China abriu o espaço e convidou Jack Santiago ( do lendário Harppia ) para juntos prestarem uma homenagem à um dos maiores clássicos do Heavy Metal Brasileiro com Salém, A Cidade Das Bruxas, que foi ao lado de Noite do Rock, os melhores momentos do curto show da banda. Jack Santiago deu um grau a mais no final no show do Salário com uma energia que só é alcançada por grandes heróis do Heavy Metal em uma vibrante abertura de pouco mais de trinta minutos.

Set List Salário Mínimo

1 - Cabeça Metal
2 - Delírio Estelar
3 - Beijo Fatal
4 - Salém (participação Jack Santiago)
5 - Noite do Rock (participação Jack Santiago)

U.D.O.

    Do álbum Solid de 1997 Independence Day trouxe a agressiva voz de Udo em meio à solos de guitarras dotados de muita categoria feitos por Stefan Kaufmann e o cabeludo Igor Gianola ( que contagiava a todos com sua inquietude no palco, aliás, este último com uma Flying V solada com pleno vigor ). Stefan além de tocar muito bem, fazia os backing vocals em praticamente todas as músicas com o baixista Fitty Wienhold, e em Independence Day especificamente, eles deram mais charme em sua  execução. A seguinte foi a cadenciada The Bullet And The Bomb do álbum Thunderball ( de 2004 ) que fez muitos colocarem suas mãos para o alto com o vocalista.

    Para honrar as tropas de headbangers presentes, Udo disse que fazia muito tempo que não tocava em palcos brasileiros, nos saudou com um tradicional " Obrigado " e aí mergulhou no tempo com dois clássicos do Accept: a primeira foi Restless and Wild - executada com a garra necessária pela banda e depois com muitas palmas das plateia -  e a segunda, emendada sem tréguas foi a não menos clássica Son Of A Bitch, que em minha opinião marcou o primeiro grande momento do show e o que me fará lembrar sempre desse show do U.D.O., pois a eficácia que ele cantou a música mostrou o poder musical sendo consolidado  totalmente pelo frontman alemão, e vai fazer muitos compararem seu show com o do Accept. Posso assegurar que o refrão e os solos de guitarra não me saem da cabeça até agora.

    Udo estava altamente empolgado e com a rápida Thunderball ( título do cd de 2004 ) o show prosseguiu em alta voltagem para que a agitação continuasse e aumentou mais ainda com a cadenciada Vendetta ( do álbum Mastercutor de 2007 ), com destaque para o solo conjunto de Kaufaman e Gianola. Mas foi na seguinte, por coincidência outra do Accept, a Princess Of The Dawn ( cujos riffs iniciais a denunciaram para os fãs ) que tivemos o  segundo melhor momento do show quando Udo colocou sua voz no nível que quis ( alto ou baixo quase parando ), regeu o refrão ( a parte do "oooo..oooo..oooo" ) e fez muitos dos presentes cantarem com ele, pois outros estavam sacudindo seus pescoços. É realmente gratificante  intensidade que sentimos em shows de Metal ao vivo. No término de Princess Of The Dawn o guitarrista Igor Graviola realizou seu solo individual cheio de técnica e o palco do Carioca ficou pequeno, pois ele desceu do palco e subiu até aos camarotes do lado esquerdo, e foi exatamente para onde eu estava tirando fotos, e ficou do meu lado solando brilhantemente sua guitarra Flying V branca. Isso foi um fato que será inesquecível para mim.

     Quando voltou ao palco, Igor recepcionou novamente seus colegas de banda e juntos mantiveram o pique do show com Midnight Mover do Accept, que trouxe um clima Hard´N´Heavy com o guitarrista cabeludo referenciando seu general ( o Udo ) com sua guitarra. Em seguida Man And Machine com seu ritmo militar cadenciado empolgou bastante os fãs. Aproximadamente perto do final e por duas vezes, um fã subiu no palco para abraçar o Udo e ter seus minutos de fama, embora não tenha acontecido nada, isso é ruim, nessas horas que a grade de proteção que separa o público do palco mostra sua necessidade.

     Mais uma lembrança do Accept com a rápida Breaker e este clássico do Metal provocou várias rodas na pista do Carioca Club, melhor sinal que os fãs estavam aprovando o set escolhido impossível, e a atuação do Udo nas músicas de sua ex-banda provou que o novo vocalista do Accept tem uma missão muito dura quando for cantar algum dos clássicos imortalizados pelo herói desta noite. Praticamente intercalando uma música do Accept e uma de sua carreira solo, Udo atacou com Animal House e seus muito bem afiados guitarristas Igor Gianola e Stefan Kaufmann seguiram solando com a perfeição que tanto os fãs adoram.

    E por falar em solos, Stefan trouxe o que inicia Metal Heart ( do álbum de mesmo nome do Accept lançado em 1985 ) à tona junto com Igor Gaviola, e aí, a vibração foi imensa, seja no palco ou na plateia todos gritavam com muita força com o vocalista o título da música, aliás, presenciar os solos estridentes da dupla de guitarristas e ver também Udo mexendo os braços para comandar os fãs, foram mesmo deleites à parte e uma verdadeira aula do que é Heavy Metal de verdade.

    Depois de Metal Heart e os agradecimentos, a banda se retirou aos gritos de "U.D.O.... U.D.O." para retornar com o primeiro bis e Holy ( do disco homônimo de 2000 ) foi a sonzeira metálica escolhida da carreira solo do alemão e a segunda então ainda é uma das mais importantes músicas do Heavy Metal: o hino Balls To The Wall ( do Accept ), tocado com perfeição e alongado para que os fãs completassem alguns versos em estado de pura felicidade e punhos para o alto.

    E aí a banda U.D.O. saiu do palco para mais um bis, afinal, o público estava nas mãos, os músicos empolgados, o som desde o inicio muito bem regulado e alto e faltava ainda I´m Rebel do Accept, pois nos outros shows pela América do Sul estavam rolando um segundo bis com mais três músicas, então o certo seria uma volta da banda não é mesmo? Entretanto, isso infelizmente não aconteceu, pois o avanço do horário, os pequenos atrasos iniciais e as atividades posteriores no Carioca Club ( infelizmente, era dia de outro tipo de música por lá, mas prefiro não profanar a resenha com esta palavra do mal ) fizeram o show encerrar-se prematuramente, mas isso enfraqueceu o seu poderio? Nem um pouco!!! Todos os presentes foram embora para casa satisfeitos com o showzão que assistiram, mesmo sem terem curtido I´m Rebel.

    Como a dinâmica das informações do mundo de hoje estão velozes, a verdadeira explicação sobre a realização do segundo bis ou não, veio diretamente do site oficial do U.D.O.: “Para nossos fãs em São Paulo!!! Nós gostaríamos de tocar mais músicas no último sábado em São Paulo, mas o dono do Clube ascendeu às luzes depois do primeiro bis sem nosso conhecimento para começar a discotecagem. Claro que nós estávamos realmente irritados porque queríamos continuar o show. Nós queremos dizer desculpas infelizmente“. Mas, tudo bem Udo, sabemos que você retornará brevemente e já levanto a bandeira aqui: faça um show Heavy Metal de duas horas para quem curte Heavy Metal para compensar.

Por Fernando R. R. Júnior
Fotos Fernando R. R. Júnior e Marcos Cesar Almeida
Agradecimentos à Júlio Viseu e equipe da Rádio e TV Corsário
Maio/2011

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