Steve Vai - The Story Of The Light Tour
Domingo, 8 dezembro de 2013
no Citibank Hall em São Paulo/SP

   No fim de 2013, recebemos o Guitar Hero Steve Vai, mais uma vez no Brasil, no atual Citibank Hall ( antigo Credicard Hall ) e ele fez um show memorável de divulgação do novo álbum The Story Of Light, lançado em 2012, e veio acompanhado com os músicos, Dave Weiner ( guitarra de apoio ), Philip Bynoe ( baixo ) e Jeremy Colson ( bateria ).

    O show do Steve Vai começou com ele fazendo uma introdução para o show, um solo lento e marcante que nos colocou em seu mundo, que é do timbre de guitarra límpido, nítido, com a distorção polida de boutique perfeita, e em seguida ele lançou energia total com Racing In The World, e prosseguiu com a Velorum, ambas do novo álbum The Story Of Light, sendo que essa música deu um formato em que o show seguiu até o seu fim, esta música Steve Vai fez inúmeros solos, que só mesmo um gênio como ele pode fazer, coisa de outro mundo, difícil de expressar em palavras.

    Em seguida ele apresentou a banda, e cada membro, fez um breve solo individual, e saiu uma pequena música, mostraram que para se tocar com Steve Vai, tem de estar entre os melhores dos melhores. Após isso Steve Vai entrou no palco e pegou a câmera de um dos fotógrafos que estava cobrindo o show, tirou fotos deles ( saindo inclusive o Fernando Junior ), e também da plateia, em um gesto muito bonito.

    Depois Steve Vai tocou duas de suas clássicas, Building The Church ( do Real Illusions: Reflections de 2005 ) e Tender Surrender ( do Alien Love Secrets, um EP de 1995 ), na primeira, ele faz sua famosa Ibanez Evo gritar até o espaço cósmico, usando alavanca, sendo um momento impar, alucinante. Na Tender Surrender, usou a técnica imortalizada por Steve Howe do Yes, usando o botão de volume, que nos dá a impressão de que ou ele esta tocando ( na guitarra ) um teclado, sintetizador, ou mesmo um violino.

    Antes de tocar a nova Gravity Storm, aconteceu uma situação inusitada, ouve um problema num dos pedais dele e ele disse brincando, que era culpa nossa, e saiu do palco. Logo ele retornou, e a galera na esportiva, esperou pacientemente o ídolo, porém, não há como não lembrar de um episódio, até constrangedor de Steve Vai, aqui no Brasil.

    Em 1999, ele veio aqui para divulgar a turnê do álbum The Ultra Zone, lançado no mesmo ano, com um show no Olympia, uma das casas de show mais requintadas do Brasil, que infelizmente os evangélicos compraram, e o show foi muito bom, lembro que na primeira música ele entrou com óculos flashlight, tocando músicas de sua discografia até aquela época com muita categoria, que ele sempre teve, porém, na metade do show, ele usou aquela guitarra com três braços, dois na vertical e um na horizontal.

    Ele iniciou uma série de solos naquela guitarra, que cada vez mais foi tendo uma aparência de técnica de guitarra, como se você estivesse numa aula musical, aprendendo escalas maiores, menores ou outras, e foi evidente a decepção de algumas pessoas, inclusive eu, e depois de minutos e minutos de modos dóricos, jônicos, mixolídio ( não são ruins, mas na hora estava uma mala sem alça ), Steve Vai fez quase o mesmo deste show de 2013 antes de Gravity Storm, naquele, depois praticamente dar uma aula musical ao invés de show ele disse “a minha guitarra quebrou...ela quebrou, vou consertar”, ele saiu do palco para “consertar”, numa atitude de brincadeira, mas infelizmente a galera não entendeu, e fez aquele famoso coro “filha da puta!!!!, filha puta!!!!” ( difícil de acreditar, mas aconteceu ).

    Achei um exagero, uma falta de educação da galera, estava desanimado também, mas não era para tanto, e depois disso, ele voltou no palco, percebeu o infortúnio, meio transtornado, e terminou o show com o clima morno. Voltando em 2013, o problema do pedal foi provavelmente real, e ainda bem que se ele teve uma má lembrança daquilo e quis ver uma nova reação, ele viu desta vez o carinho e o calor dos brasileiros.

    E depois de ele tocar Gravity Storm, que soou cheio de groove, um puro Rock’n’Roll muito veloz, Steve Vai saiu do palco para dar espaço para Dave Weiner com violão, para fazer o seu solo individual tocando a The Trillium´s Lauch dando uma interessante cara acústica para o show, e ele tocou com grande categoria.

    Com o figurino mudado, Steve Vai retornou ao palco, é importante dizer que Steve Vai durante todo o show praticamente, usou do corpo para expressar ainda mais sua música, dançou e até mesmo rebolou muito, e pode-se afirmar que esta utilizando desse método muito mais agora do que antes.

    Em seguida Steve Vai e sua virtuosa banda continuou a tomar conta do show com muita categoria, tocaram rápido, ou devagar, ou com muito sentimento, nunca fugindo que no fim seu estilo representa que é um Heavy Rock Fusion e mandou a recente Weeping China Doll ( muito pesada por sinal ) seguida por Answers e The Animal ( relembrando do álbum Passion And Warfare de 1990 ), e também Whispering A Prayer do Alive In Ultran World de 2000 e The Audience Is Listening ( do Passion And Warfare ).

    Depois fez uma trinca acústica de violão, excelente, mais uma vez caindo muito bem para o show, que foi a The Moon And I ( uma das únicas não instrumentais do show que ele cantou ), Rescue Me Or Bare Me e Sisters/Salamanders In The Sun, a versão da ultima tocada em violão, definitivamente mostrou que Steve Vai é herói não somente da guitarra elétrica, mas também da guitarra acústica.

    E depois mandou Treasure Island ( Without A Beast ) em um medley com “Fire Garden Suite II - Pusa Road”, “The Ultra Zone”, e aí o Progressivo tomou conta, ou então acabou o Rock e iniciou um grande Fusion, ou música experimental, em que ele interagiu com sua competente super banda, e depois dessa outra trinca, ele mandou bordoada elétrica e super veloz com The Ultra Zone ( título do cd de 1999 ), e pode-se dizer que depois da sessão acústica anterior, nessa parte do show que se num me engano teve até citara, foi um momento perfeito.

    Mas, ainda em The Ultra Zone o baterista Jeremy Colson, fez seu solo individual, com uma categoria e técnica sem igual, hora sendo uma usina de percussão, hora lembrando os anos setenta, interessante antes dele iniciar o seu solo, ele começou a gritar a plenos pulmões “Sepultura!!!, Sepultura!!!, Sepultura!!!” e foi acompanhado pela galera, não é a primeira vez que um grande artista exalta o nome do Sepultura, e não há como negar que o Sepultura é a grande banda de Metal brasileiro, o resto, são meros coadjuvantes.

   E como parte do solo individual, ele usou lixo, isso mesmo bugigangas, cheguei até a ver um balde branco velho, num lixo no estacionamento do Citibank Hall, foi uma das peças que ele usou para encerrar o seu solo, e utilizando de tecnologia apenas nos microfones especiais para bateria, ele foi observando o timbre que cada lixo dava, e fez um excelente solo de percussão. Quando Jeremy Colson terminou seu solo de bateria, as luzes se apagaram e um Steve Vai retornou ao palco para terminar The Ultra Zone com uma fantasia que era algo semelhante a um misto de "homem de ferro" com uma traje de astronauta cheio luzes de Led piscando incessantemente enquanto ele solava sua guitarra. Simplesmente surreal.

    Para encerrar o show antes do bis, ele tocou outra do álbum The Ultra Zone, a Frank ( composição em homenagem ao mestre Frank Zappa ) e Build Me A Song, nessa ele chamou duas pessoas da plateia para ajudar ele a criar o andamento da música de baixo, guitarra e bateria, com Steve Vai solicitando para que cada músico aprendesse as notas criadas pelos convidados, brincando muito com eles e com os três tendo que demonstrar seu talento em um momento de grande improviso. Foi muito divertido e da maneira que eles puderam... ajudaram o som rolar, e por fim a mais clássica de sua discografia, a For The Love Of God do Passion And Warfare, que saiu como tem de sair, sem mudança, sem improviso com respeito total ao tema da música e ela saiu como o esperado.

    No bis, Steve Vai, tocou a Fire Garden Suite IV - Taurus Bulba ( do Fire Garden ) com uma camiseta da seleção brasileira com seu nome e o número 7, e mostrou estilo e velocidade que ele, Joe Satriani, Yngwie Malmsteen e muitos poucos existem no mundo para fazer com a categoria que eles tem, nesta última um dos efeitos que ele usou muito bem foi o pedal 'Whah Whah', foram solos velozes e agudos, que não há metralhadora que acompanhe tão fácil, sem contar todos os outros efeitos, o show estava ganho, foi com certeza inesquecível para todos os presentes no Citibank Hall, totalizando mais de duas horas e meia de espetáculo em um dos melhores shows de 2013.

    Um guitarrista como Steve Vai, deve ser muito cultuado por gerações novas que graças a Deus estavam muito presentes, o Rock e o Metal esta carente de talentos, está uma mesmice de melódicos e extremos, clones de tudo que já rolou, e é por isso que o legado de Steve Vai deve estar muito vivo ainda para o futuro, para que o cenário do Rock, nascido nos anos 50, nunca perca a força e caia na vulgaridade.

 

Texto: André Torres
Fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos a especiais para Tatiana Ito e
a equipe da T4F pela atenção e credenciamento
Janeiro/2014

Set List

1 - Racing The World
2 - Velorum
3 - Building The Church
4 - Tender Surrender
5 - Gravity Storm
6 - Weeping China Doll
7 - Answers
8 - The Animal
9 - Whispering A Prayer
10 - The Audience Is Listening
11 - The Moon And I
12 - Rescue Me
13 - Sisters
14 - Treasue Island ( Without A Beast )
15 - Salamanders In The Sun
16 - Pulsa Road
17 - The Ultra Zone
18 - Drum Solo
19 - Frank
20 - Build Me A Song
21 - For The Love Of God
Encore:
22 - Fire Garden Suite IV - Taurus Bulba

 Clique aqui e confira uma galeria de 420 fotos do show do Steve Vai no Citibank Hall em São Paulo/SP

Voltar para Shows