas, causam a mesma emoção. Tanto é que depois da “cancione” aparece o que? A clássica Holy Thunderforce que fez novamente a plateia agitar e pular incendiando a casa mostrando que de fato é uma das músicas mais preferidas do público.

    Mais uma música do novo álbum e vem a seguir a introdução Dark Frozen World, seguida pela música Sea Of Fate. Depois era a vez do baixista brilhar e Patrice Guers faz seu solo de baixo após tocarem Dark Prophecy deixando o público super-feliz, que tornou-se mais feliz ou animado - escolha o adjetivo que quiser – ao ouvirem a próxima música que foi The March Of Swordmaster que assim como a Marcha das Valkírias de Richard Wagner parecia que iria funcionar caso ali no Santana Hall os fãs fossem soldados prestes e ir para uma batalha! O público gritava demais no coro “March march, Great Swordmaster” praticamente encobrindo a voz do vocalista. Imagina se a banda não ficou felicíssima com isso?

    A banda, feliz da vida e sabendo que seu compromisso estava chegando ao fim, abandonaram o palco sob muitos aplausos da plateia para o famigerado bis, que aconteceria minutos depois. A espera não foi longa e antes mesmo que voltassem devem ter ouvido dos camarins o público gritando "Emerald Sword...!!!", mas logo que voltam executam a longa The Frozen Tears Of Angels, prendendo a atenção dos fãs ali presentes, afinal eles queriam mais e mais da banda.

    E para coroar com chave de ouro na intensidade máxima de quem é fã da banda, logo vem a tão esperada Emerald Sword sendo ovacionados por todos, ou quase todos, pois sempre tem gente que assiste o show prestando mais atenção do que agitando. Cada um na sua! E esse “Cada um na sua” me lembra um slogan de uma marca de cigarro, mas ficar ainda fumando perto dos outros no show, já não dá né? O povo nem liga para essa lei anti-fumo e o outro que urinava no lixo dentro do banheiro fazia eu refletir sobre a cabeça dos habitantes terceiro-mundistas, mas isso não é desculpa, afinal se ocorrem crimes e infrações no Mundo Todo, então o problema não é geográfico, sociológico ou governamental e sim de cada um que faz o que quer.

    A banda sai do palco contente, mas meio na deles, um pouco fria eu até diria e não houve palhetas arremessadas para a plateia, ou isso aconteceu e não lembro? Sei que vi duas baquetas voando e mais nada. A banda se retirou e não atendeu ninguém, até fotógrafos que conseguiram ir até perto do camarim, mas não tiraram fotos, nem com o produtor do show que contratou um fotógrafo para o mesmo, pois estavam cansados e com cara de mais cansados ainda, impossíveis para uma recordação fotográfica naquele momento. A chuva tinha diminuído e a casa de show esvaziou rapidamente deixando muitos fãs cheios de emoção em mais uma noite de domingo certos de que uma de suas bandas favoritas lhes deu alegria e quiçá forças para encarar a nova semana. E pelo jeito o Rhapsody Of Fire não vai demorar a voltar aqui não. Nem tanto pelo lance de pirataria pois eles tem que ganhar grana com os shows, mas sim pela recepção calorosa que tiveram.

Por Hamiton Tadeu
Fotos: Flávio Hopp
Janeiro/2011

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