C.J. Ramone - Reconquista South American Tour 2012
Abertura: Slot e Aurélio e Seus Cometas
Quarta, dia 19 de setembro de 2012
no Hangar 110 em São Paulo/SP

    Era um show que me interessou por ser de um dos ex-integrantes dos Ramones, que já veio para o Brasil algumas vezes, mas que nunca o vi ao vivo e por uma das bandas que iria tocar naquela noite, que eu não via ao vivo há alguns anos, o Slot.

    Mas antes, eu resolvi passar na abertura da Expomusic para pegar minha credencial de imprensa e voltar lá no dia seguinte, pois, era o primeiro dos cinco dias da exposição e feira de música mais famosa da América Latina, bom, pelo menos do Brasil, embora tenha visto estrangeiros na saída da exposição pegando ônibus para o metrô como eu.

Aurélio e Seus Comentas


    Se não fosse uma desatenção minha, eu tinha chegado logo no começo da breve apresentação do Aurélio e Seus Cometas, mas acabei pegando as três últimas músicas e antes que pudesse notar o som deles, eu vi o trio suado no palco e pensei que eles estavam agitando bastante, mas o público não agitava tanto e apenas observavam atentos e curiosos.

    O que pude sentir do som deles era algo incomum para a noite, não o óbvio Punk Rock a lá Ramones ou algo do gênero. Eles misturam Punk Rock com Rock e com influência nacional. Não esperava pelo estilo deles ali na noite e ainda não procurei por eles na Internet para ouvir o som melhor. Aliás, a banda nem estava no flyer de divulgação segundo comentaram. Devem ter sido escalados ou escolhidos de última hora.

 

Slot

    Depois do final do show deles, enquanto o palco era arrumado para a banda Slot, o baterista da banda ainda estava na pista do Hangar 110 conversando com o pessoal e perguntei se ele não teria que ir para lá, e ele me respondeu que iria daqui a pouco e também me disse que a banda tinha um vocalista novo, já que Jhun, o antigo vocalista havia saído da banda por motivos pessoais e ideológicos, os quais não vem ao caso. Perguntei como seria o show com esse vocalista e aonde arrumaram um vocalista para um show em cima da hora, digamos assim.


    Minoru, o baterista me disse que era um amigo e que ele sabia cantar as músicas mais ou menos, o que não me deu muita segurança e confiabilidade e muito menos prazer, afinal, gosto do Slot. Bom, passado mais de 15 minutos a banda entra e fico analisando o jeito do vocalista novo e como a banda vai se portar no palco. Depois da terceira música vi que o vocalista novo - que por sinal nem perguntei o nome - manda bem com seu cabelo comprido e camisa xadrez, com um visual bem Grunge, alegrando o público que já conhecia a banda e aos amigos da máfia do Tatuapé, bairro de São Paulo, de onde o Slot é oriundo provavelmente.

 

    O Slot apresenta um som calcado no Rock´n´Roll anos 60 e 70, mas com uma pegada Punk. A performance de palco deles é sempre movimentada e todos os músicos, todos, agitam e são entrosados. Até o baterista Minoru faz caretas, beiços e tipos na bateria dependendo da pegada em cada música. Foram trinta e cinco minutos em cima do palco muito bem aproveitados e a banda acabou sendo muito aplaudida pela plateia. Fim do ato 2, agora era esperar o C.J. Ramone aparecer. E demoraram muito, mais de quarenta minutos.

C.J. Ramone

    As luzes se apagam, a cortina abre e C.J. vem ao microfone gritar Judy Is A Punk seguido pelo mais do que famoso “one, two, three, four” e lá foram as centenas de fãs pularem ou simplesmente balançarem as cabeças com a música. Para quem achava que o Hangar estava meio vazio, a agitação tomou conta de todo o lugar. Eles logo emendam Blitzkrieg Bop e What We Gonna Do Now?, esta última do novo disco solo de C.J. intitulado Reconquista.

    C.J. falou um olá para plateia e em poucos segundos aquela bagunça bem e feita e agradável no estilo do Ramones continuou com clássico atrás de clássico. E vieram: “Sheena Is A Punk Rocker”, “Psycho Therapy”, “Strength To Endure”, “Commando”, “Beat On The Brat”, “Listen To My Heart”, “She´s The One”, todas alegrando enormemente os fãs, mas dentre estas últimas, as quatro primeiras eram cantadas pela plateia fazendo C.J. ter um brilho nos olhos de satisfação.

    E foi nessa levada que os fãs começaram a subir no palco com o segurança tirando-os de lá sem violência e com o tempo, C.J. pediu para que o segurança não interviesse e deixá-los se divertir. Alguns fãs, especialmente as meninas paravam ao lado dele e apontava para onde ele deveria olhar, para que a foto fosse tirada e C.J. fazia isso com o maior prazer e sorrindo. Outros fãs resolveram ajudar no backing vocals ou cantar no lugar dele, e ele acabou deixando sem problema algum. O que ele não dava eram as palhetas, mas acabou presenteando pelo menos um de seus fãs com uma palheta no meio do show.

 


    E a agitação continuava com mais clássicos dos Ramones, praticamente só músicas dos Ramones na verdade. Vieram: “I Wanna Be Your Boy Friend”, “Rockaway Beach”, “Do You Wanna Dance”, “California Sun”, “I Wanna Be Sedated” e “Pinhead”, todas embalando o agito da galera - comentário bem clichê, mas fazer o que se era assim mesmo?.

    De seu álbum, C.J. tocou também You´re The Only One e Three Angels, está última uma canção que fala dos outros três Ramones que morreram. Por falar e três, eram três músicos que acompanhavam C.J. Ramone no show, os guitarristas Dan Root e Steve Soto ( este último ex-Adolescents e Agent Orange ) e o baterista Michael Stamberg.


    Teve aquela paradinha básica para o encore e a banda sai do palco, mas ficam na escada de acesso ao palco e alguns fãs tentavam chamá-los e pedir autógrafos, mas foram ignorados e em poucos minutos, o quarteto retorna ao palco para terminar o show cantando entre outras músicas, sendo elas Waitin' For My Man do Velvet Underground e R.A.M.O.N.E.S. do grande Mötorhead.

    C.J. até tentou imitar o jeito de Lemmy falar esta música e ficou bom. E a plateia vibrou quando a música foi anunciada e vibrou e agitou mais ainda quando ela foi tocada. E isso tudo aconteceu em cerca de sessenta e cinco minutos de show, pois quando as luzes do Hangar 110 foram acesas eu olhei para o relógio, que marcava cerca de 22:25, já que o show começou por volta de 21:20h.


    Foram bem mais de vinte músicas tendo algumas duração de apenas dois minutos e pouco e outras de três minutos, mas como num show desses fala-se pouco e toca-se mais, parece que durou mais tempo. Antes do show, eu tinha a impressão de ter ido ao um show de banda cover top, por ter um dos ex-integrantes da banda que originou a maioria do setlist desse show, mas depois do final do show e antes mesmo de conversar com os músicos, que foram falar com os fãs na pista, já tinha esquecido isso e a simpatia, performance e condução do show por C. J. Ramone e banda, me cativou.

    Talvez C.J. volte para o Brasil em breve, mas se demorar muito ou nunca mais vier, já sei como é um show dele e o que é sentir ouvir as músicas do Ramones. Parabéns a todos que estiveram ali no show envolvidos na produção ou assistindo.

Por Hamilton Tadeu
Fotos Cortesia de Ronaldo Chavenco
Agradecimentos à Costabile Salzano Júnior
pela atenção e credenciamento
Outubro/2012

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