Ross The Boss
Sábado, dia 10 de dezembro de 2011
no Manifesto Bar em São Paulo/SP

    Um ex-integrante do Manowar que vem ao Brasil e que segundo a divulgação do show tocaria os maiores clássicos do Manowar seria algo bem interessante e esperado por muitos. Seria um bom show não é? Não seria? Creio que sim, pois foi divulgado meses antes e o preço do ingresso estava bom para um show num local pequeno. Cheguei atrasado e o show atrasou para começar e eu provavelmente entrei na terceira música. Ao virar a esquina mais próxima do bar, que por sinal é quase na esquina imaginava ver gente entrando e chegando atrasada ou pessoas fumando do lado de fora do bar, mas não, era um sossego só, deserto de gente, apenas um dos seguranças da casa e alguém na portaria com a lista de convidados.

    Perguntei se o show tinha começado faz tempo e me disseram que não e entrei no bar. Ao passar a cortina, que dá em frente a mesa de sinuca, não vi ninguém por ali e nem próximo ao caixa, onde se paga a comanda. Alias, da entrada do salão não se via pessoas perto do bar e nem na parte oposta. Todos estavam mais pertos do palco fora da minha área de visão e fui me aproximando e vendo poucas pessoas por aí entre o bar e o palco. Resolvi espiar por uma fresta que dá acesso a outra metade do bar e vi poucas pessoas. Ao todo menos de 100 pessoas estavam ali num show que poderia ter dado pelo menos 250. Eu imaginava que os fãs do Manowar, que gostam dos clássicos dos anos 80 e 90 estariam ali para pegar autógrafos, mas não. Que surpresa desagradável, mas pelo menos era um show que não prometia empurra-empurra e nenhum estresse.

    Eu cheguei na terceira música, Thor e peguei o finalzinho dela, que fez o baixista trocar de baixo para a próxima música, troca que iria se repetir mais algumas vezes no show. A saber as duas primeiras músicas tocadas pela banda foram Kingdom Arises e Blood Of Knives, ambas de seu trabalho solo. A quarta música foi God Of Dying seguida por Gloves Of Metal, que o Manowar não toca há tempos. Foi a segunda música que animou a plateia, que estava ávida por Manowar.

    Confesso que não tinha visto as fotos e nem vídeos dos integrantes da banda, mas tinha ouvido falar que o vocalista cantava tão bem quanto Eric Adams, o vocal do Manowar, mas ele não me impressionou muito ainda mais com um visual simples no palco, nada de couro apertado e cheio de enfeites como o pessoal do Manowar costuma usar. Mas o importante era cantar sem saturar e por incrível que parece, foi um dos primeiros shows que vi o som mais baixo do que os habituais shows de Heavy Metal e ouvindo os instrumentos perfeitamente, nada estava embolado. As vezes parecia que a guitarra de Ross não produzia muita força sonora e ele não chegava nos timbres que queria alcançar, mas nada de gritante. Era uma vez ou outra!

    Ross muda de guitarra e o baixista mexe um pouco no baixo para as seguintes músicas que são da carreira solo de Ross, We Will Kill e Dead Man’s Curve, deixando a plateia atenta embora um pouco estática, afinal, todos estavam esperando os clássicos da ex-banda de Ross The Boss. Eis que surgem dois clássicos dos anos 80: Death Tone e Shell Shock, esta última causando uma euforia em muitos ali na plateia, mesmo sendo de diferentes gerações.

    O ritmo da coisa não poderia parar e logo vem mais sons do Manowar e na ordem tocam The Shining Path, a clássica Hail To England e a poderosa e aguda nos vocais Kill With Power. O vocalista resolve comentar sobre o show de Campinas/SP e fala que vão tocar uma música que não está no set list especialmente para o público de São Paulo e mal ele acaba de falar isso vem a introdução na bateria relevando o clássico Fighting The World, que foi a primeira música e vídeo-clipe do Manowar que eu ouvi na vida e por coincidência, o primeiro disco de vinil que comprei da banda. Eu acabei me distraindo e prestando atenção em outras coisas em relação ao som no local e não desfrutei da música tanto quanto eu queria e esperava mais energia vindo do palco do que rolou nesse momento. A música estava boa mas para mim algo faltou, mas pelo menos a surpresa foi boa.

    Eles terminam a primeira grande parte do show com Immortal Son e saem para um breve intervalo. Deram boa noite e acenaram para todos, mas muitos que estavam ali acharam que tinha acabado o show e faltava mais. Claro que faltava.

    Eles voltam para o encore e o baixista tinha feito uma nova troca de baixo antes de Immortal Son e continuava com o baixo no palco para tocar Hailstorm e Hail And Kill, sendo esta última agitada e cantada por todos os fãs presentes. A banda estava satisfeita com a resposta que o público dava ao repertório e a performance deles. Uma nova e última troca de baixo é feita e começa a introdução de um dos maiores clássicos do Heavy Metal dos anos 80, é a vez de Battle Hymn.

    Quem conhece a música sabe que ela começa com uma introdução de baixo, que eu pensava ser de guitarra e depois entra a bateria e guitarra. O baixo dedilha um som lento, a bateria vem logo a seguir no estilo “Tum-tá”, mas com uma pausa breve entre o “Tum” e o “Tá”, mas não sei porque alguém resolveu bater a mão na caixa de som para tentar acompanhar a bateria e me deixou surpreso fazendo pensar que o baterista tinha errado. A batida fantasma se repetiu e vi que era um fã bem na lateral do palco fazendo isso tirando a magia da música, coisa que para mim é desagradável demais num show. A música segue bem até que no meio dela, no começo do solo o baixo falha e o som some deixando a plateia desanimada, justamente num dos momentos mais aguardados do show. Nesse momento, se aproxima do palco um dos donos do Manifesto, que olha sério para o palco fazendo um breve sinal de desapontamento, mas depois do problema sanado a música segue firme até o final.

    O final do show chega e a banda resolve descer para o salão e atender aos fãs tirando fotos, autografando discos e conversando brevemente com os fãs. O ponto negativo desse show foi de fato a presença de poucas pessoas ali e ouvi comentários de que semanas antes, havia cerca de 300 pessoas no show de uma banda cover do Manowar e o vocalista desta banda avisou no microfone que o Ross The Boss estaria se apresentando ali no Manifesto em determinado dia, mas pelo jeito não adiantou nada, e entre ver um membro original que compôs quase tudo que a banda cover toca, o público optou por ver só a banda cover. Esse show foi uma mistura de alegria e desapontamento, mas quem sabe na próxima a coisa seja bem melhor! Hail!

Texto e fotos: Hamilton Tadeu
Janeiro/2012

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