Paul Di´Anno 
“Running Free Again Brazilian Tour 2011”
Abertura: Scelerata, Pastore
e Phantom of the Beast 
Terça, 11 de outubro de 2011
no Central Rock Bar em Santo André/SP

    Paul Di Anno e a turma do Scelerata, banda que o acompanha, tinham tocado na cidade de São Paulo/SP, ao lado de Santo André/SP, dois dias antes e pelo que soube desse show, havia cerca de 50 pessoas no local e pensei que em Santo André poderia fazer melhor afinal, o Pastore que é do ABC iria estar por lá e há uma certa fidelidade e lealdade entre os músicos do ABC que já tem nome na cena e estão ou estavam, sempre tocando por aí as bandas Ação Direta, Forkka, Acid Storm, MX, Transfixion, Montanha, entre outras.

 

    Pois bem, a noite um pouco fria com uma chuvinha fina, ou melhor, garoa fina e chata até o caminho do evento fazia o passeio ficar mais interessante ou esperar que fosse mais caloroso do que o tempo “lá fora”. De fato a coisa começou a fica boa desde o começo com o Pastore no palco apresentando um setlist baseado em seu primeiro lançamento solo intitulado The Price For The Human Sins que além de Mario Pastore na banda, ainda traz na guitarra Raphael Gazal, Alexis Gallucci no baixo e Marcelo de Paiva na bateria, que estava substituindo o Fabio Buitvidas que é baterista da banda Shadowside.

    Eu cheguei tarde no show, embora tinha me programado para chegar por volta das 22:15 e pegar o começo do show do Pastore, pois um dos produtores do show me disse que o show começaria por volta das 22:00hs e como sempre atrasa, eu acabei me atrasando também. Pelo que vi de alguns dos presentes ali, o show da banda Pastore foi muito bom e Marião, como é chamado por muitos amigos, conversava com fãs num outro ambiente da casa de shows, onde se via a admiração dos mesmos que qualificaram a performance de sua banda como muito boa para uma noite como aquela.

Scelerata

    Um tempo de um pouco mais de meia hora ia separar Pastore da próxima banda, o Scelerata, que é banda que vem acompanhando Di Anno desde 2009 nos shows pelo Brasil. Eu já conhecia o som da banda e achava o trabalho deles bem produzido, mas não sabia que estavam com um novo vocalista chamado Fabio Juan, que entrou na banda no final de 2010.

    Eles iniciaram o show com a música Rising Sun, que é uma homenagem ao Japão e ainda inédita na discografia da banda, mas que será lançada no próximo álbum deles, provavelmente até o final desse ano. O Scelerata não animou muito os fãs fazendo alguns ficarem afastados do palco ou nos outros ambientes da casa e eles não agitaram tanto como poderiam agitar, mas também o palco do Central Rock Bar é bem minúsculo e o lugar é bem underground com fios a mostra passando pelo teto e paredes e o teto baixo.

    Mas, pelo menos quem estava no “piso superior” onde ficam as mesas de sinuca e a mesa de som, poderia ou tentaria ver o palco e assim assistir um show sem esticar muito o pescoço, pois o nível do chão era mais ou menos na altura do palco. O que mais marcou no breve show do Scelerata foi o cover de Hell Patrol, música do Judas Priest que foi bem executada.

Paul Di Anno

    Uma pausa com cerca de 40 minutos e eis que começa a acontecer algo perto dos camarins e o salão principal já estava cheio de gente - bem mais de 180 pessoas - para ver o Mr. Di Anno, que vem acompanhado por um roadie e mal conseguindo andar devido há um problema no joelho. Mas, Paul Di Anno não tem apenas esse problema, pois recentemente saiu da cadeia pois estava cumprindo pena por fraude do sistema de benefícios do governo Britânico, dando um calote para receber uma grana de algo como auxílio-desemprego, quando na verdade estava fazendo turnês por aí, que foram filmadas e postadas no Youtube. Com essa prova, não teve como Paul apelar e foi para atrás das grades. Solto novamente, resolveu voltar ao Brasil, e atravessando aquele monte de fãs ele sobe ao palco ainda com uma ajuda e os gaúchos do Scelerata, sem o vocal, é claro, começam a tocar o clássico instrumental do Maiden Ides Of March, que foi seguido por um coro a lá “ô-ôô-ôôôô, ôô-ôôô” ou coisa assim, seguindo a melodia da banda e logo em seguida vem a música Mad Man In The Attic da carreira solo de Di Anno, o que me desestimulou um pouco pois esperava Wratchild também do Maiden, que só seria tocada no final do show.

    Para a surpresa e alegria de todos ali presentes, os primeiros acordes de Prowler são tocados, mas a alegria dos fãs durou poucos minutos, pois uma falha elétrica corta o som do microfone de Di Anno numa parte e volta logo a seguir no final da música. Paul continuou cantando achando que era problema no retorno, mas dezenas de fãs voltaram seus olhos para o técnico de som, que não tinha culpa de nada. Não sei dos outros, mas eu observei que, quando o microfone falhou, uma lâmpada bem no meio do salão, entre a mesa de som e o palco apagou-se. Quando o som do microfone volta, Paul fala com o técnico de som que tinha barba e cabelos compridos dizendo “Ei Jesus, faça seu trabalho ou então eu te crucifico” e todos ali curtiram a piada, até o técnico.

    Paul toca mais uma de sua carreira solo, ou melhor dizendo, da banda KillersMarshall Lockjaw e logo começa a interagir com a plateia frisando sua paixão pelo Corinthians, que ele ao invés de chamar de Timão, chama de Timau. Paul faz umas caretas, gesticula e segue quase firme com Murders In The Rue Morgue do segundo disco do MaidenKillers. Eu disse que segue quase firme, pois a energia elétrica cai de novo para o microfone e de novo aquela lâmpada se apaga e alguns fãs se revoltam e Paul fica nitidamente irritado olhando para o técnico de som, que gesticula não ter culpa em nada. Foi um balde de água fria mesmo e mais pessoas da equipe e provavelmente do bar, tentavam fazer alguma coisa indo e vindo do palco e mexendo aqui e ali.

    Muitos por ali já xingavam a situação comentando que Paul era um cara que vive pelo underground, não é nenhuma estrela do Rock e vem dar um show onde acontece algo assim com ele. Outro comentou que nos outros shows não houve falha nenhuma e qual seria o motivo de justamente na atração principal da noite isso acontecer. Muitos estavam indignados e uma boa pausa se deu entre o final dessa música e a próxima, que foi a instrumental Transylvania seguida pela outra instrumental Genghis Khan, ambas do Iron Maiden. Achei que as coisas estavam resolvidas quando as músicas foram tocadas, mas foi prudente da banda improvisar alterando o setlist enquanto tentavam arrumar o problema. Nessa hora muitos ali queriam crucificar de fato o técnico de som, que visivelmente não tinha culpa da fiação do bar. Um momento tenso foi quando Paul gesticulou que iria encerrar o show e não queria tocar mais. Tudo acabou resolvido.

    Paul ainda brincou falando de sua ex-mulher brasileira e outras coisas mais e seguiu adiante com dois clássicos do Maiden, PurgatoryStrange World seguida por Children Of MadnessThe Beast Arises, as duas de sua carreira solo. Quando Purgatory foi tocada é claro que o lugar começou a ferver e muitos começaram a bater cabeça! Uau: “please take me way, take me way, so far away”. É hora de um momento particular de Paul e ele toca Remember Tomorrow, também do Iron Maiden, que Paul escreveu em memória de seu avô. A música seguiu fiel e idêntica ao registro do álbum de 1980, e logo depois, veio outro clássico que eventualmente o Maiden toca em seus shows conforme achem apropriado: Wrathchild. Com a introdução marcante no baixo a galera começa a pular e segue junto com Paul a música. Paul tinha um jeito interessante de cantar há 30 anos, mas notava-se que antes ele forçava um pouco a voz e agora ele urra demais, afinal não está magrinho como na época que era frotman do Maiden e beber muito e fumar também não ajuda. Mas Paul preparou um momento mágico para os fãs ali presentes e anunciou que a música a seguir foi tocada cerca de cinco vezes em toda a fase que ele esteve no Maiden e assim veio a surpresa com Drifter deixando muitos sorridentes e eufóricos.

    Como se não bastasse a tão esperada Killers chega matando e nessa hora ninguém mais lembrava das falhas elétricas que prejudicaram o início do show. Confesso que eu ainda ficava receoso de que o microfone falhasse no auge da música fazendo todo o tesão sumir, mas não. Tudo foi perfeito até o final do show, entretanto, faltaram outras músicas como Running Free, que dá o nome da turnê de Di Anno e isso foi devido aos problemas elétricos e o cansaço de Paul, que não aguentava ficar em pé. O show se encerrou com a esperadíssima Phantom Of The Opera, que é mais do que um clássico da banda e sim um dos maiores sons do Heavy Metal. Termina o show e Paul sai carregado pelos roadies rumo ao seu camarim e sendo assediado por fãs que tiravam ou tentavam tirar fotos com ele ou falar-lhe algo.

Phantom Of The Beast

    Depois que Paul deixou o palco e foi para o camarim, com uma boa parte dos fãs seguindo-o para falar com ele, o pessoal da banda Phantom Of The Beast foi preparar o palco para sua apresentação pós show, e lá foi o sexteto, com quatro integrantes com menos de 20 anos de idade, mas que se esforçavam para tirar um som bom de uma das maiores banda de Heavy da história e não fazer feio. A saber, a banda é o Iron Maiden e pelo nome suponho que qualquer fã da Donzela já ia sacar. Eles focaram o setlist em clássicos da fase Bruce Dickinson e o som estava bom, acreditem.

    A banda fez uma performance razoável e destaco o baterista e o baixista da banda. O vocalista precisa soltar-se um pouco mais e gesticular mais para melhorar sua performance de palco. Sons como “Run To The Hills”, “Two Minutes To Midnight”, “Fear Of The Dark” e “Flight Of Icarus”  fizeram alguns dos fãs ali presentes apreciarem um pouco a banda enquanto aguardavam para irem embora. Tirando os contratempos que tive - entre eles testemunhar uma batida de carro próximo a minha residência - e me fizeram perder o show do Pastore e o problema técnico no show do Di Anno, o saldo foi positivo. Fiquei sabendo de mais shows dessa turnê pelo Brasil que foram bem melhores e apropriados, mas fazer o que, né? Fica para uma próxima ver um Paul Di Anno do jeito que ele e os fãs merecem.

Por Hamilton Tadeu
Fotos: Erika Beganskas
Dezembro/2011

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