Cannibal Corpse - 25 Years Of Death Metal Tour
Abertura: Grangena Gasosa e Fórceps
Quinta, 20 de junho de 2013 no Circo Voador no Rio de Janeiro/RJ

    Noite fria e tranquila nos Arcos da Lapa. Ao chegar me deparo com muitos amigos de longa data batendo papo e bebendo uma cerveja para descontrair enquanto não chegava o grande momento: Cannibal Corpse no Rio de Janeiro, lançando o cd Torture e com bandas de abertura do naipe de Gangrena Gasosa e Fórceps. Momento único e promessa de uma grande noite. Mas que com certeza guardava grandes surpresas, algumas boas, outras melhor que não acontecessem.

    A casa abriu por volta das 20h, e a princípio as pessoas entravam calmamente, pelo menos até certo momento, uma vez que começou a rolar boatos que a manifestação que tomava conta do Rio de Janeiro se encaminhava para a Lapa. Como todos sabem, o país vem vivendo um momento único, com várias manifestações acontecendo pelo país e nesse dia teríamos uma grande manifestação no centro do Rio, onde eram esperadas um milhão de pessoas. Mas sinceramente não esperava que ela chegasse até a Lapa.

Fórceps

    Próximo das 22h, a banda Fórceps entrava no palco para destilar o seu Death Metal, com toda a brutalidade demonstrada em seu cd  Humanicide. Doug Murdoch nos vocais, Fernando Alonso na guitarra, Raphael Gabrio no baixo e Emmanuel Iván na bateria estavammandando super bem no palco, agitando o público presente, mas infelizmente a confusão fora do Circo Voador tomava proporções gigantescas inúmeras bombas de gás lacrimogêneo eram jogadas no entorno da casa, provocando o pânico geral.

    As manifestações são pacíficas, apenas buscando mais direitos que os políticos não nos concedem, mas banderneiros iniciaram um confronto com a polícia e levaram o confronto para lá. Resultado: muitas pessoas passaram mal, inclusive dentro do Circo Voador, que por ser uma casa aberta, foi tomada pela substancia e várias pessoas com náuseas e vômitos eram encaminhadas a enfermaria. Após 20 minutos a banda retornou ao palco, mas infelizmente a apresentação já estava comprometida.

Grangena Gasosa

    No intervalo, que inclusive teve que se estendido para que as pessoas atingidas pudessem se recompor. A indignação, pânico e tristeza tomavam conta daqueles que se encontravam no Circo Voador, afinal, quando vamos num show é para se divertir e esquecer dos problemas. E enquanto isso, o pau continua a quebrar lá fora. Mas, mesmo assim o Gangrena Gasosa subiu ao palco com o seu Savará Metal, que podemos assim dizer que é um Thrash - Crossover - tribal: uma macumba da melhor qualidade.

    Para quem ainda não conhece, a banda formada por Zé Pelintra e Omolu nos vocais, Exu Caveira na guitarra, Pomba Gira Maria Mulambo na percussão, Pomba Gira Maria Padilha no baixo e Exu Mirim na bateria se apresenta caracterizada como entidades como Pombagiras, Exus e similares. E o show prometia, pois era o lançamento do DVD Desagradável, de onde foram escolhidas as músicas de seu show.

    O público tinha entrado no clima novamente e curtindo muito o show do Gangrena Gasosa, que inclusive tiveram vários convidados especiais, vários ex-integrantes. O show estava pegando fogo quando novamente começava sons de tiros e muitas bombas de gás lacrimogêneo eram novamente jogadas, INCLUSIVE dentro do Circo Voador! E foram várias! UM VERDADEIRO ABSURDO E DESRESPEITO!!!

    Muitas pessoas passando mal e machucadas dentro e fora do Circo Voador, inclusive um funcionário do mesmo! Uma total falta de bom senso e esse episódio só confirmaria o que todos nós já sabíamos: que a polícia do nosso país é totalmente despreparada!!! Quem estava no show não tinha nada a ver com o que acontecia lá fora e além de segurança, os headbangers presentes merecem a devida consideração. O que tivemos neste dia foi um verdadeiro disparate e espero que os excessos cometidos sejam apurados e os responsáveis punidos.

    A banda teve que sair correndo do palco e se refugiar no camarim, porque o ar dentro do Circo Voador estava insuportável. Algumas pessoas quando tentavam olhar no pelo muro da casa para saber o que estava acontecendo e infelizmente, levavam bomba na cara, sem o menor motivo. Que os fatos ocorridos neste dia não voltem a acontecer, pois fãs de Heavy Metal sempre são ditos que são pessoas más, mas o que vemos nos shows são pessoas como qualquer um de nós, pessoas normais, trabalhadoras, pais de família, etc... e que merecem o devido respeito das autoridades.

    Após uma meia hora, as “entidades” do Gangrena Gasosa voltam ao palco e continuam o show na raça. Cheios de bom humor, fizeram o clima esquentar de novo e como sempre fizeram um showzaço, apesar da tensão que continuava no ar. E depois do show eles fizeram questão de atender a todos os fãs. Ainda bem que apesar do clima que estava no ar, tanto os fãs quanto as bandas provaram que a postura que nos dão a fama de guerreiros que temos, pois suportamos adversidades como esta para ver um show. Entretanto, o apreço deveria ser de igual forma como o que temos com as outras pessoas. 

Cannibal Corspe

    Depois de um longo intervalo para a preparação do palco e lógico para que a banda pudesse chegar até o Circo Voador com segurança, eis que o grande momento chega: Cannibal Corpse em terras cariocas. E o melhor, sem gás lacrimogêneo! Agora a coisa iria ser violenta, mas de outra forma, aquela positiva que vemos nos shows de Metal e comandado por alguns dos músicos mais agressivos do mundo no quesito musical com George "Corpsegrinder" Fisher nos vocais, Pat O'Brien e Rob Barrett nas guitarras, Alex Webster no baixo e Paul Mazurkiewicz na bateria.

    A Skull Full Of Maggots do álbum de estreia Eaten Back To Life vem de primeira arregaçando com tudo e George Corpsegrinder Fisher girando a cabeça sem parar ( isso que é malhação de pescoço, e alias, que pescoço né? ). A sequencia prosseguiu com Staring Through The Eyes Of The Dead ( do The Bleeding de 1994 ) e Edible Autopsy ( também do Eaten Back To Life de 1990 ), mostrava Alex Webster, Pat O´Brien e Rob Barret agitando mais timidamente enquanto Paul Mazurkiewicz dava um show a parte. Nessa parte do show, George Corpsegrinder Fisher começava a se comunicar com a galera presente e fazendo graça sobre a música Addicted to Vaginal Skin do Tomb Of The Mutiled de 1992.

    Mas era hora de coisa séria e com isso o Cannibal Corpse enviou quatro porradas desfigurantes com An Experiment in Homicide ( do The Bleeding ), Sentenced To Burn ( presente no Gallery Of Suicide de 1998 ), Gutted ( do Butchered At Birth gravado em 1991 ) e Demented Aggression ( do novo Torture ), verdadeiros presentes dados ao público como um tijolo na cara. Mais uma pausa e em seguida outra nova com Scourge Of Iron e para a surpresa de muitos foi incluída no set Disfigured, música gravada no álbum Vile de 1996, que andava sumida dos shows da banda.

     Sem dar chance da galera respirar, como era de se esperar num show dos mestres do Death Metal, eles mandam um mar de clássicos que levaram o público presente a loucura e serviram também para que fosse realizado um brinde aos heróis guerreiros que enfrentaram toda aquela situação extrema citada mais acima. Afinal, ouvir uma sequencia contendo Evisceration Plague ( título do penúltimo álbum de 2009 ), Dormant Bodies Bursting ( do Gore Obsessed de 2002 ), Disposal Of The Body ( do Gallery Of Suicide ), Decency Defied ( do Wretched Spawn de 2004 ), Dead Human Collection ( do Bloodthirst de 1999 ) e para fechar redondo a clássica I Cum Blood, do Tomb Of The Mutiled. E todas as músicas tocadas com a velocidade, violência e habilidade que só o Cannibal Corpse possui.

    O arremate final da destruição sonora promovida pelos americanos veio com mais uma do Torture com Encased In Concrete e Make Them Suffer, gravada no álbum Kill, que sintetiza o que foi o show da banda, verdadeiramente matador. Era para terminar aí, mas como o como o público estava com sede de mais canções após todos esses anos de espera, e naturalmente a banda sabia o que os fãs passaram antes de ver este show no Rio de Janeiro, eles voltaram para o bis arregaçando tudo com os petardos Hammer Smashed Face do Tomb Of Mutiled e Stripped, Raped and Strangled, hino esmagador gravado no cd The Bleeding, que garantiu que a banda fosse ovacionada, óbvio.

    Vale um registro: os fãs de Heavy Metal, músicos, funcionários e repórteres presentes no Circo Voador não estavam envolvidos com manifestações e muito menos com badernas, queriam apenas realizar seu trabalho e curtir as bandas que gostam muito, mas todos sofreram com a incompetência vista às olhos claros das autoridades, que deveriam nos proteger dos bandidos. Muito bom que o povo despertou e está buscando seus direitos, afinal, não somos gado para que sejamos levados ao abate sem direitos e só com impostos e deveres. Nós do Heavy Metal, que toleramos preconceitos de vários tipos sabemos que a luta continua e temos que a fazê-la sem violência, mas com a atitude que temos.

Por Camilla Marinho
Fotos: Palmer Cardoso
Agradecimentos a Vivien do Circo Voador
pela atenção e credenciamento
Julho/2013

Set List do Cannibal Corpse

1 - A Skull Full of Maggots
2 - Staring Through the Eyes of the Dead
3 - Edible Autopsy
4 - Addicted to Vaginal Skin
5 - An Experiment in Homicide
6 - Sentenced to Burn
7 - Gutted
8 - Demented Aggression
9 - Scourge of Iron
10 - Disfigured
11 - Evisceration Plague
12 - Dormant Bodies Bursting
13 - Disposal of the Body
14 - Decency Defied
15 - Dead Human Collection
16 - I Cum Blood
17 - Encased in Concrete
18 - Make Them Suffer
Encore:
19 - Hammer Smashed Face
20 - Stripped, Raped and Strangled

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