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Paul Di Anno
Uma pausa com cerca de 40 minutos e eis que começa a acontecer algo perto dos camarins e o salão principal já estava cheio de gente - bem mais de 180 pessoas - para ver o Mr. Di Anno, que vem acompanhado por um roadie e mal conseguindo andar devido há um problema no joelho. Mas, Paul Di Anno não tem apenas esse problema, pois recentemente saiu da cadeia pois estava cumprindo pena por fraude do sistema de benefícios do governo Britânico, dando um calote para receber uma grana de algo como auxílio-desemprego, quando na verdade estava fazendo turnês por aí, que foram filmadas e postadas no Youtube. Com essa prova, não teve como Paul apelar e foi para atrás das grades. Solto novamente, resolveu voltar ao Brasil, e atravessando aquele monte de fãs ele sobe ao palco ainda com uma ajuda e os gaúchos do Scelerata, sem o vocal, é claro, começam a tocar o clássico instrumental do Maiden Ides Of March, que foi seguido por um coro a lá “ô-ôô-ôôôô, ôô-ôôô” ou coisa assim, seguindo a melodia da banda e logo em seguida vem a música Mad Man In The Attic da carreira solo de Di Anno, o que me desestimulou um pouco pois esperava Wratchild também do Maiden, que só seria tocada no final do show.
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Para a surpresa e alegria de todos ali presentes, os primeiros acordes de Prowler são tocados, mas a alegria dos fãs durou poucos minutos, pois uma falha elétrica corta o som do microfone de Di Anno numa parte e volta logo a seguir no final da música. Paul continuou cantando achando que era problema no retorno, mas dezenas de fãs voltaram seus olhos para o técnico de som, que não tinha culpa de nada. Não sei dos outros, mas eu observei que, quando o microfone falhou, uma lâmpada bem no meio do salão, entre a mesa de som e o palco apagou-se. Quando o som do microfone volta, Paul fala com o técnico de som que tinha barba e cabelos compridos dizendo “Ei Jesus, faça seu trabalho ou então eu te crucifico” e todos ali curtiram a piada, até o técnico.
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Paul toca mais uma de sua carreira solo, ou melhor dizendo, da banda Killers, Marshall Lockjaw e logo começa a interagir com a plateia frisando sua paixão pelo Corinthians, que ele ao invés de chamar de Timão, chama de Timau. Paul faz umas caretas, gesticula e segue quase firme com Murders In The Rue Morgue do segundo disco do Maiden, Killers. Eu disse que segue quase firme, pois a energia elétrica cai de novo para o microfone e de novo aquela lâmpada se apaga e alguns fãs se revoltam e Paul fica nitidamente irritado olhando para o técnico de som, que gesticula não ter culpa em nada. Foi um balde de água fria mesmo e mais pessoas da equipe e provavelmente do bar, tentavam fazer alguma coisa indo e vindo do palco e mexendo aqui e ali.
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Muitos por ali já xingavam a situação comentando que Paul era um cara que vive pelo underground, não é nenhuma estrela do Rock e vem dar um show onde acontece algo assim com ele. Outro comentou que nos outros shows não houve falha nenhuma e qual seria o motivo de justamente na atração principal da noite isso acontecer. Muitos estavam indignados e uma boa pausa se deu entre o final dessa música e a próxima, que foi a instrumental Transylvania seguida pela outra instrumental Genghis Khan, ambas do Iron Maiden. Achei que as coisas estavam resolvidas quando as músicas foram tocadas, mas foi prudente da banda improvisar alterando o setlist enquanto tentavam arrumar o problema. Nessa hora muitos ali queriam crucificar de fato o técnico de som, que visivelmente não tinha culpa da fiação do bar. Um momento tenso foi quando Paul gesticulou que iria encerrar o show e não queria tocar mais. Tudo acabou resolvido.
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Paul ainda brincou falando de sua ex-mulher brasileira e outras coisas mais e seguiu adiante com dois clássicos do Maiden, Purgatory e Strange World seguida por Children Of Madness e The Beast Arises, as duas de sua carreira solo. Quando Purgatory foi tocada é claro que o lugar começou a ferver e muitos começaram a bater cabeça! Uau: “please take me way, take me way, so far away”. É hora de um momento particular de Paul e ele toca Remember Tomorrow, também do Iron Maiden, que Paul escreveu em memória de seu avô. A música seguiu fiel e idêntica ao registro do álbum de 1980, e logo depois, veio outro clássico que eventualmente o Maiden toca em seus shows conforme achem apropriado: Wrathchild. Com a introdução marcante no baixo a galera começa a pular e segue junto com Paul a música. Paul tinha um jeito interessante de cantar há 30 anos, mas notava-se que antes ele forçava um pouco a voz e agora ele urra demais, afinal não está magrinho como na época que era frotman do Maiden e beber muito e fumar também não ajuda. Mas Paul preparou um momento mágico para os fãs ali presentes e anunciou que a música a seguir foi tocada cerca de cinco vezes em toda a fase que ele esteve no Maiden e assim veio a surpresa com Drifter deixando muitos sorridentes e eufóricos.
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Como se não bastasse a tão esperada Killers chega matando e nessa hora ninguém mais lembrava das falhas elétricas que prejudicaram o início do show. Confesso que eu ainda ficava receoso de que o microfone falhasse no auge da música fazendo todo o tesão sumir, mas não. Tudo foi perfeito até o final do show, entretanto, faltaram outras músicas como Running Free, que dá o nome da turnê de Di Anno e isso foi devido aos problemas elétricos e o cansaço de Paul, que não aguentava ficar em pé. O show se encerrou com a esperadíssima Phantom Of The Opera, que é mais do que um clássico da banda e sim um dos maiores sons do Heavy Metal. Termina o show e Paul sai carregado pelos roadies rumo ao seu camarim e sendo assediado por fãs que tiravam ou tentavam tirar fotos com ele ou falar-lhe algo.
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Phantom Of The Beast
Depois que Paul deixou o palco e foi para o camarim, com uma boa parte dos fãs seguindo-o para falar com ele, o pessoal da banda Phantom Of The Beast foi preparar o palco para sua apresentação pós show, e lá foi o sexteto, com quatro integrantes com menos de 20 anos de idade, mas que se esforçavam para tirar um som bom de uma das maiores banda de Heavy da história e não fazer feio. A saber, a banda é o Iron Maiden e pelo nome suponho que qualquer fã da Donzela já ia sacar. Eles focaram o setlist em clássicos da fase Bruce Dickinson e o som estava bom, acreditem.
A banda fez uma performance razoável e destaco o baterista e o baixista da banda. O vocalista precisa soltar-se um pouco mais e gesticular mais para melhorar sua performance de palco. Sons como “Run To The Hills”, “Two Minutes To Midnight”, “Fear Of The Dark” e “Flight Of Icarus” fizeram alguns dos fãs ali presentes apreciarem um pouco a banda enquanto aguardavam para irem embora. Tirando os contratempos que tive - entre eles testemunhar uma batida de carro próximo a minha residência - e me fizeram perder o show do Pastore e o problema técnico no show do Di Anno, o saldo foi positivo. Fiquei sabendo de mais shows dessa turnê pelo Brasil que foram bem melhores e apropriados, mas fazer o que, né? Fica para uma próxima ver um Paul Di Anno do jeito que ele e os fãs merecem.
Por Hamilton Tadeu
Fotos: Erika Beganskas
Dezembro/2011