Ensiferum - South American Tour 2013
Sábado, 01 de Junho de 2013
no Carioca Club em São Paulo/SP

    A banda finlandesa Ensiferum comemora sua maioridade em uma turnê na América do Sul e no show em São Paulo, eu tive o prazer de cobrir essa grande festa pelo Rock On Stage onde foram contemplados todos os álbuns da banda. Chego ao Carioca Club por volta de 18h40 e vou direto para a fila, afinal onde mais eu vou saber quais as expectativas da noite ou conseguir bater um papo com um fã que veio de Porto Velho ( Rondônia ) para ver o show?

    Também escuto comentários sobre a Emmi Silvennoinen ( tecladista ), que não vai tocar essa noite, uma pena! Já dentro do Carioca Club todas as músicas que rolaram enquanto esperávamos eram de Folk, o que serviu como um aquecimento para a grande noite que estava por vir e entre conversas sobre quem emagrece e engorda na banda e se o pessoal do fã clube poderia entrar com uma espada no show, o tempo passou muito rápido. 

    Pontualmente às 19h30 é aberta a cortina, no telão ao fundo do palco está escrito Ensiferum, e ao som de Symbols ( a intro do cd Unsung Heroes de 2012 ) entra o baterista Janne Parviainen, seguido por Sami Hinkka no baixo, Markus Toivonen guitarra e Petri Lindroos vocal e guitarra. E aproveitando a intro eles já emendam a In My Sword I Trust ( também do cd Unsung Heroes ), no telão uma ou outra imagem que lembra a capa de último álbum e sobre a iluminação imagino o pessoal da casa perguntando para eles: qual iluminação vocês precisam? e provavelmente a resposta foi... Todas! As luzes piscam, mudam de cor, acompanham o ritmo da música, uma delícia para os fotógrafos dessa noite.

 

    A segunda música é a Guardians Of Fate ( presente no Ensiferum, primeiro álbum de 2001 ), os riffs são alegres de início, pessoal grita "hey, hey", no palco e Sami Hinkka, Markus Toivonen e Petri Lindroos cantam juntos, eu já viajando, achando que a frase "Those who travelled far away from home, they'll never return" era comigo, afinal é a primeira vez que vou a um show em Sampa sem excursão ( para minha sorte o Carioca é quase virando a esquina da saída do metrô ). Bem... voltando a realidade Petri Lindroos nos cumprimenta e nos pergunta se estamos nos divertindo, as expressões no palco e na plateia dão a resposta.

    A próxima é a From Afar ( do From Afar de 2009 ) e essa é bem rápida e agitada, a galera a minha volta canta todas, em toda a pista até o mezaninho, todos acompanham no "hey hey", enquanto isso Sami Hinkka, o baixista corre de um lado para o outro agitando o público, o batera Janne Parviainen é ótimo e não erra, mesmo com o ritmo frenético e toda técnica de cada música, Markus Toivonen e Petri Lindroos ainda estão tímidos, mas sempre com um sorriso no rosto.

 

     Na intro da bela Burning Leaves ( do disco Unsung Heroes ) a pista enlouqueceu, todos cantam e batem palmas, no palco os músicos bangueam nas partes mais técnicas das músicas e as imagens trocam bem devagar no telão com temas que remetem a capa de álbuns, florestas e o nome da banda. A exemplo do Sami Hinka ( que merecia o prêmio showman da noite ) Markus Toivonen vem até a frente do palco, muito garboso e cheio de pose no estilo "sou foda..." Ok! ele pode, afinal toca muito! Principalmente nesse solo, a minha volta nesse momento noto uma reação exagerada das moçoilas ( lembra da reação das meninas ao show de Elvis, Beatles e Cia? Tava desse jeito! ).

     Interrompendo meus devaneios Petri Lindroos nos manda um "boa noite São Pauloooo" ( sim... desse foi jeito que ele falou ) e é ovacionado pela pista, então começam os acordes no baixo da deliciosa One More Magic Potion ( do terceiro álbum Victory Songs de 2007 ), cantei a plenos pulmões junto com todos, mais à frente do palco Markus Toivonen e toda sua pose banguea jogando seus cabelos para o pessoal na frente do palco e se eu estivesse lá eu puxaria os cabelos dele, pois... sou muito má!

     Sami Hinkka, o cara que levanta a galera, puxou o "hey, hey" e depois foi cantar junto de Markus Toivonen dando uma folga para o tímido Petri Lindroos, que aproveita o tempo longe do microfone para banguear muito nessa música ( não falei que essa é ótima? procure no Youtube e confirme ).  

    Uma pausa para eu recuperar o meu fôlego e beber uma água ( no Carioca Club dá para pagar, pedir a bebida sem perder um minuto do show ), Petri Lindroos nos diz que a próxima música nos colocará em uma batalha, assim começa a empolgante Into Battle ( do  Iron, segundo cd de 2004 ) e a reação do pessoal foi de fazer uma roda no meio da pista. Nesse momento, no telão havia uma floresta com uma aurora boreal no céu, no palco os músicos tocando com muita técnica, velocidade e bangueado de forma sincronizada, todo esse ambiente me faz sentir que realmente estamos nos preparando para uma batalha! Não é à toa que a banda se intitula Heroic Folk “Death” Metal.

     Logo emendam a Stone Cold Metal ( outra do From Afar ) e ela começa heroica como a grande maioria das músicas da noite, como conhecia pouco o trabalho dos caras, então metade do set nunca tinha escutado, esta é uma das que não ouvi, mas a grata surpresa, além da música ter uma pegada Western, está em um solo de banjo no meio. Simplesmente magnífico... ( tá certo que antes da coisa toda pegar fogo, o Petri Lindroos me solta um "Ih rrá" tão inesperado que até deixei cair a minha caneta e ela nunca mais foi achada, mas tudo bem eu trouxe uma boa reserva de canetas para casos como esse ).

    Estava tão empolgada com o clima "Cowboy" da música, que quando me dei conta que o baixista não estava no palco, quase gritei: apertem os cintos que o Sami sumiu! Mas, ele apenas tinha descido do palco ( no meio da música ) para interagir com o público, uns bons minutos depois ele estava de volta.

    Mais uma Western para a gente, parecia baladinha, a galera acompanha no coro "ooooh" ( eu no meio claro ), enquanto os músicos estão compenetrados em suas notas, mas, depois do início calminho a Victory Song ( do álbum Victory Songs ), fica épica e com riffs ótimos, bateria rápida, dancinhas coreografadas e passagens cantadas em finlandês. Retribution Shall Be Mine ( mais uma do novo Unsung Heroes ) chega quebrando tudo: batera veloz, gutural, coral épico, pitadas de Heavy Metal e com todos cantando no palco e na pista.

    Petri Lindroos lidera o solo desta música, enquanto isso Sami Hinkka, o baixista que não gosta de ver ninguém parado, pede com gestos para a galera fazer roda e mais tarde aproveita para parar de tocar e ainda se apoiar o braço em Petri Lindroos para ver o solo que ele estava fazendo, esse baixista é um fanfarrão!!!

    Markus Toivonen mais à vontade banguea muito e ainda desfila para gente "numa nice". Após tanta agitação, Petri Lindroos nos conta que a Emmi Silvennoinen não pode vir, mas quando eles vierem novamente tocar no Brasil ( comemoração básica ) ela virá junto! Após a gritaria o povo pede a música Lai Lai Hei.

    A próxima é Ahti ( também do Victory Songs ) e é outra que já começa enérgica, a minha volta a galera para um pouco de filmar e fotografar para curtir o show, pois é impossível ficar parado, principalmente no refrão, e os músicos agitam e parecem bem mais à vontade ( menos Sami Hinkka, que desde o início mostrou que é o cara ), no fim desta, aumenta ainda mais o coro pedindo a Lai Lai Hei. 

    Petri Lindroos diz que não, pois eles vão tocar a Token Of Time ( lá do primeiro disco, o Ensiferum ), essa música é muito ( com o perdão da palavra ) foda ao vivo! Os melhores riffs da noite na minha humilde opinião, mas realmente tudo soa heroico nessas músicas, minha maior vontade é me pintar como eles e participar de alguma luta. O baixista por sua vez - mesmo sem estar no microfone - se esguela cantando todas as músicas do set como se não houvesse amanhã. 

    Antes de começar a Iron ( faixa título do cd Iron ) Petri Lindroos pede para nós ajudarmos no "ta tararan" e só depois de alguns ensaios ( sim Petri Lindroos é exigente com seu coral ) começa a música e é mais uma que abre uma roda enorme, já que não era preciso mais pedir rodas para o pessoal Sami Hinkka, que passeia bastante, foi trocar uma ideia com o Janne Parviainen  ( esse batera é espetacular ), além de cantar e tocar em cima das caixas de som. Ao final, os músicos deixam o palco com a galera gritando "Ensiferum, Ensiferum , junto com os que nunca desistem gritando "Lai Lai Hei".  

    Uns minutos mais tarde, quem volta tocando musiquinhas que parecem de games, desenho e circo? Sami Hinkka, o baixista que toca músicas divertidas no escuro! Quando acendem as luzes Markus Toivonen volta com a bandeira do Brasil nas costas, a galera enlouquece com a homenagem, Petri Lindroos assume os vocais e agradece a todos falando que estão felizes com a nossa hospitalidade e aproveita para perguntar se ainda queremos mais algumas músicas, claro que sim!!!

     Ele não perde tempo e nos convida para a taberna do crepúsculo, a Twilight Tavern ( outra do From Afar ) e nessa mais parece o hino dos caras, pois eles tocam muito empolgados. Petri Lindroos ultrapassa os limites do microfone e vai até a ponta do palco com o público, Markus Toivonen completamente possuído pelo espírito Folk, além de fazer dancinha do "bate o pé", rodar que nem o peão do baú, ainda aposta uma corridinha contra Sami Hinkka, que também canta no microfone principal ( mas, é bem rápido imagina o que ele não iria aprontar como vocal principal? ). Antes da música entrar na parte que seria cantada por Emmi Silvennoinen, Sami Hinkka oferece essa parte a todas as garotas bonitas de São Paulo ( é um galanteador ) ... 

     Depois de tanta coisa, eu realmente penso tem como ficar melhor? E em resposta os caras tocam a tão pedida Lai Lai Hei ( presente no álbum Iron ), a paixão do público foi tamanha que encobriram as vozes dos músicos durante toda canção, muitos punhos ao ar, pulos e rodas, incentivados por ninguém menos que Sami Hinkka, que praticamente manda na coisa toda, no telão o nome da banda está em chamas, nada mais apropriado para essa música que incendiou a galera ( nem parece que se passaram mais de uma hora de show ), antes do fim Sami Hinkka apresenta Petri Lindroos como o guitarrista” que estriguina no solo ( esse é o tipo de música que fica na cabeça, volta e meia eu me pego cantando ela ).

    Voltando a resenha, o pessoal do camarote ( provavelmente no meio deles também haviam os que queriam levar uma espada para o show ) levantaram um escudo, Petri Lindroos sorrindo vai até o máximo que consegue para perto dos caras e os cumprimentam, a satisfação dos músicos é palpável.

 

    Petri Lindroos ainda preocupado com o horário pergunta se ainda dá tempo para mais uma música. No que dependesse dos fãs provavelmente eles tocariam até o dia seguinte... ele agradece a todos que vieram e toca a Battle Song  ( do primeiro cd Ensiferum ).

    O começo dessa música é fantástico, de todas as músicas tocadas, essa é vigorosa do começo ao fim, mas antes de acabar tem uma pequena pausa e Petri Lindroos fala que tem um pequeno problema, que só nós podemos resolver: ele não consegue nos ouvir e pede mais gritos ( e bem... se deu mal quem estava do meu lado, porque eu gritei muito ) e só depois de satisfeito que continua a música, emendando o fim Markus Toivonen continua solando e começa a Horse Race Song ( é aquela música que todo mundo já ouviu, mas ninguém sabe quem fez, mas aqui no Rock On Stage a gente sabe: ela é o Finale da ópera Guillaume Tell do compositor Gioachino Rossini ) e eles repetem o tema cada vez mais rápido, sempre com o inquieto baixista incentivo do público.

    Todos estão sem camisa e devidamente pintados para a guerra, que é provavelmente uma batalha sobre quem toca mais rápido. No meio dessa corrida de notas eles agradecem a todos, Markus Toivonen aproveita para mostrar que toca até com a guitarra nas costas, enquanto ele mostra seus dotes artísticos Sami Hinkka o baixista solidário, coloca a cerveja na boca de Markus Toivonen porque tocar com a guitarra nas costas, além de difícil, deve dar sede...

    Eles voltam a tocar a Horse Race Song, numa velocidade absurda, sério só faltava sair fumaça das cordas dos instrumentos. Com um "muito obrigado, vocês são maravilhosos" encerra essa noite ímpar. Por mais que a galera gritasse 'one more song' não tinha mais jeito, os músicos já estavam guardando os instrumentos e jogando para a plateia tudo o que eles tinham, sejam palhetas, baquetas, toalhas, garrafas, mais um pouco acho que Sami Hinkka se jogaria de lá também.

    Mesmo eles saindo do palco a impressão é de que poderíamos ficar a noite inteira com a banda curtindo as músicas com a mesma intensidade o tempo todo, escutar uma banda como essa é se transportar para uma época de batalhas, histórias ao redor de fogueiras, beber com os amigos em tabernas e principalmente celebrar! Quando eles voltarem estarei lá novamente para vivenciar essa experiência novamente.

Texto: Erika Alves de Almeida
Fotos: Erika Beganskas
Agradecimentos à Costábile Salzano Jr.
e a produtora Dark Dimensions
pela atenção e credenciamento
Julho/2013

Set List
1 - Symbols
2 - In My Sword I Trust
3 - Guardians of Fate
4 - One More Magic Potion
5 - From Afar
6 - Burning Leaves
7 - Into Battle
8 - Stone Cold Metal
9 - Victory Song
10 - Retribution Shall Be Mine
11 - Ahti
12 - Token of Time
13 - Iron
Encore
14 - Twilight Tavern
15 - Lai Lai Hei
16 - Battle Song
17 - Horse Race Song

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do Ensiferum no Carioca Club em São Paulo/SP

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