Love Drive and Tokyo Tapes Reunion Tour
com MIchael Schenker e Uli John Roth
Sábado, 22 de junho de 2013
no HSBC Brasil em São Paulo/SP

Ases da Alemanha

    Show inesperado dos Guitar Heroes alemães Uli Jon Roth e Michael Schenker, eles vieram para divulgar a turnê Love Drive Reunion & Tokyo Tapes, tocaram em um HSBC Brasil não tão lotado como se esperava, tocaram cada um com sua própria banda, Uli Jon Roth tocou clássicos do Scorpions de sua fase dos anos 70 e Michael Schenker tocou músicas do MSG, U.F.O. e também do Scorpions

Uli Jon Roth

    Foi um show que se equiparou a um G3, aliás, muitos guitarristas que já passaram pelo G3 se influenciaram por esses dois alemães. O primeiro a entrar no palco foi o Uli Jon Roth, com uma competente banda com Niklas Turmann ( vocais e guitarra ), Ule W. Ritgen ( baixo ), Jamie Little ( bateria ) e Wayne Finlay ( teclados e guitarra ). O vocalista Niklas Turmann deu conta do recado sem precisar imitar Klaus Meine e também fez a guitarra de Rudolf Schenker.

    O show do Uli Jon Roth começou com a All Night Long, música na época inédita, feita para o álbum Tokyo Tapes, que depois virou single, ela começa com o solo inicial mostrando claro o que foi o embrião do Scorpions, com duas guitarras: uma líder e outra base de apoio, com seus respectivos timbres, muito característicos do que é o Scorpions até hoje.

    Em Longing For Fire ( álbum In Trance de 1975 ) Uli Jon Roth aproveitou as qualidades de sua guitarra Sky para mostrar a qualidade do seu timbre único. É uma música de Rock contagiante, na linha melódica do solo de Uli ( como é mais conhecido ) fazia bends bem agudos que só sua Sky poderia proporcionar, sons muito agudos, porém, suaves.

 Espada Longa  

    A guitarra de Ulrich Jon Roth é feita por luthier, nos anos 80, Uli mandou fazer uma guitarra especial para atender suas necessidades de música erudita e de Jazz, é uma guitarra que quase é um piano, não na aparência ou sonoridade, mas em sua extensão de notas, que provavelmente é uma das maiores do mundo. São sete cordas com seis oitavas, as guitarras de Steve Vai e John Petrucci tem também sete cordas, mas em extensão de notas, não são páreo para a de Uli Jon Roth.

    A Dean Guitars, fez vinte e cinco modelos dessa guitarra para serem vendidos, portanto, são poucos os sortudos que terão ela, é uma guitarra que não basta ter dinheiro para ter uma, tem de ter mérito, igual o que acontece quando se vai comprar uma Ferrari ou um Bugatti.

     Após Longing For Fire, eles mandaram Crying Days ( do álbum Virgin Killer de 1976 ) e They Need A Million ( do Fly To The Rainbow de 1974 ), em que mais uma vez Uli Jon Roth utiliza a singularidade dos timbres de sua Sky, e Niklas Turmann interpretou as músicas de modo original próprio com sua voz, essas músicas, mostram que determinados artistas europeus tem a competência de fazer o Rock com vários elementos europeus inseridos nas músicas, seguindo uma fidelidade com o Rock de qualidade igual para igual com o Rock’n’Roll, surgido nos anos 50 nos Estados Unidos.

   Em seguida tocaram a The Sails Of Charon, clássica ( presente no Taken By Force de 1997 ), música muito aguardada, já que para quem é fã do Scorpions essa música tocada pela banda Scorpions é uma coisa quase impossível de se ver ao vivo, já que a formação atual prioriza as músicas dos anos 80 para frente, então, nesta oportunidade para quem é fã, o desejo foi realizado e Uli Jon Roth com muitos solos, inquestionável seu talento como melodista.

 Sun In My Hand ( outra do In Trance ) Uli comanda a voz mandando Blues, ele e Niklas Turmann se esbaldam em solos, com o sentimento do que foi o Scorpions da fase dos anos 70, e em seguida eles tocaram a Fly To The Rainbow ( do álbum homônimo ). 

    A Fly To The Rainbow que foi tocada, fez lembrar muito da versão do Tokyo Tapes, e o que representa esse álbum veio a tona, quando chega na parte da música que antecede a passagem para o solo, em que Uli Jon Roth canta, ao vivo, o ambiente lançado é muito diferente, e no momento em que ele sola é um momento único no show.

    Ele já foi comparado com o Jimmi Hendrix, e a exemplo de Hendrix, de Ritchie Blackmore, que usam a alavanca em muito em solos, Uli Jon Roth é notório também com o uso deste acessório. Ele faz acordes se transformarem numa viajem elétrica, num momento a guitarra parece uma superbike, acelerando muito forte numa longa reta, saindo um som encorpado, incrível.  

Tokyo Tapes

     O álbum Tokyo Tapes foi lançado em 1978, foi o último registro com Uli Jon Roth e no programa televisivo That’s Metal Show, Uli Jon Roth comentou a respeito desse álbum: ”Eu já estava com eles há cinco anos, eles queriam ir para a América, eu falei para Klaus, eu quero fazer o meu projeto individual, não vou ficar, então vamos fazer um registro especial”.

    O álbum foi gravado no hotel Nakano Sun Plaza em Tokyo e foram três dias de shows, mas, o interessante é que foi programado para gravar músicas do segundo e do terceiro show. Porém, a banda acabou fazendo uma apresentação muito superior justo no primeiro show, não que os seguintes foram ruins, mas o primeiro na opinião de Uli foi muito superior.

     Esse álbum é considerado um dos melhores álbuns de Rock pesado ao vivo, influenciou guitarristas como Yngwie Malmsteen, Marty Friedman e vários outros, é uma jornada elétrica ao vivo com "All Night Long", "Picture Life", "He’s a Woman She Is A Man", "Speedy’s Coming". Nessa época, o Scorpions começava a aparecer no cenário Heavy Rock junto com Judas Priest, mostrando uma nova forma de Rock pesado sem tendência Blues, como fazia o Whitesnake.

     Músicas como Steamrock Fever e Dark Lady, como as outras, mostraram o que representou esse álbum para as gerações seguintes, do valor cultural desse Rock pesado ao vivo, foi um álbum todo ambientalizado com distorções bem lapidadas de Uli Jon Roth e Rudolf Schenker. Em homenagem ao registro, tocaram uma canção popular japonesa, Kõjõ no Tsuki, que Klaus Meine cantou em japonês, no fim Ulrich e Rudolf estendem um solo marcante de guitarra.

    Voltando ao show, após Fly To The Rainbow, Uli Jon Roth e banda encerraram a apresentação com Yellow Raven ( do Virgin Killer ), a título Virgin Killer e a Dark Lady. Na Dark Lady, música cantada por Ulrich, ele mostra a selvageria sonora de sua guitarra, como a sua pegada nela, principalmente no riff posterior ao refrão, pois, é uma música que deveria ser muito observada por guitarristas de Death, Speed, Gore e outros estilos de Metal, para entender o que é satisfação do agressivo e violento ( musicalmente ), muitos deveriam ter cérebro para entender isso.

    E foi impecável mesmo na hora em que Niklas Turmann atrasou para chegar no refrão, e Uli Jon Roth atropelou ele, consegui olhar para Niklas Turmann, tipo no pensamento falei para ele, “Fica frio, saiu animal”. 

    Então o show do Uli Jon Roth, trouxe muito o sentimento do Scorpions do início dos anos setenta, se o Scorpions terminasse depois do álbum Tokyo Tapes, com certeza essa banda estaria no rol das melhores bandas de Hard Rock e Heavy Metal de todos os tempos. 

Set List Uli Jon Roth:

1 - All Night Long
2 - Longing For Fire
3 - Crying Days
4 - They Need A Million
5 - The Sails Of Charon
6 - Sun In My Hand
7 - Fly To The Rainbow
8 - Yellow Raven
9 - Virgin Killer
10 - Dark Lady

 

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Michael Schenker

    O virtuose guitarrista Michael Schenker iniciou sua trajetória na música logo quando o Scorpions surgiu, nos finais dos anos 60 e começo dos 70. Porém, ele não ficou muito tempo na banda gravando só o primeiro álbum, o Lonesome Crow de 1972 com apenas dezesseis anos e foi aí que Uli Jon Roth o substituiu.

    Michael Schenker sai do Scorpions e foi convidado para o U.F.O. e depois de 1973, ele aceitou o convite e gravou simplesmente o álbum Phenomenon de 1974, que trouxe clássicos como Doctor, Doctor e Rock Bottom ( só para citar dois, pois o álbum inteiro é excelente ).

    Foi a partir do seu trabalho no U.F.O. que o nome de Michael Schenker ficou conhecido no mundo todo e por lá ele foi responsável pelos melhores trabalhos da banda até hoje, que são grandes clássicos do Rock. Os anos de Michael Schenker no grupo duraram de 1974 a 1979 e renderam os álbuns Force It ( 1975 ), No Heavy Petting ( 1976 ), o espetacular Lights Out ( 1977 ), Obsession ( 1978 ) e o majestoso ao vivo Strangers In The Night ( 1979 ). A nível de registro ele esteve com a banda também nos álbuns Walk On Water  ( 1995 ), Covenant ( 2000 ) e Sharks ( 2002 ).

    Em 1979 participou da gravação do álbum Lovedrive do Scorpions ( daí o motivo do nome da turnê ),  mas saiu da banda e durante os anos 80 montou o MSG ( ou Michael Schenker Group ), que excursiona até hoje com ele e já contou com Cozy Powell na bateria, Graham Bonnet nos vocais, entre muitos outros nomes famosos.

    Nesta visita ao Brasil, o sistemático guitarrista alemão estava acompanhado de ex-colegas do Scorpions como Herman Rarebell na bateria e Francis Buccholz no baixo, além de Doogie White nos vocais e Wayne Findlay, que já havia tocado no primeiro show nos teclados e guitarra. O show com todos esses lendários músicos começou pouco mais das onze e meia da noite e foi com Lovedrive, que o set foi aberto e aí o HSBC Brasil foi tomado por um verdadeiro show de como se deve tocar uma guitarra pelos solos que Michael Schenker desfilou para os presentes.   

    Instantes depois, executa mais uma do Scorpions com Another Piece Of Meat do aclamado álbum Lovedrive, porém, os vocais de Doogie White não estavam encaixando tão bem quanto do vocalista Niklas Turmann e de certa forma tiraram o vislumbre da música, exceção feita aos solos de guitarras, pois Michael Schenker estava muito empolgado e tocando com uma garra indiscutível.

   Depois, o guitarrista executou várias de suas canções de sua banda solo e a primeira foi Assault Attack, título do cd de 1982, que encantou pela forma descontraída que ele solava sua guitarra. Entretanto, descontração em se tratando de Michael Schenker não é diminuição de técnica e com uma de suas tradicionais guitarras Flying V, ele tocou outro de seus grandes clássicos com Armed And Ready, cujos timbres e solos de guitarra foram uma aula do instrumento ao vivo em um vibrante Rock´n´Roll.

    Muito animado e sorrindo sempre para a plateia, o guitarrista alemão sacou a instrumental Into The Arena, que assim como a anterior foram gravadas no primeiro álbum solo de 1980, e com dois clássicos deste naipe executados, todos assistiram prestando atenção a cada nota, cada gemido, cada acorde que ele extraía de sua guitarra. E meu amigo(a), que sonzeira... que tanto ele quanto os demais realizaram e classifico este como um dos grandes momentos do show de Michael Schenker.

    A despeito das composições do U.F.O. e do Scorpions, que poderiam ( e deveriam ) estar no set list, Michael Schenker concentrou esta parte do set em composições solo e o show prosseguiu com Rock My Nights Away do Built To Destroy ( de 1983 ), que manteve a pegada empolgante do show e nesta até que Doogie White se saiu bem. Depois hora de retornar ao primeiro álbum do MSG com Attack Of The Mad Axeman, cujo andamento foi muito gostoso de se ouvir em seu início, mas depois o 'menino' das seis cordas sola com muita precisão e aí tem-se a noção do grau que ele nos presenteou.

    A nova e rápida Horizons foi a seguinte e tivemos uma ideia do que Michael Schenker está preparando para o futuro cd de sua carreira, que pelo que ouvimos nesta música terá ainda muitos solos que serão sonhados por muitos guitarristas ( bem se eles tentarem criar algo assim ).

    Doogie White avisa que a música Before The Devil Knows You’re Dead do álbum Temple Of Rock de 2011 é uma homenagem ao nosso saudoso mestre Ronnie James Dio e então pede para que todos nós fizéssemos o Horns Up ( os chifrinhos com os dedos popularizados pelo baixinho ) em um momento muito bonito do show, onde tanto ele quanto Michael Schenker foram os destaques da canção, mas suas linhas de teclados também chamaram a atenção.

    Depois hora de relembrar um dos grandes clássicos do Scorpions com a instrumental Coast To Coast, que graças a atuação conjunta de Herman Rarebell na bateria, Francis Buccholz no baixo e do nosso herói da guitarra ficou impecável a ponto de quase me fazer esquecer das competentes atuações de Mathias Jabs e Rudolf Schenker que já assisti ao longo destes anos, porém nesta apresentação em especial, o guitarrista deixou sua guitarra voar livremente e aí mostrou-se até melhor que os outros dois citados.

    Segundo o roteiro da apresentação teríamos algumas composições do U.F.O. no set list e Michael Schenker deixou as cinco delas para o final e a primeira foi Shoot Shoot, momento em que recebemos uma magia de toda a banda que causou uma singular energia entre todos os fãs, pois eles estavam revivendo um Rock´n´Roll histórico no HSBC Brasil. E aumentando a intensidade eles tocaram a Only You Can Rock Me, cujo solo de guitarra, o 'loirinho' executou com muito brilho.

    E esta inesquecível sequencia ficou ainda melhor quando ele deu vida à rápida e melodiosa Let It Roll, ainda mais com o alemão inspirado em solar como estava. E o crescente que essas músicas criaram em todos nós ficou cada vez maior, afinal, que reações podemos esperar após ouvir clássicos seminais como o Rock´n´Roll de Too Hot To Handle e Lights Out, que só faltou todas as luzes piscarem ou se apagarem de vez no HSBC Brasil. Aliás, a pesada Lights Out era uma das que eu mais esperava, só não mais que a Doctor, Doctor, que acabei sendo frustrado pela sua não execução.

 

Decepção no final?

    Explico: o bis contaria com mais dois clássicos do U.F.O. com Rock Bottom e Doctor, Doctor além de "Holiday", "Blackout" e "Rock Like A Hurricane" do Scorpions com a presença de Uli John Roth no palco. E o pior não aconteceu...

    A pausa para o bis, que algumas vezes até demora um pouco mais que o costume habitual, começou a demorar muito e sabe-se lá por qual motivo... não aconteceu. Teria sido o ápice ter assistido esses dois mestres, esses dois verdadeiros ases das guitarras solando juntos ou duelando em uma ( ou mais ) dessas músicas.

    E os fãs, que até então estavam aplaudindo e felizes pelos dois shows que assistiram... começaram a ficar impacientes e acabaram por emitir algumas vaias. Foi somente quando as cortinas do HSBC Brasil se fecharam, mais alguns minutos passaram, as luzes se ascenderam e o som ambiente voltou a ecoar, que tivemos a triste resposta: o show terminou mesmo e nada de bis especial... pena.

 

    Lógico, que este término um pouco melancólico não decepcionou ou tirou ofuscou a categoria do que assistimos até aqui, pois tanto Uli John Roth quanto Michael Schenker foram perfeitos em suas apresentações ( com uma vantagem para Uli... ele e sua banda estavam impecáveis ), deixaram solos que não podem e devem ser esquecidos e relembraram alguns dos mais importantes clássicos dos anos 70 com as músicas do Scorpions dos tempos excelentes Tokyo Tapes e do Lovedrive, além das suas músicas solos e do U.F.O.

    Evidente que todos nós saímos contentes do HSBC Brasil após os shows, mas, poderíamos ter saído em êxtase, falando que assistimos ao melhor show do ano, que foi um espetáculo irrepreensível e tantos outros elogios comuns que costumamos falar no pós-show. Enfim, presenciamos um espetáculo muito bom, raro e até diria único, pois será difícil revê-los novamente juntos, ainda mais revivendo tão importante momento da história do Scorpions.

 

Texto: André Torres ( Uli John Roth ) e Fernando R. R. Júnior  ( Michael Schenker )
Fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos a Cristiane Baptista do HSBC Brasil
e a Damaris Hoffman da Top Link Music
pela atenção e credenciamento
Março/2014


Set List do Michael Schenker

1 - Lovedrive
2 - Another Piece Of Meat
3 - Assault Attack
4 - Armed And Ready
5 - Into The Arena
6 - Rock My Nights Away
7 - Attack Of The Mad Axeman
8 - Horizons
9 - Before The Devil Knows You’re Dead
10 - Coast To Coast
11 - Shoot Shoot
12 - Only You Can Rock Me
13 - Let It Roll
14 - Too Hot To Handle
15 - Lights Out

 

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