Angra - 20 Years Anniversary
Domingo, 28 de julho de 2013
no Circo Voador no Rio de Janeiro/RJ

    A banda de Heavy Metal mais famosa do Brasil comemora 20 anos de seu álbum Angels Cry ( 1994 ) no Circo Voador, Rio de Janeiro, trazendo o vocalista italiano Fabio Lione vocalista das saudosas bandas Rhapsody Of Fire e Vision Divine, na turnê juntos com Kiko Loureiro ( guitarra ), Rafael Bittencourt ( guitarra ), Ricardo Confessori ( bateria ) e Felipe Andreoli ( baixo ).

    De casa cheia, estava para começar um show muito aguardado no Circo Voador. Ao som da introdução da primeira música, começou o “Oleoleoleola Angra” dos fãs. Em segundos o palco foi preenchido pelos integrantes, entrando por último, Fabio Lione, cantando Angels Cry. Com muita energia, os fãs gritam e cantam uma das canções mais queridas e adoradas da banda, junto com uma sensação de ‘finalmente Angra e as músicas que sentíamos falta’.

    Fábio Lione erra a letra da música nas primeiras frases, mas muito carismático, fala com o público: “Não falo muito português, mas posso falar italiano e espanhol! Eu quero ouvir vocês todos cantando com a banda!”, dando sequência à próxima canção; diga-se de passagem, uma das melhores do Angra, Nothing To Say ( do Holy Land ). Fábio Lione espera, e apenas ouve o público cantar, entrando depois na música.

    Depois da Waiting Silence do aclamado Temple Of Shadows, Rafael Bittencourt inicia diálogo com o público, interrompido pelo som que iniciou na hora errada. Retomado o controle disto, o guitarrista fala sobre a alegria em voltar aos palcos depois de uma longa pausa após a saída do vocalista Edu Falaschi e do orgulho de representar o Metal brasileiro.

    Para representar o talento do Metal Nacional, Rafael Bittencourt convidou o vocalista carioca Gus Monsanto ( Symbolica ) para cantar Time junto com Fabio Lione. Gus Monsanto, um vocalista de peso do Rock/Metal brasileiro, mostrou todo seu talento e voz na música. Fato curioso, é que parecia que a banda não tinha combinado quais partes iriam cantar, podendo, portanto, o convidado ter cantado mais na música. Alguns gritos distorcidos de ambos nos pontos mais agudos, mas Time realmente exige bastante. O músico se despede, e os integrantes o agradecem.

    O show prossegue com a linda canção Lisbon, do terceiro álbum Fireworks. Com uma introdução de teclados inconfundíveis, os fãs logo reconhecem e cantam juntos em coro. “Estás cansados?” – pergunta Fábio Lione. A seguinte foi Millenium Sun do Rebirth, álbum de estreia do vocalista Edu Falaschi e do baixista Felipe Andreoli, este ainda na banda.

    Em mais um diálogo com o público, Fábio Lione relata que um dos álbuns preferidos dele, e que não é tão lembrado quanto Angels Cry, é o Fireworks e também, que o Brasil é igual ao futebol, está sempre bom. Sim, a próxima é deste álbum e com Gentle Change, que é tão bonita quanto Lisbon. O show seguiu com Winds Of Destination ( do Temple Of Shadows ). Obrigada Fábio Lione, também amamos Fireworks. E ele continua: "O Angra possui muitas músicas e não consegui aprender a letra de todas, como esta do álbum Aqua", referindo-se a The Rage Of The Waters, na qual ele chama o guitarrista/compositor Rafael Bittencourt para assumir o palco.

    Antes de cantar, Rafael Bittencourt comentou sobre a trajetória da banda, e confessa ao fãs, que a banda ficou sem saber o que fazer depois que Edu Falaschi os deixaram, mas que nunca desistiram: Se pensaram que o Angra estava acabando, nós estamos apenas começando! – declara Rafael Bittencourt, em um dos momentos mais emocionantes tanto para a banda quanto para os fãs, que puderam compreender suas palavras, pois os acompanham há anos. Rafael Bittencourt canta então The Rage Of The Waters ( do cd Aqua ), que marcou a saída de Edu Falaschi e o retorno do primeiro baterista Ricardo Confessori à banda, sem seus 'dreads'. Destaque para o baixista Felipe Andreoli nesta, que tomou todo o palco com um solo perfeito, sempre.

    Se era nostalgia que esperávamos, obviamente não podia faltar mais de Holy Land, com Silence And Distance, uma bela melodia no qual o efeito reverb do microfone de Fábio Lione o deixou pouco encabulado, rindo. Todos ouviam em silêncio a canção.  A seguir, mais de Fireworks com direito a luzes de cores laranja e amarelo, que lembram mais ainda as cores do álbum, ao tocar Wings Of Reality. E o grupo sai do palco depois desta, dando continuidade à parte acústica do show, como todos puderam ver na movimentação de violões e bancos no meio do palco.

    E o público não se aguenta: “oleoleoleola” novamente. Retornam Kiko Loureiro e Rafael Bitterncourt ao palco assumindo seus violões acústicos, e antes de tocar, iniciam um bate papo com os fãs. A dupla, embora cabeludos e com viola na mão, não é sertaneja e contou algumas curiosidades na composição de suas canções, desde o início de suas carreiras.

    Os guitarristas nos contam que costumavam ir acampar juntos em lugares isolados para criação e composição, dando margem para piadinhas e gargalhadas nos fãs, de modo bem descontraído. Também relembraram momentos de um show em 1994, no Rio de Janeiro, que inclusive, o vocalista Gus Monsanto assistiu, e de uma guitarra rosa que Kiko Loureiro usava na época.

    Agora vamos tocar um pouco de violão. É muito bom poder matar as saudades daqui do Rio - diz Kiko Loureiro. Pelo andar do papo, já dava pra perceber qual seria a próxima música. Em acordes bastante familiares, Rafael Bittencourt começa a tocar Reaching Horizonts, daquele álbum debut, ‘de capinha azulzinha’. Pois é, faz muito tempo, os nostálgicos puderam matar as saudades. Para quem não conhecia, Reaching Horizonts era uma daquelas baladinhas que todo mundo cantava como hino.

    Em seguida, a dupla convida uma fã para sentar no meio dos dois, para acompanhar Late Redemption, do excelente álbum Temple Of Shadows, uma linda canção com a participação de Milton Nascimento, junto com Edu Falaschi, que cantava as partes em inglês, e Milton Nascimento em português, na melhor junção MPB com Angra. Neste ao vivo, Kiko Loureiro cantou Milton, e Rafael Bittencourt cantou Edu. Sem trocadilhos.

     Rafael Bittencourt citou agradecimentos aos músicos que já participaram da banda, como Luis Mariutti ( primeiro baixista ), Andre Mattos ( primeiro vocalista ) e Edu Falaschi, e também sobre fãs que se motivaram a aprender música e instrumentos através da banda, declarando seu incentivo aos estudos musicais.

    O grupo retorna ao palco, com o piano de Make Believe, do álbum Holy Land e Fábio Lione toma a frente do grupo novamente, dividindo o vocal com Rafael Bittencourt. Houve muita microfonia no show, mas neste momento, se superou. A seguinte foi Evil Warning ( do Angels Cry ) com destaque mais uma vez, dos solos i-guai-zi-nhos aos do cd, de Felipe Andreoli no baixo. Aliás, todos os instrumentos estavam como nos álbuns, reforçando a competência técnica desses músicos.

    Após um breve intervalo, retornam todos ao palco para o bis com No Pain For The Dead, também do Temple Of Shadows. I´m not Bruce, but you can scream for me! - brinca Fábio Lione, referindo-se ao famoso “Scream for me Brazil” de Bruce Dickinson executado em seus shows do Iron Maiden. In Excelcis introduziu os teclados de Rebirth, que literalmente agitou o pessoal e fez todo mundo sair do chão ( mesmo não sendo Ivete ) cantando juntos com Fábio Lione.

    O vocalista provoca logo em seguida: Então, podemos terminar o show?. Prosseguiram o show com Rebirth ( título do álbum de 2001 ), que pode ter sido a música mais cantada, incrivelmente superando todas do show. Especialmente para o baixista Felipe Andreoli, que cantou com mais entusiasmo as músicas deste álbum, já que foi neste que iniciou sua participação na banda.

    Depois de Rebirth, o frontman pergunta: Que música vocês querem ouvir?. Os fãs respondem: Toca Carry On!. Como uma ordem, imediatamente começa Carry On, a mais conhecida da banda, com aqueles riffs que já conhecemos do primeiro álbum. Rafael Bittencourt canta junto com Fábio Lione, mas nos agudos, a voz não saía. Acontece, agudos como os de Andre Mattos não são fáceis. Legal foi ver Felipe Andreoli tomar o meio do palco em mais um solo de baixo; sempre é bom ver baixistas se tornarem mais presentes. Ao fim da música, Rafael Bittencourt, que havia entrado com a camisa do Brasil estilizado com o nome Angra, tira-a e joga aos fãs.

    A banda se despede, Ricardo Confessori joga suas baquetas para o público, que finalmente aparece, pois, durante todo o show se manteve um pouco escondido no meio de seus pratos e caixas, apenas tocando muito e com a mesma perfeição técnica que nos impressiona desde sempre.

    Certamente, sentimos falta dos vocais de Andre Mattos e Edu Falaschi em suas respectivas músicas, mas a aceitação de Fabio Lione foi muito boa, e seu talento é indiscutível. Além disso, é possível que o fato de Rhapsody Of Fire estar em evidencia na mesma época em que Angra possa ter influenciado positivamente, não sendo descartada, uma ‘efetivação’. O show de 20 anos de Angra foi nostálgico, satisfatório, técnico, mas acima de tudo, emocional. Certamente, foi um trabalho voltado para o agrado de seus fãs: muito diálogo, curiosidades, acústico, desempenho técnico, setlist com as melhores da carreira, além de um vocalista importado.

Texto: Chan Suan
Fotos: Palmer Cardoso
Agradecimentos à Vivien do Circo Voador
pela atenção e credenciamento
Agosto/2013

Set List

1 - Intro
2 - Angels Cry
3 - Nothing To Say
4 - Waiting Silence
5 - Time
6 - Lisbon
7 - Millennium Sun
8 - Gentle Change
9 - Winds Of Destination
10 - The Rage Of The Waters
11 - Silence And Distance
12 - Wings Of Reality
Acoustic:
13 - Reaching Horizons
14 - Late Redemption
15 - Make Believe
Bis:
16 - No Pain For The Dead
17 - Evil Warning
18 - In Excelsis / Nova Era
19 - Rebirth
20 - Carry On

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 Angra no Circo Voador no Rio de Janeiro/RJ