III Extreme Hate Festival
Com: Unearthly, Sinister, Vader, Suffocation e Marduk
Sábado, 04 de agosto de 2013 no Carioca Club em São Paulo/SP

    Se eu disser que uma noite com cinco bandas que já tocaram outras vezes em São Paulo são capazes de lotar e ferver uma casa de show, desde a primeira nota, você acreditaria? Pois foi isso que aconteceu nesta 3ª Edição do Extreme Hate Festival, que foi muito bem organizado pela produtora Dark Dimensions.

    E ainda bem que existe este festival, pois a Tumba Produções parou suas atividades, e consequentemente, não está mais realizando o Setembro Negro, que era dedicado ao Metal Extremo, deixando sedenta uma legião de fãs que tiveram neste festival a sombra da escuridão e puderam que paira nas almas que estiveram no evento.

Uneartlhy

    Bom, infelizmente, cheguei no Carioca Club por volta das 16h45 ( excursão sabe como é... ) e acabei assistindo apenas a última música da banda carioca Unearthly formada por M. Mictian no baixo, Felipe Eregion nos vocais e guitarra B. Drumond na bateria e Vinnei Tyr na guitarra, que possui quinze anos de estrada, cinco álbuns e vários shows dentro e fora do país. Some tudo isso junto com a sua marcante presença de palco e a música Children Of The Grave do Black Sabbath e dá pra se ter uma ideia da quantidade de gente fazendo roda e cantando com a banda.

    Também é a primeira vez que eu vejo a casa tão cheia de gente logo cedo, certeza que uma grande parte do público já é de fãs dos caras. A nossa fotografa Erika Bekangas ( que conseguiu chegar antes do show começar ) me contou que esse foi o clima durante toda a apresentação, ao final o vocalista Felipe Eregion nos agradece e cumprimenta toda a galera que está na frente do palco, minhas impressões são as melhores e espero em um próximo momento cobrir o show da banda do início ao fim.

Set List do Unearthly

1 - 7.62
2 - Insurgency
3 - Days Of Storm For Christian Souls
4 - Murder The Messiah
5 - My Fault
6 - Baptized In Blood
7 - Black Sun
8 - Age Of Chaos
9 - Children Of The Grave

 

Sinister

    O Carioca Club estava quase lotado e já tinha até fila dupla no caixa. Enquanto estou viajando no meio da fila, às 17h25 em ponto, entram no palco os músicos holandeses do Sinister, a saber: Adrie Kloosterwaard nos vocais, Mathijs Brussaard no baixo, Toep Duin na bateria, Bastiaan Brussaard e Dennis Hartog nas guitarras.

    Eles abrem o set com a Sadistic Intent ( do Diabolical Summoning de 1993 ) e o que nos é mostrado é o baixo forte de Mathijs Brussaard e o vocal Adrie Kloosterwaard ( gente isso não são nomes, são trava-linguas! ) é de um gutural tão profundo, parece que ele vai até as profundezas do inferno para trazer essa voz para nossa noite. Bom como eu não desisti da minha água e continuei na fila, bangueando firme, mas na fila. Todos a minha volta estavam ouvindo tudo, concentrados e parados, quem sabe, alguns tão impressionados quanto eu, com aquele gutural ( alguns momentos me lembra o Darth Vader ), outros talvez para não perder o lugar na fila.

    Delírios sobre a voz grave de Adrie Kloosterwaard à parte, os músicos são ovacionados, enquanto comentam sobre finalmente voltar ao Brasil ( eles vieram no Extreme Hate Festival do ano de 2009 ) falam do cd The Carnage Ending de 2012 e nos brindam com a Transylvania, nessa o batera Toep Duin e o baixista Mathijs Brussaard mostram toda sua técnica intricada. A galera se espreme mais e bangueia de leve, pois estamos na segunda banda, mas já está um pouco apertado para se mexer livremente.

 



    The Grey Massacre ( do Afterburner de 2006 ) chega quebrando tudo, com seus riffs espetaculares, o povo começa a se animar cada vez mais, os músicos estão concentrados enquanto tocam o mais puro Death Metal, ao final Adrie Kloosterwaard nos agradece e fala que a próxima é do último cd The Carnage Ending ( de setembro de 2012 ), assim Unheavenly Domain é bem mais pesada e cadenciada, no telão o nome da banda, muitas luzes que seguem o ritmo da música ( me lembram uma metralhadora ), no término Toep Duin tira foto da pista aproveitando esse intervalo entre as músicas.

    Como eu sempre quero estar o mais perto do palco ( e nesse dia o mais perto era depois do meio da pista ) aproveitei para passear pelo Carioca Club e dependendo do lugar em que eu me posicionava não conseguia escutar o som tão bem, talvez acredito que seja mais por causa dos graves que a banda usa, pois dá pra sentir o chão tremer.

    Afterburner ( titulo do cd de 2006 ) prossegue o show e no encerramento de todas as músicas sempre rola um “thank you” seguido por uma salva de palmas dos presentes. Algumas rodas acontecem, mas a grande maioria está absorvendo o show junto com o concentrado baixista Mathijs Brussaard. Noto que toda vez que vai cantar Adrie Kloosterwaard, para e se curva um pouco para frente além de apoiar a mão na coxa, provavelmente toda esta técnica deve ser pra ele conseguir puxar esse gutural das entranhas.

 Mais uma do álbum The Carnage Ending, agora a Blood Ecstasy  que chega para enlouquecer a massa, punhos ao ar, pulos e altas 'cabeladas' nos olhos ( sim é a maior concentração de cabeludos em um mesmo show que eu já vi ). Em alguns momentos consigo ver um suado, mas feliz Toep Duin quebrando tudo na batera junto com o guitarra Dennis Hartog.

    A banda toda bangueia violentamente, enquanto Adrie Kloosterwaard capricha nas caretas de mau que combinam muito com seu vocal “From Hell”. Os riffs de guitarra dessa música ( eu chamo de guitarra abelhinha, mas certeza de ter um nome técnico e sério pra isso ) junto com o solo impecável combinação que fazem da Blood Ecstasy a música que eu mais curti deste set.

    Se eu entendi bem, Adrie Kloosterwaard fanfarrão chama as mulheres de gostosas... Mas, provavelmente ele deve se referir as brasileiras em geral, pois shows nos mais extremos a presença da mulherada é mínima. O pessoal pede de Cross The Styx, mas a última música é Epoch Of Denial, que faz parte do álbum Cross The Styx de 1992, que é tocada por músicos sorridentes e satisfeitos com a plateia, que aproveita a última música para fazer uma roda ainda maior, na minha frente um fã emocionado ( eu espero ) agarra seus longos cabelos e fica com eles e os braços estendidos para cima ( deve ser alguma nova saudação, imagino ).

    Adrie Kloosterwaard nos agradece e fala que nos veremos novamente, guitarrista Bastiaan Brussaard tira do bolso as palhetas e entrega pacientemente e diretamente na mão das pessoas ( muito chique ) e esse show acabou por volta das 18h10.

Set List do Sinister

1 - Sadistic Intent
2 - Transylvania
3 - The Grey Massacre
4 - Unheavenly Domain
5 - My Casual Enemy
6 - Afterburner
7 - Blood Ecstasy
8 - Epoch Of Denial

 

Vader

    Às 18h40 quando as cortinas são abertas novamente, já presenciamos o baterista James Stewart se aquecendo no palco, o que já é suficiente para os fãs gritarem cada vez mais alto “Vader, Vader”. Os outros músicos poloneses Tomasz "Hal" Halicki no baixo e Marek "Spider" Pajak na guitarra já chegam na pressão com o vocalista Piotr "Peter" Wiwczarek clamando Brasil. Eles nos convidam para visitarmos o inferno, e nos brindam com a Sothis ( do cd De Profundis de 1995 ) e a roda começa, pelo menos é o que minhas costas me dizem, já que não consigo tirar os olhos do palco.

    Logo engatam a Vicius Circle do The Ultimate Incantation, primeiro álbum dos caras de 1992. E se você acha que o Vader é apenas só mais uma banda de Death tradicional está enganado. Para essa noite eles nos trazem mais couro, mais spikes, mais animação e creiam... Mais bangueados sexys ( não sei descrever isso só assistindo ) no meio do caos dessa música Peter Wiwczarek ainda solta um 'São Paulo' aleatório.

    Depois dessa última eles dão uma parada rápida para agradecer e Peter Wiwczarek nos conta que é bom nos ver novamente, e se estamos prontos para mais Extreme Metal ( sim! ), ele pede para gritarmos Wings ( gravada no Litany de 2000 ). O baixista Tomasz "Hal" Halicki tem um ótimo alongamento no pescoço, giros completos em 360 graus com o pescoço, invejável, os riffs dessa música são fodas, o vocal de Peter Wiwczarek é muito poderoso, vejo alguns fãs cantando junto essa música.

    E dando tempo apenas da distorção da guitarra acabar para começar a Fractal Light ( do álbum Black To The Blind de 1997 ) em todas as músicas acontecem rodas cada vez maiores e mais agressivas, o guitarrista Marek "Spider" Pajak se empolga com a gente canta junto, vai de um lado para o outro, faz caretas, além de todo intervalo jogar as palhetas mais procuradas do oeste ( sim até teve um cara que tentou ficar com o pé em cima de uma delas, mas ele foi gentilmente obrigado a levantar o pé com a ajuda de três “amigos” ).

    Os músicos dão uma pausa para uma água enquanto rola uma intro para mais uma música do cd Black To The Blind, a Carnal. Sim a música é matadora, guitarras e baixo fazendo performances sincronizadas, mas tudo isso justifica a roda mostro que quase me arrastou junto? Claro que sim, só espero que no meu próximo show dos caras, junto com o ingresso venha o "Manual de Sobrevivência" para fãs do Vader.

    A melhor melodia da noite fica por conta da Reborn In Flames ( gravada no cd De Profundis... esse nome parece ser escolhido pelo Mussun ). Todos acompanham na hora dos “Hey, Hey”, enquanto Spider Pajak fica cantarolando os solos ( sim... a música é linda ), além de volta e meia jogar mais e mais palhetas da morte, todos cantam junto e a expressão de Peter Wiwczarek é pura felicidade. Só uma coisa curiosa é a primeira vez que vejo pessoas na pista deixando a frente do palco para participar das rodas que ficavam mais para trás, vai entender.

    A próxima é Silent Empire ( também do De Profundis ) essa tem umas viradas de batera e umas paradas únicas, a minha volta o mantra da galera é que P@#% é essa, é eu sei me sinto da mesma maneira, só palavrões para descrever como essa música é boa, ao fim as luzes se apagam rapidamente, mas sem tempo para conversas os caras mandam a Return To The Morbid Reich ( gravada no Welcome To The Morbid Reich, último cd de 2011 ), nessa o batera James Stewart se supera, junto com alguns micro solos expressos, essa apesar de merecer, não teve roda ( pelo menos não nas minhas costas ), cada vez menos espaço para circular pela casa, tava difícil até para ir no bar e olha que ele é pertinho.

    Começa a matadora Come And See My Sacrifice ( outra do Welcome to the Morbid Reich ) e nessa me esquece... é a minha favorita dos caras, eu canto junto e apoio o "hey, hey", que é puxado por Spider Pajak e Hal Halicki. Quando ela termina e eu recupero o meu fôlego enquanto Peter Wiwczarek nos dá uma boa noite e nos agradece muito ( é agora ou nunca para recuperar um pouco do fôlego, pois o set deles está emendando uma música atrás da outra sem tempo para delongas ).

    Ele pergunta se estamos preparados para o Suffocation e para a Dark Ages ( do disco The Ultimate Incantation ) e essa é o cão em forma de música e incendeia o povo, eu bangueio, tu banguieas, o Carioca em peso bangueia! Nessa música e toda essa fúria só deixa mais e mais suados os seguranças do lado do palco.

    Infelizmente é chegada a hora da ultima música e Helleluyah ( God is Dead ) do Impressions in Blood de 2006, que vem para fechar com chave de ouro o set dos caras, no palco todos cantam e são só sorrisos para nós, que entregues cantamos com a mesma emoção. Ao fim os caras agradecem e todos vem até a ponta do palco para cumprimentar os fãs antes de deixar o palco, tudo isso ao som do tema do Darth Vader: The Imperial March o show acaba as 19h30 como previsto.


Set List do Vader
1 - Sothis
2 - Vicious Circle
3 - Wings
4 - Fractal Light
5 - Carnal
6 - Reborn In Flames
7 - Silent Empire
8 - Return To The Morbid Reich
9 - Dark Ages
10 - Come And See My Sacrifice
11 - Helleluyah ( God Is Dead )

Suffocation

    Às 20h sobem ao palco os músicos Derek Boyer no baixo, Dave Culross na bateria, Terrance Hobbs e Guy Marchais nas guitarras e ele, o grande motivo por eu vir essa noite, o vocalista and showman Frank Mullen, era a hora dos norte-americanos do Suffocation.

    Chegam com a Thrones Of Blood ( gravada no Pierced From Within de 1995 ) arrebentando tudo na casa, Derek Boyer enquanto toca parece que está cozinhando em um caldeirão, Frank Mullen vem até beira do palco com a sua língua para fora e mãozinha característica ( acompanhando a música na velocidade mil ), e nos saúda depois com um "obrigado" e "é sempre bom tocar em São Paulo".

    A próxima é uma pequena mostra do mais novo álbum intitulado Pinnacle Of Bedlam, que foi lançando em fevereiro desse ano e então As Grace Decease, que parece um trovão, acorda o todos, pois é 'porradaria' na orelha ( infelizmente, só consigo ver o show de lado, pois está lotado demais ) e os seguranças que estão perto fazem uma cara de “agora a coisa ficou séria”. Um ninja dá um mosh ( aqueles da velocidade da luz que você só vê as perninhas para o ar ) e mesmo agitando sem parar a galera aplaudia muito após cada canção executada.

    Toda pista ( eu inclusa ) grita “Suffocation! Suffocation” e Frank Mullen, que é a simpatia, em forma de gutural pede mais gritos, nos agradece e conta um pouquinho sobre o início da banda lá nos idos de 1988, e nos traz a Catatonia ( registrada a primeira vez no EP Human Waste de 1991 ) resultando em rodas, pulos e alegria. Frank Mullen volta e meia vem na ponta do palco para cumprimentar os fãs, quase pego na mão dele ( ok... faltaram uns bons 15cm para isso ), a grande maioria dos outros músicos, de todas as bandas da noite, ficam sempre atrás das caixas de retorno ( acredito que seja pela pouca duração dos shows, com mais tempo geralmente os músicos se soltam e vem interagir mais com a plateia ).

    Frank Mullen conta que seu pai o levava a igreja todo domingo, e ele lembra como sempre achava ridículo a ideia de Jesus salvar o mundo ( sim convide ele para sua próxima reunião de família, é diversão garantida... ) e junto com uns fãs mais fervorosos ele começa: “The greatest trick the devil ever pulled, Was convincing the world he didn't exist” começa a matadora Funeral Inception ( presente no Despise The Sun, um Ep de 1998 ).

     O vocalista pede para fazer mais rodas e os músicos não param de banguear um minuto. Depois, uma paradinha para escutar só o baixo, que está ótimo. No fim os músicos dão uma pausa para enxugar o suor ( sim quatro músicas que esquentam mais que uma hora de esteira na academia ). O frontman que mais mostra a língua por segundo vem perguntar se estamos bem e que vai mandar mais uma do último álbum Pinnacle Of Bedlam com a Rapture Of Revocation que nos arrasta para a maior roda da noite, só mostra que o público adorou este último cd, durante solos Frank Mullen sempre aponta para seus companheiros ( como se dissesse “tá vendo... o cara toca muito” ).


    “Sempre é muito bom tocar na América Latina especialmente em São Paulo, aqui sempre temos fãs nos esperando, então muito obrigado amigos” ( é bem verdade isso assisti Suffocation ao vivo pela primeira vez em 2010 desde então sou fascinada pela banda ). O set continua com a Liege Of Inveracity ( do Effigy Of The Forgotten de 1991 ) e o vocalista exclama “gritem pra mim mais uma vez!”, enquanto isso Dave Culross destrói tudo com sua batera ( acho que chamam de blast beat ), mas o que deixa essa música linda são suas quebras no ritmo, escute e não se arrependa. Derek Boyer até o meio da música está tocando como se estivesse em casa largadaço, mas ele lembra que está no meio do show e volta a se mexer e banguear, nisso Frank Mullen tenta acompanhar todos os instrumentos ao mesmo tempo com alguma parte do corpo é muito engraçado.

    Fazem então uma pequena pausa e a galera começa a gritar nomes de músicas, mas eram tantos nomes que se fossem tocar todas teríamos umas três horas de show e Frank Mullen volta pedindo para gritarmos mais e mais alto que pudermos, também fala que eles não vieram apenas para tocar o último cd e ir embora, então que venha a Pierced From Within, título do terceiro álbum de 1995, e como adoro essa música pulei freneticamente sem parar.

    Frank Mullen “o garoto Colgate de noite”, pois ele é só sorrisos a noite inteira, sempre vem cumprimentar a galera e novamente quase pego em sua mão, se não houvesse outras quinhentas a minha volta… Ele comenta sobre um lugar chamado Old Dog ( acho que é uma rede de lanchonetes em São Paulo, ou não como diria Caetano ), avisa que a próxima é de um álbum um pouco mais recente e segue o show com Abomination Reborn ( do álbum Suffocation de 2006 ) traz mais uma vez o caos para o Carioca Club a galera começa a imitar a mãozinha de Frank Mullen ( eu mais comedida fico imitando a língua para fora é mais a minha cara ), só gostaria de entender o que faz uma pessoa que está grudada na frente do palco ficar o tempo inteiro postando no Facebook, não uma música ou outra, mas o show inteiro ( minha vontade era de me jogar e ir tomar o lugar, afinal... é o Suffocation ) o número de 'PPM' ( palavrões por minuto ) estava alto, durante o solo caprichado de Terrance Hobbs.

    Frank Mullen agradece sempre nos chamando de amigos ( sério, mais um pouco e só falta ele nos chamar para tomar um café na casa dele ), tanto que ao final enquanto ele reafirma mais uma vez que é um prazer estar aqui e que somos os melhores ( está com a auto estima baixa? Venha no próximo show dos caras e saia se sentindo um vencedor ). Jogam da pista uma cerveja e ele entrega para Terrance Hobbs que além de tomar, ainda compartilha a metade do conteúdo jogando no público.

    Purgatorial Punishment ( mais uma do Pinnacle Of Bedlam ) mostra o quanto a galera está afiada com o novo álbum, um esforçado 'roadie' tenta secar a cerveja do palco entre Terrance Hobbs e Derek Boyer, mas noto que não importa se a música é mais rápida, ou cadenciada Guy Marchais sempre estará com os dois pés colados no chão e só se mexendo do tronco para cima.

    Frank Mullen anuncia que só tem mais duas músicas para gente, conta que vivem falando do fim do mundo, que seria em 2012 e que haveria terremotos, caos e todos enlouqueceriam, mas nada aconteceu, então neste último álbum eles resolvem contar a versão deles do fim do mundo, com a Cataclysmic Purification ( do álbum Blood Oath de 2009 ), essa música e este chão grudento, combinam imensamente, parece que a qualquer momento seremos puxados e vamos terminar de ver o show no centro da terra, provavelmente eu deveria ter tomado aquela cerveja o calor já está me fazendo ter alucinações. A música possui uma cadencia linda e não importando a música Terrance Hobbs a toca incansavelmente ( imagino como ele não dá um nó nos dedos ).

    Infelizmente, é chegado o momento da última música, que é sobre zumbis, enquanto Frank Mullen está fazendo algum comentário abalizado sobre zumbis a minha atenção é roubada, com Terrance Hobbs amaciando a palheta e fazendo sinal de calma para galera que está ensandecida pedindo para ele jogar mais palhetas ( imagina a cena..."gente calma! Só mais essa música e eu jogo ela pra vocês" ), começam os riffs da Infecting The Crypts, essa do Effigy Of The Forgotten, enquanto Frank Mullen nos agradece pela noite e pede mais roda, e mais rápido ( entretanto, tudo o que eu consigo fazer é só banguear mais, pois, da onde eu estou não consigo ver o que acontece de frente para o palco ).

    Pela última vez Frank Mullen vem para o meu lado do palco cumprimentar e agora já mais preparada dobro os joelhos e pulo o mais alto que consigo… é não foi dessa vez, o segurança só olha para mim e sorri, como em todas as outras vezes, o público aproveita para banguear como nunca, Frank Mullen finalmente se despede prometendo voltar com a banda ( sim... até lá preciso aprender a andar com salto plataforma, baixinha nunca mais ), e às 20h50 é fechada a cortina.


Set List do Suffocation

1 - Thrones Of Blood
2 - As Grace Descends
3 - Catatonia
4 - Funeral Inception
5 - Rapture Of Revocation
6 - Liege Of Inveracity
7 - Pierced From Within
8 - Purgatorial Punishment
9 - Abomination Reborn
10 - Cataclysmic Purification
11 - Infecting The Crypts

Marduk

   Os suecos Magnus "Devo" Andersson no baixo, Lars Broddesson na bateria, Morgan "Evil" Steinmeyer Håkansson na guitarra e Daniel "Mortuus" Rostén nos vocais, atual formação do Marduk começam o último show as 9h30, os fãs gritam "Marduk, Marduk" ( mas, o que eu escuto é Mordor, Mordor! Ai, ai ser nerd é isso ).

    Como toda banda de Black Metal que se preze eles vem com Corpse Paint no rosto e para quem vê pela primeira vez pode achar que ela está derretida com o calor louco que está fazendo ( aliás, me perguntaram isso ), mas, não é que é um Corpse Paint mais true! O vocalista Daniel "Mortuus" Rostén tem um timbre diferenciado ( mas, a cara dele parece com a do vocalista Detonator quando ele ficar mais velho ), meio fantasmagórico, deve ser por causa do efeito eco que usa no microfone, mas gostei muito. Mal eles entram e um batalhão de câmeras e celulares são postos em prontidão, a primeira música é a Serpent Sermon ( do álbum Serpent Sermon de 2012 ). E o meu bloquinho acabou, mas sempre tenho um reserva :) ... O chão não para de tremer, Mortuus Rostén pergunta como estamos essa noite.

    A próxima é primeira música do cd Wormwood de 2009, a Nowhere, No-One, Nothing e enquanto Mortuus Rostén se movimenta pelo palco, tipo o tempo inteiro, além de querer equilibrar o pedestal no pé, volta e meia roadies ninjas pegam o pedestal que sempre ameaça cair, afinal nem eles conseguem com a energia de Mortuus Rostén.

    A intro da Wolves ( do Those Of The Unlight de 1993 ) é muito animada tanto que ensaio uma dancinha, mas paro logo, vai que alguém se ofende com a minha dança Death Metal da alegria, o pessoal a minha volta está mais preocupado em ver o show, ou até mesmo gravar e tirar fotos, o ‘bangueado’ está em baixa no momento, o baixista Magnus "Devo" Andersson é muito concentrado e fica parado, fazendo acordes no baixo como se fosse uma guitarra, pessoal mais para o meio da pista é que parece mais animado com o show ( também deve ter um pouco mais de espaço, pois eu estou bem espremida entre a galera, mas também muito mais perto do palco ).

    Nem minha caneta aguentou essa tarde, tudo bem tenho mais três. Mortuus Rostén dá uma desfilada depois que a música acaba e parece que está nos dando ordens… Mas não adianta falar um monte sem o microfone. Cansado das caras de mau e de ordens que ninguém escuta ele anuncia a Imago Mortis ( gravada no Rom 5:12 de 2007 ) do meu lado rapazes caiam, pressões caiam, mas mesmo a galera mostrando alguns sinais de cansaço, enquanto houver pescoço banguearemos! Essa música tem uma pegada mais enérgica ao vivo, pois no cd ela é mais lenta.

    A Temple Of Decay ( outra do Serpent Sermon ) vem com uns riffs inexplicáveis e é minha favorita dos caras, impossível não acompanhar com o pescoço o compasso de Morgan "Evil" Steinmeyer Håkansson e Magnus "Devo" Andersson ( o pessoal tem uma imaginação para escolher apelidos não? como alguém que se chama Magnus acha que vai encontrar um apelido melhor que o próprio nome? ), Evil dá umas escorregadas mínimas ( afinal, o palco ainda deve estar molhado de uma certa cerveja que foi jogada lá antes ), mas não perde as notas, enquanto isso um silencioso e discreto roadie ninja tenta evitar acidentes enxugando o chão, na medida no possível, afinal do jeito que ele é discreto, alguém pode pisar nele. A grande maioria curte o som com uma certa reverência, apreciando cada segundo dessa música.

   Mortuus Rostén achando tudo meio parado pede para gritarmos para ele e não desapontamos, mas eles querem mais, então tocam a Christraping Black Metal ( do álbum Panzer Division Marduk do ano de 1999 ), que por ser mais agitada acorda os presentes e estes cantam juntos. Neste momento teve uma pequena tentativa de roda que só ficou em um leve empurra-empurra, é estamos só um pouquinho cansados.

    Perto do término Mortuus Rostén joga um “São Paulo” e pede mais empolgação da galera, nós nos unimos para a With Satan and Victorious Weapons, que é a primeira música do cd World Funeral lançado há 10 anos atrás, a galera esquece todo o cansaço e enlouquece, fazem roda, pulam, cantam junto e tudo mais que tem direito nessa música, que é tão boa é mais parece o hino da banda. Todo intervalo tem um barulhinho irritante que eu não consigo definir se é um problema técnico ou é uma excentricidade da banda.

    Com um clima de "Get Ready For The Next Battle" a música Womb Of Perishableness ( que é mais uma do Rom 5:12 ) começa sendo essa é mais tranquila e o baixista com o nome mais legal do planeta faz um pequeno solinho, o pedestal já desistiu de viver e cai toda hora, haja paciência do roadie ninja, que nunca deixa ele encostar no chão. Morgan "Evil" Steinmeyer Håkansson vem até nós para agitar um pouco e mostrar que ele manja da arte tocar 'fodasticamente', ao final palmas para um Mortuus Rostén que continua a gritar ordens fora do microfone, de novo lembra que está com 'mic' na mão e grita: "Black Metal!" E como gritar é mais fácil que pular a nós respondemos a altura.

    Materialized In Stone ( do Opus Nocturne lá dos idos de 1994 ) é a próxima que levanta o ânimo do público, cada vez mais Morgan "Evil" Steinmeyer Håkansson se sente à vontade para passear pelo palco, a galera do mezanino já está usando o corrimão como apoio para o corpo, mas nos ajudam com o “hey, hey”, Mortuus Rostén pede mais e quer saber porque paramos de agitar ( bom eu parei porque já estou toda dolorida, mas sei que ele não aceitaria minha resposta ) ele faz cara de marrento, mas vem até a ponta cumprimentar a galera ( é eu meio que já desisti de pegar na mão de alguém essa noite ).

    Slay The Nazarene ( do Nightwing de 1998 ) segue o set e nesta os músicos cantam junto com Mortuus Rostén, essa música tira água de pedra e faz alguns corajosos usarem suas últimas reservas de energia para agitar a cabeça freneticamente. O vocal vem cantar tão perto de nós que dá para ver até os 'perdigotos e aí no fim da primeira parte eles saem do palco e um cara na minha frente estica a mão e pega uma palheta do palco ( ele possui a verdadeira visão além do alcance já que ele viu isso no escuro! Thunder!!! ).

    Só uns dois minutos depois que a galera se liga e começa a chamar a banda de volta ( estão tão cansados que os reflexos estão lerdos... tadinhos ) e eles voltam só depois de vários bons gritos de “One More Song” voltam com o sangue nos olhos na Baptism By Fire ( do Panzer Division Marduk ). Mortuus Rostén grita "Batism…" e aí de quem não completar o nome da música, vai levar a encarada do mal. Mais para trás da pista o pessoal não desiste e faz uma roda, na hora do “hey...hey”, já que é a última música toda casa acompanha essa música é bem agitada e com certeza destruiria tudo se tocasse umas duas bandas antes.

    Após esse único bis, os músicos agradecem e as cortinas se fecham as 10h45, à minha volta rostos cansados, mas relaxados depois de descarregar tudo hoje, com certeza vamos começar uma nova semana muito mais leves.

    Cinco bandas memoráveis, um público apaixonado por música, não houve o costumeiro abandono após uma ou outra banda, mas ao contrário a cada show ... mais e mais gente se somava e mesmo que um ou outro não fosse tão fã desta ou daquela banda, todos ficaram juntos até a última distorção de guitarra, suando junto com bateristas, concentrados como os baixistas e acima de tudo apaixonados iguais a cada vocalista desta noite de sucesso, recheada de sorrisos orgulhosos dentro e fora do palco. Mostramos mais uma vez o poder do público brasileiro e o porquê de marcamos tanto a memória dos músicos que tocam por aqui.

     Termina o III Extreme Hate Festival, que desde 2008 abala as estruturas por onde passa, só podemos agradecer a produtora Dark Dimensions por trazer um dos festivais mais aguardados por quem ama música extrema.

 

Texto Erika Alves de Almeida
Fotos: Erika Beganskas
Agradecimentos à Marcos Paulo Langsuyar da Dark Dimensions
pela atenção e credenciamento.
Setembro/2013

Set List do Marduk

1 - Serpent Sermon
2 - Nowhere, No-One, Nothing
3 - Wolves
4 - Imago Mortis
5 - Temple Of Decay
6 - Christraping Black Metal
7 - With Satan And Victorious Weapons
8 - Womb Of Perishableness
9 - Materialized In Stone
10 - Slay The Nazarene

Bis:
12 - Baptism By Fire


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