Dave Mustaine - Megadeth

Metal Open Air
Sexta: Megadeth
, Symphony X, Exodus, Destruction, Shaman, Anvil, Orphaned Land, Almah e Exciter
Sábado:
Korzus e Legion Of The Damned

 Sexta e sábado, dias 20 e 21 de abril de 2012
no Parque da Independência em São Luís/MA

    Corria o mês de novembro de 2011 e os rumores de que o Brasil teria a sua edição do Wacken Open Air estavam crescendo, inclusive em meio a imprensa especializada, mas de repente surge a notícia de que o festival seria em São Luís do Maranhão. Porque tão longe de tudo? Disseram que era por causa da comemoração dos 400 anos da cidade de São Luís, tá, mas quem seria o organizador? 

    Bem, começou a se falar de uma empresa produtora de eventos lá do Maranhão chamada Lamparina Prod Artísticas em parceria com a paulista Negri Concerts e uma tal de CK Concerts de outro país latino-americano, até aí tudo bem, até que a empresa alemã detentora da marca “Wacken Open Air” soltou uma nota de que houve sim uma negociação para o uso do nome da empresa aqui no Brasil, mas as negociações não foram adiante. 

    Em seguida as empresas brasileiras soltaram uma nota oficial dizendo que isso tudo era verdade, mas como não foi possível trazer a marca alemã para o Brasil, o evento iria rolar do mesmo jeito, só que agora com uma marca totalmente brasileira e se chamaria “Metal Open Air” e seria nos mesmos moldes do festival alemão, três dias de Heavy Metal puro, numa fazenda, com camping e estrutura de primeiro mundo, além de vinte bandas brasileiras mescladas a vinte bandas internacionais de renome. 


MIchael Romeo - Symphony X

    Muitos foram cogitados, entre eles, Manowar, Slayer, Twisted Sister, e até o “Big 4” completo, mas, sem a marca “Wacken”, muitos não quiseram fazer parte, entre eles Manowar e Slayer. Do “Big 4” só viriam Anthrax e Megadeth, cada um como headliner de uma noite diferente e sendo que o headliner da terceira noite ficou a cargo do Venom. Lá pela reta final surge outro headliner para o sábado desbancando, desta vez, o Anthrax, que seria a grande promessa deste evento, o projeto junta-tudo Rock And Roll All Stars, que traria Matt Sorum, Joey Elliot, Jason Newsted, Sebastian Bach, Vince Neil, Steve Steves, Duff McKagan, Gilby Clarke, Mike Inez, Glenn Hughes entre outros, tudo encabeçado pelo linguarudo do KISS Gene Simmons. Cogitou-se até a vinda de Bill Ward, com a sua nova saída do Black Sabbath.


Pompeu - Korzus

     Logo vieram as mudanças, Jason Newsted disse que nada tinha a ver com isso tudo e não viria, Bill Ward nem se pronunciou, Vince Neil idem e Matt Sorum tomou a frente do projeto, que agora traria o comediante Charlie Sheen como mestre de cerimônia. A banda Volbeat, que viria no evento cancelou sua participação. O Krisiun também debandou alegando que iria para a Europa numa turnê na mesma época e faltando dias para o evento, o Shadowside desistiu alegando problemas de logística, ninguém citava problemas de cachê, até então...

    Ao que se soube, as vendas foram baixíssimas, pois a divulgação deste evento inexistiu fora do Nordeste, só sabia quem realmente é do meio, quem busca informação diariamente, do contrário era uma surpresa à todos. Cobertura televisiva também não foi fechada, como? Todos os grandes shows e festivais deste país passam no Multishow, que é da Rede Globo e lá dizia que fecharam um contrato com a TV Record Regional e ainda por cima? O quê realmente estava acontecendo no ‘reino de Sarney’?

    Bem, chegando em São Luís na madrugada do dia 19, era visto muitos headbangers surgindo de todos os voos que desceram no aeroporto, a expectativa era grande. Durante a tarde do dia 19 começaram a chegar as primeiras notícias ruins da área de camping e troca de ingressos, que não foi efetuada da maneira que deveria, muita gente entrando na área de camping sem ser revistada, outras até sem pagar, a área indoor do camping era em estábulos sujos de esterco e lama, pois ali no Parque da Independência ( local distante de tudo e num bairro barra-pesada escolhido para abrigar o evento ) tem várias exposições de animais e até um haras lá dentro.


Schmier - Destruction


Rob Dukes - Exodus

Cancelamentos

    Ainda de tarde vem pela Internet a primeira péssima notícia, o cancelamento do Venom, que alegou problemas com o visto que foi expedido para a África do Sul invés do Brasil, pura balela, como foi constatado depois por internautas membros do grupo Metal Open Air Oficial do Facebook, onde se via que todos os vistos estavam "ok" há dias, ou seja, Cronos não quis revelar o motivo real da não vinda do grupo ao nosso país, o que no futuro provavelmente será revelado.

    Na sequência quem cancelou foi a banda brasileira Hangar, onde o líder Aquiles Priester alega que a organização não honrou com o contrato em relação ao pagamento de cachê integral antes do evento. Logo depois as bandas Headhunter D.C. da Bahia e Stress do Pará também alegaram a mesma coisa. João Gordo do R.D.P. se pronunciou via Twitter várias vezes versando sobre o fato da banda também não ter recebido as passagens aéreas para se transportarem de São Paulo/SP até São Luís/MA e isso causou a revolta dele, que disse que não era tão ‘fiel ao Metal para tirar dinheiro do bolso para tocar’. Ainda de noite vem a bomba que faltava, o Saxon lança uma nota em seu site oficial avisando que também não iria comparecer ao evento por falta do pagamento.

Primeiro dia

  O dia 20, primeiro dia do festival começou carregado de dúvidas. Ao nos dirigirmos para lá de micro-ônibus ( com passagem a taxa abusiva de R$ 8,00 numa cidade em que a tarifa de ônibus é de R$ 2,10 ), o motorista adentrou o recinto do show e nos descarregou dentro da Área V.I.P. sem passar por bilheteria nenhuma ( pasmem ) e nenhuma revista existiu.

    Eu que mais estava preocupado com minha credencial de imprensa fui me dirigindo para o backstage, ao qual nenhum segurança me barrou, sem identificação nenhuma, fui parar nos camarins ( que nada mais eram do que cubículos enfileirados feitos de divisórias de escritório ), atravessei a pífia área de alimentação dos artistas ( que era uma barraca, daquelas de feiras e eventos num chão de piche irregular e com água de chuva empossada ) onde me deparei com membros das bandas Exciter almoçando e logo chegaram os membros do Anvil, que prontamente nos atenderam fazendo fotos e gravações ( a mim e mais três jornalistas ali perdidos e sem credenciais ). Até em cima do palco eu me encontrei, procurando o responsável pelo credenciamento de imprensa, até que me pediram para aguardar que a citada ‘Val’ ( que seria a mulher das credenciais ) estaria para chegar. Adivinha onde fiquei esperando? Entre a área VIP e o backstage, é mole?  A tal Val não chegou e coube a outras duas moças super atenciosas nos distribuírem as credenciais.

Exciter

    Logo vem a notícia de que várias outras bandas brasileiras não tocariam mais, como Expose Your Hate, Unearthly, Terra Prima, Ânsia de Vômito e Obscure ou seja, uma verdadeira debandada de artistas nacionais. Às 15hs começa finalmente o primeiro show do evento, com quatro horas e meia de atraso por sinal, e assim, sobe ao palco o Exciter, diretamente do Canadá, o hoje quarteto Thrash Metal, com o guitarrista e único membro original John Ricci, ao lado do batera super carismático Rik Charron, o baixista demoníaco Clammy e o vocalista Kenny Winter - a lenda dos anos 80 fez um show excelente, carismático e puramente oitentista o que excitou a plateia que ficou extasiada com o poderio de fogo desses veteranos. Com um set de uma hora recheado de clássicos da época de ouro da banda, como por exemplo “Evil Omen”, “Pounding Metal”, “Death Revenge”, ”Heavy Metal Maniac”, ”Rain Of Terror”, ”Long Live The Loud” e ”Violence & Force” deu para dar uma animada no público, já muito 'puto' com todas as más notícias que não paravam de chegar.

    Vale ressaltar aqui que a infraestrutura do evento não existiu, pois ainda na quinta feira à noite, segundo os campistas, as empresas prestadoras de serviço que iriam cuidar da área de limpeza e alimentação bateram em retirada por falta de pagamento também, levando consigo, todos seus funcionários e alimentos, deixando o público na mão de umas três famílias que estavam lá para cozinhar para a equipe técnica fazer PF's para toda aquela gente. Foram recrutados um verdadeiro exército de pipoqueiros para tapear a fome dos headbangers. Onde já se viu pipoca em festival de Heavy Metal? A área de Meet & Greet onde você conheceria todos os artistas envolvidos pessoalmente não existiu e os ingressos, que foram vendidos para esta tal área passavam de R$1.000,00!!!

     Era bem comum também ver muitos nativos da área empoleirados no muro da Área VIP assistindo aos shows sentados no arame-farpado e caminhões altos, que paravam na rua lateral e que davam visão para o palco, além de pessoas em cima dos caminhões. Até pessoas perambulando de bicicletas, carros e motos foram vistas em meio ao público. Uma típica visão de país terceiro-mundista subdesenvolvido! E há quem acredite que esse país irá sediar exemplarmente uma Olimpíada e uma Copa do Mundo!!!

Orphaned Land e Almah

    Voltando aos shows, após a aula Thrash do Exciter sobe ao palco a banda israelita Orphaned Land, cujo músicos estavam muito animados por estarem no Brasil, trouxeram seu som único e peculiar que mistura o Heavy Metal com música étnica proveniente da região central do Mapa-Múndi. Agradaram, mas nem tanto, após uns 20 minutos, do set de uma hora, perderam o foco e o público começou a se espalhar. Nem as piadas do vocalista Kobi Fahri vestido de ‘Jesus Cristo’ seguraram a atenção do público. Não funcionou.

    No palco ao lado, após o show do Orphaned Land, vieram os brasileiros do Almah, que entraram no palco com tudo e o público estava feliz por vê-los, até o polêmico vocalista Edu Falaschi começar a dar suas opiniões durante o show. A sua primeira pausa veio para apaziguar a galera, alegando que a produção do evento tinha batalhado muito para trazer um evento desse gigantismo ao Nordeste, carente desse tipo de espetáculo, e que, a exemplo dos outros festivais internacionais como Wacken, Rock in Rio e afins, todos tiveram problemas graves em suas respectivas primeiras edições e que isso era normal. Só para ele que estava com seu cachê no bolso e é acostumado a falar o que não deve!

 

   Durante o show ainda, ele se irritou com algo que não identifiquei o que foi e começou a atacar o público verbalmente, daí foi só ladeira abaixo. Nem a presença do vocalista da banda maranhense Fúria Louca dividindo os vocais com ele em uma música, nem o anúncio de que ali estava sendo gravadas imagens para um futuro videoclipe, fez o público se animar com o show do Almah, que mais uma vez se queimou pelas palavras proferidas pelo seu vocalista.

    E enquanto o Almah estava no palco, em  minhas andanças pelos bastidores me deparei com Castor, baixista do Torture Squad, que me garantiu a presença do agora trio no domingo e mais adiante estava chegando duas vans, uma com o pessoal do Exodus ( estes inacessíveis ) e outra com a turma do Korzus, que tocariam no dia seguinte. Ou seja, duas bandas brasileiras de peso que não cancelaram e uma lenda do Thrash mundial que tocaria ainda naquela noite.

Anvil

     Para tirar o ‘gosto ruim da boca’ deixado pela banda anterior, nada como ações de veteranos e foi o que aconteceu, o Anvil subiu ao palco com o baterista original Robb Reiner, o novo baixista Sal Italiano que, ao contrário do nome é de New York e tocava na banda Cities no começo dos anos 80 e a figura central na lenda tresloucada do Power-Metal mundial Lips.

    O vocalista e guitarrista que estava nitidamente animadíssimo por estar no Brasil tocando num festival a céu aberto e nos divertiu por mais uma hora com suas sandices como falar com o público pelo captador da guitarra ao invés de usar o usual microfone e recheando o show com clássicos como “666”, “This Is Thirteen”, “Mothra” e o hino imortal da banda “Metal On Metal” polvilhando um ou outro som do novo disco Jugernaut Of Justice, ele conseguiu botar o público na palma da mão.   

 

Shaman

    Após esse grande show quem sobe ao palco é a banda brasileira Shaman, que estava indo muito bem com seu som peculiar que agrada em cheio à todos os fãs de Melodic Metal e tal até que o vocalista Thiago Bianchi resolver seguir os passos de Edu Falaschi e proferir bobagens em defesa da organização ( ou seria desorganização? ) do evento, daí ele perdeu uma boa oportunidade de ficar calado, aliás, posso até dizer que Edu está fazendo escola.

Destruction 

    Chega de palhaçadas e em seguida vem a destruição iminente da noite, o trio alemão do Destruction, um dos pilares do Thrash Metal alemão, botou aquilo tudo abaixo com o líder, baixista e carismático vocalista Schmier arrebentando com nossos tímpanos e daí para próxima hora as rodas tomaram proporções estratosféricas e a arte de ‘headbangin’ virou coisa de especialistas.

    Quem não era do ramo, nem ousou bater cabeça perto deles!!!! E o trio alemão mandou: “The Ritual”, “Antichrist”, “Mad Butcher” e “Hate Is My Fuel”, só para citar alguns alguns dos petardos executados. Detalhe, o  mascote da banda, o açougueiro assassino “The Mad Butcher”, que até seria o nome da churrascaria do evento ( segundo o site do M:O:A: ), não apareceu neste show.

 

Exodus

    Galera na fissura e vem um dos maiores expoentes Thrash do mundo, o Exodus era a seguinte e  com o líder e guitarrista Gary Holt tinha prometido anteriormente, a banda que tem nas suas fileiras atualmente além dele, Rob Dukes nos vocais, Lee Altus guitarra, Jack Gibson baixo e Tom Hunting na bateria, que juntos promoveram uma "violência total e mutilação sonora" com hinos como “Strike Of The Beast”, “Toxic Waltz”, “And Then There Were None”, que foram só um por cento do que rolou, inclusive com direito ao mortal e famoso 'Wall Of Death', que para ficar legal, levou um certo tempo para ser organizado e custou umas três faixas do set list que foi cortado.

    Detalhe: eles tocaram no palco que estava aparentemente reservado e pronto para o Megadeth fechar a noite, mas não teve jeito, eles foram para lá sim e mataram a pau com um final maravilhoso que incluiu Bonded By Blood.

Mais cancelamentos e os últimos shows da primeira noite

    Neste meio tempo a esposa de um amigo nosso mandou uma mensagem em seu celular dizendo que viu na Internet as notas de cancelamento do Anthrax e o maior nome do evento, o Rock And Roll All Stars, que traria ao Brasil Matt Sorum, Gilby Clark e Duff McKagan ( os três ex-Guns'n'Roses ), Steve Stevens ( do Billy Idol ), Joey Elliot ( Def Leppard ), Sebastian Bach ( artista solo e ex-Skid Row ), Gene Simmons ( KISS ) e Glenn Hughes ( atual Black Country Communion e ex-Trapeze, Black Sabbath, Deep Purple ) entre outros e sendo o paraninfo desta reunião o humorista porra-louca Charlie Sheen, essa seria "A Banda" do evento e não viriam mais segundo nota solta na Internet por Shannon Tweed, esposa de Gene Simmons, o motivo era o mesmo, mas vai mexer no bolso de Gene Simmons? Aja peito hein?

Symphony X 

    Na sequência veio o Symphony X com seu som encorpado e super virtuoso, com destaque para o guitarrista Michael Romeo e o vocalista Russel Allen, que tem carisma de sobra e técnica além do limite, acompanhados de Michael Pinella ( teclados ), Michael Lepond ( baixo ) e Jason Rullo ( bateria ).

    Para os fãs foi um show impecável, mas para quem não é fã e não segue a carreira da banda como eu, foi hora do descanso e pausa para encontrar algo que fosse comestível, o que tava difícil. Um prato com 70% de farinha em cinco pedacinhos de carne custava R$10,00, um prato de miojo com legumes que eles insistiam em chamar de yakissoba custava R$15,00, o mesmo preço de uma 'gororoba' lá que envolvia, arroz, feijão preto, uns fiapos de macarrão e dois pedaços de carne dura. Isso sem contar o carinha ( clandestino ), que estava vendendo o pedaço de pizza lá por R$5,00 ou os pipoqueiros que já citei anteriormente. Praça de alimentação? O que é isso mesmo?

Megadeth

   O último show da noite, que parecia ser excepcional veio como a ‘cereja do bolo de merda’ que foi a primeira etapa do M:O:A:. Megadeth subiu ao palco com um Dave Mustaine chapado e que nem sabia o que estava fazendo ali, mal cantou e sua guitarra estava horrivelmente mal tocada. Restou aos outros músicos salvarem a pátria e mesmo assim não deu muito certo, pois a guitarra de Chris Broderick não parava de falhar e a cada música tocada Dave Mustaine saía do palco, levando consigo o resto da banda.

    Não conseguia ficar duas músicas seguidas no palco, um fiasco como o evento em que tocaram! Impossível não comparar essa apresentação do Megadeth com a de cinco meses atrás no interior de São Paulo, no festival S.W.U. em Paulínia ( festival esse desdenhado pelas produtoras do M:O:A: ) onde a banda fez uma excelente e poderosa apresentação o aqui no Maranhão esse fiasco a olhos vistos. Será que o Dave Mustaine fugiu da Igreja? E assim, lá pelas 4:00hs da manhã encerrava-se tristemente o primeiro dia do M:O:A:.

 

Segundo Dia

    O segundo dia começou tenso e com várias péssimas notícias. Um conhecido nosso estava no mesmo hotel que a banda U.D.O. e o guitarrista da banda disse a ele que o show estava cancelado. Na Internet pipocavam notas das bandas Grave Digger no Facebook e Blind Guardian em seu site oficial cancelando seus shows no M:O:A:, para completar Glenn Hughes era óbvio que não viria, pois ele era do time que havia cancelado na noite anterior. Só restava Korzus e Legion Of The Damned. Não iríamos sair debaixo de chuva forte para aquele ‘fim-de-mundo’ chamado Parque da Independência de táxi para ver ninguém. No portal G1 já diziam que o evento estava 100% cancelado. Eu e outros que estávamos por lá, Nos reunimos no hotel para ver se valia a pena ir. Chegamos a conclusão que se estávamos no Maranhão e o resto era consequência, quisemos ver com os próprios olhos a derrocada e registrar tudo, inclusive eu como parte da imprensa, e ver se aconteceria um quebra-quebra ( ainda bem que não aconteceu ).

    Chegando lá, às 18hs tinha uma banda no palco ( que deveria ser batizado com o nome do saudoso Cliff Burton ), o outro palco ( que deveria ser o Ronnie James Dio ) já estava parcialmente desmontado por falta de pagamento da equipe de luz e som. Segundo headbangers acampados no evento, ouve um princípio de excitação negativa no público presente quando o palco começou a ser desmontado, recebendo algumas poucas notícias de fora, os campistas sabiam que o Blind Guardian não tocaria mais e queriam invadir o palco, mas foram apaziguados por um dos poucos 'trabalhadores', que ralavam feitos loucos nos bastidores para trazer as bandas do hotel para o palco, que os implorou para não acreditarem na Internet, pois o Blind Guardian, assim como os outros artistas iriam aparecer, eles estavam hospedados na cidade e apareceriam para tocar. Mas nesse ínterim, a equipe de segurança também não deu as caras, pois não receberam a garantia financeira e quem apareceu foi a equipe para desmontar os pífios camarins feitos de divisórias de escritório e leva-los embora pelo mesmo motivo.


Legion Of The Damned


Korzus

Finalmente os Guerreiros do Heavy Metal no palco

    Apaziguados, os responsáveis e pacíficos bangers foram agraciados com a primeira banda do dia ( ou da noite ) às 18hs, o maranhense Ácido que, seguido do espetacular Dark Avenger, que fizeram shows maravilhosos em termos de Heavy Metal, na medida do possível e com tanta falta de estrutura eles bradaram petardos próprios cunhados a base de fortes guitarras, baixos contundentes e baterias perfeitas, além dos vocais metálicos, coisa de veteranos. Meus parabéns aos músicos das bandas Ácido e Dark Avenger.  

Legion Of The Damned

    Após uma demora quase sem fim, eis que surge uma van com músicos estrangeiros, eram os holandeses Maurice Swinkels no vocal, Richard Ebisch na guitarra, Harold Gielen no baixo e Erik Fleuren na bateria, membros do Legion Of The Damned, que bravamente vieram se apresentar naquela vergonha que se transformou o M:O:A:, o local era um lixo só, desde o camping até os ( inexistentes ) bastidores, horrível!  Os produtores, que nunca eram encontrados das empresas Negri Concerts de São Paulo e Lamparina Filmes do Maranhão deveriam se envergonhar de manchar o nome do Heavy Metal Brasileiro em todo o mundo. 

    O Legion Of The Damned era uma banda desconhecida pela maioria do público ( de número indefinido, graças ao tamanho gigantesco do local e as pessoas ficavam espalhadas por todo o imundo recinto ). Executaram perfeitamente um impecável e poderoso show de Thrash Metal que deu uma melhorada no ar. Ganharam vários fãs, isso ficou notado.

    A área V.I.P. tinha sido invadida pelo público em geral e, segundo relatos, vários 'transeuntes' adentraram o recinto por um portão paralelo ao lado da área V.I.P. e lá dentro cometeram vários furtos e depois fugiram pulando o muro, o mesmo muro que ficou conhecido como o ‘Muro V.I.P.’, pois, ali em cima entre os arames farpados vários moradores dos arredores ficaram empoleirados assistindo o festival todo. Para isso que as pessoas pagaram mais de R$1.000,00 em um ingresso V.I.P.? Lá tinham famílias inteiras, adolescentes e até pequenas crianças de cinco a doze anos acompanhadas de pai e mãe. Lamentável de novo!

Korzus

  Demorou muito o intervalo entre o Legion Of The Damned e o próximo nome a subir no palco, que cogitaram muito em ser o U.D.O. mas acabou sendo o Korzus. Os boatos e inclusive as notícias ‘oficiais’ passadas aos membros de imprensa presentes no local dava a crer que o U.D.O. estava chegando e, se tudo ocorresse bem no show deles, o Grave Digger e o Blind Guardian, que ainda estavam na cidade se apresentariam e que estavam apenas esperando chegar uma equipe de segurança decente. O que não aconteceu. Pegaram uns trinta moleques magricelas da cidade mesmo e botaram paletós pretos neles para dar um ar de seguranças, os botaram nos portões, que separavam a pista da área V.I.P., a área V.I.P. do backstage e defronte ao palco. Resultado, outro serviço de qualidade duvidável, muito bate-boca entre membros da imprensa e esses moleques, que queriam nos barrar em todo os lugares que nos viam passando e até pessoas com a pulseira V.I.P. foram barradas. Nada contra esses garotos, mas, eles mal sabiam ler e foram contratados para serem seguranças de um evento cheio de turistas de toda parte do país e até de outros países como Colômbia, Bolívia, Venezuela e Argentina, isso sem contar os músicos de outros países! Outra bola fora.

  Após muita espera sobe no palco um cara que gritou: “E aí galera, vocês aguentam mais UM show? Com vocês KOOOOOOORZUUUUSSSSSS”.  Me perguntei: “O quê ele quis dizer com ‘mais UM show’? Era óbvio que este seria o último show do Metal Open Air como um todo, mesmo tentando ainda um dia completo. O Korzus subiu no palco com tudo e veio para ‘lavar a alma’ dos headbangers ali presentes, que foram muito destratados com toda essa gama de problemas. Com aquela garra peculiar Pompeu ( vocalista ), Dick ( baixista ) e Antônio ( guitarrista ) conversaram e atiçaram o público o tempo todo. Depois de duas músicas Pompeu parou para conversar com a galera e falando que ele se lembrou da música escrita por eles em 1983 chamada Guerreiros Do Metal lançada em 1986 na mítica coletânea SP Metal II produzida Luís Calanca da  Baratos Afins. Ele disse que os verdadeiros "Guerreiros do Metal" estavam ali embaixo, em meio a lama, a sujeira e resistindo à três dias para ver as suas bandas preferidas e que aquele festival era uma verdadeira palhaçada, que era para a gente esquecer tudo aquilo e se concentrar no momento, “Agora aqui é o show do Korzus e mais nada, só o que interessa somos nós e vocês!” . Essa foi uma das frases de Marcelo Pompeu, que dedicou ao público a próxima música Respect, que já estava no Youtube no dia seguinte ao show.

    O coro continuou comendo e ele continuou defendendo o público em detrimento aos organizadores, que neste exato momento saiam ‘na porrada’ nos bastidores e isso você deve ter acompanhado pelos sites de Rock e Metal. Um dia após tudo ter acontecido, gerou muito ‘disse-me-disse’ entre os envolvidos e não vou me ater a essa falação. Ao contrário das bandas de sexta-feira, as de sábado simplesmente chegaram e tocaram seus Heavys sem defender ninguém da produção e o Korzus foi além comprando a briga do lado do público, com o por exemplo, na hora em que Dick Siebert ( baixista fundador da banda ao lado de Marcelo Pompeu ) perguntou à Pompeu: “Cara, você acha que eles viram o ‘Wall of Death’ do Rock in Rio?” ao que Pompeu prontamente respondeu que sim e que ali, naquela hora eles iriam fazer uma versão maior e mais forte do ‘Wall of Death’ em que eles ( sim, os cinco ) separaram o público em dois ‘times’, os ‘humilhados’ e os ‘guerreiros’  e no meio ( aquele vão enorme e vazio onde ocorre a fictícia carnificinaPompeu pediu para imaginarem “um membro da produção ai no meio, Prontos? Vaaaaaaaai!!!”...

    Isso desencadeou o maior e mais furioso ‘Wall of Death’ que eu já vi na vida... Depois disso foi só roda e pogo até o fim do show. Com várias paradas para protestos onde a população local presente no show aproveitou para protestar contra a família coronelista de José Sarney, que é quem comanda o Maranhão à décadas. Durante o show, uma grande surpresa: Pompeu chamou ao palco um grande amigo, mais novo que ele e que segundo ele disse, lhe dava grande orgulho ver ele cantando, era Vitor Rodrigues ( ex-vocalista do Torture Squad, que anunciou a sua saída na semana anterior e a banda estava presente lá desde o primeiro dia, pois tocariam no domingo como trio, já que Vitinho não cantaria mais na banda ) e com ele Pompeu dividiu os vocais de Agony, clássico da banda dos anos 90. Vitor Rodrigues, quando ainda cantava no Torture Squad foi um dos que anunciou em primeira mão a realização do Metal Open Air  em São Luís do Maranhão e muito admirado e respeitado na cena.

    Ali no espaço reservado para imprensa fotografar o show, entre público e palco já tinha muita gente, vários pseudos-seguranças nos atrapalhavam e de repente começou a chegar uns ‘jornalistas’ meio estranhos e que nada tinham a ver com a imprensa especializada em Rock, isso era notável, então resolvi assistir o restante do show de cima do palco onde já tinham vários repórteres e fotógrafos da cena Rocker Nacional.

    Eis que ao fim de uma música, o roadie da banda começou a pedir para gente invadir o palco com as máquinas fotográficas em punho e Pompeu começou a nos apresentar para galera como “jornalistas que estavam ali para documentar e denunciar as dificuldades que os fãs estavam passando naquele fim de semana e que deveríamos ser respeitados pelos fãs",  que prontamente nos aplaudiram e ainda pediu para todos erguerem seus pulsos com o símbolo do Heavy Metal em riste ( o famoso Maloik ou Horns Up ), que nós iríamos fotografar e várias bandeiras começaram a ser abertas também, bandeiras de todos os estados possíveis deste país, Pará, Minas Gerais, Amapá, Ceará, Pernambuco ( terra natal do guitarrista Antônio que momentos antes bradou isso a plenos pulmões e foi amplamente aplaudido ) entre tantos outros...Na sequência pediu a todos para cantarem um trecho do Hino Nacional, como tinha feito no Rock in Rio do ano anterior e então todos ( inclusive nós no palco ) começamos a cantar:  “...Gigante pela própria natureza, és belo e forte impávido colosso...e teu futuro espelha essa grandeza, terra adorada, entre outras mil és tu Brasil, ó pátria amada, dos Filhos deste solo és mãe gentil, Pátria Amada Brasil!”.

    Todos nós, jornalistas headbangers saímos do palco estupefatos e boquiabertos com o respeito que o Korzus demonstrou durante o show inteiro para com os fãs e até a imprensa do meio Rock Brasileiro. Digno de nota e nosso profundo respeito ( vejam no Youtube vários vídeos deste show, mas aproveito e coloco alguns aqui nesta resenha:
 http://www.youtube.com/watch?v=1OO3wYP1NMU&feature=related,
 http://www.youtube.com/watch?v=L4s9kdG3oXs&feature=related,
http://www.youtube.com/watch?v=fSQQZ5FV9_4&feature=related
e http://www.youtube.com/watch?v=SjRPNKiT5h8
). Ao final, a banda ainda tocou Catimba e a citada faixa no princípio do show, Guerreiros do Metal, que foi elevada ao patamar de maior clássico da noite e bangeada até pelos jornalistas.

Final Melancólico e triste

    Foi o fim do festival e a maioria não sabia disso, mas nós no backstage, sem nenhuma informação de parte nenhuma, já tínhamos nos dado conta disso e fomos embora, para saber no começo do domingo que o Metal Open Air tinha sido 100% cancelado e oficializado por Natanael Jr. da Lamparina Filmes ( uma das produtoras ) na Internet, pois a essa altura já tinha estourado em tudo quanto era site a notícia de que ele e seu ex-parceiro da Negri Concerts de São Paulo, Felipe Negri tinham se pegado na porrada durante o show do Korzus.

    Isso não nos cabe julgar, mas sim o que se ocorreu depois. Os campistas ficaram ao ‘deus dará’, sem luz e sem segurança nenhuma deste momento em diante. No domingo cedo, o segundo palco já estava praticamente desmontado e os campistas desesperados e perdidos, pois a maioria tinha voo agendado somente para a segunda feira, o quê fariam no domingo e onde dormiriam naquela noite? Muitos procuraram pousadas e hotéis, totalmente lotados e alguns sem condições financeiras de ir para um hotel ou pousada como um grupo de Colombianos, que só poderiam voltar na segunda para seu país. Muitos migraram para as praias por acharem ser mais seguro do que naquele ‘fim-de-mundo’  isolado de tudo e sendo visado pelos meliantes. Outros até na porta do aeroporto foram acampar ou dormir lá dentro mesmo, pois, no aeroporto ao menos tinha segurança e comida. Neste mesmo dia já passava em todos os canais de televisão as tragédias que aconteceram neste evento, enfim, o Heavy Metal estava na TV Brasileira em horário nobre. Vergonha! M:O:A: = Muitos Otários Acreditaram. Eu sou um Otário.

Texto: Alexandre WildShark
Fotos:
Alexandre Wildshark, Mayara Guttierrez ( Almah ) e Aglair Baldan ( Anvil )
Aglair Baldan e Alexandre Wildshark ( Destruction, Exciter e Exodus, Symphony X ) 
Alexandre Wildshark e Aglair Baldan ( Exciter e Exodus )
Alexandre Wildshark ( Korzus, Legion Of The Damned, Orphaned Land e Shaman )
 
Agradecimentos: Juliana Negri pelo credenciamento
Maio/2012

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