Buena Vista Social Club com Omara Portuondo
Terça Feira, dia 7 de maio de 2013
no Teatro Bradesco em São Paulo/SP

    Amor a música e curiosidade por um trabalho que levou o nome de Cuba ao estrelato por todas as partes do mundo. Essa foi a razão que levou o Rock On Stage a conhecer o trabalho desta banda que em um país tão fechado, que há quinze anos atrás estouraram no mundo inteiro com o sucesso de um filme.

 Mas o que afinal é o Buena Vista Social Club?

    Buena Vista Social Club era um clube de dança com atividades musicais em Havana ( Cuba ), local onde os músicos se encontravam e tocavam na década de 1940, entre eles Manuel "Puntillita" Licea, Compay Segundo, Rubén González, Ibrahim Ferrer, Pío Leyva, Anga Díaz e Omara Portuondo. Ao longo dos anos novos membros entraram no grupo, porém, em meados dos anos 90, aproximadamente 40 anos depois do fechamento do clube, inspirou uma gravação do músico cubano Juan de Marcos González e o guitarrista americano Ry Cooder com os músicos tradicionais, o disco, chamado Buena Vista Social Club tornou-se um sucesso internacional.

    Foi quando então o diretor alemão Wim Wenders filmou a apresentação do grupo na Holanda e uma segunda apresentação no famoso Carnegie Hall em Nova York, transformando num documentário, acompanhado de entrevistas feitas em Havana com os músicos. Estava pronto ali uma obra de arte. O filme, chamado Buena Vista Social Club, foi aclamado pela crítica, sendo indicado ao Oscar na categoria Melhor Documentário e ganhando o prêmio de Melhor documentário no European Film Awards.

    E Omara Portuondo e Buena Vista festejaram uma noite cubana comemorando quinze anos do disco e do filme que exibiram o projeto para fora de seu país. Depois de passar pelo Olympia em Paris, o Royal Albert Hall em Londres, o Palau de la Música Catalana em Barcelona e a Konzerthaus em Viena, além dos festivais North Sea Jazz ( Holanda ) e Jazz Marciac ( França ), chega a vez do espetáculo ser apresentado em 'Terra Brasilis' no belíssimo Teatro Bradesco com uma plateia completamente lotada e no horário previsto começava o espetáculo.

    A nova geração de músicos cubanos, cantores Carlos Calunga e Idania Valdes, o pianista Rolando Luna e, com seu avô no trompete, Guajirito Mirabal - mostram que o documentário ajudou a formar novos musicistas cubanos. "O filme ajudou não só a divulgar o Buena Vista Social Club como também a mostrar a música cubana para o mundo. Para mim, acima de tudo, serviu como inspiração para continuar cantando no grupo e também sozinha", disse Omara Portuondo em entrevista anterior ao espetáculo.

  O estilo musical é aquela batida cubana que conhecemos, porém o visual lembra e muito os grupos de pagodes que estragavam nossa música décadas atrás, mas isso não acontecia com o Buena Vista Social Club, pois foi com uma sonoridade extremamente diferente do que estamos habituados a ouvir, a curiosidade de ver músicos com seus setenta e poucos anos, e me fez lembrar pois se Jimi Hendrix estivesse vivo, estaria na mesma faixa etária.

    Os solos foram interessantes, extremamente bem tocados, afinal cada músico deve ter mais de 50 anos de palco, cada um com seu instrumento pedindo sempre para a plateia participar, e claro, era atendido e a banda mostrou o quanto é boa em Arena, pois o espetáculo abrange música e dança sendo bem interessante e diferente de assistir.

    Como não conhecia e não tivemos acesso ao set list, o que me veio a mente foi analisar o espetáculo como o original, ou seja, um filme espetacular, e perto do final, surgi no palco Omara Portuondo, com seus joviais 82 aninhos, e fez todo o Teatro Bradesco aplaudir de pé em sua entrada num momento realmente inesquecível, já que ali naquele momento se havia passado pouco mais de uma hora de apresentação.

    Ver Omara Portuondo dançando com cada membro - e apresentando seu marido ( que por sinal fez o melhor solo de violão na noite ) - mostrou o prazer da banda em tocar ao vivo, que foi algo que impressionou. Isso sem contar o carisma de Omara Portuondo, que acredito todos que não a conheçam e estão lendo esse review imaginam que ela possua.

    Claro que os clássicos, as músicas Chan Chan e Dos Gardenias foram as favoritas do público e não poderiam ficar de fora, pois após o encerramento da apresentação, pude ver um espetáculo ser aplaudido de pé e isso realmente impressiona, mostrando que boa música, não existe estilo, fronteira ou idade.

    Um grande show de música, um espetáculo belíssimo, para quem for livre de preconceito e radicalismo assistam o filme, assim como fiz após o espetáculo, pois se trata de uma grande obra da sétima arte, que ganhou turnês mundiais há exatos 15 anos.

Texto e Fotos por Marcos César de Almeida
Agradecimentos para
Michele Menegatti do Teatro Bradesco
pela atenção e credenciamento
Junho/2013

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do Buena Vista Internacional
 no Teatro Bradesco em São Paulo/SP

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